Gravidade

Crítica – Gravidade

O elogiado novo filme de Alfonso Cuarón!

Dois astronautas são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver.

Gravidade (Gravity, no original) é um daqueles raros casos de filme com tudo no lugar certo. Ainda não tenho ideia dos filmes que entrarão para o Top 10 de 2013, mas só preciso procurar os outros nove.

Tecnicamente, o filme é um assombro. Vários longos planos-sequência, com a câmera passeando pela órbita da Terra – sim, é uma câmera em movimento no espaço, sem ter um “chão”. A câmera fica de lado, de cabeça para baixo, dá cambalhotas, entra e sai do capacete do astronauta… Arrisco adizer que o cinema nunca antes mostrou planos-sequência tão criativos.

Mas não é só a parte técnica – se efeitos especiais fossem garantia de um bom filme, Star Wars Ep 1 seria um filmaço, né? Gravidade tem um ritmo excelente, com vários momentos de tensão à flor da pele. E sem ter que apelar para o sobrenatural – como acontece com a maior parte dos filmes que conjugam ficção científica com suspense.

De quebra, não sou cientista aero-espacial, então não sou nenhum especialista, mas o filme me pareceu cientificamente correto – coisa rara no cinema de ficção científica.

Heu já era fã do diretor mexicano Alfonso Cuarón desde o bom trabalho em Filhos da Esperança, outra ficção científica direcionada ao público “adulto”, que também contava com efeitos especiais impressionantes e alguns planos sequência muito bons. Aqui, Cuarón mostra que merece fazer parte do primeiro time de diretores contemporâneos.

Se os efeitos são grandiosos, o elenco é diminuto – só vemos dois atores, Sandra Bullock e George Clooney (ouvimos outras vozes, uma delas, do Ed Harris). Clooney faz o de sempre; Sandra não vai surpreender se ganhar uma indicação ao Oscar. Aliás, falando em Oscar, sei que é cedo, mas Gravidade pode e deve ganhar várias indicações. A trilha sonora, discreta e eficiente, também é muito boa. E dificilmente não vai levar efeitos especiais – nunca a gravidade zero foi tão bem mostrada nas telas.

Por fim, o 3D. Quem me conhece sabe que não dou muita bola pra 3D. Aqui o 3D é muito bem feito, claro, principalmente nas cenas de gravidade zero. Mas não acho que o filme perderia se visto em 2D.

Gravidade perde se visto na tv. Se você tem pouco tempo ou dinheiro para frequentar salas de cinema, este é um daqueles casos onde o ingresso vale cada centavo do dinheiro pago.

Peaches Does Herself

Crítica – Peaches Does Herself

Três dias atrás falei aqui de Os Encontros da Meia Noite, filme que tinha uma das duas sinopses mais bizarras do Festival do Rio 2013. Peaches Does Herself me chamou a atenção por ser a outra sinopse bizarra:

A estreia da cantora de electro atrás das câmeras impressiona pela coesão e extravagância que fazem o documentário parecer um filme de ficção – e vice-versa. Misturando gêneros e sexualidades numa saga de mentira, ela arrancou elogios da Rolling Stone (que comparou o filme a uma versão moderna de Rocky Horror Picture Show) e do Hollywood Reporter (que disse que o filme parecia a história de Lady Gaga se ela fosse escrita por John Waters). Travestis, sexo simulado e humor espalhafatoso transformam o musical em uma ópera bufa em pleno século XXI.

Repetindo o que falei naquele post, gosto de aproveitar o Festival do Rio para ver filmes completamente diferentes do que passa por aí. Mesmo que o resultado não seja satisfatório. Como aconteceu aqui.

Em primeiro lugar, preciso admitir que nunca tinha ouvido falar de Peaches. E Peaches Does Herself não é um documentário, como anunciou a programação, e sim um espetáculo musical da Peaches. Musical e performático, diga-se de passagem. Ou seja, os fãs da cantora devem gostar do filme.

O show vale pela performance – tem bailarinos bissexuais, uma stripper velha e um travesti enorme – nu. Quase tudo no show tem algum apelo sexual, parece que isso é uma constante na carreira de Peaches. Mas as músicas não são lá grandes coisas, e, pelo menos pra quem não é fã, cansa.

