Assassino Por Acaso

Crítica – Assassino por Acaso

Sinopse (imdb): Gary Johnson trabalha para a polícia e finge ser um assassino de aluguel para prender aqueles que o contratam. Um dia ele quebra o protocolo para salvar uma mulher desesperada que tenta fugir de um namorado abusivo.

Richard Linklater tem vários bons filmes baseados em personagens e diálogos bem construídos. Não são filmes com muitas “pirotecnias” técnicas, mas são filmes gostosos e agradáveis de se acompanhar. Assassino por Acaso (Hit Man, no original) é um desses casos.

Assassino por Acaso supostamente se baseia numa pessoa real (que heu nunca tinha ouvido falar), um professor universitário que tinha um segundo emprego numa equipe da polícia que prendia pessoas interessadas em contratar assassinos de aluguel. Ele cria personagens pra se aproximar dos suspeitos, e isso é a melhor coisa do filme.

Glen Powell é o nome a ser citado. Não só ele é co-roteirista e produtor, como tem um papel onde pode mostrar muita versatilidade. O cara é bonito e muito engraçado. Seu personagem cria várias situações muito divertidas. Assassino por Acaso não tem o perfil de “filme de Oscar”, mas heu não acharia exagero se ele aparecesse com alguma indicação (se bem que acho que o filme foi lançado lá fora no ano passado, então já era). Enfim, Glen Powell é o cara: bom ator, bom personagem.

Adria Arjona (Andor), que faz o principal papel feminino, também está bem e mostra uma boa química com Glen Powell. Sim, em algumas partes, Assassino por Acaso parece uma comédia romântica. Não conhecia mais ninguém no elenco, mas vou te falar que sempre que aparecia o personagem Jasper, heu me lembrava do Ethan Hawke, que já trabalhou em sete filmes do diretor Linklater: Boyhood, Newton Boys, Waking Life, Nação Fast Food, e a trilogia “Before” – Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia Noite (isso porque não estou citando Blaze, dirigido por Ethan Hawke e com Linklater no elenco).

Boa parte do conflito apresentado pelos personagens é porque Gary conheceu Maddison quando estava em um dos personagens que criava para o seu trabalho, então ele precisa continuar esse personagem durante a relação. E isso gera algumas cenas muito boas!

Sem entrar em spoilers, mas o fim tem uma moral meio cinzenta. Quando foi chegando naquela conclusão, fiquei na dúvida de como terminaria. Heu gostei da conclusão, mas entendo quem reclame da “moral da história”.

Leve e divertido, Assassino por Acaso vai agradar a maioria dos espectadores. Só não sei quanto tempo vai ficar em cartaz, porque já está no catálogo da Netflix gringa, não sei quanto tempo até chegar aqui.

Jovens, Loucos e Mais Rebeldes

Jovens, Loucos e Mais RebeldesCrítica – Jovens Loucos e Mais Rebeldes

Filme novo do Richard Linklater!

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Durante a primeira semana de aula, o calouro Jake chega a sua nova faculdade no Texas e se muda para a casa reservada à equipe de beisebol. Durante o primeiro fim de semana no novo lar, ele e seus novos colegas de casa serão tomados por um turbilhão de álcool, drogas, festas e paqueras. Em seu novo filme, Richard Linklater (o diretor de Boyhood, Antes do amanhecer, Antes do pôr-do-sol e Antes da meia-noite) se contagia mais uma vez pelo clima oitentista e universitário de Jovens, loucos e rebeldes, um dos primeiros clássicos cult de sua carreira. South by Southwest 2016.​

Aqui no Brasil, “Everybody wants some!!” ganhou o nome “Jovens Loucos e Mais Rebeldes”. Nada a ver, certo? Bem, pela primeira vez gosto do título brasileiro nada a ver. Afinal, em 1993 o mesmo Richard Linklater escreveu e dirigiu Dazed and Confused, que aqui ganhou o título Jovens Loucos e Rebeldes. Boa! Este novo filme segue o mesmo formato do filme anterior, heu sabia exatamente o que ia ver.

