Censor

Crítica – Censor

Sinopse (imdb): Depois de assistir a um vídeo underground estranhamente familiar, Enid, uma censora de filmes, começa a resolver o mistério do passado do desaparecimento de sua irmã, embarcando em uma busca que dissolve a linha entre ficção e realidade.

Censor é o novo queridinho do cinema de terror alternativo. Vai ter gente que vai adorar, mas também tem gente que vai odiar. É diferente do “terror montanha russa”, estilo que o James Wan domina como poucos. Mas também não tem muita cara do terror cabeça da A24. Censor é diferentão, não tem jump scares e tem visual VHS anos 80 – inclusive na temática.

Filme de estreia da diretora Prano Bailey-Bond, Censor fala dos video nasty. É uma boa saber o que é isso pra entender o contexto do filme. Vou citar um trecho da wikipedia:
Video nasty é um termo coloquial no Reino Unido para se referir a uma série de filmes, normalmente filmes de terror e exploitation de baixo orçamento, distribuídos em videocassete que foram criticados por seu conteúdo violento pela imprensa, comentaristas sociais e várias organizações religiosas. O termo foi popularizado pela National Viewers ‘and Listeners’ Association (NVALA) no Reino Unido no início dos anos 1980. Esses lançamentos de vídeo não foram apresentados ao British Board of Film Classification (BBFC) devido a uma lacuna nas leis de classificação de filmes que permitiam que os vídeos contornassem o processo de revisão.

A protagonista Enid (Niamh Algar) trabalha nesse departamento de censura. E isso me fez pensar como deveria ser o nosso departamento de censura, aqui no Brasil, nos anos 70 e 80 – todos os filmes que eram exibidos no cinema e na tv precisavam antes exibir um certificado de censura. Adolescente, na minha ingenuidade, achava que aquele deveria ser o melhor emprego do mundo, porque o trabalho era ver filmes. Mas, pelo contrário, devia ser terrível trabalhar num ambiente que mutilava e proibia artes. Enfim, parte do nosso passado, que bom que isso não existe mais por aqui.

A ambientação nos anos 80 é bem legal, não só nos cenários, figurinos e fotografia, como em todo o uso do VHS, dentro e fora do filme – o formato de tela e a textura da imagem às vezes mudam para ficarem parecidos com as filmagens antigas.

Censor é curtinho, mas mesmo assim é irregular. A parte final parece um pouco abrupta, talvez a protagonista precisasse desenvolver um pouco mais até chegar naquele ponto. E, para um longa que fala abertamente de filmes exploitation, até que tem pouco gore. Mas mesmo assim, gostei no resultado. Inclusive, a sequência final é genial, com a edição mostrando bem pro espectador a diferença entre a realidade e o que se passa na cabeça da protagonista.

Prano Bailey-Bond começou bem. Aguardemos seu segundo filme.

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