Moonrise Kingdom

Crítica – Moonrise Kingdom

Não sei por que, mas heu nunca tinha visto nenhum filme do Wes Anderson. Aproveitei o Festival pra consertar esta “falha”!

Verão de 1965. Em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam e Suzy, que se conheceram um ano antes, combinam de fugir juntos – ela, da casa dos pais; ele, do acampamento escoteiro.

Gostei muito do estilo do diretor. Como disse, este foi o meu primeiro Wes Anderson, mas pelo que li, o estilo dele é sempre assim – Anderson é um daqueles raros casos da Hollywood contemporânea que mantém um estilo próprio (assim como Tim Burton ou Terry Gilliam). Os enquadramentos são sempre bem cuidados – existe uma simetria impressionante em quase todos os planos – e os movimentos de câmera são pensados milimetricamente. Essas características, combinadas com uma trilha sonora fora do lugar comum, uma bela fotografia e personagens muito bem construídos, dão a Moonrise Kingdom um ar delicioso.

O clima deste mezzo drama mezzo comédia é meio fantástico, às vezes parece que estamos vendo um filme de fantasia infanto-juvenil. Aliás, diria que poucas vezes vi no cinema um romance entre adolescentes de uma maneira tão bonita e delicada. Acho que vai ter muito marmanjo saindo do cinema com inveja de uma experiência adolescente dessas.

Claro que o elenco ajuda. Dois adolescentes estreantes fazem o casal principal, Kara Hayward e Jared Gilman – ambos estão ótimos. E eles tem um excelente time de coadjuvantes: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Como disse, gostei do filme, assim como gostei do estilo do diretor. Em breve vou procurar os seus outros filmes.

Jack & Diane

Crítica – Jack & Diane

Mais um filme indie besta…

Jack e Diane são duas jovens que se conhecem em Nova York e logo se sentem atraídas uma pela outra. Só que ao descobrir que Diane está de mudança para a Europa, Jack tenta se afastar.

Falei aqui outro dia do Kid-Thing. Jack & Diane tem um problema bem parecido: falta história.

O filme é mais ou menos assim: Diane encontra Jack, Jack encontra Diane, algumas coisas aleatórias acontecem com as duas, e o filme acaba sem levar nada a lugar algum.

Tem gente no imdb citando Jack & Diane como um filme “lésbico de lobisomem”. Seria um caminho interessante, mas passa bem longe do resultado final. Tem lesbianismo sim. Mas não espere lobisomens!

No fim de Jack & Diane rola uma cena nada a ver com o resto da história, um “plot twist” completamente inesperado, e se a trama fosse naquela direção, o filme seria bem melhor. Mas nada, tudo logo volta ao marasmo…

Me parece que o diretor e roteirista Bradley Rust Gray estava perdido. Além do “plot twist” inesperado, rolam outras ideias igualmente desperdiçadas ao longo da projeção. Por exemplo: a cena com a cantora Kylie Minogue é completamente dispensável, não leva a lugar nenhum. Ou a constrangedora cena onde Diane tenta raspar os pelos púbicos e sei lá por que não consegue. Aliás, acho que o filme inteiro é assim, cenas desconexas aglomeradas, tentando criar uma linha narrativa. Tentativa frustrada…

Num filme desses, é complicado falar do elenco – os atores não têm nada a fazer. Só posso dizer que a Juno Temple é boa atriz porque a vi em outras produções (nos próximos dias falarei aqui de Killer Joe onde Juno está sensacional), aqui ela só anda de um lado pro outro usando roupas feias. Ah, Riley Keough (que interpreta Jack) é neta de Elvis Presley.

Enfim, dispensável.

Os Erros do Festival do Rio

Os Erros do Corpo HumanoOs Erros do Festival do Rio

Heu ia escrever sobre o filme Os Erros do Corpo Humano, afinal, comprei o ingresso, fui até o cinema e comecei a ver este filme alemão, da mostra Midnight Movies, na sessão de domingo às 17:30 do Estação Barra Point.

Mas o filme travou no meio, e a sessão foi cancelada.

Quer dizer, foi um pouco pior. Não só a sessão foi cancelada como o público foi desrespeitado.

A imagem travou, e ninguém do cinema apareceu pra dar satisfações. Levantei da minha poltrona e fui procurar alguém do cinema pra descobrir o que acontecera. O rapaz que estava na porta não sabia de nada. A gerente? Estava na bilheteria. Me senti num cinema poeira vagabundo.

