Frozen – Uma Aventura Congelante

Crítica – Frozen – Uma Aventura Congelante

Desenho novo da Disney!

Baseado no conto A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, Frozen – Uma Aventura Congelante conta a história de uma futura rainha que nasceu com a capacidade mágica de criar gelo e neve, mas escondeu isso de todos, até de sua irmã mais nova. Após um acidente onde a rainha condena o reino a um inverno eterno, ela foge e auto-exila-se num castelo de gelo. Agora cabe a sua irmã partir em uma jornada para trazer a rainha de volta e reverter o inverno em verão.

Antes de tudo, é bom avisar: Frozen é um “desenho de princesas”. A propaganda maciça no canal Disney Jr não avisa isso, e os diretores vêm de desenhos mais ligados à comédia – Chris Buck dirigiu Tá Dando Onda e Tarzan e Jennifer Lee foi roteirista de Detona Ralph. Meu filho de 4 anos queria ver, fomos a cinema sem saber que se trata de um filme “de menina”… Bem, pelo menos o filme é muito bom.

Com relação à parte técnica, Frozen é um assombro. Depois de uma época meia bomba, uns anos atrás, a Disney voltou a ser sinônimo de altíssima qualidade quando se fala em longas de animação (viva a concorrência, a Disney, a Pixar e a Dreamworks precisam se reiventar a cada ano pra não ficarem para trás). Frozen mostra a neve e o gelo de uma maneira nunca antes vista em desenhos animados!

Como nos longas da Disney de anos atrás (época de A Bela e a Fera e Alladin), Frozen é um musical. São vários os números musicais – o que nem sempre funciona com plateias infantis. Na minha humilde opinião, o filme fica cansativo, mas sei que tem gente que gosta.

Os personagens são bem construídos, conseguimos compreender as motivações das duas princesas – aliás, é interessante notar que a “vilã” não é má. Mas, sem dúvidas, o melhor personagem é o boneco de neve Olaf, um excelente alívio cômico. Pena que ele aparece pouco.

No elenco original, as princesas são dubladas por Kristen Bell e Idina Menzel. Na versão dublada em português, Fabio Porchat faz um bom trabalho dublando o divertido Olaf, e Taryn Szpilman mostra o vozeirão como a rainha Elsa.

Ah, antes da sessão para a imprensa rolou um curta muito legal, onde pela primeira vez em um bom tempo achei que o 3D valeu a pena. Vemos um filminho do Mickey em preto e branco, com cara de ter sido feito na época do Steamboat Willie. Até que a tela se rasga e os personagens começam a sair e interagir – em cores e em 3D. Tomara que este curta acompanhe todas as sessões por aí.

Por fim, não se esqueçam de ficar até o fim dos créditos. Tem cena extra!

p.s.: no canal Disney Jr toca o tempo todo a versão em espanhol da música Let it go. Por que não a versão original em inglês (cantada pela popstar teen Demi Lovato) ou a traduzida em português (com a Taryn Szpilman), ambas presentes no filme?

Rio Sex Comedy

Crítica – Rio Sex Comedy

Um filme feito no Rio com a Irène Jacob, a Charlotte Rampling e o Bill Pullman no elenco? Vamos ver qualé.

O filme mostra algumas histórias independentes sobre estrangeiros no Rio de Janeiro: o novo embaixador dos EUA foge para uma favela; uma conceituada cirurgiã plástica resolve convencer os pacientes a não fazerem cirurgias; um casal de cineastas franceses está fazendo um documentário sobre a desigualdade social relativa às empregadas domésticas; e um americano que trabalha com turismo quer casar com uma índia.

Lembro da época que Rio Sex Comedy passou no Festival do Rio, uns anos atrás. Achei a ideia curiosa, mas dei preferência a outros filmes. Aí agora apareceu outra oportunidade e aproveitei. Mas talvez fosse melhor nem ter visto…

Rio Sex Comedy tem dois problemas básicos. O primeiro é a longa duração e a insistência em desenvolver histórias desinteressantes. Mais de duas horas para acompanhar tramas bestas? Por exemplo, tire a parte dos índios que o filme não perde nada. E o final da trama do embaixador é completamente sem sentido. Ah, e precisamos lembrar que um filme que tem “comedy” no título deveria ser engraçado, o que não acontece aqui.

