Aí Vem o Diabo

Crítica – Aí Vem o Diabo

Durante uma viagem em família, o casal de filhos pré adolescentes vai explorar as montanhas da região e desaparece. No dia seguinte, eles retornam, mas o alívio logo dá lugar à preocupação: os dois passam a se comportar de maneira estranha, evitam a escola e causam sustos em sua babá.

Não sei se foi intencional (espero que sim), mas Aí Vem O Diabo (Ahí va el diablo no original) tem cara de produção vagabunda dos anos 70. Tive a impressão de que o diretor e roteirista Adrián Garcia Bogliano quis dar uma de Tarantino e tentou fazer uma homenagem ao cinema exploitation. Cortes e movimentos de câmera, e, principalmente, abuso de zooms deixam o filme com ar de exploitation. Pena que Bogliano não tem o talento de Tarantino, em vez de cult, Aí Vem o Diabo parece uma caricatura.

Outra coisa que lembra o cinema exploitation é a nudez gratuita (uma coisa que Tarantino não usa muito). Todas as atrizes adultas tiram a roupa, mesmo quando não precisa. Taí uma coisa que podia ser feita com mais frequência… 😉

Aí Vem o Diabo traz um pouco de gore. Nada excessivo, mas uma das cenas tem tanto sangue que a plateia de gargalhadas. E a cena inicial é um bom resumo do que vamos ver: sexo nudez e violência, tudo gratuito – a cena podia ser cortada que o roteiro não mudaria nada.

A programação do Festival informa que Aí Vem O Diabo é um filme argentino. Mas o imdb diz que é mexicano. Confio mais no imdb…

No elenco, nada demais. Nenhum destaque positivo. Achei as crianças Michele Garcia e Alan Martinez inexpressivos demais, mas não sei se era opção do roteiro.Ainda no elenco, Laura Caro, Francisco Barreiro, Barbara Perrin Rivemar e David Arturo Cabezud.

No fim, fica aquela dúvida sobre a qualidade do filme: será que é ruim propositalmente, ou será que é ruim por falta de talento? Pelo menos é divertido e despretensioso. Bem melhor do que outros exploitation recentes que vimos por aí, como Nude Nuns With Big Guns ou Hell Ride.

A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman / Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso

Crítica – A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman / Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso

Alguns filmes se tornam “obrigatórios” só pela descrição. Este A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman é um deles. Vejam a sinopse oficial do Festival do Rio:

Pouco antes de sua morte, em 1989, Grahan Chapman, membro do extinto grupo britânico de humor Monty Python, teve sua voz captada durante a leitura de sua autobiografia lançada em 1980. Utilizando-se deste áudio como guia narrativo, 15 diferentes estúdios produziram 17 estilos de animação distintos para representar as memórias e mentiras deste ícone do humor inglês. Quatro sobreviventes da trupe, Terry Gilliam, John Cleese, Michael Palin e Terry Jones, se reuniram para dar voz aos personagens.

Animações em estilos variados, narração usando a própria vez de Chapman, e ainda participação de outros quatro ex Monty Python? Imperdível para fãs! A dúvida era: será que A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman é só pros fãs, ou além disso é um bom filme?

Infelizmente, só pros fãs…

A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman tem um problema grave: não tem humor. Sim, é um filme sobre o Monty Python, um dos grupos mais engraçados da história do cinema / televisão, mas é um filme com poucos momentos engraçados. Quase todas as piadas estão em imagens de arquivo – justamente os trechos que não são em animação.

E, para os fãs, rola um outro problema: dentre os 17 estilos de animação, não rola o “estilo Terry Gilliam”! Procurei pela internet uma explicação pra isso, segundo o que encontrei, Gilliam não quis participar do projeto, e por isso os diretores Bill Jones, Jeff Simpson e Ben Timlett proibiram as equipes de copiarem o estilo de Gilliam.

A narrativa pega trechos soltos da biografia escrita por Chapman e seu parceiro David Sherlock, e nem sempre segue uma linha lógica, deixando o filme meio confuso às vezes. Nada muito grave, por causa da opção da narrativa fragmentada. Pelo menos as mudanças de estilos de animação são bem interessantes, e algumas sequências são muito boas (gostei do trecho dentro do avião).