Pelo menos é curto – 80 minutos. Na hora que você pensa em desistir e ir embora, acaba.

Só vale pela bizarrice…

Apenas Deus Perdoa

Crítica – Apenas Deus Perdoa

Não sei por qual motivo, este era um dos mais procurados filmes do Festival do Rio 2013. Com dois pés atrás, fui ver qualé.

Um inglês, membro de uma poderosa família de criminosos, gerencia uma academia de boxe em Bangkok, fachada para uma operação internacional de heroína. Quando seu irmão mais novo é assassinado depois de matar uma prostituta, ele recebe a visita de sua mãe, que chega com a obsessiva ideia de recolher o corpo do caçula e vingar sua morte.

Heu já estava escaldado por ser “o novo filme do diretor e protagonista de Drive“. Achei Drive pretensioso, superestimado – e fraco. Mas acredito que essa desconfiança ajudou. Com a expectativa lá embaixo, não achei Apenas Deus Perdoa (Only God Forgives, no original) tão ruim quanto esperava.

Quem viu Drive (e também quem viu Valhala Rising, filme anterior do mesmo diretor) sabe o que esperar: ritmo lento, poucos diálogos e muita violência gratuita. Apenas Deus Perdoa segue exatamente a mesma fórmula. E ainda repete Ryan Gosling quase mudo com sua cara de paisagem. (O outro nome conhecido do elenco é Kristin Scott Thomas, caricata e canastrona como nunca na carreira.)

Pelo menos Apenas Deus Perdoa tem uma coisa muito boa: uma belíssima fotografia. O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn fez um bom trabalho na escolha das imagens. Por mais estranho que pareça, é um filme violento e ao mesmo tempo bonito. A trilha sonora também é boa.

Agora, falemos sobre a violência. Apenas Deus Perdoa é um filme violento, claro. Mas me pareceu mais discreto que os outros dois filmes que vi do mesmo diretor. Refn segurou um pouco a onda nas imagens graficamente violentas. Critiquei o excesso de violância gratuita em Drive, mas senti falta aqui…

Pelo fórum do imdb, tem muita discussão sobre Apenas Deus Perdoa – metade defendendo, metade atacando. Na minha humilde opinião, tem seu valor. Mas está longe de ser um filme bom.

Uma Noite de Crime

Crítica – Uma Noite de Crime

A premissa era bem interessante, apesar de um pouco absurda: e se todo e qualquer crime fosse legalizado uma vez ao ano?

Vamos à sinopse: Em uma América arrasada pelo crime, o governo sanciona uma lei estabelecendo um dia no ano em que, durante um período de 12 horas, os cidadãos podem praticar qualquer atividade criminal sem o temor de sofrer qualquer tipo de represália: nada de polícia, bombeiros ou hospitais. É uma noite em que as pessoas se permitem fazer de tudo, até matar. É numa dessas noites que os membros de uma pacata família veem seu condomínio fechado sofrer uma invasão.

O problema aqui é que a ideia é difícil de “comprar”. Sério mesmo que tem gente que acha que a criminalidade ia diminuir se liberassem tudo uma vez por ano? Sério que não pensaram em gente que ia se vingar do vizinho, da ex-mulher, da sogra ou do motoboy que deu uma fechada? Sério que não pensaram que todo e qualquer estabelecimento comercial iria sofrer represálias de clientes insatisfeitos? Sério que não pensaram em pessoas invejosas que iriam destruir o patrimônio alheio?

Heu podia continuar a lista, mas acho que já expus meu ponto, né? Pra essa premissa funcionar, acho que precisaríamos estar em um futuro mais distante, tipo Laranja MecânicaUma Noite de Crime (The Purge, no original) se passa em 2022. Ou então, poderiam ter sido criadas regras para quais crimes eram válidos, tipo assim, pode matar o amigo para extravasar o ódio, mas não pode matar o colega pra roubar o tênis dele.

Mas… Se a gente aceita a premissa, até que o filme é legal. O diretor e roteirista James DeMonaco consegue criar um clima tenso ao longo da curta projeção. Ok, algumas partes do roteiro são previsíveis, mas nada grave.

