A Coisa

A Coisa

Ficou pronto o prequel de O Enigma de Outro Mundo, um dos melhores filmes de John Carpenter!

Antártica, 1982. Um grupo de pesquisadores noruegueses descobre, dentro do gelo, uma nave espacial e um alienígena. Mas o alienígena consegue escapar, e agora ninguém mais pode confiar em ninguém, já que a criatura tem a capacidade de se transformar em todo ser humano que toca.

Quando li a lista das centenas de filmes do Festival do Rio, confesso que este foi o que mais me interessou. Sou um grande fã de O Enigma de Outro Mundo, de 1982, (que, por sua vez, é refilmagem de O Monstro do Ártico, de 1951). Já tinha ouvido falar deste A Coisa, que contaria os fatos anteriores ao filme, mas nem sabia que já estava pronto, muito menos prestes a ser exibido no Brasil – as legendas já estão na película, e quando isso acontece, normalmente já tem previsão de entrar no circuito. Legal!

A Coisa não decepciona, o diretor estreante Matthijs Van Heijningen faz um bom trabalho ao recriar o clima tenso que rolava na versão da década de 80. Porque, no que diz respeito a recriação / homenagem / cópia, o filme é excelente. Às vezes, até parece uma refilmagem! Os efeitos especiais são bem feitos, nem parecem cgi. E a trilha sonora de Marco Beltrami segue a linha da trilha anterior de Ennio Morricone – o tema principal monocórdico do outro filme chega a ser usado.

No elenco, apenas um nome conhecido: Mary Eisabeth Winstead (À Prova de Morte, Scott Pilgrim Contra o Mundo). Os nerds de plantão poderão reconhecer os dois pilotos de helicóptero: Adewale Akinnuoye-Agbaje, o mr. Eko de Lost; e Joel Edgerton, o Owen Lars da nova trilogia de Star Wars. E o monte de atores noruegueses (desconhecidos por aqui) que completam o elenco não fazem feio.

A Coisa é bom, mas não é perfeito. Achei a parte dentro da nave desnecessária e forçada demais. E tem mais uma ou outra coisinha, como os veículos danificados que voltam a andar. Bem, felizmente, nada muito grave.

Ainda preciso falar duas coisas sobre o título do filme. Primeiro sobre o título original: o título é exatamente igual ao dos anos 80, ambos se chamam “The Thing“. Como fazer pra diferenciá-los? E com relação ao título nacional, fiquei na dúvida sobre a tradução”oficial”, já que o imdb o chama com o mesmo nome do filme de quase trinta anos atrás, “O Enigma de Outro Mundo“. Mas acho que vai ser A Coisa mesmo, afinal, as legendas da película estão assim.

Última coisa: não saiam logo que começarem os créditos. Durante os créditos rolam cenas importantes ligando o filme com o de 82!

A Mulher Selvagem / The Woman

Crítica – A Mulher Selvagem / The Woman

Um advogado extremamente machista encontra uma mulher selvagem em uma floresta. Ele decide capturá-la e civilizá-la a sua maneira, prendendo-a num porão escuro na casa onde vive com a esposa e os filhos

Heu não sabia, mas esta é a continuação do estranho Offspring, tem até a atriz Pollyanna McIntosh repetindo o papel do outro filme. Mas, se você não viu o filme anterior, não se preocupe, as histórias são independentes.

Assim como acontece em Offspring, A Mulher Selvagem / The Woman tem imagens muito fortes, com muito sangue e muito gore. E, desta vez, achei o visual menos tosco. Nisso, o filme é eficiente.

Mas não gostei muito do roteiro, co-escrito pelo diretor Lucky McKee e pelo escritor Jack Ketchum, autor do livro que deu origem à história (Ketchum também escreveu Offspring). Tem um elemento misterioso muito mal desenvolvido que aparece na parte final. E os personagens são mal construídos, a família é apenas um fraco esboço do que poderia ser.

O resultado final nem é muito ruim. Mas heu esperava mais de um filme que ganhou o prêmio de melhor filme do Rio Fan 2011, e agora ganhou sessões no Festival do Rio…

Raiva / Kalevet

Crítica – Raiva / Kalevet

Um filme de terror israelense? Tem coisas que a gente só vê em festivais!

Em uma reserva florestal, grupos de pessoas desconhecidas entre si se metem em situações inesperadas e com consequências violentas.

