Fuga / Jailbreak

FugaCrítica – Fuga / Jailbreak

Sinopse (Catálogo do Festival do Rio): A gangue Butterfly, composta inteiramente por mulheres, está envolvida em todo tipo de crime imaginável. Quando a polícia captura Playboy, seu único membro homem, eles sabem que tem nas mãos a chance de acabar com a gangue. Assim, Playboy é enviado para a prisão mais segura do país, onde fica sob vigilância total. Mas nenhuma cadeia é impenetrável para a gangue Butterfly, e não demora muito para que as coisas comecem a dar errado. Logo os prisioneiros iniciam uma revolta, isolando um pequeno grupo de policiais, que precisará lutar para sobreviver.

Tem gente que usa o Festival do Rio pra ver filmes antes da estreia. Tem gente que cata filmes que passaram em festivais mundo afora e que ainda não têm previsão de lançamento no Brasil. Heu procuro filmes que NUNCA vão passar no cinema aqui. Por isso escolhi um filme de ação feito no Camboja.

A sinopse do catálogo do festival não é boa, faz a gente pensar que vai ter um foco maior na tal gangue das mulheres, mas isso é algo bem secundário. O foco do filme é nos policiais que vão levar o prisioneiro e na revolta que acontece na cadeia enquanto eles estão lá.

Escrito e dirigido por Jimmy Henderson, Fuga (Jailbreak, em inglês) é fraco. Só vale pelas cenas de luta. Me parece que quiseram pegar carona no sucesso da série The Raid, da vizinha Indonésia (lembrando que o primeiro Raid passou no Festival do Rio de 2011). Mas este “primo pobre” é bem inferior.

Jailbreak parece um filme B de ação dos anos 80, um daqueles estrelados por um Van Damme ou um Chuck Norris. Os atores são todos ruins, e os personagens são todos caricatos. O roteiro tem momentos tão bobos que parecem filmes dos Trapalhões. Isso sem contar com furos inacreditáveis, como a vilã que entra acompanhada de três bad girls de calças de couro e saltos altos, mas que desaparecem sem explicação. Ou a inexplicável falta de continuidade – roupas se limpam sozinhas ao longo do filme. Vergonha alheia…

O que salva são as lutas. Aí sim, temos um belo espetáculo visual. São várias lutas bem coreografadas e bem filmadas. As lutas são filmadas em planos sequência curtos, emendados por planos chicote (quando a câmera corre de um lado para o outro), criando a impressão de longos planos sequência. Essas cenas valem o ingresso!

No elenco, uma curiosidade: Celine Tran, a líder da gangue Butterfly (e o primeiro nome na lista do imdb) é a atriz pornô Katsuni… Mais ninguém conhecido no elenco.

Divertido. Mas apenas isso.

A Forma da Água

Forma da ÁguaCrítica: A Forma da Água

Sinopse (imdb): Um conto de fadas de outro mundo, ambientado na época da Guerra Fria nos EUA, por volta de 1962. Uma solitária faxineira que trabalha num laboratório governamental de alta segurança tem sua vida alterada para sempre quando ela descobre uma experiência secreta.

Filme novo do Guillermo del Toro sempre entra no radar. Apesar do seu último, A Colina Escarlate, não ter sido lá grandes coisas, a expectativa por este A Forma da Água (The Shape of Water, no original) era grande. Felizmente, desta vez Del Toro acertou. Seu novo filme é uma bela fábula de amor, e, acho que posso dizer isso, um dos seus melhores filmes.

Del Toro declarou que queria fazer um “filme de monstro” onde a criatura ficasse com a mocinha no final. Assim, tudo aqui gira em torno da história de amor entre o improvável casal. Apesar de ter algumas cenas de violência gráfica, A Forma da Água está mais próximo de um conto de fadas do que de um filme de terror. A trilha sonora de Alexandre Desplat ajuda no clima de fábula.

(Aliás, a trilha sonora e a direção de arte me lembraram do clima dos filmes de Jean Pierre Jeunet – mais ou menos como “Amelie Poulan encontra o Monstro da Lagoa Negra”).