A tensão e a violência são bem orquestradas. O filme é curto, tudo é concentrado na mesma noite, e o espectador é colocado no meio da ação. Pena que DeMonaco é adepto da “câmera na mão tremida”, este estilo funciona às vezes, mas quase sempre gera um resultado terrível, na minha humilde opinião.

Ethan Hawke, como de costume, manda bem ao liderar o elenco com poucos rostos conhecidos (só reconheci a Lena Headey). Gostei de Rhys Wakefield, particularmente do seu sorriso psicopata ao falar pelo interfone. O ponto fraco é Max Burkholder, o filho burro. Tá, precisa ter um personagem burro pro filme fluir – mas deu raiva do moleque.

Uma Noite de Crime teve apenas uma sessão no Festival do Rio, sei lá por qual motivo – normalmente, são umas quatro ou cinco, em dias e sala diferentes. E, curiosamente, a cópia já estava legendada, ou seja, deve entrar em cartaz.

p.s.: Aqui no Brasil, se existisse uma lei que liberasse o crime por 12 horas, ia ser a noite mais movimentada do ano para os políticos de Brasília!

Os Encontros da Meia-Noite

Crítica – Os Encontros da Meia Noite

Uma das coisas que mais gosto no Festival do Rio é a chance de ver filmes completamente fora do padrão. Vejam esta sinopse:

“Por volta da meia-noite, o jovem casal Ali e Matthias e sua empregada – um travesti – se preparam para uma orgia. Seus convidados serão a vagabunda, a estrela, o garanhão e o adolescente.”

Com uma sinopse dessas, Os Encontros da Meia-Noite (Les rencontres d’après minuit, no original) parecia um programa imperdível. Principalmente porque um filme desses nunca vai ser lançado, né?

Imperdível, mas não necessariamente um filme bom. Aliás, dificilmente seria um filme bom. O grande barato de um filme desses é ser “diferente”, mas quase nunca o filme se revela um filmaço.

Os Encontros da Meia-Noite segue essa previsão. A primeira metade do filme é muito divertida, enquanto vamos aos poucos conhecendo os personagens estranhos e sua histórias bizarras. Mas depois a fórmula cansa, e o filme fica chato.

Mesmo assim, o filme tem seus pontos positivos. Além de uma boa fotografia, que traz algumas belas imagens, Os Encontros da Meia-Noite ainda tem uma coisa interessante: a trilha sonora composta pelo grupo eletrônico M83, o mesmo que fez Oblivion. Ah, esqueci de falar, o diretor e roteirista Yann Gonzalez faz parte da banda, claro que a trilha ia ser caprichada, né?

No elenco, algumas curiosidades. Eric Cantona, famoso e polêmico ex jogador de futebol, faz o garanhão. Alain-Fabien Delon é filho de Alain Delon, que recentemente deu declarações contra o homossexualismo (ele não deve ter visto o filme do filho…). E Beatrice Dalle, que, apesar de feia, foi musa de uma geração, faz uma participação especial.

Vale pela curiosidade. Mas, mesmo tendo apenas uma hora e trinta e dois minutos, podia ser mais curto…

The Zero Theorem

Crítica – The Zero Theorem

Terry Gilliam voltou ao estilo de Brazil – O Filme. Será que é uma boa?

Qohen Leth é um gênio da computação que vive num universo dominado por grandes corporações. Sofrendo de uma profundo angústia existencial, trabalha sob as ordens de uma figura sombria conhecida como o Gerente. Sua missão é resolver o Teorema Zero, uma fórmula matemática que finalmente revelará o verdadeiro sentido da vida.

Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo, a notícia é boa e ruim ao mesmo tempo. Boa, porque o filme é o melhor dele em um bom tempo; ruim, porque somos obrigados a comparar The Zero Theorem com Brazil. E na comparação, um filme apenas legal perde para uma obra prima.

Já falei aqui antes, Terry Gilliam é um dos poucos autores que sobraram no cinema contemporâneo (ao lado de Tim Burton e Jean Pierre Jeunet, e mais um ou outro que não me lembro agora). Seus filmes têm “cara de Terry Gilliam”. Desde de que largou o Monty Python e seguiu em carreira de diretor, ele fez vários filmes que criaram uma identidade visual única, como O Pescador de Ilusões12 Macacos, As Aventuras do Barão Munchausen, Bandidos do Tempo, Medo e Delírio ou O Imaginário do Dr. Parnassus, além do já citado Brazil. Você pode até não gostar, mas tem que admitir que o cara tem estilo próprio.