Mas o pior é ver o que os gringos pensam sobre o Rio e sobre o povo carioca. Parece que aqui no Rio todos só pensam em sexo o tempo todo, e a única outra opção de assunto é a busca do corpo perfeito através de cirurgias plásticas. Sim, Rio Sex Comedy mostra que, lá fora, a única coisa que existe na imagem do Rio é o turismo sexual.

O pior é que parece que o diretor e roteirista Jonathan Nossiter morava no Rio na época do filme. Ou seja, o cara deveria ter legitimidade pra falar da cidade. Só não sei que Rio é esse. Porque o Rio onde heu nasci e moro até hoje não é assim.

Salvam-se a atuação das duas francesas. E vale notar: Irène Jacob está linda e bem à vontade nas cenas de nudez, apesar dos 44 anos.

Mas é pouco, muito pouco. Rio Sex Comedy é uma decepção.

Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

Crítica – Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

Uma das mais esperadas FC dos últimos tempos!

Em um futuro próximo, extra-terrestres hostis que parecem formigas gigantes atacaram a Terra, mas foram derrotados. Desde então, as forças militares terrestres treinam as crianças mais talentosas do planeta desde pequenas, no intuito de prepará-las para um próximo ataque. Ender Wiggin, um garoto tímido e brilhante, é selecionado para fazer parte da elite.

Trata- se da adaptação do livro de Orson Scott Card, escrito em 1985. Há tempos que os fãs do livro esperavam esta adaptação. Pena que o filme falhou. E feio.

O filme é bem feito, a produção é bem cuidada, bom elenco, bons efeitos especiais, mas… Ender’s Game – O Jogo do Exterminador tem um problema sério: a história não começa nunca! São quase duas horas de introduções e preparativos, e quando a ação realmente começa, passa rapidinho e o filme acaba.

Pra piorar, Ender’s Game parece um filme sem identidade. Parece uma mistura de Harry Potter com Tropas Estrelares, com uma pitada de Independence Day – logo no início vemos que a “grande manobra salvadora” é igualzinha à de ID4 (isso não é spoiler, é bem no começo do filme).

Ender’s Game foi escrito e dirigido pelo sul-africano Gavin Hood, que chamou a atenção com o bom drama Infância Roubada (Tsotsi), mas depois chamou atenção negativamente pela bomba X-Men Origens: Wolverine. Será que estamos diante de um “novo Shyamalan”?

Até nos efeitos especiais Ender’s Game deu azar. Os efeitos de gravidade zero são legais, mas inferiores ao Gravidade, lançado alguns meses antes…

O elenco é bom, mas não consegue salvar o filme. Asa Butterfield (Hugo Cabret) mostra que pode ser uma estrela do primeiro time, se souber trabalhar a carreira. Harrison Ford interpreta o mesmo Han Solo de sempre; Ben Kingsley aparece menos, mas está um pouco melhor. Ainda no elenco, Hailee Steinfeld, Abigail Breslin e Viola Davis.

O fim tem um gancho, mas nada muito forte. Se não vier um segundo filme, podemos considerar a história fechada. E, sinceramente, espero que a continuação não venha.

Questão de Tempo

Crítica – Questão de Tempo

Sabe quando uma boa ideia é desperdiçada?

Ao completar 21 anos, Tim descobre que os homens de sua família são capazes de de viajar no tempo e mudar coisas do próprio passado. Ao descobrir o dom, o jovem tenta usá-lo para conquistar uma namorada.

Gosto de filmes com viagens no tempo. Gosto de me imaginar nas situações apresentadas. E a viagem no tempo aqui tinha uma proposta diferente e interessante: você só pode alterar a sua própria linha temporal. Ok, não podemos conhecer outras épocas, mas poderíamos apagar vários momentos constrangedores e decisões erradas. Legal, não?

O problema de Questão de Tempo (About Time, no original) é que aqui a viagem no tempo é algo secundário. O mais importante é o lado romântico e meloso – e chato… Não tenho nada contra filmes românticos. O problema é que a trama se arrasta – o roteirista (e diretor) Richard Curtis tinha muitas opções legais para explorar, mas sempre escolhe o lado “açucarado”. E o fato do filme ter mais de duas horas ainda piora a situação.