É bom avisar: A Forma da Água é um filme romântico, não há dúvidas quanto a isso. Mas está longe de ser um filme “fofinho”. Como bem disse o crítico Pablo Bazarello no site cinepop, “Uma história linda de amor, onde gatos fofinhos perdem a cabeça, gargantas são rasgadas com garras e dedos necrosados arrancados à força. Ah, Guillermo del Toro é dos meus. Ah, o amor…” 😉

(Aliás 2, fiquei com a impressão de que este filme conseguiu ser o que A Bela e a Fera tentou ser e não conseguiu. Afinal, aqui o Monstro não precisou ser rico para conquistar a mocinha.)

O elenco é outro destaque. Indicada ao Oscar em 2014 por Blue Jasmine, Sally Hawkins faz um excelente trabalho com sua personagem muda – aguardem mais indicações para prêmios! Michael Shannon também está excepcional. Doug Jones, mais uma vez, não mostra o rosto e interpreta uma criatura num filme de Del Toro (ele foi o Abe Sapien em Hellboy e o Fauno em O Labirinto do Fauno). Também no elenco, Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg.

A notícia triste é que vai demorar pro espectador “off festival” ver A Forma da Água. O filme passou na abertura do Festival do Rio, mas não só não teve outra sessão, como só vai ser lançado no circuito no início de 2018. Tem que segurar a ansiedade!

Festival do Rio 2017

festival-do-rioFestival do Rio 2017

Todo ano faço um pequeno texto com apostas para o Festival do Rio. Este ano ficarei devendo. Compromissos profissionais me impediram de acompanhar de perto a programação.

Mas Festival do Rio é Festival do Rio. Nos próximos dias, postarei aqui comentários sobre alguns filmes vistos no Festival.

Divirtam-se! Desliguem os celulares e boas sessões!

Raw / Grave

rawCrítica – Raw / Grave

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “A jovem Justine nasceu no seio de uma família de veterinários. Aos 16 anos, a aplicada e talentosa adolescente está prestes a ingressar na faculdade, seguindo os passos de seus familiares na mesma universidade onde sua irmã mais velha faz sua graduação. Os trotes promovidos por veteranos começam já nos primeiros dias de aula e, em um dos desafios promovidos, Justine é forçada a comer carne crua pela primeira vez em sua vida. As consequências desse ato são inesperadas e logo Justine descobre sua verdadeira natureza. Prêmio FIPRESCI na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2016.​

A sinopse do site do festival não fala duas coisas importantes. Um é que a família é de vegetarianos radicais; outra é que o filme fala de canibalismo!

Raw (Grave, em francês) chamou a atenção quando espectadores passaram mal durante um festival. Claro que um filme desses entrou no meu radar. Principalmente quando veio direto pra Midnight Movies…

Dirigido pela quase estreante Julia Ducournau, Raw mostra a transformação de uma mulher, que descobre segredos sobre ela mesma que ela nem tinha ideia. Ducournou teve uma grande ajuda com a sua protagonista. A desconhecida Garance Marillier consegue passar um ar inocente, mas não foge de cenas pesadas – Raw tem sexo, tem sangue, tem nudez, tem gore – e olha que não é um filme de terror! Aliás, é bom frisar: apesar do tema, Raw é um drama. O foco está na personagem e suas descobertas.

Sobre a “cena do dedo” – a cena que fez a galera passar mal: realmente é uma cena desconfortável. Claro que o pessoal acostumado com o torture porn dos Jogos Mortais da vida vai pensar “já vi coisa pior”, mas, dentro do contexto proposto neste filme, a cena é até mais incômoda que os filmes de terror.

Raw tem bom elenco, boa fotografia, boa trilha sonora, mas confesso que achei lento demais. Tudo demora demais pra acontecer. Pelo menos o final explica o comportamento da protagonista, o espectador não fica sem saber o motivo.