O que é interessante aqui é mostrar peculiaridades da vida de Chapman, como o seu problema com álcool ou a sua homossexualidade (ou seria bissexualidade?). Pena que o filme traz poucas novidades, neste aspecto o documentário Monty Python: Almost the Truth – Lawyers Cut, lançado em 2009, é bem mais completo.

No elenco, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam fazem vários personagens cada um, além de Carol Cleveland, antiga colaboradora. Além deles, Cameron Diaz empresta sua voz a Sigmund Freud em uma das sequências.

Enfim, só para fãs hardcore.

p.s.: Copiei e colei lá em cima a sinopse que está na programação. Mas tive que fazer uma pequena correção. A sinopse falava “os quatro sobreviventes”. Mas são cinco! Quem escreveu a sinopse esqueceu do Eric Idle! (que, se vi direito, aparece de relance na cena do velório de Chapman)

A Little Bit Zombie / Um Pouco Zombie

Crítica – A Little Bit Zombie / Um Pouco Zombie

Comecemos o Festival do Rio!

Às vésperas de seu casamento, Steve é picado por um mosquito e começa a sentir estranhos sintomas: não sente mais seu pulso, rejeita comida normal e passa a ter desejo por cérebros. Steve logo descobre que ele se tornou um zumbi. Mesmo assim, nada fará com que sua noiva Tina desista do casamento.

Ver filmes em festivais é “loteria”. Precisamos de sorte, já que como são filmes muito recentes, temos poucas referências por aí. E muitas vezes criamos uma expectativa errada sobre um filme. Foi o que aconteceu aqui. A página do imdb dava a impressão de que A Little Bit Zombie seria um “trash clássico”, daqueles com muito humor negro e muito gore. Mas não é.

Dirigido por Casey Walker, A Little Bit Zombie (Um Pouco Zombie, na tradução brasileira) não é exatamente ruim. Mas está bem longe de ser um bom filme. O pior problema foi não assumir a vocação trash. Uma trama onde a “zumbificação” é transmitida por um mosquito não pode ser séria. Acredito que A Little Bit Zombie seria melhor se fosse mais escrachado. Do jeito que ficou, parece mais uma comédia leve com ar de sessão da tarde.

Ok, o filme traz algumas boas piadas. Mas são poucas, o humor é bem bobo. E pra piorar, o ritmo é leeento…

As atuações são fracas, mas isso não é nenhuma surpresa. No elenco, só atores poucos conhecidos: Stephen McHattie, Kristopher Turner, Crystal Lowe, Kristen Hager, Emilie Ullerup, Shawn Roberts e Robert Maillet.

A Little Bit Zombie não é ruim, mas é fraco. Espero ter mais sorte nas próximas escolhas.

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Se você gostou de A Little Bit Zombie, o Blog do Heu recomenda:
Chillerama
Evil Dead
Todo Mundo Quase Morto

Festival do Rio 2012

Festival do Rio 2012

Vai começar mais um Festival do Rio!

Pra quem não conhece: trata-se de um dos maiores festivais de cinema do Brasil (talvez o maior). São centenas de filmes espalhados por vários cinemas cariocas durante duas semanas. Tem filme pra todos os gostos: filme bom, filme ruim, filme famoso, filme obscuro, filme aguardado que decepciona, filme que ninguém ouviu falar que surpreende.

Os filmes são divididos por mostras. Os mais conhecidos estão nas mostras “Expectativa” e “Panorama do Cinema Mundial”, mostras que reúnem filmes que estiveram recentemente em festivais fora do Brasil, ou filmes novos de cineastas conhecidos. Todos os filmes são inéditos, boa parte deles entra no circuito depois.

E existem as mostras com filmes mais obscuros. A mostra Mignight Movies é o “cantinho esquisito” do Festival. Filmes bizarros e estranhos são comuns aqui. Claro que é a minha mostra favorita…

Ano passado, criaram duas subdivisões para a Midnight Movies: a Midnight Música e a Midnight Terror. Este ano apareceu outra subdivisão, a Midnight Surf. Se boa parte dos filmes das mostras principais têm chances de entrar em cartaz, pouca coisa destas mostras vai voltar pras telas!

