Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Crítica – Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Sinopse (imdb): Impulsionado pela determinação resoluta de proteger seus amigos e salvar Hinata, Takemichi Hanagaki entra em uma briga entre gangues com a esperança de alterar o curso do destino e criar um futuro melhor para todos.

Fiquei na dúvida se valia a pena falar deste Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto, visto no Festival do Rio. Afinal, acho que vi a terceira parte de uma história, e não vi as duas primeiras. Então, meus comentários serão feitos com isso em mente.

Tokyo Revengers é um mangá, segundo a wikipedia são 31 volumes lançados entre 2017 e 2022. Em 2021 estrearam uma adaptação em anime e uma em live action. Pelo que entendi lendo o imdb, teve um primeiro filme Tokyo Revengers em 2021, e o segundo filme, de 2023, foi dividido em duas partes. Este Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto é a segunda parte de uma continuação. O problema não foi do Festival do Rio, os três filmes estavam na programação, foi minha a escolha de ver só este…

Enfim, pra mim foi um filme confuso, onde alguns personagens aparecem e não consegui entender exatamente o que estava acontecendo com eles – como o personagem Baji, que a princípio parece ser do grupo “dos mocinhos”, mas depois está no grupo rival. Por que? Sei lá, dei mole e não vi… 😛

Pelo menos alguns personagens são interessantes e tem algumas boas cenas de luta. Mas não consigo julgar o filme só tendo visto parte dele.

Mas, fica aqui o registro, e com este filme encerro o Festival do Rio 2024. Já tenho novos filmes pra comentar, semana que vem o heuvi volta ao normal!

Todo Tempo que Temos

Crítica – Todo Tempo que Temos

Sinopse (imdb): Após um encontro inusitado, uma talentosa chef de cozinha e um homem recém-divorciado se apaixonam e constroem o lar e a família que sempre sonharam, até que uma verdade dolorosa põe à prova essa história de amor.

Quando vi o trailer do Todo Tempo que Temos (We Live in Time, no original), imaginei que seria um dramalhão daqueles que fazem todo o cinema se debulhar em lágrimas. Não sou muito fã do gênero (não curto filmes sobre gente doente), mas resolvi encarar. E posso dizer que me surpreendi positivamente.

Como diz no cartaz do filme dirigido por John Crowley (Brooklyn), “cada minuto conta”, ou seja, já sabemos que teremos uma história de um casal muito apaixonado, onde um dos dois descobre uma doença terminal. Ok, isso é clichê. Mas o roteiro de Todo Tempo que Temos consegue apresentar essa história fora da ordem cronológica, e assim conseguiu burlar o “clímax chororô”, e ainda deu um ótimo ritmo ao filme. Detalhe: em nenhum momento vemos indicações de tempo (tipo “um ano antes”, “dois meses depois”), e mesmo assim dá pra entender tudo.

Além do roteiro, outro trunfo de Todo Tempo que Temos é o casal principal. Andrew Garfield e Florence Pugh estão ótimos, e têm uma boa química juntos. E o filme explora bem o relacionamento dos dois, quase o filme todo é só com os dois, tanto que fiquei me perguntando quem seriam os principais coadjuvantes, e só consigo pensar na filha do casal e na assistente da Florence. (Curiosidade: ambos estão na Marvel, Garfield foi o segundo Homem Aranha; Florence é a Yelena, irmã da Viúva Negra, e estará ano que vem em Thunderbolts).

Agora, preciso dizer que este não é o meu estilo de filme. Li uns comentários no imdb de gente reclamando que as idas e vindas na linha temporal teriam atrapalhado o envolvimento emocional do espectador com os personagens. Ou seja, o que pra mim foi um ponto positivo, tem gente achando que é um defeito. Sei lá, prefiro sofrer menos. Afinal, pra mim, “cinema é a maior diversão”!

Super/Man: A História de Christopher Reeve

Crítica – Super/Man: A História de Christopher Reeve

Sinopse (imdb): Documenta a ascensão de Christopher Reeve ao estrelato como Super-Homem, bem como sua luta para encontrar uma cura para lesões na medula espinhal depois que ele ficou tetraplégico após um acidente de cavalo.