De repente um sujeito truculento entrou na sala e começou a berrar com uma pessoa – depois descobri que ele estava gritando com o funcionário responsável pelas legendas eletrônicas. O cara disse que não tinha como voltar o filme, e que a sessão estaria cancelada. Mas, detalhe interessante: ele nunca se dirigiu ao público.

Sexta passada o Segundo Caderno d’O Globo fez uma matéria falando sobre falhas técnicas e sessões canceladas durante o Festival do Rio. Segundo a organização do Festival, a culpa seria de novos projetores digitais que usam um formato novo, o DPC. Tirado do jornal: O arquivo do DCP dá uma garantia de qualidade. Será? Pra que serve uma imagem melhor se o filme trava no meio?

Ok, a gente entende as dificuldades dos organizadores do evento. Mas eles têm que entender que o espectador não pode pagar por isso!

Comprei um passaporte que me dava direito a retirar até 25 ingressos. Pelo que entendi das regras do passaporte, se heu desisto de um filme, não tenho direito a reclamar sobre o ingresso perdido. Da mesma forma, se o cinema cancela unilateralmente uma sessão, acredito que o espectador deveria ter o ingresso de volta, ou o valor integral deste (18 reais). Nada! A gerente Tania, mal educada e mal humorada, disse que só poderia devolver 8 reais! E se recusou a falar sobre o estacionamento do shopping.

( Parece que a gerente se esforçava pra convencer os espectadores a nunca voltarem para aquele muquifo. Bem, por mim, ela pode ficar tranquila. Não pretendo pisar no Barra Point nunca mais!)

Olha, heu entendo que não foi culpa do cinema se o filme travou. Mas tampouco foi culpa do espectador. O mínimo que o cinema deveria oferecer era o valor integral do ingresso mais o valor do estacionamento do shopping, além de um pedido de desculpas.

Aí a gente se lembra de outros pequenos problemas que aconteceram nos últimos dias. Vi O Livro do Apocalipse com legendas eletrônicas na sala 4 do Vivo Gávea. Sentei na fileira C, de onde não consegui ler as legendas que ficam embaixo da tela – e olha que não sou baixinho!

Durante os créditos de Moonrise Kingdom, a voz do protagonista voltou, mas do nada os créditos foram cortados. Pelo menos umas 30 pessoas ainda estavam dentro da sala vendo o filme.

Ontem rolou Twixt, o novo Coppola. Na entrada, todos receberam óculos 3D. Mas ninguém avisou que o filme não é 3D! Twixt tem apenas duas cenas em 3D, lá perto do fim do filme. E durante a projeção, quase todos estavam de óculos. Me pergunto se estes que ficaram o filme inteiro de óculos gostaram do 3D ao longo do filme…

E o pior é que não temos onde reclamar. Ano passado vivi dois problemas (Batalha Real no Vivo Gávea com defeito no 3D; Amor Debaixo D’Água no Estação Ipanema com problemas no som), em ambas as ocasiões me sugeriram mandar e-mail para o site do Festival. Claro que mandei o e-mail. Claro que fui ignorado.

Bola fora do Festival. Ano que vem vou pensar duas vezes antes de comprar um passaporte.

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p.s.: Não posso falar de Os Erros do Corpo Humano, só vi até a metade. Quando estiver disponível pra download, termino de ver…

Maníaco

Crítica – Maníaco

Até agora, a melhor surpresa do Festival do Rio 2012!

Frank é um restaurador de manequins. E também é um assassino serial, com fixação por arrancar escalpos de mulheres para grampear nos seus manequins. Quando ele conhece a artista plástica Anna, interessada pelos seus manequins, sua obsessão aumenta.

Por ser uma refilmagem de um filme obscuro de 1980, heu não esperava muito de Maníaco. Principalmente por saber que foi produzido e roteirizado por Alexandre Aja, que não fez grande coisa na refilmagem de Viagem Maldita e decepcionou na de Espelhos do Medo (se bem que gostei da sua versão de Piranha). Mas gostei do resultado, diria que Maníaco é uma das melhores refilmagens que vi recentemente.

Dirigido por Frack Khalfon (P2  – Sem Saída, também produzido e roteirizado por Aja), Maníaco tem uma característica interessante: quase todo o filme é em “POV” (point of view) – a câmera mostra o ponto de vista do personagem. Elijah Wood, o protagonista, pouco aparece, apesar de estar presente em todas as cenas do filme.

O estilo “POV” cansa um pouco (são apenas umas duas ou três cenas curtas sob outro ponto de vista). Mas por outro lado, isso cria uma cumplicidade com o espectador muito maior do que nos filmes convencionais – estamos literalmente dentro da cabeça do assassino, vendo através dos seus olhos e ouvindo os seus pensamentos.