O início do filme impressiona pela semelhança com Brazil, com um cenário que mistura um visual futurista e retrô ao mesmo tempo – tem um computador super moderno ao lado de um telefone de décadas atrás. Aliás, diria que o visual desta parte inicial parece uma mistura de Brazil com as cores do De Volta Para o Futuro de 2015…

Quem me conhece sabe que gosto de personagens bizarros. Nesse ponto, The Zero Theorem não decepciona. Christopher Waltz mostra (mais uma vez) que é um dos melhores atores contemporâneos com o seu Qohen (“sem U”) que se refere a si mesmo no plural. Mélanie Thierry (Babylon A.D.) e Lucas Hedges (Moonrise Kingdom) também estão bem como coadjuvantes, e David Thewlis parece interpretar uma versão do ex-Python Michael Palin. Matt Damon e Tilda Swinton fazem divertidas participações especiais.

O filme é repleto de detalhes geniais espalhados, como a caixa de pizza que canta, os médicos que parecem estar dentro de uma piscina vazia, ou a animação do site, que lembra o estilo de animação do próprio Terry Gilliam na epoca do Monty Python. Mas o ritmo não é tão bom, a segunda parte do filme cansa. E aí a gente volta à comparação com Brazil, e constata que Gilliam infelizmente não conseguiu um resultado tão bom.

Em 2005, Terry Gilliam lançou dois filmes, Irmãos Grimm e Contratempos, e ambos decepcionaram. Em 2009, com O Imaginário do Dr Parnassus, ele mostrou uma guinada em direção aos bons filmes de outrora, mesmo com um filme médio. The Zero Theorem não se tornará nenhum clássico, mas confirma esta guinada. Pena que, aos 72 anos, talvez seja tarde demais para uma volta por cima.

Mas torço para estar errado.

p.s.: Por que diabos o Festival não traduziu o nome do filme? Qual o problema de “Teorema Zero”?

Night Moves

Crítica – Night Moves

Dakota Fanning está no Rio para promover seu novo filme, este Night Moves. Pena que o filme é fraco…

Três ecoterroristas planejam explodir uma represa. Mas parece que não estão preparados para aguentar as consequências dos seus atos.

Não conheço o trabalho da diretora Kelly Reichardt. Li coisas boas sobre seus filmes anteriores. Mas, apenas por Night Moves, admito que não me empolguei. O ritmo do filme é leeento, muito pouca coisa acontece em uma hora e cinquenta e dois minutos. Toda a história do filme poderia se resumir em um curta de 15 minutos.

E, pra piorar, o grande evento do filme, a explosão da represa, não aparece. Falam da explosão durante toda a primeira parte do filme, e na hora H não mostra nada. Sei que é um filme independente, mas já vi filmes com orçamentos minúsculos com efeitos especiais interessantes (alguém aí viu Monstros?). Mas aqui, a gente só ouve o barulho da explosão enquanto olha pra cara dos atores. Frustrante, não?

Outra coisa: acho que a diretora se perdeu no objetivo do seu filme. Porque se era pra gente simpatizar com a causa ecológica, deu errado. O próprio patrão do protagonista concorda que a explosão da represa não serviu pra nada.

Tem mais: parece que Jesse Eisenberg nunca mais vai se desligar do papel de Mark Zuckerberg. Imagine um Zuckerberg trabalhando numa fazenda? Tá lá no filme… E Dakota Fanning, apesar da pouca idade, é uma veterana de talento, mas isso não é o suficiente pra salvar o filme.

Enfim, dispensável.

p.s.: Tem outro filme homônimo, de 1975, do Arthur Penn, com o Gene Hackman. Não vi o outro, não sei se um tem a ver com o outro.

Spring Breakers – Garotas Perigosas

Crítica – Spring Breakers – Garotas Perigosas

Quando Spring Breakers – Garotas Perigosas foi divulgado, passou a impressão de ser mais uma comédia besta. Mas aí ele apareceu na programação do Festival do Rio, e ainda teve elogios de um dos críticos d’O Globo. Como diria Calvin Candie, personagem de Leonardo DiCaprio em Django Livre, “you had my curiosity, but now you have my atention”. Fui ver qualé.