Alguém pode dizer “ah, mas você deveria esperar isso de um filme do Richard Curtis!”. Bem, ele foi o roteirista de Um Lugar Chamado Notting Hill e de O Diário de Bridget Jones. Mas… Dentre os poucos filmes que ele dirigiu (este é o seu terceiro), está Simplesmente Amor, que é um filme romântico que não tem nada de chato.

No elenco, uma coisa curiosa. É “um filme romântico de viagem no tempo estrelado pela Rachel McAdams” – mas não estamos falando de Te Amarei Para Sempre (The Time Traveler’s Wife)! Sei lá, sei que são histórias diferentes, mas achei estranho a mesma atriz em dois filmes com argumentos tão parecidos. É como se chamassem o Michael J. Fox pra outra trilogia de viagem no tempo…

Ainda sobre o elenco: muita gente vai ficar se perguntando “onde já vi esse cara ruivo?”. É Domhnall Gleeson, um dos irmãos Weasley de Harry Potter… Bill Nighy é o terceiro (e último) nome conhecido do elenco.

Enfim, Questão de Tempo vai agradar os românticos. Mas vai decepcionar aqueles que curtem viagens no tempo. Pode levar a namorada ao cinema, mas vá com expectativa baixa.

Os Garotos Perdidos

Crítica – Os Garotos Perdidos

Hora de rever mais um clássico oitentista!

Uma mãe recém separada se muda com seus filhos para Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os irmãos descobrem que uma gangue de vampiros age na cidade, e Michael, o irmão mais velho, gradualmente começa a se tornar um deles.

É estranho rever Os Garotos Perdidos (Lost Boys, no original) hoje em dia. Por um lado, mesmo tendo momentos e personagens caricatos, é um filme que leva a sério o mito dos vampiros e não inventa modas – diferente de boa parte dos filmes atuais. Mas, por outro lado, o visual é tão datado que às vezes fica difícil de acompanhar sem rir do visual.

Os Garotos Perdidos é muito datado. Figurinos, cabelos, trilha sonora, tudo tem muita cara de anos 80. Mas, se a gente conseguir “comprar” a ideia, o filme é bem legal, e consegue um bom equilíbrio entre os momentos assustadores e os momentos bem humorados. Como se fazia muito naquela década, o filme é repleto de frases de efeito, e consegue ter trechos engraçados sem virar uma comédia.

A direção é de Joel Schumacher, num tempo em que ele ainda acertava. Preciso admitir que já fui fui fã do cara, por filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Linha Mortal (90) e Um Dia de Fúria (93) – mas hoje é impossível a gente não lembrar de seus dois filmes com o “Batman carnavalesco” (95 e 97). Enfim, apesar dos Batman, Schumacher tem talento (ou pelo menos tinha), e mostra isso aqui.

Ainda precisamos citar a fotografia, muito bem trabalhada, apesar de parecer oitentista demais. A trilha sonora também é muito boa. E os efeitos especiais são simples e eficientes.

O elenco é muito bom. Jason Patric, projeto de galã que nunca decolou alto, faz um dos irmãos; o outro, Corey Haim, também nunca foi um grande nome, apesar de alguns filmes legais no currículo. Kiefer Sutherland, o Jack Bauer em pessoa, faz o líder dos vampiros; Corey Feldman anda sumido, mas esteve em vários filmes importantes da época (Os Goonies, Gremlins, Conta Comigo). Jami Gertz parecia que ia virar uma estrela – ela também estava em Abaixo de Zero, A Encruzilhada e A Primeira Transa de Jonathan – mas sua carreira nunca vingou; Jamison Newlander tem uma carreira curiosa: só fez cinco filmes, sendo que três são da franquia Garotos Perdidos. Ainda no elenco, Dianne Wiest, Edward Herrman e Barnard Hughes.

Os Garotos Perdidos teve duas continuações, mas que curiosamente, só vieram mais de vinte anos depois do primeiro filme: Lost Boys 2 – The Tribe, de 2008, e Lost Boys 3 – The Thirst, de 2010. Existia um gancho para um quarto filme, mas até agora, nada.