Não sou muito fã de documentários, mas alguns amigos recomendaram este, então fui ver.

Sou um “nerd velho”, claro que fui impactado pelo Superman de 1978, e claro que me lembro do acidente que deixou o ator tetraplégico nos anos 90. Mas, vamos a uma contextualização, de repente tem alguém novo aqui que não viveu esses acontecimentos.

No fim dos anos 70, não existia o gênero “filme de super herói”. Ninguém fazia filmes assim. Digo mais: os efeitos especiais da época não permitiam mostrar de maneira convincente uma pessoa voando. Aí em 1978 estreou o filme Superman, dirigido por Richard Donner (A Profecia, Os Goonies, Máquina Mortífera, O Feitiço de Áquila), que acertou tão em cheio que até hoje está presente em listas de melhores filmes de super heróis da história.

O Superman era interpretado por um até então desconhecido, um tal de Christopher Reeve, que ficou muito marcado pelo papel – ele voltou a interpretar o Superman em três continuações, em 1980 (bom filme), 83 (filme mais ou menos) e 87 (filme péssimo!). E se por um lado o ator não teve nenhum outro filme marcante no seu currículo (talvez só Em Algum Lugar do Passado, de 1980), por outro lado nunca houve um Superman tão marcante quanto Christopher Reeve.

E, ironias do destino, ele sofreu um acidente em 1995, caindo de um cavalo, e ficou tetraplégico. Para o mundo do entretenimento, foi um choque, porque “o Superman” estava de cadeira de rodas!

Dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, Super/Man: A História de Christopher Reeve (Super/Man: The Christopher Reeve Story, no original) conta essa história. E conta de maneira emocionante, vai ser difícil o nerd velho segurar o choro durante a sessão! Heu me lembrava de algumas coisas, e mesmo assim, foi emocionante rever, tipo a cerimônia do Oscar onde ele aparece, pouco depois do acidente, e é aplaudido de pé por gente como Tom Hanks, Meryl Streep, Tom Cruise, Brad Pitt, Quentin Tarantino, Will Smith, Nicole Kidman, Jim Carrey, Nicolas Cage, Winona Ryder, etc. E tem coisas que heu não sabia, como por exemplo o quanto Christopher Reeve era próximo de Robin Williams (eles eram amigos desde antes da fama) – a ponto de ter um depoimento da Susan Sarandon dizendo que se Reeve não tivesse morrido, era capaz de Williams não cometer suicídio. (O filme conta com depoimentos de gente como Sarandon, Glenn Close, Jeff Daniels e Whoopi Goldberg, além de membros da família).

Mas preciso dizer que achei que Super/Man tem um problema. A segunda metade é menos interessante. Na primeira metade, vemos a ascensão da carreira de Reeve e depois detalhes sobre o acidente e sua recuperação. Depois o filme foca mais na procura de soluções para os problemas ligados a tetraplégicos e no instituto criado pelo ator. Ok, é uma coisa importante, mas, convenhamos, a história do ator que virou “o Superman mais icônico do cinema” é muito mais interessante do que as conquistas de um instituto.

O filme também entra em problemas ligados à família de Reeve. Mais uma vez, são problemas reais, é válido abordar isso no filme, mas não tem o mesmo impacto da primeira metade. O ritmo do filme cai. Talvez se a gente estivesse vendo na TV num formato de minissérie, funcionasse melhor.

Mesmo assim, vale ser visto Super/Man é um produto originalmente feito para a TV, mas estará em cartaz nos cinemas. Obrigatório para os “nerds velhos”!

Canina

Crítica – Canina

Sinopse (imdb): Uma mulher interrompe sua carreira para se tornar uma mãe que fica em casa, mas logo sua vida doméstica dá uma guinada surreal.

A divulgação deste Canina (Dogbitch, no original) falava de um filme onde a Amy Adams virava um cachorro. Essa ideia pode gerar um bom filme de terror, algo na pegada de um filme de lobisomem. Ou podia gerar uma comédia engraçada, com todos os absurdos que surgiriam desta proposta.

Nada disso. Canina é um drama que fala da maternidade e de tudo o que a mulher abre mão para cuidar do(s) filho(s).