Acho difícil este filme chegar um dia no circuito brasileiro. Quem não viu, a saída será catar um dvd/blu-ray importado…

Três / Three / San ren xing

ThreeCrítica – Três / Three / San ren xing

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Han é um criminoso em fuga que, ao se ver encurralado pelo obcecado detetive Lok, decide tomar uma decisão extrema: dá um tiro em si mesmo para que o policial seja obrigado a leva-lo para o hospital. Uma vez lá, ele recusa tratamento, esperando que sua gangue venha resgatá-lo. Mas Zhau, a jovem cirurgiã que o atende, faz de tudo para cumprir seu dever de médica. Nesse cenário de tensão, Han, Lok e Zhau têm de lutar contra seus próprios demônios, encurralados na atribulada emergência do hospital. Novo trabalho do mestre do cinema de ação Johnnie To (Eleição, Blind Detective).​”

(ATENÇÃO! A sinopse do site do festival está ERRADA! O mesmo acontece no imdb! Han não atira em si mesmo, ele leva um tiro, e isso é um dos pontos chave do roteiro!)

Fiquei curioso quando li que o diretor Johnnie To era um “mestre do cinema de ação”. Como assim nunca tinha ouvido falar dele?

Três (San ren xing, no original; Three, em inglês) não é exatamente um filme de ação. Só na parte final, mas vou chegar lá daqui a pouco. O resto do filme está mais para um drama tenso.

To consegue um ótimo resultado entre seus três personagens principais, o policial, o bandido e a médica. Cada um dos três é bem desenvolvido dentro de seus problemas e motivações. Por outro lado, o mesmo não acontece com os coadjuvantes, alguns são meio caricatos, como o policial gordinho.

Uma outra coisa interessante é o posicionamento da câmera de To. A câmera está frequentemente em movimento, passeando entre os atores, se aproximando e se afastando. Isso ajuda a construir a tensão.

Tensão que vai até aquele momento que falei lá no quarto parágrafo. Momento que To realiza uma sequência que vale o filme. Um plano sequência com efeitos bullet time passeando pelo meio de um tiroteio, tudo ao som de uma musiquinha calma. Esta cena é pra ser guardada em antologias!

A cena é tão boa que enfraquece o final. Depois daquele plano sequência apoteótico, o final só com protagonista vs antagonista ficou bobo…

Mesmo assim, Três ainda é uma boa opção fora do óbvio. Vou anotar o nome do Johnnie To no meu caderninho.

Yoga Hosers

yogahosersCrítica – Yoga Hosers

O novo Kevin Smith!

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Colleen Collette e Colleen McKenzie estão no primeiro ano de faculdade em Manitoba, no Canadá, onde passam seus dias fazendo yoga e com os rostos grudados em seus smartphones. Um dia, os dois rapazes mais cobiçados da faculdade as convidam para uma festa. Mas elas acabam por acidentalmente despertar uma força demoníaca enterrada no solo de Manitoba e, para conseguirem ir a festa, terão de lutar contra um exército de pequenos monstros chamados Bratzis, com a ajuda do caçador Guy Lapointe. Do diretor Kevin Smith (O balconista, Procura-se Amy, Pagando bem, que mal tem?). Sundance 2016.

Sou fã do Kevin Smith desde que vi O Balconista no cinema. Gosto muito do tipo de humor que ele fazia na época dos filmes com Jay e Silent Bob. Entendo que ele queira seguir outros caminhos com a sua carreira, mas é uma pena que, desde que ele mudou de estilo, nunca mais fez algo genial.

Seu último filme tinha sido o bizarro Tusk. Tão bizarro que até hoje fico na dúvida se o filme é bom ou não. Este Yoga Hosers é uma espécie de continuação, é o segundo filme de uma trilogia baseada no Canadá.

Yoga Hosers traz uma história independente de Tusk, é apenas um filme no mesmo universo, com alguns personagens em comum. Temos a volta de Guy Lapointe, o canadense esquisitão interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, que cita eventos do outro filme. Também temos a volta das personagens de Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp, que agora dividem o papel principal. As duas estão muito bem, li em algum lugar que são amigas de infância, isso ajuda na boa química mostrada em tela.