Ao lado de A Hora do EspantoOs Garotos Perdidos continua sendo um dos meus filmes favoritos de vampiros dos anos 80!

O Hobbit 2: A Desolação de Smaug

Crítica – O Hobbit 2: A Desolação de Smaug

Dezembro de 2013, hora de ver a segunda parte da “trilogia de um livro só”!

Bilbo Bolseiro continua sua jornada ao lado de Gandalf e dos doze anões, que querem reconquistar Erebor, sua terra, hoje tomada pelo dragão Smaug.

Existe um problema previsível aqui – O Hobbit 2: A Desolação de Smaug é um filme lento. Anos atrás, Peter Jackson pegou três livros e fez a excelente trilogia O Senhor dos Anéis. Agora, pegou apenas um livro, mas resolveu esticar a história para fazer outra trilogia. E o pior é que são filmes longos, este segundo tem duas horas e quarenta e um minutos. Ou seja: é inevitável que o filme fique cansativo. Se fosse um filme de uma hora e quarenta, acho que tudo fluiria melhor.

O Hobbit 2: A Desolação de Smaug tem outro problema, mas a culpa não é do filme, e sim do livro. Na outra trilogia tínhamos nove personagens (quatro hobbits, dois homens, um elfo, um anão e um mago), e já era difícil acompanhar todos – quem nunca confundiu Merry e Pippin, mesmo sabendo que um fica em Gondor enquanto o outro acompanha os Cavaleiros de Rohan? Aqui fica impossível acompanhar cada personagem em uma troupe de quatorze, onde doze são anões. A gente reconhece Thorin, Balin… Kili tem uma trama paralela, e… o resto poderia ser condensado em uns dois ou três personagens. A trama ia ser mais fácil de acompanhar com cinco anões em vez de doze.

(Outro problema menor, mas precisa ser citado: parece que o centro de treinamento dos orcs é junto com o dos stormtroopers. Os orcs erram TUDO!)

Pelo menos Jackson tem talento naquilo que se propõe a fazer. O Hobbit 2: A Desolação de Smaug tem seus momentos sonolentos, mas por outro lado, são várias as sequências eletrizantes ao longo do filme. Jackson consegue tomadas excelentes, com a câmera em movimento, no meio de batalhas épicas.

Aliás, os efeitos especiais, como era de esperar, são excelentes. A sequência dos anões nos barris impressiona pela nitidez que acompanhamos cada gesto e cada golpe, enquanto elfos, anões e orcs brigam entre si. E o dragão é um assombro de tão bem feito. Fico me imaginando o quanto do filme foi realmente filmado e o quanto é cgi.

O elenco repete todos que estavam no primeiro filme, e ainda traz algumas novidades, como Stephen Fry, Luke Evans e Evangeline Lilly, que faz Tauriel, uma elfa que não estava no livro, uma espécie de Arwen mais ativa. Martin Freeman mais uma vez está muito bem no papel título; Ian McKellen repete a competência de sempre no quinto filme como Gandalf. Cate Blanchet pouco aparece com sua Galadriel; Orlando Bloom volta com seu Legolas, aqui num papel menor. Benedict Cumberbatch não aparece, mas sua voz está bem presente – o cara empresta a voz para dois vilões: tanto o Necromante, quanto o dragão Smaug. Aliás, fico me questionando como deve ter sido a gravação de uma cena onde os atores já trabalharam juntos como Sherlock Holmes e Watson…

(O Gollum de Andy Serkis não aparece aqui. Mas Serkis estava por perto, ele foi o diretor de segunda unidade…)

A sessão pra imprensa (que quase não aconteceu por problemas técnicos) foi no tradicional 24 quadros por segundo. Mas parece que algumas salas têm exibições em 48 qps. Pretendo rever no outro formato para comparar. Ah, claro, tem o 3D. Muito bem feito, mas, sei lá, cansei. E achei algumas cenas escuras, não sei se foi por causa dos óculos. E os óculos começam a incomodar depois de mais de duas horas.

O Hobbit 2: A Desolação de Smaug, como era de se esperar, não tem fim. Agora temos que esperar dezembro de 2014 pra ver a conclusão…

The World’s End

Crítica – The World’s End

Filme novo do trio Simon Pegg, Nick Frost e Edgar Wright!

