Minúsculos: O Filme

minusculos-posterCrítica – Minúsculos: O Filme

Vamos de animação europeia?

Em uma clareira na floresta, uma jovem joaninha se vê no meio de uma guerra entre duas espécies de formigas atrás do açúcar deixado em um piquenique abandonado.

Escrito e dirigido pela dupla Thomas Szabo e Hélène Giraud, o desenho franco-belga Minúsculos:O Filme (Minuscule – La vallée des fourmis perdues, no original) parte de uma premissa interessante: uma animação feita em cima de cenários reais. Aparentemente, quase todos os cenários de imagens da natureza foram filmados, e os insetos foram desenhados em cima. Já os objetos que aparecem ao longo do filme, esses não sei se foram filmados ou desenhados.

Outra particularidade de Minúsculos é a ausência de diálogos falados. Diferente dos desenhos tradicionais que humanizam os animais, aqui eles se comunicam por ruídos – as formigas apitam, as joaninhas buzinam, etc. Por um lado, isso ficou bem legal. Mas acho que a falta de diálogos talvez canse os pequenos durante os 89 min de projeção. Vi o filme com meus dois filhos pequenos – o de 3 anos se desinteressou; o de 5 anos reclamou “porque não tem falas”.

Outro problema neste formato é que a criançada hoje em dia está acostumada com o ritmo aventura / comédia das animações hollwoodianas, e Minúsculos é mais lento e contemplativo, e quase sem momentos engraçados. O filme tem imagens belíssimas, mas não sei se a molecada vai dar bola pra isso.

E aí caímos em um problema: Minúsculos tem boa intenção, mas falha para o seu público-alvo…

Vale como experiência, vale para vermos algo diferente do padrão Hollywood. Mas que podia ser melhor, ah, podia…

Alleluia

ALLELUIA-AFF 120x160.inddCrítica – Alleluia

Vamos de filme belga underground?

Uma mulher se relaciona com um homem que vive de enganar mulheres, mas, em vez de largá-lo, torna-se cúmplice de uma série de assassinatos de viúvas, seduzidas por ele através de sites de relacionamento. Inspirado no caso real do notório casal Raymond Fernandez e Martha Beck.

Alleluia é um daqueles filmes que promete muito mas cumpre pouco. A história é boa – e baseada em fatos reais, que chegaram a inspirar outro filme baseado no casal, The Honeymoon Killers, de 1969 (não vi esse outro, não posso comparar.)

O problema é que pouca coisa acontece aqui, a trama é linear e arrastada demais. Além disso, alguns lances do roteiro parecem forçados – como assim o cara já casou de novo e ainda levou a namorada a tiracolo, chamando de irmã? E onde ficou a filha dela?

A mania do diretor Fabrice du Weltz de filmar tudo em close não ajuda. Dá nervoso, parece que estamos vendo uma tv com o zoom ligado. Demorei um tempo pra conseguir ver a cara do personagem principal, já que a tela do cinema mostrava só do queixo até a testa. Ok, deve ser estilo. Mas não ficou legal.

Sobram as boas atuações do casal principal, Lola Duenas e Laurent Lucas. Mas é pouco, muito pouco. Alleluia deixa a desejar.

A Quinta Estação

Crítica – A Quinta Estação

Mais um filme cabeça…

No fim do inverno, os habitantes de uma pequena cidade belga fazem um ritual para se despedirem da estação. Mas o ritual dá errado, e por isso o inverno não vai embora. Sem colheitas e com os animais doentes, a cidade começa a entrar em colapso.

A Quinta Estação (La cinquieme saison no original), filme belga escrito e dirigido pela dupla Peter Brosens e Jessica Woodworth, tem um problema básico: se a história se passa num mundo contemporâneo (carros, estradas, máquinas, energia elétrica), por que ninguém telefonou ou pegou seu carro e foi para a cidade ao lado? Vou além: uma pequena vila belga pode ser autossuficiente em termos de comida, mas duvido que produzam gasolina. Sendo assim, de onde vem o combustível para os carros? É preciso muita suspensão de descrença para acreditar em uma fábula assim no mundo moderno. Se a trama fosse situada no passado, seria mais fácil de acompanharmós.

A Quinta Estação é um bom exemplo de filme cabeça “desnecessário” – na falta de história pra preencher uma hora e meia de produção, o filme é cheio de cenas longas e arrastadas onde nada acontece.

Ok, o filme tem seus bons momentos. Algumas cenas bonitas aqui, alguns lances engraçados ali. Mas muito pouco para um longa metragem.

Deve ter um monte de simbolismos nas cenas sem sentido. Algum “subtexto meta-qualquer coisa”. Mas, na boa? Me lembrei do lema do distribuidor Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. Se o espectador precisa de um manual de instruções pra entender as mensagens do filme, na minha humilde opinião este filme falhou.

Às vezes, um filme não faz sentido mas mesmo assim é divertido – Buñuel que o diga. Outras vezes ele é só chato.

Dispensável.