Raiva é israelense, mas o estilo não foge muito do que vemos por aí em filmes hollywoodianos. Me lembrou filmes como Viagem Maldita e Doce Vingança, onde pessoas comuns são submetidas a situações extremas. O filme tem algumas coisas muito boas, mas tem um grave defeito: um roteiro cheio de pontas soltas.

Vamos primeiro ao que funciona. As mortes são muito bem mostradas, tanto graficamente, quanto na parte auditiva, com trilha e efeitos sonoros eficientes. Gostei muito de quase todas, com destaque para a marretada e para a explosão da mina. Alguns diálogos são bem legais também – a cena com o casal que briga é hilária!

Mas o roteiro preguiçoso atrapalha. São vários pontos fracos, como por que Tali foi colocada na armadilha, ou qual o sentido daquele incêndio. Acaba o filme e a gente fica se perguntando um monte de coisas.

Mas mesmo com roteiro fraco, ainda acho que vale a experiência.

A Pele Que Habito

Crítica – A Pele Que Habito

Pedro Almodóvar é um dos diretores mais prestigiados entre boa parte dos cinéfilos cariocas. Nada como usar o seu novo filme para abrir o Festival do Rio, hoje à noite, né?

O doutor Robert Ledgard (Antonio Banderas) passou doze anos se dedicando à criação de um novo tipo de pele, depois que sua mulher sofreu queimaduras fatais num acidente de carro. Vera, uma misteriosa paciente, é usada para testar a pele.

Vou confessar uma coisa aqui: por motivos diversos, perdi vários filmes seguidos de Almodóvar. Não tenho nada contra ele, foi apenas coincidência. Curiosamente, antes dele ser popular (fase pré Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos), vi muita coisa da sua fase underground, como A Lei do Desejo e Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón. Mas agora heu estava devendo, o último filme que vi dele foi Carne Trêmula, de 1997.

A expectativa era grande, já que fazia tempo que heu não via nada dele. Mas não me decepcionei, A Pele Que Habito é um bom filme, e traz algumas coisas que são a cara do diretor espanhol, apesar de ter uma temática científica, com direito a roteiro em ordem não cronológica.

A melhor coisa de A Pele Que Habito é a estrutura do seu roteiro. A trama tem uma reviravolta de roteiro sensacional, acho difícil o espectador sair ileso – conversei com algumas pessoas depois da sessão de imprensa, e o desconforto era uma sensação comum. E a fotografia também é bem cuidada, o filme tem várias imagens belíssimas.

A Pele Que Habito também traz uma coisa que é a cara de seu diretor: personagens bizarros vivendo situações bizarras. Toda a parte do Tigre é genial!

O elenco está muito bem. Antonio Banderas, que não trabalhava com o seu compatriota desde Ata-me, muitas vezes é canastrão, mas aqui acerta o tom. Elena Anaya, linda linda linda, está ótima num papel difícil. E Marisa Paredes, eterna musa de Almodóvar, também tem um papel importante.

Nem tudo é perfeito. Almodóvar quis homenagear o Brasil, então criou alguns personagens brasileiros. Mas, caramba, por que não colocar atores brasileiros? O sotaque dos gringos é horrível!

Mesmo assim, A Pele Que Habito é um bom filme e merece ser visto. Pena que a sessão de hoje é só pra convidados (heu também não tenho convite…). Mas tem sessões domingo e segunda. E a estreia nacional está prevista para 4 de novembro – a maioria dos filmes do Festival do Rio não tem exibição garantida no circuito.

Festival do Rio – 2011

Festival do Rio – 2011

Uêba! Sexta agora começa o Festival do Rio 2011!

Como todos sabem, o Festival traz, por duas semanas, centenas de filmes espalhados por algumas salas. Filmes de todos os tipos, novos e velhos, bons e ruins, filmes de todos os estilos, filmes para todos os gostos, desde o mais alternativo até o mais mainstream.

Os filmes são divididos em mostras. A maior parte dos filmes mais procurados está nas mostras Panorama do Cinema Mundial e Expectativa 2011 – nunca entendi quais são os critérios para um filme ficar em uma e não na outra, me parecem ser filmes com o mesmo perfil. Também tem as Premieres Brasil e Latina, que também trazem sempre algumas sessões concorridas, além de várias outras mostras de estilos diferentes.