Um quarentão que parou no tempo resolve reunir os quatro amigos da época da escola para voltarem para a sua cidade natal e fazerem uma maratona de bebedeira em doze pubs diferentes, terminando no The World’s End, o útlimo pub. Só que sua cidade não é mais a mesma…

Depois de ver The World’s End, fui pesquisar e descobri que este é o terceiro filme da “Cornetto Trilogy”, que heu nem sabia que existia. Os outros filmes são Todo Mundo Quase Morto (Shaun Of The Dead) e Chumbo Grosso (Hot Fuzz) – os três foram dirigidos por Edgar Wright, escritos por Wright e Simon Pegg, e estrelados por Pegg e Nick Frost, e repetem alguns atores como Martin Freeman e Bill Nighy em papeis menores. Ah, e um detalhe: em cada filme aparece um personagem com um sabor diferente de Cornetto.

E por que isso? Parece que foi uma piada com a trilogia das cores do Krzysztof Kieslowski. Só que em vez de três cores, são três sabores de sorvete: morango (vermelho), clássico (azul) e menta (verde). Genial, não?

E assim, depois de uma comédia / terror e uma comédia / ação, temos uma comédia / ficção científica, feito por uma troupe que traz alguns dos melhores talentos do humor inglês contemporâneo! E que, mais uma vez, nos trazem um filme divertidíssimo, uma das melhores comédias do ano!

Gosto muito do estilo do diretor Edgar Wright (que também fez Scott Pilgrim e foi um dos roteiristas de Tintin), com seus planos curtos e cortes rápidos. Também gosto do estilo de humor, que beira o absurdo mas não chega ao nonsense. E The World’s End ainda tem um bom ritmo – a narrativa começa “normal” com o reencontro dos amigos, mas vai ficando gradativamente mais bizarra o quanto mais próxima do fim do filme. Não gostei muito da conclusão, mas não sei se teriam como fazer final melhor com uma história tão maluca.

O elenco é muito bom. Neste filme, Pegg e Frost “trocam de lugar” – Frost faz o personagem mais pé no chão, enquanto Pegg faz o mais abobado da dupla. Martin Freeman estava nos outros filmes da trilogia Cornetto, mas hoje ele é um nome com star power muito maior (além de ser o Watson da BBC, ele é “o” Hobbit!); Paddy Considine estava em Chumbo Grosso, mas continua sendo um rosto pouco conhecido. Ainda no elenco, Rosamund Pike, Pierce Brosnam, Eddie Marsan e a voz do Bill Nighy.

Por fim, preciso falar dos efeitos especiais, excelentes, principalmente se a gente se lembrar que estamos falando de uma comédia inglesa sem cara de blockbuster.

Claro, tem gente que vai confundir com The End Of The World, outra comédia apocalíptica lançada recentemente, e com nome quase igual. Até vejo algumas coisas legais em The End Of The World, mas achei este The World’s End muito melhor.

Enfim, ótimo filme. Pena que não deve passar nos cinemas brasileiros…

p.s.: Acabei de achar umas imagens pela internet com um título em português: “Herois de Ressaca”. Péssimo nome, né? É um páreo duro, qual é o pior título nacional, “Herois de Ressaca” ou “Todo Mundo Quase Morto”? 🙁

Sobrenatural Capítulo 2

Crítica – Sobrenatural Capítulo 2

Opa! Continuação do ótimo Sobrenatural, uma das melhores surpresas de 2010!

A família Lambert continua assombrada. Agora eles precisam descobrir o mistério que os conecta ao mundo espiritual.

Sobrenatural foi uma agradável surpresa. James Wan e Leigh Whannell, diretor e roteirista de Jogos Mortais, mostraram talento em um excelente terror à moda antiga, sem nada de gore. E este ano eles repetiram a dose com outro bom filme no mesmo estilo, A Invocação do Mal.

Sobrenatural Capítulo 2 segue esta mesma linha. Boa ambientação de “casa mal assombrada”, excelente uso de câmera, trilha sonora eficiente e – principalmente – bons sustos.

Claro, temos muitos clichês. Mas, na minha humilde opinião, são clichês bem utilizados. Comparo este filme com um trem fantasma de parque de diversões: sabemos que os sustos estão lá, mas mesmo assim pode ser um programa divertido. E digo mais: nem todos os sustos de Sobrenatural Capítulo 2 são previsíveis.