Ainda tem uma outra mostra interessante: John Carpenter, com 14 filmes do mestre, desde o primeiro underground Dark Star até o último Aterrorizada (nunca lançado aqui no Brasil)

(Além destas mostras, ainda tem a Premiere Brasil, Premiere Latina, Foco Reino Unido, Imagens de Portugal, Mostra Gay, Intinerários Únicos, Geração, DOX, Meio Ambiente, Fronteiras e Alberto Cavalcante. É filme pra dedéu!)

Como são muitos filmes e pouco tempo, o negócio é analisar a programação e arriscar alguma coisa. Pena que quase todos são tiros no escuro. Tem alguns filmes tão novos que ainda não têm nem comentários no imdb!

Ano passado consegui ver muita coisa, vi 24 filmes. Este ano comecei a analisar a programação e já separei 18. Costumo pensar em filmes que não devem passar de novo – se um filme vai ser lançado no circuito, espero pra ver depois.

Ano passado, antes do Festival começar, já tinha visto 6 filmes. Este ano só vi um, o ótimo O Segredo da Cabana, que, se tiver tempo, vou rever na tela grande.

Vou dar algumas dicas aqui. Só aviso que as minhas dicas são chutes! Não tem como saber se o filme vai ser bom…

O Segredo da Cabana – Interessante e inovador terror, que tem cara de slasher clichê mas não é bem isso. Uma das melhores surpresas que vi nos últimos tempos no estilo.

Argo – Thriller hollywoodiano dirigido e estrelado por Ben Affleck, contando a história real de como seis refugiados políticos conseguiram fugir do Irã em 1980 com a ajuda de uma produção hollywoodiana fake.

Selvagens – Oliver Stone tem um elenco estelar num filme sobre drogas: Taylor Kitsch, Blake Lively, Aaron Taylor-Johnson, John Travolta, Benicio Del Toro, Salma Hayek, Emile Hirsch e Demian Bichir.

Nós e Eu – Novo filme de Michael Gondry, o mesmo de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, trazendo alunos de uma escola no ônibus para realizar o último trajeto juntos antes das férias de verão.

Hemingway & Gellhorn – O romance entre Ernest Hemingway e a correspondente de guerra Martha Gellhorn. Dirigido por Philip Kaufman, com Nicole Kidman, Clive Owen, David Strathairn e Rodrigo Santoro.

Magic Mike – Steven Soderbergh dirige um filme sobre strip-tease masculino. Com Channing Tatum, Alex Pettyfer, Olivia Munn e Matthew McConaughey.

Twixt – O novo Francis Ford Coppola. Ok, Tetro, seu último, foi fraco. Mas o cara tem crédito, afinal ele fez Apocalipse Now, Dracula e a trilogia O Poderoso Chefão, dentre outros.

Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso – Uma animação contando a biografia de Graham Chapman, narrada pelo próprio – ele gravou o áudio pouco antes de morrer, em 1989. Tem participação de outros quatro ex-Monty Python.

In the Land of Blood and Honey – Filme dirigido (mas não estrelado) por Angelina Jolie, situado durante a guerra civil na Iugoslávia que arrasou os Bálcãs nos anos 1990. Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro de 2012.

Killer Joe – Um traficante contrata um policial que trabalha como matador de aluguel para matar a própria mãe. Dirigido por William Friedkin, com Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Thomas Haden Church e Juno Temple.

Coisa de Criança – Uma menina rebelde de dez anos de idade que passa o seu tempo roubando, vandalizando e se engajando em um comportamento antissocial.

Quarto 237 – Teorias Loucas Sobre O Iluminado – Teorias em torno de mensagens subliminares escondidas no filme de Kubrick – especulações envolvendo o holocausto, o genocídio de povos indígenas e até conspirações governamentais

Turistas – Uma típica viagem de namorados vai ganhando contornos bizarros à medida que o casal vai se envolvendo em acontecimentos estranhos e violentos.

Comic-Con Episode IV: A Fan’s Hope – Documentário sobre a Comic-Con, em San Diego, a maior convenção de quadrinhos e cultura geek do mundo. Participações de Stan Lee, Josh Whedon, Seth Rogen, Kevin Smith, entre outros.

O Livro do Apocalipse – Filme coreano em três episódios que tematizam possíveis fins da humanidade: vírus que transformam pessoas em zumbis, um robô que alcança a iluminação espiritual e a chegada de um meteoro.