A escolha de Elijah Wood como o maníaco foi arriscada – ele será eternamente lembrado como o hobbit Frodo de O Senhor dos Aneis. Tudo bem que ele fez um assassino em Sin City, mas era um personagem pequeno e não muito marcante. Mas posso dizer que o Sr. Frodo, quer dizer, Elijah Wood, não decepcionou. (O único problema de ter Elijah Wood num papel destes é que é impossível não lembrarmos do Gollum nos momentos em que estamos dentro da cabeça de Frank e este tem surtos de dupla personalidade…) O resto do elenco não tem ninguém muito conhecido. Nora Arnezeder, America Olivo, Liane Balaban, Genevieve Alexandra e Megan Duffy fazem um bom trabalho.

Preciso falar das cenas de violência. Não vi o original, mas li que a maquiagem foi feita por Tom Savini, sinônimo de boa qualidade. Mesmo assim, não acredito que uma maquiagem feita há 32 anos atrás seja tão eficiente como a desta nova versão de Maníaco. As cenas são muito fortes. Arrisco a dizer que estamos diante das melhores cenas de escalpelamento da história do cinema!

Ainda preciso falar da trilha sonora, com um toque new wave ointentista. A princípio a gente não associa esta sonoridade com filmes de terror. Mas a trilha criou um clima tenso que lembra os bons momentos de Dario Argento. Algumas cenas dão nervoso, são daquelas que a gente se contorce na cadeira!

Segundo o imdb, a previsão de estreia de Maníaco aqui no Brasil é em 30 de agosto de 2013. Poxa, por que esperar tanto tempo? Sorte que já vi. Pena que não posso recomendar pra ninguém por um bom tempo.

Fiquei com vontade de ver o original. Vou baixar, mas só terei tempo de ver depois do fim do Festival…

Celeste e Jesse Para Sempre

Crítica – Celeste e Jesse Para Sempre

Celeste e Jesse se separaram, mas ainda vivem juntos, como melhores amigos. Apesar da grande proximidade entre os dois, eles tentarão aprender a viver um sem o outro.

Dirigido pelo pouco conhecido Lee Toland Krieger, Celeste e Jesse Para Sempre (Celeste & Jesse Forever, no original) é mais uma comédia romântica. Pra não dizer que é igual a todas as que rolam por aí, a única particularidade aqui é que a trama torna impossível um final 100% feliz. E mesmo assim o final é previsível.

O elenco está ok. Ninguém chama a atenção, nem pro lado positivo, nem pro negativo. A figura central é Rashida Jones, também uma das autoras do roteiro. Ainda no elenco, Andy Samberg, Emma Roberts, Elijah Wood, Rebecca Dayan, Chris Messina, Ari Graynor, Eric Christian Olsen e Will McCormack (o outro co-autor do roteiro).

Um detalhe técnico me incomodou em Celeste e Jesse Para Sempre: o excesso de closes. Me pareceu um cacoete de filme independente, tudo muito perto. Não sei se foi um problema exclusivo da sala onde vi (no Shopping da Gavea), mas em várias cenas a gente não via o topo das cabeças dos atores.

Enfim, Celeste e Jesse Para Sempre tem o seu público alvo. Mas fora disso, é dispensável.

Selvagens

Crítica – Selvagens

Filme novo do Oliver Stone!

Dois amigos dividem uma plantação de maconha e o coração de uma mesma namorada. Suas vidas se complicam quando eles começam a ser chantageados por um cartel mexicano de drogas.

Oliver Stone é um cara talentoso, não há dúvidas com relação a isso. Mas também é um cara chato. Uma famosa crítica estadunidense uma vez declarou que iria se aposentar para nunca mais ter que ver os seus filmes. Em certo ponto, concordo com isso. Vejam um exemplo: Stone fez um ótimo filme sobre o Vietnam, Platoon. Aí resolveu fazer um segundo filme sobre o Vietnam, Nascido em 4 de Julho. Chega, né? Nada, quando ninguém mais aguentava mais ouvir falar de Vietnam, ele fez mais um filme sobre o mesmo tema, Entre O Céu e a Terra.

Tudo isso aí em cima foi pra explicar que prefiro quando Stone faz algum filme que não tem nenhum compromisso com posições políticas, como The Doors ou U-Turn. É o caso de Selvagens.

Baseado no livro de Don Winslow (co-autor do roteiro junto com o próprio Stone e mais um crédito), Selvagens está mais próximo de U-Turn do que de The Doors, por não se basearem em fatos e pessoas reais. E Selvagens tem um forte ponto em comum com U-Turn: ambos têm ótimos personagens.

