Um advogado extremamente machista encontra uma mulher selvagem em uma floresta. Ele decide capturá-la e civilizá-la a sua maneira, prendendo-a num porão escuro na casa onde vive com a esposa e os filhos
Heu não sabia, mas esta é a continuação do estranho Offspring, tem até a atriz Pollyanna McIntosh repetindo o papel do outro filme. Mas, se você não viu o filme anterior, não se preocupe, as histórias são independentes.
Assim como acontece em Offspring, A Mulher Selvagem / The Woman tem imagens muito fortes, com muito sangue e muito gore. E, desta vez, achei o visual menos tosco. Nisso, o filme é eficiente.
Mas não gostei muito do roteiro, co-escrito pelo diretor Lucky McKee e pelo escritor Jack Ketchum, autor do livro que deu origem à história (Ketchum também escreveu Offspring). Tem um elemento misterioso muito mal desenvolvido que aparece na parte final. E os personagens são mal construídos, a família é apenas um fraco esboço do que poderia ser.
O resultado final nem é muito ruim. Mas heu esperava mais de um filme que ganhou o prêmio de melhor filme do Rio Fan 2011, e agora ganhou sessões no Festival do Rio…
Encerro minha participação no Rio Fan 2011 com este Kommandør Treholt & Ninjatroppen. Perdi as exibições de A Mulher (que ganhou o prêmio de melhor filme do festival) e de Água Negra – baixei ambos, mas não consegui legendas, então vou esperar um tempo para vê-los.
O que chama a atenção no filme escrito e dirigido pelo estreante Thomas Cappelen Malling é o argumento: como assim, ninjas noruegueses?!?!? E o pior de tudo é que o filme é baseado em fatos reais. Arne Treholt foi um político norueguês, condenado nos anos 80 a vinte anos de prisão por traição. Bem, o “Kommandør Treholt” existiu, mas, se ele tinha uma tropa de ninjas… Aí é que entra a ficção… 😉
Kommandør Treholt & Ninjatroppen tem algumas ideias muito boas, alguns momentos são hilários. Mas, no geral, é um filme bobo, heu esperava mais. Talvez fosse o velho problema de criar altas expectativas, afinal, recentemente vi dois filmes noruegueses muito bons, Dead Snow e The Troll Hunter.
A recriação do clima da Guerra Fria, com várias imagens de arquivo e reportagens jornalísticas inseridas, ficou bem legal. Aliás, o filme tem cara de ter sido feito nos anos 80, a imagem é trabalhada para parecer antiga – boa sacada. Pena que parte do filme fica confuso para “não-noruegueses” – heu nunca tinha ouvido falar em Arne Treholt…
Ficou pronto o aguardado novo filme de Rodrigo Aragão, diretor do cult trash Mangue Negro!
O filme fala de uma velha briga por terras entre duas famílias rivais. Enquanto isso, um misterioso monstro espreita no meio do mato.
Rodrigo Aragão falou antes com a plateia. Explicou que esta versão ainda não é a definitiva, que ele estava trabalhando numa versão quatro minutos mais curta, e com o som melhorado.
O filme é muito divertido, um legítimo trash. Quem gosta do estilo não se decepcionará. Muito gore, muita gosma, de várias cores diferentes, de várias origens diferentes. Muito bom! 😀
Claro, nem tudo é perfeito. O som ambiente tem falhas claras (tomara que isso seja uma das coisas consertadas na nova edição). O elenco tem atores caricatos, mas isso já era esperado, pelo estilo do filme.
Por outro lado, um nome em particular está tão caricato que ficou genial: um dos papeis principais é de Peter Baiestorf, um dos maiores realizadores do underground brasileiro, autor de dezenas filmes trash (segundo o wikipedia, são 17 longas, mais alguns curtas e médias). Na época de Mangue Negro, li uma comparação entre Rodrigo Aragão e Sam Raimi da época do primeiro Evil Dead; Baiestorf seria o seu Bruce Campbell. Baiestorf perde um olho, alguns dedos, se suja de vários tipos de gosma e não para de gritar palavrões! Vou procurar um dos seus filmes, depois comento aqui – já tenho baixado “Vadias do Sexo Sangrento“!
(Aliás, falando em Baiestorf, sei que um de seus filmes de chama “Vou Mijar na P#@rra do Seu Túmulo” – determinado momento do filme, seu personagem, ensandecido, grita exatamente isso!)