Baseado no livro de Rachel Yoder e dirigido por Marielle Heller, Canina até tem cenas engraçadas – em alguns momentos rolavam gargalhadas no cinema. Mas o maior foco é o drama que a protagonista passa, e o dilema que ela vive – ela deve voltar à vida que levava antes de ser mãe, ou agora o foco deve ser 100% seu filho?

O melhor de Canina é a Amy Adams, que se entrega ao papel e faz o filme valer a pena. Amy já concorreu ao Oscar seis vezes e nunca ganhou, será que ano que vem vem uma nova indicação? Scoot McNairy faz o marido, um papel bem secundário.

Mas, no geral, achei o filme meio bobo. Porque todas as agruras da maternidade apresentadas no roteiro de Canina já foram contadas outras vezes, e de formas mais criativas. Canina se vende como algo diferente, mas é mais do mesmo.

Stopmotion

Crítica – Stopmotion

Sinopse (imdb): Segue uma animadora de stop-motion que luta para controlar seus demônios após a perda de sua mãe autoritária.

Outro filme da Shudder no Festival do Rio. Bora!

Ella, nossa protagonista, trabalha com a mãe abusiva num filme de stop motion. A mãe foi uma grande cineasta no gênero, e agora está com uma doença onde não pode usar as mãos. Quando a mãe adoece e entra em coma, Ella resolve terminar seu filme, mas, por influência de uma menina vizinha, resolve largar o projeto da mãe e criar outro filme.

Stopmotion é a estreia em longas do diretor Robert Morgan, que já fez alguns curtas fantásticos usando animação em stop motion (mas que infelizmente não vi nenhum). Seu longa tem atores reais, mas o filme traz várias sequências usando a técnica de animação, e são sequências muito boas – talvez seja o melhor do filme. Aliás, não só as sequências em stop motion. Os efeitos especiais são muito bons, tem um onde o rosto da protagonista “vira” massinha de modelar que ficou com um visual impressionante.

(Uma curiosidade: embora possa parecer estranho, usar carne para stop motion é uma técnica real usada pela lenda do stop motion Jan Svankmajer.)

Por outro lado, a história é hermética, aquele estilo de trama cheia de simbolismos, onde o espectador termina o filme sem entender muita coisa. A partir de um momento, a história entra numa espiral crescente de loucura que, quando chega no fim, a gente fica com vontade de catar o “manual de instruções”.

A atriz principal é Aisling Franciosi, que estava recentemente em Não Fale o Mal, e que também fez A Última Viagem do Demeter (temos uma nova scream queen?). Ela está bem, ela convence quando sua personagem pira na batatinha.

Queria falar de teorias sobre o final do filme, mas entraria em spoilers, então não vou por este caminho. Só digo que gostei da parte técnica, mas por outro lado, a trama cheia de simbolismos me cansou.

O Império / L’Empire

Crítica – O Império / L’Empire

Sinopse (imdb): Uma pequena vila no norte da França é o campo de batalha de cavaleiros extraterrestres disfarçados.

Normalmente não vejo trailers. Gosto de entrar na sala de cinema sem saber nada sobre o filme. Mas, Festival do Rio, dezenas de opções em poucos dias, vi alguns trailers pra decidir quais seriam as minhas escolhas. E o trailer deste O Império é muito divertido. Várias coisas malucas! Fiquei curioso e fui ver.

Mas, tudo o que tem de bom no filme estava no trailer…

Escrito e dirigido por Bruno Dumont, O Império tem bons cenários, bons efeitos especiais, e um monte de ideias promissoras. Mas parece que não desenvolveram as ideias, e o resultado final parece incompleto.

Somos apresentados a dois grupos rivais, os 0s e os 1s, que a principio são alienígenas, mas acho que também poderiam ser anjos e demônios, ou ainda poderiam simbolizar uma briga entre a Igreja e o Estado. Personagens estranhos em situações esquisitas e absurdas. Tinha potencial pra entrar numa onda meio Monty Python, meio Guia do Mochileiro das Galáxias.

