Creepshow – Show de Horrores

Creepshow – Show de Horrores

Recentemente, comprei os dvds importados dos filmes Creepshow, nunca lançados por aqui. Revi o primeiro, em breve farei o mesmo com o segundo e verei o desconhecido terceiro (apesar de ter lido por aí que é bem mais fraco…).

O filme abre com um garoto levando uma bronca do pai por causa de uma revista de quadrinhos de terror, que traz cinco historinhas. Na primeira, um homem volta do túmulo atrás de seu bolo de aniversário. Na segunda, um fazendeiro meio burrinho descobre um meteoro que transforma tudo em uma espécie de planta. A terceira mostra um vingativo homem que enterra sua esposa e o amante dela na praia durante a maré baixa. A quarta traz um monstro escondido num caixote. E a quinta traz baratas, muitas baratas!

Lançado em 1982, o filme foi inspirado em quadrinhos de terror da E.C. Comics dos anos 50. E o projeto tinha pedigree: roteiro de Stephen King (que também aparece como ator) e direção de George A. Romero.

O formato é muito interessante: são quadrinhos na tela! Se a gente parar pra analisar, esta é uma das melhores adaptações de quadrinhos da história do cinema, afinal as historinhas fluem como se estivéssemos lendo uma revista em quadrinhos – inclusive com alguns enquadramentos. Hoje em dia tem um monte de adaptações de quadrinhos sendo lançadas, algumas até muito boas (como os recentes Batman e Homem de Ferro), mas estes casos são filmes com cara de filmes. Creepshow tem cara de quadrinhos!

O elenco tem um monte de nomes legais, como Leslie Nielsen, Ted Danson, Ed Harris, Adrienne Barbeau, Hal Holbrook e, como falei lá em cima, Stephen King, como o fazendeiro da segunda história. E ainda rola uma ponta do maquiador Tom Savini na parte final do filme. De um modo geral, estão todos meio caricatos. Mas funcionam perfeitamente para o que o filme pede.

Visto hoje em dia, alguns trechos parecem meio bobos. Mas o resultado final é delicioso, apesar da longa duração do filme – pouco mais de duas horas. O formato deu tão certo que foi muito imitado nos anos seguintes, em títulos como Contos da Escuridão (Tales From The Darkside) e Dois Olhos Satânicos (Two Evil Eyes, também do Romero, ao lado de Dario Argento). Isso sem contar com a série Tales From The Crypt!

Por fim, uma curiosidade: este primeiro Creepshow nunca passou nos cinemas brasileiros, apenas a sua continuação, de 1987. O primeiro filme, só em vídeo. E o mesmo aconteceu com outro clássico oitentista de terror: o primeiro Evil Dead (A Morte do Demônio), de 81, só foi lançado aqui em vhs, mas a segunda parte, Evil Dead 2 – Uma Noite Alucinante, também de 87, passou no circuito…

A Ilha dos Mortos – Survival of the Dead

A Ilha dos Mortos – Survival of the Dead

E vamos ao sexto filme de zumbis feito por George A. Romero…

A trama é mais do mesmo. Sobreviventes lutam para se manter vivos enquanto zumbis estão espalhados por aí. A diferença aqui é que alguns dos vivos querem “guardar os zumbis” e esperar por uma “cura”.

Temos vários problemas aqui. O primeiro é que parece que Romero se esqueceu que o objetivo de um filme de terror é assustar. Survival of the Dead não assusta nem um pouco… Nem os personagens parecem preocupados com os zumbis em volta! Em momento nenhum o filme dá medo.

Tem outro problema, ainda mais grave: o fim do filme é ridículo. Aquele tiroteiozinho vagabundo foi terrível!

E, ainda na sessão “problemas graves”, temos talvez o maior de todos, uma grande incoerência: sr. Romero, o sr. nos ensinou que zumbis não pensam e não têm total domínio de suas funções motoras. Como assim um zumbi que dirige um carro? Como assim um zumbi que anda a cavalo???

A comparação com os clássicos é inevitável. Afinal, Romero não apenas fez o primeiro filme de zumbis da história, como fez três filmes essenciais para o estilo, a trilogia Noite / Madrugada / Dia dos Mortos, um em cada década (1968, 78 e 85, respectivamente). Nos anos 90, nada de zumbis. Mas agora, nos anos 00, já foram três…

A qualidade dos mais recentes é bem inferior à dos 3 primeiros. Terra dos Mortos (2005) não é ruim, mas é bem mais fraco. Depois veio o subestimado Diário dos Mortos (2007) – pode não ser uma obra prima, mas adorei o uso da câmera subjetiva.