Ah, sim, falei em gosma, né? Nisso, o filme é de primeira linha. Tanto a maquiagem quanto os efeitos de gore são muito bem feitos. Nisso, a equipe é tão eficiente que houve uma oficina de maquiagem durante o Rio Fan – e a oficina estava lotada.
Além disso, a trilha sonora, com vários temas instrumentais feitos apenas com percussão, é muito legal, mostra um lado legal da música brasileira, sem precisar cair nas obviedades do samba e da mpb. Bola dentro!
Também é importante notarmos a evolução técnica que Aragão conseguiu desde Mangue Negro. A qualidade da imagem era um dos pontos fracos do outro filme, agora melhorou muito. Outra coisa é o elenco mais heterogêneo, nada de atores novos sob forte maquiagem para interpretar personagens velhos.
O que dá pena ao ver um filme desses é saber que ele nunca será lançado nos cinemas convencionais. Torço para que um dia heu consiga uma edição em dvd tão legal como a edição de Mangue Negro que comprei das mãos de Aragão: um dvd duplo, cheio de cartões dentro do encarte, e com uma caixinha de papel em volta. Edição de luxo! 😉
Acredito que o filme ainda não exista para baixar. E espero ainda rever numa tela grande. Mas, enquanto nenhuma das opções é viável, fiquem com o trailer:
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Agora, um adendo: uma foto minha, entre o ator principal Joel Caetano e o diretor Rodrigo Aragão, tirada logo após a exibição do filme. Agradecimentos a Rodrigo Giane, que tinha uma câmera com flash (a minha câmera não tinha…).
(Rodrigo Aragão é o de barba!)
Crítica – Vermelho, Branco & Azul / Red, White & Blue
Erica tem compulsão por fazer sexo com desconhecidos. O esquisitão Nate aparece em sua vida e tenta ajudá-la. E Franki é um aspirante a rock star. Suas vidas se encontrarão, e nada será como antes.
A trama de Red, White & Blue é dividida entre os três personagens principais. Os três são seres humanos desprezíveis, o que nos dificulta a simpatizar com o filme – é difícil alguém se identificar. Mas acredito que isso era proposital, o filme é daqueles que são feitos para causar desconforto. Aliás, em um festival onde teve filme censurado, este aqui foi exibido sem problemas, apesar de ter uma cena de tortura com uma criança presente… Ah, sim, é bom falar, o filme tem imagens fortes!
A narrativa não muito convencional é interessante, os planos têm cortes rápidos, mas sem uma estética de videoclipe. Além disso, o roteiro “engana”, ao mudar o foco entre os personagens.
No elenco, o único nome mais conhecido é Noah Taylor, que era o empresário em Quase Famosos e o amigo da Lara Croft. Amanda Fuller está bem com o a garota com cara de “the girl next door”; achei Marc Senter um pouco forçado, mas nada que comprometa.
Só não entendi por que o nome “vermelho, branco e azul”. Deve fazer alguma alusão ao patriotismo norte-americano, mas nada fica muito claro sobre essa possível referência.
Enfim, para quem gosta de filmes com violência crua…
Crítica – Um Sussurro nas Trevas / The Whisperer in Darkness
Ficou pronta a esperada adaptação do famoso conto de HP Lovecraft feita pela HPLHS!
O cético professor Albert Wilmarth, da Universidade Miskatonic, vai até Vermont investigar supostos acontecimentos misteriosos que estão acontecendo na fazenda de Henry Akeley.
A HPLHS (HP Lovecraft Historical Society) é o mais importante fã clube do autor. Em 2005, eles foram os responsáveis por O Chamado de Cthulhu, considerada por muitos a melhor adaptação já feita em um texto de Lovecraft – o filme foi propositalmente concebido para parecer ter sido feito nos anos 20, pouco depois do lançamento do conto: é um média metragem, preto e branco, mudo com intertítulos.
Um Sussurro nas Trevas segue o mesmo conceito. O conto é de 1931, e o filme tem cara de ter sido feito na década de 30 ou 40. Desta vez, o filme é falado, mas a bela fotografia em p&b, a iluminação, os cenários, os figurinos, tudo lembra a época.
Quer dizer, quase tudo. No fim do filme aparecem as criaturas Mi-Go, feitas em cgi. Na minha humilde opinião, as criaturas deveriam ter sido feitas em stop motion, o cgi ficou destoante do resto do filme…
Aliás, a parte final do filme deixa a desejar. A trama vai bem até o fim do conto – quando Wilmarth descobre um segredo sobre Akeley. Depois disso, o filme se perde – infelizmente.