Assim como o filme dos anos 90, Jovens Loucos e Mais Rebeldes parece um piloto de seriado. Conhecemos vários personagens e a dinâmica entre eles. Por um lado, a construção destes personagens é extremamente bem feita e muito cativante. Por outro lado, não existe uma história a ser contada.

O elenco, apesar de não ter nenhum nome conhecido, é um dos pontos fortes do filme. Eles realmente passam a impressão de que são bons amigos e que estão curtindo muito esses momentos pré “vida adulta”. E sobre não ter ninguém famoso, não sei se no início dos anos 90 aqueles atores já eram conhecidos – mas olhem quem estava no meio dos jovens daquele filme: Ben Affleck, Mathew McConaughey, Mila Jovovich, Joey Lauren Adams, Adam Goldberg, Parker Posey, Jason London…

O filme se passa em 1980, mas não pensem em referências “festa Ploc” como cores berrantes e gel no cabelo. O visual lembra mais os anos 70. E vale dizer que a ambientação é perfeita! E a trilha sonora é outro ponto forte. Várias boas músicas que fogem da obviedade recheiam o filme. E o momento “Rapper’s Delight” deve ter sido uma grande curtição entre o elenco, tanto que virou cena pós créditos.

Além de não existir uma narrativa “sydfieldiana” (uma história com introdução, desenvolvimento e conclusão), outra coisa que atrapalha o filme é que aqui no Brasil não temos essa cultura de fraternidades universitárias. Mas quem deixar esses detalhes de lado e entrar na onda saudosista do Linklater vai descobrir um filme sobre universidades americanas muito superior aos Porky’s da vida.

Boyhood – Da Infância à Juventude

boyhoodCrítica – Boyhood – Da Infância à Juventude

Que tal um filme cujas filmagens demoraram 12 anos?

Boyhood é simples: conta a história de Mason, desde os 5 anos até os 18 anos de idade.

Boyhood – Da Infância à Juventude vai entrar pra história, acho difícil outro diretor repetir tal feito: foram apenas 45 dias de filmagem, mas espalhados ao longo de 12 anos – 3 ou 4 dias por ano! Nunca antes na história do cinema acompanhamos o desenvolvimento de um personagem de maneira tão perfeita!

Claro, existe todo um marketing em torno disso – “o filme que demorou 12 anos para ser completado”. Mas, se não fosse o talento de Richard Linklater (Escola de Rock), Boyhood não chamaria a atenção. Seria apenas um filme experimental, que poucos cinéfilos iam conhecer. Nada disso, Linklater nos apresenta um dos melhores filmes do ano.

Na verdade, não há muita história a ser contada. Linklater sabe fazer filmes simples, baseados em pessoas e em diálogos – vide a trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia Noite, onde apenas acompanhamos Ethan Hawke e Julie Delpy, muitas vezes em diálogos improvisados na hora.

Linklater, também autor do roteiro, deve ter usado um esquema parecido aqui. Não vemos grandes eventos da vida de Mason, e sim situações do cotidiano. Pontuando aqui e ali, temos músicas de cada época e citações à cultura pop, como Harry Potter e Lady Gaga. Simples, não? E apenas isso, filmado com talento, ficou ótimo!

Claro, o filme não é perfeito. São quase três horas, e não precisava de tanto…

Sobre o elenco, Richard Linklater deu sorte com o ator Ellar Coltrane, o protagonista, que se revelou um bom ator. Pena que Lorelei Linklater (a filha do diretor) não é tão talentosa, em algumas cenas ela deixa a desejar (inclusive a menina chegou a desistir do projeto lá pelo terceiro ou quarto ano de filmnagem, e pediu para seu pai matar o seu personagem – mas Linklater a convenceu a ficar). Completam a família Patricia Arquette, e, claro, Ethan Hawke (acho que este é a sexta parceria entre o ator e o diretor).

Por fim, um fato curioso. Lá pelo meio do filme, numa cena filmada em 2008, Mason e seu pai conversam sobre um possível Star Wars 7. E eles acertaram: ano que vem teremos o sétimo Star Wars!

p.s.: Com Boyhood, encerro minha participação no Festival do Rio 2014. Por problemas pessoais, vi pouca coisa, apenas 11 filmes… Ano que vem compenso!