A Quinta Estação – No interior da Bélgica, quando a tradicional fogueira que anuncia o fim do inverno falha, a primavera não chega. Condenada a um inverno sem fim, a cidade aos poucos mergulha em estado de calamidade.

Maníaco – Elijah Wood interpreta um homem que restaura manequins, colocando neles o couro cabeludo que ele próprio escalpela de mulheres reais. Roteiro de Alexandre Aja, direção de Franck Khalfoun.

Os Erros do Corpo Humano – Um cientista canadense chega à Alemanha para trabalhar numa controversa pesquisa genética. Mas descobre que os outros pesquisadores fazem parte de uma conspiração com objetivode criar um vírus devastador.

Possessão – Uma adolescente compra uma antiga caixa de madeira e acidentalmente libera um dibbuk, um antigo espírito maligno, que agora habita o corpo da garota.

Juego de Niños – Um casal resolve fazer uma romântica viagem a uma ilha. Mas descobrem que apenas crianças circulam por lá, e algo está errado. Refilmagem mexicana do elogiado espanhol ¿Quién puede matar a un niño?, de 1976.

Thale – Terror norueguês sobre uma Huldra: um ser da mitologia escandinava que tem a aparência de uma linda mulher nua, com um rabo de vaca, que pode se vingar com poderes sobrenaturais se o meio em que vive é desrespeitado.

Ahí va el diablo – Terror argentino. Durante uma viagem, duas crianças desaparecem. No dia seguinte as duas retornam, mas passam a se comportar de maneira estranha.

O Clube do Vamos Fazer a Professora Abortar – Um filme japonês com esse título já é o suficiente pra me tirar de casa!

Um Pouco Zombie – Um vírus transforma um homem em zumbi às vesperas do seu casamento. Mas a noiva não quer estragar a festa e faz de tudo para manter a situação normal.

John Carpenter – São 14 filmes dele. Recomendo quase todos (talvez heu deixasse de fora Memórias de um Homem Invisível e Fuga de Los Angeles). O problema é tempo. Mas as minhas recomendações seriam os clássicos como O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York, Christine – O Carro Assassino,ou Eles Vivem. Ou o recente Aterrorizada, que nunca foi lançado aqui. Ou o ultra-underground Dark Star, seu projeto de fim de faculdade que só chegou aqui no Brasil em vhs…

A partir de amanhã, começo a comentar os filmes aqui…

RioFan 2012

RioFan 2012

Alvíssaras! O RioFan – Festival de Cinema Fantástico – está de volta!

Até onde sei, já tivemos duas edições. Em 2008, vi, dentre outros, o italiano O Bosque Maldito, o inglês The Zombie Diaries, e o paquistanês Estrada para o Inferno (Zibahkhana) (zumbis mutantes e uma família de assassinos sádicos!). Nada houve em 2009 e 2010. Em 2011 o festival voltou, com títulos como Aterrorizada, Balada do Amor e do Ódio, Srpski Film, Norwegian Ninja, Um Sussurro Nas Trevas e o sensacional A Noite do Chupacabras (divertidíssimo filme trash brasileiro!).

Agora em 2012, a programação tem uma boa e uma má notícia, pelo menos no meu ponto de vista.

A má notícia é a pequena quantidade de longas inéditos – só três! Por outro lado, a boa notícia é que os três longas inéditos são brasileiros. Quando tivemos a oportunidade de ver três filmes brasileiros fantásticos e independentes, todos inéditos, no mesmo festival?

Pretendo ver os três:

Porto dos Mortos

Em um mundo devastado, um policial vingativo (Rafael Tombini) persegue um serial killer, sem saber que ele está possuído por um demônio. Direção de Davi de Oliveira Pinheiro.

Pólvora Negra

Anos depois de ter sido quase morto, Castilho Paredes volta à sua cidade atraído por um contrato como matador. Marcado e esquecido, ele cai no meio de um jogo de manipulações em uma disputa familiar por uma herança. Direção de André Kapel.

Nervo Craniano Zero

Dando continuidade ao estilo iniciado em Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos, o diretor Paulo Biscaia Filho traz uma fábula noir que rende homenagens à estética dos filmes de horror dos anos 80. No elenco Leandro Daniel Colombo (que estava em Morgue Story), Guenia Lemos (do seriado Law and Order) e Uyara Torrente (vocalista d’A Banda Mais Bonita da Cidade).