Quatro amigas saem de férias no feriado Spring Break, que acontece nos EUA, mas acabam presas. Um traficante as solta e elas conhecem o efêmero glamour da vida do crime.

Spring Breakers – Garotas Perigosas visto, entendi porque está no Festival. Não é uma comédia, mas sim um filme pretensioso. E tem muito filme pretensioso pela programação…

Só depois de ver é que fui verificar quem era o diretor. Harmony Korine ganhou fama como o roteirista de Kids, aquele filme polêmico (e chato) que passou nos cinemas nos anos 90. Spring Breakers – Garotas Perigosas parece uma nova versão de Kids, segue a mesma estrutura: polêmica em cima de imagens estilosas e quase nada de roteiro.

Temos que admitir que Korine tem talento para criar imagens bonitas – provavelmente vem daí os elogios da crítica. Algumas seqüências de Spring Breakers – Garotas Perigosas são graficamente muito interessantes. Mas isso não sustenta um longa metragem. O cara deve ser bom para fazer videoclipes de três ou quatro minutos…

A polêmica de Kids era com sexo entre adolescentes; agora temos um filme com nudez e drogas estrelado por duas ex-estrelas Disney (Vanessa Hudgens e Selena Gomez) e uma atriz com longo currículo na tv (Ashley Benson). Mas, vamos com calma: são quatro atrizes principais – três delas conhecidas, mais uma que ninguém tinha ouvido falar (Rachel Korine, a esposa do diretor). Adivinha qual é a única que mostra alguma nudez?

(Fora Rachel Korine, algumas anônimas “pagam peitinho” em cenas de festas de spring break. Ou seja, se for pela nudez, Spring Breakers – Garotas Perigosas fica devendo.)

Aliás, preciso fazer um comentário sobre os figurinos. Desde que começa a viagem das meninas, elas aparecem o tempo todo de biquíni. Todas as cenas! Será que ninguém da produção se tocou como ficou ridículo quatro meninas de biquíni na frente de um juiz?

Nada a acrescentar sobre o elenco. James Franco está caricato, mas o papel pede isso. E as quatro meninas funcionam para o que foram contratadas: ficar passeando de biquíni durante o filme quase inteiro.

No fim, o resultado é um filme com algumas belas imagens. Mas um filme vazio. E muito chato.

Mar Negro

Crítica – Mar Negro

Comecei o Festival do Rio 2013 em grande estilo! Filme novo do Rodrigo Aragão, com a presença do próprio!

Uma estranha contaminação atinge uma pequena vila de pescadores. Quando peixes e crustáceos se transformam em horrendas criaturas transmissoras de morte e destruição, o solitário Albino luta pelo grande amor da sua vida, arriscando a própria alma numa desesperada fuga pela sobrevivência.

Provavelmente, a maioria dos leitores deve estar se perguntando “quem diabos é Rodrigo Aragão?” Bem, é o capixaba que fez Mangue Negro (2008) e A Noite do Chupacabras (2011), dois bons exemplares do terror / trash contemporâneo brasileiro. Rodrigo escreve, produz, dirige e edita seus filmes, e ainda trabalha na maquiagem e nos efeitos especiais. E já está no terceiro longa metragem. Tudo independente!

Curiosamente, Mar Negro entrou na Premiere Brasil – quando passou Morgue Story, do Paulo Biscaia Filho, foi na Midnight Movies, mostra que tem mais a ver com o estilo dos dois filmes. Acho que foi uma grande vitória, um filme independente de terror trash passando numa mostra de filmes” sérios”. Mas receio que isso pode “queimar” o filme. Pode ter algum espectador desavisado…

Agora, pra quem gosta, Mar Negro é um prato cheio. O filme é divertidíssimo!

Rodrigo Aragão mostra talento, usando ângulos pouco convencionais ao longo de todo o filme. O roteiro também foge do óbvio, várias soluções usadas na trama são surpreendentes, que fogem completamente à lógica hollywoodiana. E a parte final traz uma virada de roteiro realmente inesperada.