Mas… Ideias são apresentadas e não são desenvolvidas. Sério, tem alguns momentos que senti que não leram o roteiro antes de filmar. Um exemplo: tem um personagem chave, um bebê que aparentemente será “o escolhido” quando for mais velho. Aí sequestram o bebê, depois devolvem o bebê, depois sequestram de novo, depois devolvem de novo, depois dizem que vão escondê-lo, mas ele estava no mesmo lugar…

Sobre o elenco, são personagens apáticos, então temos atuações apáticas. Quer dizer, alguns estão apáticos, outros estão caricatos. Fabrice Luchini, que já vi em outros filmes, aqui faz um papel tão bobo que causa vergonha alheia.

Pena. Gostei do visual, e os efeitos especiais não parecem ser de uma produção fora de Hollywood. Tem até um “sabre de luz”! Mas fica uma sensação de pastel de vento. Parece que vai ser gostoso, mas não tem nada dentro.

Força Bruta: Condenação

Crítica – Força Bruta: Condenação

Sinopse (imdb): O detetive Ma Seok-do se junta à Equipe de Investigação Cibernética para prender Baek Chang-ki, um ex-mercenário e chefe de uma organização de jogos de azar on-line.

Em fevereiro do ano passado comentei sobre Força Bruta, filme de ação coreano de 2022 que era continuação de um filme de 2017 que heu não tinha visto, Os Fora da Lei. Agora em 2024, na programação do Festival do Rio, aparece esta Força Bruta: Condenação, o quarto filme da série. Sim, não vi o primeiro nem o terceiro (de 2023), mas resolvi encarar o quarto.

A boa notícia é que Força Bruta: Condenação traz uma história fechada. Você pode ver sem ter visto os outros, dá pra entender tudo.

Dirigido por Heo Myeong-haeng, Força Bruta: Condenação parece um filme de ação dos anos 80, época dos filmes de “action heroes” estrelados pelos Stallones e Shwarzenegger da época, onde os protagonistas eram quase super heróis e nunca se machucavam (não tenho certeza, mas me parece que os action heroes começaram a mostrar alguma fragilidade em Duro de Matar, de 1988, quando o protagonista machuca os pés com cacos de vidro). O protagonista aqui, Ma Seok-do, enfrenta, sozinho e desarmado, vários oponentes armados, e sempre consegue bater em todos os adversários. A impressão que passa é que o soco dele tem super poderes.

Neste quarto filme, lançado este ano, Ma Seok-do e sua equipe enfrentam uma organização criminosa que controla cassinos online. O filme aborda temas como traição, mercenários e assassinatos, mostrando que os cassinos são apenas a ponta do iceberg em uma disputa maior por poder.

Assim como no segundo filme, um dos grandes trunfos aqui é o carisma dos personagens principais, tanto o protagonista de Ma Dong-seok (que às vezes é chamado de Don Lee aqui no ocidente), quanto o vilão interpretado por Kim Mu-yeol. Ambos estão muito bem.

Outra coisa boa aqui (e que também lembra os anos 80, tipo filmes como Um Tira da Pesada) é o equilíbrio entre a ação e o humor. Tanto as cenas de ação são bem filmadas, quanto os momentos de comédia são muito engraçados. A trilha sonora também é muito boa.

Aliás, falando das cenas de ação, tem uma cena onde o vilão e seu capanga enfrentam uns 10 ou 15 adversários que é muito bem coreografada e muito bem filmada, incluindo alguns takes longos – não é tudo em plano sequência, mas tem alguns planos que se heu estivesse vendo em casa, teria pausado e voltado a cena.

Força Bruta: Condenação está no Festival do Rio, mas já deve entrar no circuito esta semana. Recomendo pra quem gosta de filme de ação.

Deadstream

Crítica – Deadstream

Sinopse (imdb): Uma celebridade da Internet que foi desmonetizada após uma polêmica envolvendo seus vídeos decide reconquistar os seguidores com um evento exclusivo: uma live transmitida do interior de uma casa assombrada.

Imagina se o Sam Raimi resolvesse fazer uma versão found footage de Evil Dead? Ia sair algo parecido com este Deadstream, produzido, co escrito, co dirigido e estrelado por Joseph Winter.