Aliás, falando no elenco, preciso avisar que este filme parece uma reunião de amigos e familiares. As protagonistas Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp são filhas de Kevin Smith e de Johnny Depp . As mães das meninas, Jennifer Schwalbach Smith e Vanessa Paradis, também estão no elenco. Justin Long, Haley Joel Osment e Genesis Rodriguez estavam em Tusk e voltam aqui, mas em papeis diferentes. Ainda no elenco, Natasha Lyonne, Tony Hale e Jason Mewes (mas num papel diferente do Jay).

Mas, e o filme? Bem, achei melhor que Tusk. Digo mais: achei que o humor de Yoga Hosers se aproxima ao início da carreira de Smith – e não digo isso só pelo fato de termos personagens em lojas de conveniência. Admito que às vezes as piadas são bobas – mas, ora, sempre foi assim! Não é um grande filme, mas posso dizer que me diverti bastante vendo.

Só que temos que reconhecer que não é um filme para qualquer um. Algumas coisas são MUITO esquisitas. Agora, quem entrar na onda vai rir muito com as salsichas nazistas! “Wunderbar“!

Agora nos resta esperar pelo terceiro filme da trilogia, Moose Jaws. Sim, “alce tubarão”, seja lá o que for isso. Mas, lembrando de Tusk e Yoga Hosers, pode ser qualquer coisa.

A Nona Vida de Louis Drax

Nona Vida de Louis DraxCrítica – A Nona Vida de Louis Drax

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Louis Drax é um garoto brilhante, mas com sérias dificuldades sociais. Os colegas o consideram estranho e vários acidentes sombrios acontecem a seu redor. Eletrocussão, picadas de aranha e afogamento são apenas alguns dos episódios de risco vivenciados em sua ainda curta vida. Quando completa nove anos, Louis sofre uma queda violenta que o deixa em coma. Ninguém sabe explicar o motivo do acidente, até que o médico Allan Pascal começar a suspeitar que os eventos associados a Louis são mais do que uma simples coincidência. Do diretor Alejandro Aja (Alta tensão, Amaldiçoado).​

O diretor francês Alexandre Aja chamou a atenção do mundo com o ultra violento (e bom) Alta Tensão, de 2003. Depois disso, foi pra Hollywood e ficou no terror com um pé no filme B (mas admito que gosto de Piranha). A Nona Vida de Louis Drax (The 9th Life of Louis Drax, no original) tenta mudar um pouco este cenário.

Baseado no livro homônimo escrito por Liz Jensen, A Nona Vida de Louis Drax começa como uma fantasia infantojuvenil – me lembrei do menino T.S. Spivet de Uma Viagem Extraordinária, dirigido por Jean Pierre Jeunet. Mas o filme logo cai numa arrastada mistura entre drama e suspense. A parte do meio do filme, quando o foco é o insosso romance do médico com a mãe, é interminável. O casal de atores não tem nenhuma química, o romance não convence ninguém – o roteiro deveria incluir algo para mostrar por que o médico se interessou pela mãe do menino, já que a sua esposa era muito mais bonita e interessante.

Pra piorar, o mistério sobre quem é o “monstro” fica óbvio a partir da metade do filme. Pelo menos admito que gostei do plot twist final, heu não esperava aquele fim.

O elenco também não ajuda. O menino Aiden Longworth nem é ruim, mas quando a narrativa acompanha o casal Jamie Dornan (50 Tons de Cinza) e Sarah Gadon (Drácula: A História Nunca Contada), o filme perde muito. Aaron Paul, Oliver Platt, Molly Parker e Barbara Hershey têm papeis menores.

No fim, fica a impressão de que Aja estava perdido. Talvez fosse melhor deixar o romance de lado e ficar só na fantasia. Ou então permanecer no terror B e deixar o filme nas mãos de um diretor que sabe dosar estilos diferentes.

Jovens, Loucos e Mais Rebeldes

Jovens, Loucos e Mais RebeldesCrítica – Jovens Loucos e Mais Rebeldes

Filme novo do Richard Linklater!