E, claro, tem a minha mostra favorita: a Midnight Movies. É onde se concentram os títulos mais bizarros do Festival, ou seja, é onde estão os melhores filmes segundo os meus critérios. Sou fã dos Midnight Movies desde a época do Fest Rio, festival que rolava aqui nos anos 80…

Este ano, a Midnight Movies está dividida. Ano passado rolaram vários documentários musicais dentro da Mostra; este ano tem uma “sub mostra” Midnight Música. O mesmo com filmes de terror: tem a Midnight Terror. Legal, essa daí já nasceu favorita! (Apesar de repetir alguns filmes que passaram este ano no Rio Fan, que rolou em julho deste ano)

Ah, e, pra quem curte, tem uma mostra com a filmografia completa de Dario Argento!

Claro que não dá tempo de ver tudo que parece ser legal. E como a maior parte dos filmes é inédita, a gente precisa de sorte pra arriscar nas opções certas. Assim como fiz ano passado, vou dar umas dicas aqui. Mas sempre lembrando que não existe garantia. Já vi muito filme bom no risco, mas também já vi muito filme ruim…

Os únicos que posso palpitar sem arriscar são os que já vi. Graças ao download, seis dos filmes inéditos do Festival já foram comentados aqui no blog (coincidência ou não, três estão na Midnight Movies, e os outros três na Midnight Terror). São eles: Paul (comédia de ficção científica sobre nerds que encontram um alienígena), Attack The Block (uma gangue de adolescente londrinos combate uma invasāo alienígena), Rare Exports (filme finlandês com um Papai Noel do mal), Red State (filme de terror dirigido pelo Kevin Smith), The Troll Hunter (mockumentário norueguês sobre um caçador de trolls) e Vermelho, Branco e Azul (um desconfortável filme independente). (Além destes, também já falei de alguns filmes do Dario Argento: A Mansão do Inferno, Giallo – Reféns do Medo, O Fantasma da Ópera e O Pássaro das Plumas de Cristal.)

Vou agora citar alguns filmes que pensei em assistir. Mas lembro que não vi nenhum ainda, então não recomendo nada!

– Alien Lésbica Solteira Procura

Vale ser visto só pelo título…

– Amor Debaixo D’Água

O início da sinopse é besta. Mas leiam este trecho: “O musical tem trilha da banda austríaca Stereo Total e pertence ao movimento pink film, um gênero de soft porn típico do Japão” – Musical? Soft porn???

Aqui é meu Lugar

Sean Penn como um ex rock star cinquentão. Pode ser legal.

– Batalha Real 3D

A ideia da série japonesa Battle Royale é muito boa: jovens são colocados à força em um reality show fatal, de onde sai apenas um sobrevivente.

Batida Policial

A sinopse parece de filme policial americano. Mas a produção é da Indonésia…

O Bosque

Um grupo de jovens idealistas parte para uma floresta. Até aí, tudo bem. Mas eles ligam tvs e computadores em tomadas nas árvores!

– Chapeuzinho Vermelho do Inferno

Adaptação do clássico infantil, feita em Cuba e na Costa Rica.

A Coisa

Prequel de O Enigma de Outro Mundo, clássico de John Carpenter. Não sei se presta, mas, se heu fosse escolher um único filme do Festival, era esse aqui.

Dark Horse

Novo filme de Todd Solondz. Não sei se vale, não gostei do seu último, A Vida Durante a Guerra.

Drive

Promessa de bom blockbuster hollywoodiano.

Finisterrae

Fantasmas russos vagando pelo caminho de Santiago de Compostela…

– George Harrison: Living in the Material World e Pearl Jam Twenty

Documentário de banda de rock é tudo parecido. Mas esses dois são dirigidos por Martin Scorsese e Cameron Crowe. Pelo menos eles têm pedigree. Pra quem curte, também tem outros, com gente como U2, Iggy & The Stooges e Sigur Rós.

Gigante de Aço

Promessa de bom blockbuster hollywoodiano.

– Juan dos Mortos

O primeiro filme de zumbis feito em Cuba. Nuff said.

Um Método Perigoso

Novo filme de Davis Cronenberg. Jung e Freud são os personagens principais.

– A Mulher Selvagem

Uma mulher selvagem é capturada e presa num porão. Prêmio de melhor filme do último Rio Fan.