Arriscaria a dizer que o melhor de Selvagens é sua galeria de personagens, principalmente os secundários. Se o trio principal apenas está ok, Salma Hayek, John Travolta, Benicio Del Toro, Emile Hirsch e Demián Bichir valem o ingresso.

O trio principal é um dos pontos fracos. Aaron Taylor-Johnson, o melhor dos três, parece meio perdido (ele estava bem melhor em Kick-Ass); Taylor Kitsch (John Carter) é boa pinta e tem jeito de galã de Hollywood, mas é limitado como ator; Blake Lively (Atração Perigosa) é bonitinha mas fraquinha, e sua narração em off só atrapalha.

(Nada contra a nudez dos dois protagonistas. Mas por que Blake Lively não tira a roupa também? Nas duas cenas de sexo do início do filme, ela está vestida enquanto seus parceiros estão nus…)

Mas acho que o pior de Selvagens é a história fraca. A começar por algumas posrturas dos personagens principais – qualé a do traficante zen com preocupações ecológicas (enquanto mantem um parceiro violento)? E sobre o roteiro, como é que os caras vão deixar tudo para o dia seguinte, mesmo com um violento cartel de traficantes na cola deles? E isso porque não estou falando do final duplo – parece que resolveram criar um novo final para agradar plateias mais caretas.

A parte técnica ê muito boa, pelo menos isso. Selvagens oferece um belo espetáculo visual. Mas no geral, a irregularidade do filme pode desagradar mais do que agradar.

Selvagens passou no Festival do Rio, mas, olha só, acabou de entrar no circuito!

Kid-Thing / Coisa de Criança

Crítica – Kid-Thing

Sinopse tirada da programação oficial do Festival do Rio:

Annie é uma menina rebelde de 10 anos, agressiva e destrutiva. Ela vive com seu pai, que passa grande parte do tempo dormindo. Sem limites ou parâmetros, ela passa o seu tempo roubando, vandalizando e se engajando em um comportamento antissocial. Um dia, ao andar pela floresta, ela é surpreendida pela voz de uma mulher pedindo socorro de dentro de um poço abandonado. Assustada, ela a princípio não sabe como agir, mas acaba voltando ao local repetidas vezes, primeiro com sanduíches, depois com walkie-talkies, e mais tarde com um pedido.

A sinopse de Kid-Thing (traduzido como Coisa de Criança pelo Festival do Rio) dava sinais de que poderia ser um bom e violento filme independente. Ou então que seria mais um filme independente chaaato.

Claro, segunda opção. Chaaato…

Cria da dupla de irmãos David Zelner (direão, roteiro e elenco) e Nathan Zelner (produção, fotografia e elenco), Kid-Thing tem um problema comum: falta uma história. A personagem da menina rebelde é interessante, mas se ela não tem nada para contar, temos um filme monótono onde nada acontece. Assim, temos vários momentos sonolentos em um filme de apenas uma hora e vinte e três minutos. Algumas cenas são insuportavelmente chatas, tipo aquela das raspadinhas na mesa. E a cena do professor de violão causa vergonha alheia.

Pra não diz que Kid-Thing é completamente inútil, aprendi como se hipnotiza uma galinha. Uau. Mudou a minha vida.

Agora, o pior de tudo é que me conheço: heu não aprendo. Por pior que tenha sido Kid-Thing, ano que vem vou achar um filme semelhante na Midnight Movies de 2013. E vou comprar ingresso…

Ruby Sparks: A Namorada Perfeita

Crítica – Ruby Sparks: A Namorada Perfeita

Calvin, um jovem escritor com bloqueio criativo, encontra o amor na forma menos usual possível: criando Ruby, uma personagem que ele acredita que irá amá-lo. O que ele não esperava é que Ruby se tornasse real.

A ideia não é 100% original, de vez em quando vemos filmes onde a metalinguagem é colocada em foco (principalmente Mais Estranho que a Ficção, que tem uma premissa bem parecida). O que faz a diferença é o modo como essa metalinguagem é apresentada aqui. Ruby Sparks tem formato de uma leve e divertida comédia romântica – felizmente mais criativa e menos previsível que a maior parte das comédias românticas por aí.

Acredito que boa parte do mérito seja do casal de diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris (casados na vida real), os mesmos do simpático Pequena Miss Sunshine (2006). Ruby Sparks é apenas o segundo filme de Dayton e Faris, que demoraram seis anos na “gestação” da nova produção. E não decepcionaram, quem gostou de Pequena Miss Sunshine vai curtir este novo filme da dupla.