Além dos três longas brasileiros inéditos, o festival conta com cinco longas antigos, todos parte do acervo do MAM: A magia dos fantasmas (La Féerie des fantasmes), de Marcel L’Herbier (França, 1975); Finis Hominis de José Mojica Marins (Brasil, 1970); Contos da lua vaga (Ugetsu Monogatari), de Kenji Misoguchi (Japão, 1953); O Inferno de Drácula (Chi o suu bara), de Michio Yamamoto (Japão, 1974); e O Jovem Frankenstein (The Young Frankenstein), de Mel Brooks (EUA, 1974). E além dos longas, são 48 curtas brasileiros e estrangeiros, dentre eles, a estreia nacional de O Duplo, de Juliana Rojas, exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes este ano.

O festival começa amanhã (9 de agosto) e vai até domingo (12), com sessões no Centro Cultural Justiça Federal e na Cinemateca do MAM, ambos no Centro do Rio de Janeiro.

Mais informações em http://riofan.wordpress.com

Sleeping Beauty

Crítica – Sleeping Beauty

No primeiro dia do Festival do Rio, fui até o Estação Botafogo pra ver este Sleeping Beauty. Não sei por qual motivo, a sessão tinha sido cancelada. Ok, deixei pra lá. Mas, olha só, apareceu o filme pra download… Baixei, vi e constatei que dei sorte – o filme é fraco…

Lucy (Emily Browning) é uma estudante universitária que trabalha em várias coisas ao mesmo tempo. Respondendo a um anúncio de jornal, ela aceita um trabalho para servir jantares vestindo apenas lingerie. Pouco depois, lhe oferecem o emprego de “bela adormecida”, em que ela deve ser sedada para servir às fantasias eróticas de homens mais velhos.

O problema do filme escrito e dirigido pela estreante Julia Leigh é que falta história, enquanto sobra pretensão. Acompanhamos Lucy por uma hora e meia, e a única coisa interessante que vemos é a Emily Browning tirando a roupa. Pelo menos isso acontece com frequência!

O filme podia se aprofundar em várias coisas – como aquela bizarra sociedade que usa mulheres nuas como garçonetes. Mas, nada. Aliás, pior ainda, o filme nem explica coisas necessárias – caramba, Lucy tinha um emprego formal, além de ser garota de programa, e ainda fazia tarefas estranhas para ter um extra financeiro. Como é que ela não tinha dinheiro pro aluguel?

Sleeping Beauty só serve para os fãs de Emily Browning. A protagonista de Sucker Punch mostra maturidade como atriz – com e sem roupa – não vou estranhar se ela for indicada a algum prêmio. Fora isso, o filme é dispensável.

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p.s.: Aqui encerro meus comentários sobre o Festival do Rio 2011. Ano que vem tem mais!

Os 3

Crítica – Os 3

Camila (Juliana Schalch), Cazé (Gabriel Godoy) e Rafael (Victor Mendes), estudantes recém chegados em São Paulo, vão morar juntos e viram amigos inseparáveis. Com o fim da faculdade e a iminente separação do trio, surge uma proposta para transformar a vida deles em uma espécie de mistura de reality show com site de vendas on line.

Os 3 foi dirigido por Nando Olival, que antes fez Domésticas ao lado de Fernando Meirelles. O melhor aqui é a química entre o trio principal. Apesar de usar atores desconhecidos, o elenco foi muito bem escolhido. Os atores viraram amigos na vida real, e isso transparece na tela.

O roteiro não é perfeito, algumas situações soaram forçadas, me pareceu que não tinham muita história pra contar. E ainda achei desnecessária a inclusão da outra menina no “reality show”. O que salva é realmente o trio principal.

Mas tem uma coisa que me incomodou um pouco. Spoilers leves abaixo!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se Rafael gostava tanto de Camila a ponto de se afastar, na minha humilde opinião, não teria muito sentido ele querer de volta a companhia de Cazé…

FIM DOS SPOILERS!

Felzmente, isso não atrapalha o resultado final. Leve e despretensioso, Os 3 consegue ser uma boa diversão.