Ninja Kids!!!

Parece ser infantil, mas é dirigido pelo barra-pesada Takashi Miike, o mesmo de Ichi The Killer.

O Pequeno Polegar

Se estivesse na mostra Geração, heu passava pra minha filha. Mas tá na Midnight Movies, e tem um ogro devorador de crianças na história…

Raiva

Primeiro filme de terror produido em Israel.

Rock Brasília, Era de Ouro

Documentário sobre as bandas de Brasília (Legião, Capital, Plebe). O assunto me interessa.

Shark Night 3D

É um filme chamado Shark Night. E é em 3D. Precisa de mais?

– Sleeping Beauty

Tem título de conto de fadas, mas sinopse de filme estranho.

Torrente 4 3D

Quarto filme do anti-heroi Torrente, o detetive corrupto, beberrão e preguiçoso de Madri. O 3D me atrai, mas não vi o 2 e o 3…

A Última Sessão

Um funcionário de um cinema sai por aí matando mulheres.

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Provavelmente, não conseguirei ver todos esses. E ao longo das próximas duas semanas, vou descobrir outros filmes pela programação. Ou seja, minha programação é imprevisível. Só garanto uma coisa: falarei de todos aqui no blog!

Bons filmes!

Contágio

Crítica – Contágio

Beth volta aos EUA depois de uma viagem a Hong Kong e começa a passar mal. Ela não sabe, mas está carregando um perigoso e mortal vírus, que a mata dois dias depois. Aos poucos, novos casos aparecem pelo mundo, dando início a uma epidemia global.

Uma coisa interessante no novo filme de Steven Soderbergh é que este é um tipo de coisa que pode acontecer a qualquer momento. Um terror real! E com direito a falência da sociedade e o caos reinando nas ruas. Mas o clima do filme não é terror, nem ação (como o semelhante Epidemia, de 1995). É um drama com núcleos de personagens que não necessariamente se encontram, semelhante a Short Cuts, de Robert Altman.

A semelhança com Altman também rola por causa do excelente elenco multi estrelado, como também acontece de vez em quando em filmes de Soderbergh. Vários bons atores estão presentes, como Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Jude Law, Laurence Fishburne, Kate Winslet, Marion Cotillard, Elliot Gould e Jennifer Ehle.

Gostei da estrutura do filme, mostrando o dia a dia da epidemia. Gostei também do fim do filme, mas não falo aqui por causa de spoilers. E também da trilha sonora tensa, a cargo de Cliff Martinez, ajuda na dramaticidade dos acontecimentos.

No fim, podemos dizer que em pelo menos um aspecto Contágio é eficiente: um cara tossiu dentro do cinema, e heu fiquei bolado…

A previsão de estreia é no dia 28 de outubro, mas quem etiver ansioso, vai passar antes no Festival do Rio, que começa esta sexta.

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Se você gostou de Contágio, o Blog do Heu recomenda:
O Desinformante
Substitutos
Pulp Fiction

Red State

Crítica – Red State

O que? Kevin Smith dirigindo um filme sério de terror??? Para tudo, preciso ver isso!

Um grupo de jovens conhece uma mulher pela internet e, atrás de sexo, vão encontrá-la. Mas acabam caindo em uma perigosa armadilha religiosa.

Antes de falar de Red State, falemos da carreira de Kevin Smith. Taí um cara que ninguém pode chamar de acomodado. Seus seis primeiros filmes faziam parte do chamado “universo view askew”. Todos têm o mesmo estilo de humor, todos contam com a dupla Jay e Silent Bob – alter ego de Smith, que parecia estar numa posição confortável: filmes na mesma linha, plateia garantida. Aí veio Pagando Bem Que Mal Tem, comédia com estilo parecido, mas sem a dupla “assinatura”. Na época, lembro que critiquei isso – cadê Jay e Silent Bob? Mas, ok, “a fila anda”. Logo depois veio Tiras em Apuro, também comédia, mas de um estilo diferente, uma comédia policial com cara de “filmes do Eddie Murphy dos anos 80”.

Agora Smith escreveu e dirigiu este Red State. Filme sério, tenso, não rola nenhuma piada ao longo de toda a projeção. Smith saiu da sua “zona de conforto”. E não é que ele acertou mais uma vez?