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Durante a primeira semana de aula, o calouro Jake chega a sua nova faculdade no Texas e se muda para a casa reservada à equipe de beisebol. Durante o primeiro fim de semana no novo lar, ele e seus novos colegas de casa serão tomados por um turbilhão de álcool, drogas, festas e paqueras. Em seu novo filme, Richard Linklater (o diretor de Boyhood, Antes do amanhecer, Antes do pôr-do-sol e Antes da meia-noite) se contagia mais uma vez pelo clima oitentista e universitário de Jovens, loucos e rebeldes, um dos primeiros clássicos cult de sua carreira. South by Southwest 2016.​

Aqui no Brasil, “Everybody wants some!!” ganhou o nome “Jovens Loucos e Mais Rebeldes”. Nada a ver, certo? Bem, pela primeira vez gosto do título brasileiro nada a ver. Afinal, em 1993 o mesmo Richard Linklater escreveu e dirigiu Dazed and Confused, que aqui ganhou o título Jovens Loucos e Rebeldes. Boa! Este novo filme segue o mesmo formato do filme anterior, heu sabia exatamente o que ia ver.

Assim como o filme dos anos 90, Jovens Loucos e Mais Rebeldes parece um piloto de seriado. Conhecemos vários personagens e a dinâmica entre eles. Por um lado, a construção destes personagens é extremamente bem feita e muito cativante. Por outro lado, não existe uma história a ser contada.

O elenco, apesar de não ter nenhum nome conhecido, é um dos pontos fortes do filme. Eles realmente passam a impressão de que são bons amigos e que estão curtindo muito esses momentos pré “vida adulta”. E sobre não ter ninguém famoso, não sei se no início dos anos 90 aqueles atores já eram conhecidos – mas olhem quem estava no meio dos jovens daquele filme: Ben Affleck, Mathew McConaughey, Mila Jovovich, Joey Lauren Adams, Adam Goldberg, Parker Posey, Jason London…

O filme se passa em 1980, mas não pensem em referências “festa Ploc” como cores berrantes e gel no cabelo. O visual lembra mais os anos 70. E vale dizer que a ambientação é perfeita! E a trilha sonora é outro ponto forte. Várias boas músicas que fogem da obviedade recheiam o filme. E o momento “Rapper’s Delight” deve ter sido uma grande curtição entre o elenco, tanto que virou cena pós créditos.

Além de não existir uma narrativa “sydfieldiana” (uma história com introdução, desenvolvimento e conclusão), outra coisa que atrapalha o filme é que aqui no Brasil não temos essa cultura de fraternidades universitárias. Mas quem deixar esses detalhes de lado e entrar na onda saudosista do Linklater vai descobrir um filme sobre universidades americanas muito superior aos Porky’s da vida.

Headshot

HEADSHOT-PosterCrítica – Headshot

Mais um filme de ação vindo da Indonésia!

Sinopse tirada do site do festival: “Um homem acorda em um hospital depois de sofrer um traumatismo craniano sem se lembrar quem é e como foi parar ali. Ele se recupera com a ajuda da jovem médica Ailin, que lhe dá o apelido de Ishmael, em homenagem ao protagonista de Moby Dick. Mas logo o passado de Ishmael vem bater à sua porta: Lee, um chefão da máfia com influências na polícia e no judiciário, sequestra Ailin, e Ishmael precisa lutar contra um exército mortal para recuperá-la. E não demora para que fragmentos de seu passado comecem a vir à tona, dando forma ao quebra-cabeça de quem ele realmente é. Toronto 2016.

Há uns meses atrás, heu estava navegando pelo imdb quando descobri um filme novo da Julie Estelle, a Hammer Girl de The Raid 2. Melhor ainda: o elenco ainda tinha Iko Uwais (o protagonista da série The Raid) e Very Tri Yulisman, o Basebal Bat Man. Legal! Será que isso chegaria no Brasil?

Foi uma agradável surpresa quando abri a programação do Festival do Rio 2016 e vi Headshot (idem no original) na mostra Midnight Movies (lembrando que vi o primeiro The Raid na mesma Midnight Movies do Festival de 2011). Provavelmente a única oportunidade de ver o filme nos cinemas tupiniquins.