Antes da Meia Noite

Crítica – Antes da Meia Noite

Olha o casal Jesse e Celine de volta!

Nove anos depois, reencontramos Jesse e Celine, agora casados e com duas filhas, passando férias na Grécia. Mas o clima romântico de outrora agora dá lugar às discussões do dia-a-dia.

Antes da Meia Noite (Before Midnight, no original) não é um filme para qualquer um. Quem não viu os outros filmes (Antes do Amanhecer, de 1995, e Antes do Por do Sol, de 2004) talvez ache um filme longo e arrastado, onde ficamos quase o tempo todo vendo um casal conversar. Mas acho que tem muitos fãs dos outros dois filmes por aí, esses vão gostar.

Antes da Meia Noite segue a mesma linha verborrágica dos filmes anteriores. Não só é dirigido pelo mesmo Richard Linklater e estrelado pelos mesmos Ethan Hawke e Julie Delpy, como o roteiro foi escrito pelos três (como aconteceu no segundo filme). Isso mostra que que o trio tem uma boa sintonia, e essa sintonia é vista na tela.

Na verdade, pouca coisa acontece, passamos boa parte da projeção vendo uma “DR” estendida – talvez seja esta a grande diferença entre este é os outros dois filmes, aqui tem mais briga e menos romantismo. Mas, por incrível que pareça, o filme é leve e agradável – acredito que a boa química entre o diretor e os protagonistas ajude nesse fator. Digo mais: achei a longa discussão no hotel com um ritmo perfeito – diferente da cena inicial, dentro do carro, longa demais, talvez o único momento do filme com “gordura”.

Enfim, não é pra qualquer público. Mas acho que os fãs dos primeiros filmes não vão se decepcionar.

Por enquanto, podemos considerar uma trilogia fechada. Mas não vou me surpreender se daqui a nove anos tivermos mais um “Antes de alguma coisa”…

Antes do Por do Sol

Antes do Por do Sol

Mais cedo falei de Antes do Amanhecer, agora é a vez de sua continuação, o também simpático Antes do Por do Sol.

Nove anos depois dos eventos do primeiro filme, Jesse virou escritor e está em Paris lançando o livro onde conta a noite do primeiro filme. Algumas horas antes de seu vôo sair, ele reencontra Celine.

O que é legal aqui é que é o mesmo diretor Richard Linklater e os mesmos atores Ethan Hawke e Julie Delpy, criando o mesmo clima intimista do primeiro filme!

Antes do Por do Sol é tão simpático quanto o primeiro filme. Inclusive, temos uma coisa muito interessante aqui: o roteiro foi escrito a seis mãos, pelo diretor Linklater junto com o seu casal de protagonistas, Hawke e Delpy.

Pena que não há muita história a ser contada. O filme tem um pouco menos de uma hora e vinte minutos, e algumas das cenas são desnecessárias (como, por exemplo, quando Jesse descreve o seu próximo livro; ou então Celine imitando a Nina Simone no palco). Acho que eles não tinham material para um longa, mas mesmo assim queriam mostrar o que aconteceu com o casal.

Não é tão bom quanto Antes do Amanhecer, mas que gostou de um vai curtir o outro.

Antes do Amanhecer

Antes do Amanhecer

Um jovem casal se conhece em um trem na Europa e resolve passar uma apaixonada noite caminhando por Viena. O problema é que ele tem um vôo para pegar de manhã, e ambos sabem que provavelmente nunca mais vão se reencontrar.

Este simpático filme de 1994 é uma prova que bons diálogos são o suficiente para se fazer um bom filme. Escrito por Richard Linklater (também diretor) e Kim Krizan, Antes do Amanhecer é verborrágico, praticamente só tem diálogos entre dois personagens – mas em momento nenhum é chato.

Boa parte do mérito do filme está no talento e carisma de seu casal de protagonistas. Ethan Hawke e Julie Delpy estão ótimos como Jesse e Celine, o casal que vive a noite mágica.