O filme todo é focado em um personagem, um youtuber que passou por polêmicas e foi desmonetizado, e que agora quer fazer uma live passando uma noite numa casa mal assombrada para reconquistar a audiência. E claro que coisas vão dar errado durante esta live.

Deadstream é sem dúvidas um filme de terror, inclusive rolam alguns jump scares bem bolados. Mas é ao mesmo tempo um filme muito engraçado. Heu diria que o filme me causou mais gargalhadas do que sustos.

Deadstream é nitidamente um filme de orçamento baixíssimo. E Joseph Winter é o nome aqui: além de ser o protagonista, ele está no roteiro, produção, direção, edição e trilha sonora (sim, found footage com trilha sonora, ele leva um gravadorzinho e toca a trilha pra criar um clima). Aliás, tem outro nome a ser citado, fui ver no imdb, Jared Cook aparece em nove funções fora das telas, além de aparecer rapidamente em uma das cenas. Provavelmente são dois amigos que desenvolveram a ideia, e preciso dar meus parabéns pra eles!

O roteiro não é perfeito, tem algumas pontas soltas aqui e ali (tipo quando ele levanta o lance dos direitos autorais e depois deixa isso pra lá). Por outro lado, o roteiro sabe equilibrar bem os momentos tensos / engraçados ao longo do filme.

Falando na parte comédia: o protagonista Shawn Ruddy criado por Joseph Winter é carismático e muito engraçado. Ele não copia o Ash de Evil Dead, ele é mais medroso. Confesso que ri algumas vezes em momentos que ele se assustava.

Um outro trunfo de Deadstream são os efeitos práticos e de maquiagem (outra semelhança com Evil Dead) Determinados momentos do filme trazem um gore bem nojento, e ao mesmo tempo muito engraçado! Aliás, essas citações a Evil Dead são explícitas: reparem na tábua ouija, está escrito “Klaatu Verata Nikto”, frase tirada do filme do Sam Raimi.

Deadstream é de 2022, foi lançado lá fora pela Shudder. Ou seja, ver aqui no Brasil não é uma tarefa muito fácil. Mas recomendo!

Emilia Pérez

Crítica – Emilia Pérez

Sinopse (imdb): No México, uma advogada recebe uma oferta inesperada para ajudar um temido chefe de cartel a se aposentar de seus negócios e desaparecer para sempre, tornando-se a mulher que ele sempre sonhou ser.

Filme de abertura do Festival do Rio, Emilia Pérez traz uma advogada que é levada à presença de um chefe de cartel que deseja se transformar em uma mulher e precisa de ajuda para conseguir o seu objetivo. E, um detalhe importante: é um musical. Sim, mistura a brutalidade do tráfico de drogas com a leveza de um musical.

O filme co-escrito e dirigido por Jacques Audiard ganhou dois prêmios em Cannes: prêmio do júri, e um prêmio conjunto de melhor atriz, dividido entre Zoe Saldaña, Selena Gomez, Karla Sofía Gascón e Adriana Paz. Todas estão bem, mas, na minha humilde opinião, Zoe Saldaña é a que mais se destaca. Ela canta, dança, faz coreografias, interpreta em espanhol, ela realmente está impressionante.

(Aliás, achei curioso ver que o filme é quase todo em espanhol, e duas das três atrizes principais têm ascendência latina, mas nasceram nos EUA. Zoe Saldaña fala espanhol fluente, mas Selena Gomez de vez em quando soltava algumas frases em inglês. Segundo o imdb, Selena disse em entrevistas que não é fluente e que não estava satisfeita com o seu espanhol.)

O melhor de Emilia Pérez é a parte musical. Outro dia falei mal de Coringa Delírio A Dois, onde as músicas não empolgavam; aqui foi o oposto. Não sou fã do estilo das músicas, mas mesmo assim saí do cinema com vontade de procurar a trilha sonora. E as cenas de dança e coreografia são impressionantes e contribuem significativamente para a narrativa visual do filme. Isso sim é um musical de verdade!

Teve um detalhe que não gostei muito: achei que a personagem título muda de personalidade muito rapidamente. Era uma pessoa violenta, de repente vira uma santa, de repente volta a ser violenta… Ok, o filme nos mostra fatos que teriam gerado essas mudanças de comportamento, mas mesmo assim achei as mudanças muito abruptas.