Este escorregão na parte final impede Um Sussurro nas Trevas de ser um grande filme. Mas mesmo assim, ainda é uma bela adaptação de HP Lovecraft, escritor que não tem uma relação muito boa com o cinema – são poucos os filmes baseados em sua obra (já fiz um top 10 sobre isso!).
No elenco e na equipe técnica, ninguém conhecido. Mas o diretor Sean Branney e o roteirista Andrew Leman também estavam na equipe de O Chamado de Cthulhu, exercendo diversas funções… Os dois devem fazer parte do HPLHS!
Agora os fãs de Lovecraft aguardam por Nas Montanhas da Loucura, que seria dirigido por Guillermo Del Toro, mas parece que virou um projeto “órfão”…
Documentário sobre Andre Rand, suposto assassino serial pedófilo de Staten Island.
Talvez tenha sido erro de interpretação de texto da minha parte. Mas achei que a sinopse oferecida pelo Rio Fan dá a impressão que é outro tipo de filme: “Ao descobrirem que era real a lenda urbana que os aterrorizava quando mais novos, uma dupla de cineastas decide descobrir o mistério por trás do desaparecimento de cinco crianças.” Sei lá, viajei, achei que a história podia entrar numa onda “Bruxa de Blair“, mas, nada, é um documentário careta.
(Acho que heu não fui o único, finda a sessão, conversei com outras duas pessoas que também não sabiam que Cropsey era um documentário…)
Enfim… já falei aqui em outras ocasiões o meu problema com documentários. Não tenho nada contra, mas acho que o interesse do espectador no documentário está diretamente ligado ao interesse no assunto documentado. Se gosto do tema, quero ver o documentário; se não gosto, dispenso…
Pelo menos posso atestar que Cropsey funciona redondinho. Até o fim ficamos na dúvida sobre a inocência (ou não) de Rand.
Mas bem que heu preferia ver um filme de terror – ficção – com esse tema…
E vamos começar a falar dos filmes da edição 2011 do Rio Fan!
Wound é um filme estranho, muito estranho. Susan foi mãe adolescente, e sua filha Tanya morreu no parto. Agora, anos depois, Susan vê sua filha em todos os lugares.
O diretor David Blyth é um nome conhecido na Nova Zelândia por seu estilo sempre polêmico. Este Wound ficou famoso quando, ao ser exibido num festival, ganhou como fã o também polêmico Ken Russell. Bem, se você conhece os filmes de Russell, já sabe o que esperar de Wound.
O filme é um desfile de perversões sexuais. Tem incesto, sado-masoquismo, castração, estupro… Mas, sabe qual o problema? É que não existe uma história. É apenas uma sucessão de bizarrices. A gente fica tentando conectar as cenas grotescas, mas não existe uma trama coerente com uma explicação lógica.
Algumas cenas são engraçadas, rola algum gore… Mas o filme é fraco, bem fraco. Os filmes trash neo-zelandeses são melhores quando não se levam a sério, como Black Sheep ou os primeiros do Peter Jackson, Bad Taste – Náusea Total, Meet The Feebles e Fome Animal.
Pelo menos é curto, 73 minutos. Mas nem vale a pena…
Alvíssaras! Hoje começa mais uma edição do Rio Fan!
Em 2008 rolou aqui no Rio um festival de filmes de terror, o Rio Fan. Neste festival, vi (no cinema) alguns filmes que ninguém nunca mais ouviu falar, como Estrada Para o Inferno, um trash paquistanês que misturava zumbis com uma família de desiquilibrados; O Bosque Maldito, um terror italiano com cara de giallo dos anos 80; e The Rage, um trash com um cientista maluco, abutres mutantes e muito gore.
Desde então, heu esperava por outra edição, e nada… Começou até a rolar um SP Terror, e nada aqui… Até que li no jornal de hoje sobre o Rio Fan 2011!
A programação deste ano conta com três filmes que já passaram aqui pelo blog: Aterrorizada, o novo John Carpenter; Balada do Amor e do Ódio, o novo Álex de la Iglesia; e o polêmico Srpski Film, filme sérvio barra-pesadíssima sobre a indústria pornô.
Infelizmente, o festival é curtinho, e tô com a semana cheia. Mas vou tentar ver alguns filmes. Acho que sexta vai ser um bom dia, quero muito ver A Noite do Chupacabras, filme novo de Rodrigo Aragão, diretor de Mangue Negro!