Outro mérito é da roteirista Zoe Kazan (também protagonista), que construiu uma história simples, agradável e cativante. Este é seu primeiro roteiro, mas ela tem “pedigree”: é neta de Elia Kazan (Sindicato de Ladrões, Uma Rua Chamada Pecado), e filha de um casal de roteiristas, Nicholas Kazan (O Reverso da Fortuna, O Homem Bicentenário) e Robin Swicord (Memórias de uma Gueixa, O Curioso Caso de Benjamin Button).

O elenco também está muito bem. Paul Dano e Zoe Kazan (outro casal na vida real) estão excelentes como o casal central, a química entre eles é muito boa. Além deles, Annette Benning, Antonio Banderas, Elliot Gould, Chris Messina e Deborah Ann Woll.

Quem perdeu Ruby Sparks no Festival do Rio vai ter mais chances de ver o filme, parece que entra no circuito semana que vem!

A Quinta Estação

Crítica – A Quinta Estação

Mais um filme cabeça…

No fim do inverno, os habitantes de uma pequena cidade belga fazem um ritual para se despedirem da estação. Mas o ritual dá errado, e por isso o inverno não vai embora. Sem colheitas e com os animais doentes, a cidade começa a entrar em colapso.

A Quinta Estação (La cinquieme saison no original), filme belga escrito e dirigido pela dupla Peter Brosens e Jessica Woodworth, tem um problema básico: se a história se passa num mundo contemporâneo (carros, estradas, máquinas, energia elétrica), por que ninguém telefonou ou pegou seu carro e foi para a cidade ao lado? Vou além: uma pequena vila belga pode ser autossuficiente em termos de comida, mas duvido que produzam gasolina. Sendo assim, de onde vem o combustível para os carros? É preciso muita suspensão de descrença para acreditar em uma fábula assim no mundo moderno. Se a trama fosse situada no passado, seria mais fácil de acompanharmós.

A Quinta Estação é um bom exemplo de filme cabeça “desnecessário” – na falta de história pra preencher uma hora e meia de produção, o filme é cheio de cenas longas e arrastadas onde nada acontece.

Ok, o filme tem seus bons momentos. Algumas cenas bonitas aqui, alguns lances engraçados ali. Mas muito pouco para um longa metragem.

Deve ter um monte de simbolismos nas cenas sem sentido. Algum “subtexto meta-qualquer coisa”. Mas, na boa? Me lembrei do lema do distribuidor Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. Se o espectador precisa de um manual de instruções pra entender as mensagens do filme, na minha humilde opinião este filme falhou.

Às vezes, um filme não faz sentido mas mesmo assim é divertido – Buñuel que o diga. Outras vezes ele é só chato.

Dispensável.

O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Crítica – O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Filme apocalíptico coreano… Ok, vamos ver qualé.

Três pequenas histórias, mostrando três diferentes cenários apocalípticos: um vírus que transforma as pessoas em um misto de zumbi com vampiro; um robô de um templo budista alcança a iluminação espiritual e é visto como uma ameaça; e um meteoro em rota de colisão com a Terra.

Como quase todo filme em episódios, O Livro do Apocalipse é irregular. A primeira história, Brave New World, tem seus bons momentos, mas é bobinha; a segunda, Heavenly Creature, traz uma premissa interessante, mas é chaaata; a terceira, Happy Birthday, é a melhor, com uma boa dose de humor nonsense.

A primeira e a última história foram escritas e dirigidas por Yim Pil-Sung (autor do filme original que virou a refilmagem O Mistério das Duas Irmãs). Por terem o mesmo autor, ambas têm o mesmo tom de comédia – Brave New World tem alguns momentos engraçadíssimos, como o debate na TV; Happy Birthday é nonsense desde a premissa de uma gigantesca bola de sinuca alienígena que virou um asteroide. Heavenly Creature, a história “cabeça”, foi escrita e dirigida por Kim Jee-Woon (o mesmo do faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro, que passou no Festival uns anos atrás). Curiosamente, os outros filmes que conheço de cada diretor são de estilos diferentes…

A parte técnica é muito bem feita – o robô da segunda história parece saído de uma produção hollywoodiana. E o asteroide também não deixa a desejar, assim como a maquiagem da primeira história.

Conheço pouco do cinema coreano, mas reconheci um nome do elenco: Joon-ho Bong, o diretor de O Hospedeiro, trabalha como ator aqui, ele está no debate na TV em Brave New World. Ainda no elenco, Doona Bae e Ji-hee Jin.

O Livro do Apocalipse é a cara do Festival do Rio. Não deve ser lançado no circuito, mas deve aparecer nas locadoras daqui a um ano ou mais, possivelmente com outro título…