Filmão, saí da sala com vontade de rever. Pena que, como acontece de vez em quando no Festival do Rio, Emilia Pérez vai ser um daqueles filmes que vou falar sozinho por um tempo. Segundo o imdb, só estreia aqui no Brasil em fevereiro de 2025…

Priscilla

Crítica – Priscilla

Sinopse (Festival do Rio): Quando a adolescente Priscilla Beaulieu conhece Elvis Presley em uma festa, o homem que é uma estrela meteórica do rock se torna alguém totalmente inesperado em momentos íntimos: uma paixão vibrante, um aliado na solidão, um melhor amigo vulnerável. Através dos olhos de Priscilla, Sofia Coppola revela outro lado do grande mito americano no longo namoro e casamento turbulento de Elvis e Priscilla. De uma base do exército na Alemanha à propriedade dos sonhos em Graceland, um retrato profundo e encantadoramente detalhado do amor, fantasia e fama.

Em 2022 vimos um filme do Baz Luhrman sobre o Elvis Presley. E agora, um ano depois, temos um filme da Sofia Coppola sobre a Priscilla Presley. Ok, heu entendo que a proposta da Sofia Coppola é completamente diferente da proposta do Baz Luhrman, um filme não quer competir com o outro. Mas Sofia deu azar porque o filme dela é bem insosso, e o filme do Baz está na memória recente. Todos vão se lembrar, e a comparação será inevitável.

Baseado no livro “Elvis e Eu”, escrito pela própria Priscila Presley, Priscilla tem seus méritos: é um filme bonito, a reconstituição de época é muito bem feita, a protagonista está bem. Mas tem um problema básico: é um filme chato. Heu saí da sala de cinema pensando – a Priscila Presley ficou casada com o Elvis durante anos, será que as melhores histórias que ela tinha para contar são essas? Será que não tinham coisas mais legais para ela apresentar? Ok, eu entendo que o principal objetivo do filme não era contar histórias legais, e sim mostrar como ela vivia uma relação abusiva. Priscilla vivia uma vida de rica, mas não tinha liberdade nenhuma – até seu guarda roupa era controlado pelo Elvis. Mas, mesmo assim, fico me perguntando se não tinha um jeito melhor de se contar essa história.

Priscilla segue então essa rotina de mostrar como a Priscilla Presley levava uma vida infeliz ao lado do Elvis. Um filme correto, mas um filme bobo. Chato e bobo.

Priscilla ainda tem outro problema: eles não conseguiram a liberação para usar as músicas do Elvis Presley. Ou seja, é o filme onde o Elvis é um dos personagens principais, mas não pode usar nenhuma música dele.

Teve um detalhe que me impressionou, que não tem a ver com o filme, mas sim com a história. Heu não sabia que quando o Elvis começou a sair com a Priscilla, ele tinha 24 e ela tinha 14 anos. Talvez isso fosse mais comum na época (Jerry Lee Lewis se casou com a prima de 13 anos), mas hoje em dia, 2023, isso soa muito estranho.

No elenco, Cailee Spaeny (Círculo de Fogo) está muito bem no papel título – é uma das poucas coisas elogiáveis no filme. Já o Elvis de Jacob Elordi dividiu opiniões na sessão de imprensa. Ouvi muitas comparações com o Austin Butler (do filme do Baz Luhrman)…

Por fim, uma curiosidade: Sofia Coppola é prima do Nicolas Cage, que foi casado com Lisa Marie Presley, filha da Priscilla. Tudo em família!

Esse ano vi nove filmes no Festival do Rio. Priscilla é o oitavo texto que publico aqui. Heu não pretendo escrever sobre o nono filme, uma comédia sul-coreana chamada Cobweb, que mostra os bastidores de uma filmagem. O filme é divertido, mas heu acredito que ninguém vai ver esse filme. Acho que talvez seja melhor pular esse e voltar para a programação normal, já tenho essa semana filmes do streaming e do cinema para comentar. Então fica aqui o meu pedido de desculpas para quem viu Cobweb, mas não vou comentar aqui.