Alien Lésbica Solteira Procura

Crítica – Alien Lésbica Solteira Procura

Um filme com o nome Alien Lésbica Solteira Procura precisa ser visto porque… Ora, porque se chama Alien Lésbica Solteira Procura!

O planeta Zots está com problemas na camada de ozônio, e descobre que isso é causado por emoções intensas vividas por seus habitantes. Então, resolve mandar alienígenas lésbicas para a Terra para sofrerem decepções amorosas e terem o coração partido.

Desde que li a programação do Festival, fiquei com vontade de ver Alien Lésbica Solteira Procura. Claro que a expectativa era baixa, dificilmente o filme ia ser melhor que o título (como aconteceu com Matadores de Vampiras Lésbicas). Mas… Não é que o filme é divertido?

Parece uma mistura de Go Fish (filme lésbico dos anos 90) e O Balconista (ambos filmes independentes em preto e branco), com uma pitada de humor televisivo a la Saturday Night Live e 3rd Rock From The Sun. O humor do filme às vezes é bobo, mas tem uma boa piada aqui e outra acolá.

A parte técnica é bem amadora. A nave alienígena parece feita com duas quentinhas! Lembrou o estilo de Plan 9, do Ed Wood. Mas, como não é pra levar a sério, não atrapalha.

O filme é curto, uma hora e quinze minutos, mas mesmo assim rola encheção de linguiça – aquela trama paralela dos agentes do governo é desnecessária. Mas, como heu não esperava nada demais, foi até uma agradável sessão de cinema.

A Última Sessão

Crítica – A Última Sessão

Ver filmes em festivais traz um grande risco. Como muitas vezes o filme ainda não foi lançado, existem boas chances deste filme ser ruim. Infelizmente é o caso aqui, com este suposto terror francês.

A Última Sessão mostra Sylvain, o único funcionário de um cinema decadente de uma cidade do interior, que acumula as funções de gerente, programador, caixa e projecionista. Solitário, ele vive no porão do local e saúda os mesmos frequentadores de sempre do cinema. E, todas as noites, após as sessões, ele sai às ruas para matar mulheres – e roubar orelhas.

O problema é que o filme, escrito e dirigido por Laurent Achard, é leeento… Muito pouca coisa acontece, e sempre devagar quase parando. Muitas cenas contemplativas, com câmera parada. E olha que era pra ser um filme de terror.

A trama também não traz nada de novo. Maluquinho vai lá, mata e traz a orelha. Dia seguinte normal no cinema, à noite vai lá de novo, mata de novo e traz outra orelha. Chaaato. E a falta de carisma do protagonista Pascal Cervo é outro fator que atrapalha.

Enfim, dispensável. Nem precisa ser lançado por aqui.

Amor Debaixo D’Água

Crítica – Amor Debaixo D’Água

Tem uns filmes por aí que exemplificam perfeitamente o espírito da mostra Midnight Movies. O japonês Amor Debaixo D’Água (Onna no kappa, no original) é um desses.

Saca só a sinopse: Asuka encontra um kappa, ser mitológico japonês. Aí descobre que ele é Aoki, um colega que morreu afogado aos 17 anos.  Como se não bastasse, o filme é um musical erótico!

O tal kappa é um ator com uma máscara em formato de bico e um casco de tartaruga nas costas. Mas é uma máscara mal feita, e um casco colado na camisa. E ainda tem um chapeuzinho estranho. Tosco, tosco, tosco…

As músicas são bizarras, parecem tocadas por um teclado arranjador de churrascaria, com aquela bateriazinha eletrônica tosca. As coreografias são coerentes com a tosqueira – sensação de vergonha alheia.

E as cenas de sexo? O sexo entre humanos é até normal. Mas o kappa também faz sexo. Olha, é impossível não rir quando o kappa mostra suas “partes íntimas”…

O filme é tão esquisito que fica difícil de dizer se é bom ou ruim. É estranho demais pra ser bom; é bizarro demais pra ser ruim. Pelo menos é engraçado, algumas partes são hilárias!

Lembrei de As Bonecas Safadas de Dasepo, outro filme oriental bizarro que vi num Festival e depois nunca mais ouvi falar. Taí, Amor Debaixo D’Água faria uma boa sessão dupla com Dasepo