Crítica – Batem À Porta
Sinopse (imdb): Durante as férias, uma garota e seus pais são feitos reféns por estranhos armados que exigem que a família faça uma escolha para evitar o apocalipse.
Filme novo do M. Night Shyamalan sempre entra no radar. Afinal, mesmo quando ele faz filmes ruins, dá pra gente aproveitar algo.
Antes do filme, um parágrafo sobre o diretor. Deve ser difícil ser o Shyamalan. Seu primeiro filme foi muito muito bom (Shyamalan chegou a concorrer a dois Oscars, de melhor direção e melhor roteiro), e a partir do segundo, foi ladeira abaixo até o oitavo. Depois disso, ele alterna bons títulos (Fragmentado) com outros nem tanto (Vidro). Mas parece que nunca mais vai alcançar o seu primeiro trabalho. Mesmo assim, defendo os seus filmes, até os ruins, porque Shyamalan sabe dirigir. Ele sabe como posicionar e como mover sua câmera. Mesmo um filme ruim como Dama na Água tem sequências muito boas.
E é justamente esse talento com a câmera o melhor do seu novo filme, Batem À Porta (Knock at the Cabin no original). A história é curta, poderia ser contada em um episódio de Twilight Zone, e mesmo assim Shyamalan consegue manter a tensão ao longo de uma hora e quarenta minutos.
Quase todo o filme se passa dentro de uma cabana, com os sete personagens centrais (temos alguns flashbacks para contextualizar os protagonistas, e também algumas cenas pela TV). E vemos como Shyamalan trabalha: a câmera passeia pelo cenário e entre os personagens. Coisa discreta e bem sacada.
Diferente de boa parte dos filmes do diretor, Batem À Porta não tem nenhum plot twist bombástico. O foco do filme é saber se aquilo tudo é real ou se estamos diante de fanáticos religiosos. Isso talvez decepcione alguns espectadores.
Nem tudo funciona. Um defeito comum nos filmes do Shyamalan é ter muita explicação. Um exemplo que acontece aqui: determinado momento um personagem fala sobre uma catástrofe bíblica. Aí acontece algo que não é exatamente o texto bíblico, mas se encaixa perfeitamente. E então o personagem repete o texto, como se o espectador fosse burro e não tivesse acabado de ver aquilo.
No elenco, Dave Bautista convence mais a cada novo filme. Se antes ele era apenas um brucutu, já conseguimos vê-lo em papéis mais complexos. O outro nome famoso do elenco, Rupert Grint (Harry Potter) passou a impressão de “meu cachê é caro, então não vou ficar o filme todo, ok?”. Ainda no elenco, Jonathan Groff, Ben Aldridge, Kristen Cui, Nikki Amuka-Bird e Abby Quinn.
Ah, curiosidade sobre o elenco: a atriz Abby Quinn tem o mesmo nome da personagem da Demi Moore em A Sétima Profecia. A atriz nasceu em 1996, o filme é de 1988, será que foi coincidência ou homenagem?
(Tem uma cena onde o personagem de Bautista “se esconde”. Impossível não lembrar do Drax ficando “invisível”!)
Por fim, uma piada ruim. Antes de começar a sessão de imprensa, tinha uma imagem N tela dizendo pra compartilhar a hashtag “batemaporta”. Só li “Batema” porta…