Mas, com relação a Survival of the Dead (2009), não tem nem como defender. O filme é ruim mesmo!

Aparentemente, Romero perdeu a mão. Survival of the Dead é sério como são os seus outros filmes, que nunca caem no trash como a maioria dos filmes de zumbi por aí. Mas aí rolam algumas mortes de zumbi “engraçadinhas”, como a do extintor ou a do sinalizador. Ok, as cenas são engraçadas, mas não têm nada a ver com o “Romero Clássico”. Por um momento achei que estava vendo um filme do Sam Raimi!

Resumindo: sr. Romero, é hora de parar, enquanto ainda nos lembramos de seus bons filmes!

P.s.: Não consegui legendas para Birdemic nem para Buratino. Por isso, temporariamente encerro o SP Terror. Vê-los-ei assim que conseguir as legendas!

Martin

Martin

Esqueça o que você conhece sobre filmes de vampiro!

Martin é um filme de vampiros diferente de quase tudo o que o cinema já mostrou. Martin é um vampiro. Mas não é um vampiro como estamos acostumados a ver no cinema. Ele anda por aí de dia, não tem problema com alho e não tem caninos pontudos – na verdade, ele usa navalhas e seringas para extrair o sangue de suas vítimas.

Dirigido por George Romero em 1977, Martin é um interessante exercício sobre vampirismo versus realidade. Uma das coisas legais do filme é a dúvida: Martin é um vampiro de verdade, ou a doença é invenção da cabeça dele?

Aliás, esta dúvida sobre o real versus imaginação também acontece em outro aspecto. A narrativa traz algumas sequências em preto e branco, mostrando trechos do passado de Martin. Mas não sabemos se aquilo aconteceu ou não…

A gente está acostumado a ligar George Romero a filmes de zumbi. Claro, né? Em 1968, ele fez o primeiro filme de zumbi da história, A Noite dos Mortos Vivos, e depois fez outros cinco filmes com o tema. Mas ele não fez só filmes de zumbi, ele também lidou com outros estilos de terror, como Comando Assassino, Creepshow, A Metade Negra – ele fez até filme “não terror”, Cavaleiros de Aço! De mais a mais, em 77 Romero só tinha feito um filme de zumbis…

E Martin, apesar de não ser zumbi, tem a cara do diretor. O ritmo é lento e sério, como habitual nos filmes de Romero, assim como temos personagens bem construídos em uma sociedade bem retratada.

Este é o primeiro filme de John Amplas, que faz um convincente Martin. O elenco ainda traz dois nomes interessantes para os fãs. O próprio Romero faz um papel, como o padre Howard. E Tom Savini, famoso pela maquiagem de boa parte dos filmes de Romero, faz um papel, Arthur, e ainda faz, além da maquiagem, algumas cenas como dublê.

Martin não vai agradar a todos, pelo seu ritmo lento e sua cara de produção de baixo orçamento. Mas, por outro lado, é considerado por muitos como o melhor Romero. Inclusive pelo próprio!

O Diário dos Mortos

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O Diário dos Mortos

Mais um “reality movie”? Sim. Mas ao mesmo tempo estamos falando de mais um filme de zumbis do mestre George Romero. E aí o buraco é mais embaixo…

Pra quem não ligou o nome à pessoa, George Romero foi o primeiro cara a fazer filmes de zumbis como os conhecemos. No distante ano de 1968 ele nos deu o clássico dos clássicos A Noite dos Mortos Vivos, filme que estabelece certos padrões respeitados até hoje: zumbis são mortos-vivos, normalmente lentos e sem raciocínio, e que só “morrem” se algo acontece com seu cérebro.

Ele não parou aí: em 78 veio A Madrugada dos Mortos (recentemente refilmado) e em 85 a trilogia foi fechada com O Dia dos Mortos. E voltou ao tema em 2005 com A Ilha dos Mortos.

E agora, em 2007, lançou o seu quinto filme de zumbis… Usando o estilo “amadores com câmeras na mão”…

A premissa do filme: uma turma de faculdade de cinema tenta sobreviver a um novo “vírus” que traz os mortos à vida. Resolvem filmar tudo o que acontece, e aos poucos descobrem o que está acontecendo.

O ritmo do filme é lento, como aliás todos os filmes do Romero. Mas lento não significa chato – Romero sabe como poucos criar tensão na tela.

Destaque para os efeitos especiais: as cenas violentas são abundantes, mas nunca cai pro escatológico – afinal, são os próprios personagens filmando! Mesmo assim, pros fãs de terror, temos várias “mortes legais”!

Romero continua em forma!