Sobrenatural Capítulo 2 ainda tem uma coisa bem legal que quase não vemos por aí. Revemos uma cena do primeiro filme, agora de outro ângulo. Boa sacada de Wan e Whannell!

O elenco repete todos que estavam no primeiro filme. Patrick Wilson está muito bem num papel com citações ao Jack Torrance de O Iluminado. Rose Byrne, Barbara Hershey e Lin Shaye também estão bem. Angus Sampson e o roteirista Leigh Whannell fazem o alívio cômico, que gerou algumas risadas na sala do cinema.

Claro que rola um gancho pra parte 3. Mas não sei se vai existir um terceiro filme, o diretor James Wan deu declarações dizendo que não faria mais filmes de terror, e está fazendo o sétimo Velozes e Furiosos. Ou seja, se tiver um terceiro filme, deve ser com outro diretor – o que quase sempre significa queda de qualidade. Assim, torço pra terminar neste segundo filme!

p.s.: Sobrenatural Capítulo 2 estreou no Rio, mas só na zona norte e zona oeste. Por que não na zona sul? Por que o preconceito? Depois reclamam da pirataria! Sorte que viajei pra outra cidade no fim de semana e consegui ver o filme ainda no cinema!

Sharknado

Crítica – Sharknado

Outro dia falei sobre Machete Mata; hoje é dia de Sharknado. Dois trash movies. Iguais? Nada disso, completamente diferentes!

Como a sinopse dá a dica, Sharknado fala de um tornado que passa pelo mar e traz tubarões. Basicamente isso.

Machete Mata é trash, mas é um filme bem feito. Sharknado, por outro lado, é muito mal feito. Trata-se de uma produção desleixada. Tudo é feito de qualquer maneira, sem se preocupar com qualquer lógica ou bom senso.

Vou citar um exemplo. Em determinado momento, está rolando um tornado com tubarões dentro. A lógica diz que esses tubarões estariam mortos, afinal, estão fora da água, sendo jogados de um lado pra outro, e a pouca água que tem é de chuva – mas “lógica” e “Sharknado” são duas palavras que não combinam. Os personagens resolvem voar de helicóptero em direção ao tornado (!) para jogar bombas, porque essas dissipariam os tornados (!). Nunca tinha ouvido falar nisso, aliás, o bom senso diz pra não voar com vento forte, né? Mas, calma, ainda não acabei. O helicóptero está se aproximando do tornado e dos tubarões, que parecem que controlam seus vôos, e voam com posturas ameaçadoras. Aí um dos tubarões se vira e vai atacar o helicóptero (!). Um cara, do chão, que tá vendo isso lááá de longe, saca um revólver e atira no tubarão (!). Quando ele atira (e acerta, claro), o tubarão esquece o vento e cai!!!

Na boa? Gosto de tosqueiras, mas tem coisa que passa do limite.

E não é só isso. O filme inteiro é mal feito. Num take, chove torrencialmente; no take seguinte, as calçadas estão secas. Num take, venta muito; no seguinte, não tem vento. Só pra situar o caro leitor: em determinada cena, eles estão dentro de uma casa, e a água invade o primeiro andar. Água suficiente para ter um tubarão nadando. Eles saem de casa, e está tudo seco em volta…

Isso não é tosqueira. É desleixo.

Produção dos picaretas da Asylum, Sharknado ficou famoso porque passou no SyFy e muita gente comentou ao vivo pelo twitter. Na onda do “fale mal, mas fale de mim”, o diretor Anthony C. Ferrante ficou feliz, e já anunciaram uma continuação pro ano que vem. Os atores Tara Reid e Ian Ziering, com a carreira lááá embaixo, também devem ter gostado da exposição.

Mas, na boa? Não vale. Só se for com uma galera, pausando a cada dois minutos, pra rir dos erros e absurdos.

Machete Mata

Crítica – Machete Mata

A esperada continuação do divertido Machete!

O governo norte-americano recruta Machete para voltar ao México para procurar um traficante de armas que quer lançar um foguete no espaço.