A proposta é muito boa. Afinal, como eles só têm uma noite, a relação é perfeita. Não existe desgaste por causa do tempo da relação, e amigos ou parentes não têm como atrapalhar. Em uma noite não dá tempo de surgirem problemas! Aliás, nem dá tempo de se “discutir a relação”!

O diretor Linklater é eficiente em diferentes estilos de filmes. Ele é bom em filmes modestos, como esse, sua continuação, e também Jovens Loucos e Rebeldes, filmes mais focados nos atores e nos personagens. Mas ele também dirigiu o divertido Escola do Rock. Isso sem contar com dois filmes feitos usando animação em rotoscopia, Waking LifeO Homem Duplo.

O filme teve uma continuação nove anos depois, Antes do Por do Sol, com os mesmos atores e o mesmo diretor, mostrando o reencontro de Jesse e Celine. Ainda hoje vem para cá para o blog!

Escola de Rock

Escola de Rock

Um guitarrista frustrado, demitido de sua banda de rock, acidentalmente vira professor de música para uma turma de crianças numa escola conservadora. Surpreendentemente, as coisas dão certo…

Escola de Rock é um filme leve e divertido, que funciona perfeitamente com a canastrice do careteiro Jack Black. Black é caricato, mas é um cara rock’n’roll. E aqui, como um professor não convencional, esta caricatura deu certo. O resto do elenco ainda conta com Joan Cusack, Sarah Silverman, Adam Pascal e Mike White (que também escreveu o roteiro). Isso sem contar com o bom elenco infantil.

A produção do filme foi muito feliz na escolha do elenco infantil. As crianças realmente tocam os instrumentos! Uma das opções do dvd é ouvir os comentários das crianças. É engraçado ouví-las falando que o Jack Black toca mal!

Tem outra coisa legal nos extras do dvd. Escola de Rock foi dirigido por Richard Linklater, o mesmo de Dazed and Confused (Jovens, Loucos e Rebeldes aqui no Brasil). Dazed and Confused é o nome de uma música do Led Zeppelin, e o grupo na época não autorizou o uso de suas músicas na trilha sonora do filme. Pois bem, agora, Jack Black montou um vídeo com centenas de fãs pedindo para usar The Immigrant Song. A ideia deu certo, o Led Zeppelin autorizou, e o vídeo está nos extras do dvd!

Os mais sérios vão dizer que o filme é bobo. Ok, é meio bobo sim, mas heu achei muito divertido. É como dizem os Rolling Stones: “it’s only rock’n’roll, but I like it!”

Jovens, Loucos e Rebeldes

dazed-confused

Jovens, Loucos e Rebeldes

Fiquei curioso quando vi esse filme na promoção das Lojas Americanas. O nome original é Dazed and Confused, sim, a música do Led Zeppelin. O diretor é o Richard Linklater, o mesmo de Escola do Rock. E, de quebra, ainda conseguimos reconhecer uma Mila Jovovich novinha na capa…

Fui ver qualé. O filme é simpático. Mostra o último dia de aulas de uma escola, numa cidade americana, em 1976, e a noite que se segue. Alunos mais velhos preparando trotes pros mais novos, alguns ligados ao futebol americano, alguns usando drogas, carros, cerveja e rock’n’roll.

O problema é que essa realidade não tem nada a ver com a gente. De repente alguém que viveu isso – lá e naquela época – pode achar “um interessante retrato de uma época”. Mas, pra quem é brasileiro, alguns rituais parecem estranhos…

Tirando esse fato, o filme é bem interessante e envolvente. Não temos um personagem principal, a história gira em torno de vários: o atleta que quer largar o time, o “calouro” que se enturma com os mais velhos, o fornecedor de maconha, o nerd politizado…

Mas… Sabe o que parece? Parece um piloto de série. Queremos ver mais desses personagens interessantes, ora!

Como bola fora da edição nacional está a completa falta de informações sobre o elenco do filme. Afinal, um elenco que conta com Ben Affleck, Mathew McConaughey, Mila Jovovich, Joey Lauren Adams, Adam Goldberg, Parker Posey e Jason London, entre outros, não merece ser ignorado…

E, claro, a trilha também é fantástica. Vários clássicos do rock. Só não tem – ironicamente – Led Zeppelin! Robert Plant não deixou…