A direção está nas mãos dos “Mo Brothers”, Kimo Stamboel e Timo Tjahjanto (também roteirista), que têm carreira no terror – antes fizeram Macabre (um slasher com a mesma Julie Estelle no elenco), Killers (sobre dois assassinos de países diferentes que se comunicam pela internet), e, em parceria com Gareth Evans (diretor dos dois Raid), Safe Heaven, uma das poucas coisas que se salvam na série V/H/S. Ou seja, já dava pra desconfiar que, apesar do elenco, este não é um “The Raid 3”.

Headshot não é terror. Mas tem muito mais sangue jorrando do que os Raid,  e as lutas deixam muito mais hematomas. A violência gráfica é grande! Mais: sempre que rolam tiros, a câmera balança. Aí a gente vê como é um filme de ação feito por gente acostumada a fazer terror…

A trama não traz nenhuma novidade. O plot twist do roteiro é meio óbvio, quem for ao cinema atrás de uma história mais elaborada pode se decepcionar. Digo mais: achei bem forçada a relação médico / paciente mostrada – será que isso é comum na Indonésia? Agora, quem quiser ação vai encontrar um prato cheio. Lutas bem coreografadas (pelo próprio Iko Uwais), muito tiro, muito sangue. Daqueles filmes que dá vontade de rever só pra curtir mais uma vez as cenas de ação.

Sobre o elenco, o imdb tá todo errado. Uwais é o protagonista, apesar do seu nome ser o sétimo da lista. O primeiro nome no imdb é Julie Estelle, e passei o filme inteiro achando que ela era a médica. Na verdade os papéis principais são de Uwais e Chelsea Islan, que interpreta a médica. Estelle e Yulisman fazem Rika e Besi, capangas do chefão, interpretado por Sunny Pang – que apesar de ter um grande currículo, admito que não conhecia. Aos poucos vamos conhecendo atores indonésios…

A notícia ruim é que um filme desses dificilmente será lançado nos cinemas brasileiros. Mais uma vez a Indonésia mostra que tem cinema de ação de qualidade e que poderia peitar Hollywood, mas a maior parte das pessoas nem vai ouvir falar…

O Estrangulador Seboso

Greasy-Strangler-posterCrítica – O Estrangulador Seboso

Alvíssaras! Começou o Festival do Rio 2016! Como sempre, vou explorar a mostra mais divertida do festival, a Midnight Movies. Comecemos por O Estrangulador Seboso (The Greasy Strangler, no original). Bizarro como só uma Midnight Movies pode oferecer.

Sinopse tirada do site do Festival: “Em Los Angeles, Ronnie e Brayden são pai e filho que levam uma vida decadente e promovem tours a pé com a temática da disco music. Quando a sexy Janet* aparece para participar de um tour, pai e filho dão início a uma acirrada competição pela sua atenção. A sua chegada também atrai um maníaco bastante gordurento, que ronda as ruas à noite estrangulando inocentes e logo fica conhecido como o “Estrangulador Seboso”. Sensação do Sundance Film Festival, esta é uma alucinada mistura de suspense policial com altas doses de ofensas e diversão. Uma comédia familiar como nunca se viu. Sundance 2016.​

Co-escrito e dirigido por Jim Hosking (realizador de um dos curtas de O ABC da Morte 2), O Estrangulador Seboso é bizarro, muito bizarro. Parece um filme do John Waters, mas com produção da Troma. Toda a transgressão johnwateriana misturada com o gore da Troma, com direito a uma espécie de “vingador tóxico engordurado”.

Algumas ideias são boas. Mas a repetição das piadas cansa. Tipo as piadas envolvendo o tamanho do pênis do pai. As primeiras vezes são engraçadas, mas depois fica chato. Pra piorar, todos os personagens são feios, caricatos e desagradáveis. E além disso tem todo o gore ligado à gordura, o “grease” do título original. Faz parte do filme, mas embrulha o estômago do espectador…

Claro que O Estrangulador Seboso não é pra qualquer um. Claro que a maior parte do público vai detestar. Quando um diretor coloca tantas bizarrices em cena, não pode reclamar se alguém não gostar, né? Mas admito que ri em alguns trechos do filme.

Quem estiver no clima de encontrar “o filme mais bizarro de todos os tempos da última semana” vai se divertir. Mas o resto deve passar batido.

* (nota do crítico: Janet não tem nada de sexy!)