Quem me conhece sabe que sou fã do Robert Rodriguez. O cara dirige, escreve o roteiro, produz, edita, faz a fotografia, a trilha sonora e os efeitos especiais dos seus filmes. E não só tem um currículo com filmes excelentes como fez Um Drink no Inferno e Sin City, como ainda tem uma carreira paralela como diretor de filmes infantis.

Depois do projeto Grindhouse, feito em 2007 em parceria com o seu amigo Quentin Tarantino, onde fez um trash fantástico, Planeta Terror, ele parece que “abraçou a causa” do trash exploitation, e pouco tempo depois lançou o sensacional Machete (2010).

Claro que quem gostou de Machete ia querer rever o anti-heroi feioso. Por isso, a continuação Machete Mata (Machete Kills, no original).

E qual foi o resultado? Bem, temos pontos positivos e negativos pra analisar.

Em primeiro lugar, este é um filme propositalmente tosco. Li no imdb gente reclamando do cgi – entendi que o cgi foi intencionalmente mal feito, pra parecer uma produção B dos anos 70. E digo que, pra mim, funcionou – dei uma gargalhada alta na hora que o helicóptero explodiu, depois que eles pulam no barco. As atuações também são exageradas, tudo dentro do contexto “grindhouse”. O mesmo podemos falar da ridícula trama. Idem sobre a violência excessiva e caricata – o filme é violento, mas de uma maneira que a gente ri.

Ok, a gente aceita trama, atuações e efeitos toscos. Mas em alguns momentos o roteiro parece preguiçoso – por exemplo, não gostei da personagem de Amber Heard, a achei completamente deslocada. E definitivamente não gostei do fim – aliás, é bom avisar: Machete Mata não tem fim, acaba no gancho para o terceiro filme (assim como De Volta Para o Futuro 2 ou Matrix Revolutions).

Mesmo assim, o roteiro ainda traz algumas viradas inesperadas, alguns personagens morrem quando menos se espera… Apesar de trash, Machete Mata está longe do lugar comum.

E é aí que entra a genialidade de Robert Rodriguez. Machete Mata é trash, mas está longe de ser ruim. Detalhes aqui e acolá mostram que Rodriguez se preocupou em fazer um filme bem feito, apesar de parecer o oposto.

Detalhes como as inúmeras referências a outros filmes, desde Guerra nas Estrelas e 007 Contra o Foguete da Morte a referências ao próprio universo “rodrigueziano”, como o revólver em formato de pênis igual a Um Drink no Inferno, ou o personagem que fica cego como em Era Uma Vez no México. Ou ainda detalhes como o cuidado com personagens interessantes mas com pouco tempo de tela (como a personagem da Lady Gaga).

Ah, precisamos falar do sensacional elenco! Danny Trejo é o mesmo Danny Trejo de sempre, mas ele está (mais uma vez) acompanhado de um time invejável. Mel Gibson está ótimo com um vilão canastrão; Sofia Vergara arranca gargalhadas com seu sutiã-metralhadora. Demian Bichir impressiona com um personagem de múltiplas personalidades; Charlie Sheen (creditado com o nome de batismo “Carlos Estevez”) está excelente como o presidente dos EUA. Alexa Vega, a menininha de Pequenos Espiões, cresceu e mostra um corpão; Lady Gaga está engraçadíssima em sua estreia cinematográfica. Ainda no elenco, Jessica Alba, Vanessa Hudgens, Michelle Rodriguez, Amber Heard, Cuba Gooding Jr., Walton Goggins, Tom Savini, William Sadler e Antonio Banderas.

(Quase todas as mulheres aparecem com pouca roupa, mas o filme não tem nudez…)

Como falei antes, Machete Mata não tem fim, termina com o gancho para um terceiro filme, “Machete Mata no Espaço“. A ideia é legal, mas heu realmente preferia que o filme acabasse. Pelo menos o trailer é divertido…

Segundo o imdb, a data de lançamento no Brasil era pra ser dia 11 de outubro. Devia estar previsto para o Festival do Rio. Mas não passou no Festival. E não tenho ideia de quando estreia. Nem ao menos sei se vai estrear…

Enfim, se você gostou do primeiro Machete, vai se divertir com a continuação. E se você nem viu, acho que nem chegou no fim deste texto, né?