Ok, o roteiro é bom, mas não é perfeito – aquele sermão do pastor é interminável (li no imdb que são 16 minutos!). Mas tem uma coisa que gostei muito na trama: o destino dos personagens é imprevisível. Não existe uma figura central.

Kevin Smith impressiona com a mão firme na cadeira de diretor, muitas vezes em sequências frenéticas com a câmera na mão. Como falei, é um filme sério, em momento nenhum parece que estamos nas mãos do gordinho engraçado Silent Bob – se me dissessem que era dirigido por um Rob Zombie (Rejeitados Pelo Diabo) da vida, heu não acharia estranho. Ah, é bom falar: o terror não tem nada de sobrenatural – o que dá ainda mais medo!

No elenco, o semi desconhecido Michael Parks brilha como o alucinado pastor. E John Goodman e Melissa Leo não estão atrás. Bom trabalho de construção de personagens e direção de atores. E os efeitos especiais são simples e discretos.

O filme é polêmico – acho que isso é a única coisa com “cara de Kevin Smith”. Li no imdb um monte de gente ligada à religião criticando o filme. Mas, na minha humilde opinião, o filme não ofende nenhuma religião, apenas os fanáticos…

Red State não é um filme de fácil digestão. Dica: esqueça os filmes anteriores de Smith. E curta o novo “diretor camaleão” – afinal, o próprio poster fala “an unlikely filme from that Kevin Smith” (“um filme improvável daquele Kevin Smith”).

p.s.: No fim dos créditos finais, há um aviso que “quase todo o elenco estará de volta em Hit Somebody“. Qual será o estilo do novo projeto de Kevin Smith?

Attack The Block

Crítica – Attack The Block

Mais um filme sobre alienígenas na Terra focado num elenco infantil. Mas não tem nada a ver com Super 8!

A trama é simples: uma gangue de marginais adolescentes do sul de Londres defende o seu bairro de uma invasão alienígena.

A primeira vez que ouvi falar de Attack The Block foi na época que vi Paul. Li em algum lugar um texto que falava desta nova produção inglesa. Pensei que era uma comédia, afinal o elenco contava com Nick Frost e tinha produção executiva de Edward Wright (ator e diretor de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso). Que nada! Attack The Block é um filme sério, uma boa mistura de ficção científica com terror.

Ok, sério, mas, de baixo orçamento. Tem um delicioso ar vagabundo, às vezes lembra John Carpenter nos áureos tempos – terror e fc com clima de filme B. Ainda é cedo pra comparar o diretor e roteirista Joe Cornish ao genial cineasta autor de O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York e Eles Vivem, mas podemos dizer que ele está num bom caminho em seu primeiro longa para os cinemas.

Li por aí críticas negativas com relação às criaturas. Mas não me incomodaram. Pelo contrário, gostei do lance dos dentes / olhos fosforescentes. Achei uma boa opção de criaturas para filme com orçamento apertado. O mesmo digo sobre os efeitos especiais, simples e eficientes.

No elenco, o único nome conhecido é Nick Frost, em um papel pequeno. O protagonista John Boyega manda bem em seu filme de estreia, com um papel difícil, já que ele é um personagem detestável no início do filme. A “mocinha” Jodie Whittaker também está bem, assim como a molecada de um modo geral.

Conheço gente que viu Attack The Block e não gostou. Mas não compartilho desta opinião. Pra mim, foi uma das melhores surpresas do ano!

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Se você gostou de Attack The Block, o Blog do Heu recomenda:
Super 8
Paul
REC

Kommandør Treholt & Ninjatroppen / Norwegian Ninja

Crítica – Kommandør Treholt & Ninjatroppen / Norwegian Ninja

Encerro minha participação no Rio Fan 2011 com este Kommandør Treholt & Ninjatroppen. Perdi as exibições de A Mulher (que ganhou o prêmio de melhor filme do festival) e de Água Negra – baixei ambos, mas não consegui legendas, então vou esperar um tempo para vê-los.

O que chama a atenção no filme escrito e dirigido pelo estreante Thomas Cappelen Malling é o argumento: como assim, ninjas noruegueses?!?!? E o pior de tudo é que o filme é baseado em fatos reais. Arne Treholt foi um político norueguês, condenado nos anos 80 a vinte anos de prisão por traição. Bem, o “Kommandør Treholt” existiu, mas, se ele tinha uma tropa de ninjas… Aí é que entra a ficção… 😉

Kommandør Treholt & Ninjatroppen tem algumas ideias muito boas, alguns momentos são hilários. Mas, no geral, é um filme bobo, heu esperava mais. Talvez fosse o velho problema de criar altas expectativas, afinal, recentemente vi dois filmes noruegueses muito bons, Dead Snow e The Troll Hunter.

A recriação do clima da Guerra Fria, com várias imagens de arquivo e reportagens jornalísticas inseridas, ficou bem legal. Aliás, o filme tem cara de ter sido feito nos anos 80, a imagem é trabalhada para parecer antiga – boa sacada. Pena que parte do filme fica confuso para “não-noruegueses” – heu nunca tinha ouvido falar em Arne Treholt…

Para os fãs de filmes trash!

A Noite do Chupacabras

Crítica – A Noite do Chupacabras

Ficou pronto o aguardado novo filme de Rodrigo Aragão, diretor do cult trash Mangue Negro!

O filme fala de uma velha briga por terras entre duas famílias rivais. Enquanto isso, um misterioso monstro espreita no meio do mato.

Rodrigo Aragão falou antes com a plateia. Explicou que esta versão ainda não é a definitiva, que ele estava trabalhando numa versão quatro minutos mais curta, e com o som melhorado.

O filme é muito divertido, um legítimo trash. Quem gosta do estilo não se decepcionará. Muito gore, muita gosma, de várias cores diferentes, de várias origens diferentes. Muito bom! 😀

Claro, nem tudo é perfeito. O som ambiente tem falhas claras (tomara que isso seja uma das coisas consertadas na nova edição). O elenco tem atores caricatos, mas isso já era esperado, pelo estilo do filme.

Por outro lado, um nome em particular está tão caricato que ficou genial: um dos papeis principais é de Peter Baiestorf, um dos maiores realizadores do underground brasileiro, autor de dezenas filmes trash (segundo o wikipedia, são 17 longas, mais alguns curtas e médias). Na época de Mangue Negro, li uma comparação entre Rodrigo Aragão e Sam Raimi da época do primeiro Evil Dead; Baiestorf seria o seu Bruce Campbell. Baiestorf perde um olho, alguns dedos, se suja de vários tipos de gosma e não para de gritar palavrões! Vou procurar um dos seus filmes, depois comento aqui – já tenho baixado “Vadias do Sexo Sangrento“!

(Aliás, falando em Baiestorf, sei que um de seus filmes de chama “Vou Mijar na P#@rra do Seu Túmulo” – determinado momento do filme, seu personagem, ensandecido, grita exatamente isso!)

Ah, sim, falei em gosma, né? Nisso, o filme é de primeira linha. Tanto a maquiagem quanto os efeitos de gore são muito bem feitos. Nisso, a equipe é tão eficiente que houve uma oficina de maquiagem durante o Rio Fan – e a oficina estava lotada.

Além disso, a trilha sonora, com vários temas instrumentais feitos apenas com percussão, é muito legal, mostra um lado legal da música brasileira, sem precisar cair nas obviedades do samba e da mpb. Bola dentro!

Também é importante notarmos a evolução técnica que Aragão conseguiu desde Mangue Negro. A qualidade da imagem era um dos pontos fracos do outro filme, agora melhorou muito. Outra coisa é o elenco mais heterogêneo, nada de atores novos sob forte maquiagem para interpretar personagens velhos.

O que dá pena ao ver um filme desses é saber que ele nunca será lançado nos cinemas convencionais. Torço para que um dia heu consiga uma edição em dvd tão legal como a edição de Mangue Negro que comprei das mãos de Aragão: um dvd duplo, cheio de cartões dentro do encarte, e com uma caixinha de papel em volta. Edição de luxo! 😉

Acredito que o filme ainda não exista para baixar. E espero ainda rever numa tela grande. Mas, enquanto nenhuma das opções é viável, fiquem com o trailer:

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Agora, um adendo: uma foto minha, entre o ator principal Joel Caetano e o diretor Rodrigo Aragão, tirada logo após a exibição do filme. Agradecimentos a Rodrigo Giane, que tinha uma câmera com flash (a minha câmera não tinha…).
(Rodrigo Aragão é o de barba!)