Pelo clima de galhofa pura, Mar Negro lembra mais A Noite do Chupacabras do que Mangue Negro. Situações absurdas geraram grandes gargalhadas na plateia – a parte da metralhadora é sensacional! E, claro, o gore é abundante. Além de diretor e roteirista, Rodrigo Aragão é um excelente maquiador. Toda a parte de maquiagem é caprichada, tanto com as criaturas, quanto com os 150 litros de sangue cenográfico usados ao longo da projeção.

O elenco só tem gente desconhecida – Mar Negro é uma produção quase amadora. Mas, quem viu os outros filmes vai reconhecer alguns rostos.

Por fim, uma boa notícia: Rodrigo falou que no fim do ano Mar Negro deve entrar em cartaz no circuitão. Notícia excelente não só para a produção do filme capixaba, mas para todos os fãs de filmes de terror brasileiros!

p.s.: Procurei pelo google uma imagem do poster, mas não achei…

Festival do Rio – 2013

Festival do Rio 2013

Vai começar o evento mais aguardado por nove entre dez cinéfilos cariocas: o Festival do Rio. São cerca de 350 filmes espalhados por 26 cinemas, ao longo de duas semanas. O Festival tem uma sessão de abertura hoje para convidados, e amanhã já rolam sessões abertas para o público.

Claro que não dá pra ver tudo. O que cada um tem que fazer é olhar a programação com calma e escolher alguns. Ano passado consegui ver vinte e cinco filmes…

Os filmes estão divididos em mostras. As mais badaladas são a Expectativa 2013 e a Panorama do Cinema Mundial, que trazem dezenas de filmes novos – boa parte deles será lançada aqui no Brasil, uns no cinema, outros direto em dvd / blu-ray.

Outras mostras trazem filmes mais underground, filmes com menos chances de serem lançados oficialmente por aqui, como a maior parte dos filmes da mostra Midnight Movies. Normalmente, dou preferência a estes filmes, pois não sei se terei outra oportunidade para vê-los.

Vou dar algumas sugestões aqui embaixo. Mas lembro: como são filmes inéditos, às vezes a dica é furada… 😉

Mar Negro (Mar Negro).

Dir: Rodrigo Aragão. Com: Walderrama dos Santos, Tiago Ferri, Kika Oliveira, Mayra Alarcón, Carol Aragão. Brasil. 99 min. Mostra pb novos rumos. 16 anos.

Rodrigo Aragão é o diretor de Mangue Negro, um filme de zumbis feito no Espírito Santo; e de A Noite do Chupacabras, filme trash divertidíssimo. Este é seu terceiro longa. Imperdível!

The Zero Theorem (The Zero Theorem).

Dir: Terry Gilliam. Com: Christoph Waltz, Matt Damon, Melanie Thierry, Lucas Hedges. Reino Unido / Romênia. 107 min. Mostra panorama. 14 anos.

Filme novo do Terry Gilliam, aquele que era do Monty Python e depois dirigiu filmes como Brazil, 12 Macacos, Aventuras do Barão Munchausen e Imaginário do Dr Parnassus.

Night Moves (Night Moves).

Dir: Kelly Reichardt. Com: Dakota Fanning, Jesse Eisenberg, Peter Sarsgaard, Alia Shawkat. Estados Unidos. 112 min. Mostra panorama. 12 anos.

Um thriller sobre as dificuldades da militância e do engajamento político em tempos conturbados. A atriz Dakota Fanning estará pelo festival, de repente você a encontra em uma sessão.

The Canyons (The Canyons).

Dir: Paul Schrader. Com: Lindsay Lohan, James Deen, Gus Van Sant . Estados Unidos. 100 min. Mostra panorama. 16 anos.

Filme escrito por Bret Easton Ellis e dirigido por Paul Schrader, com grande potencial de polêmica: traz Lindsay Lohan nua, atuando ao lado de um ator pornô. Mas o resultado é fraco. Paul Schrader também vem para o Festival.

http://heuvi.com.br/genero/thriller-erotico/the-canyons/

Gravidade (Gravity).

Dir: Alfonso Cuarón. Com: Sandra Bullock, George Clooney. Estados Unidos / Reino Unido. 91 min. Mostra panorama. 12 anos.

Durante uma caminhada em torno de seu ônibus espacial, uma médica e engenheira espacial e um astronauta são atacados por uma chuva de meteoros que os deixa sem contato com a base na Terra e à deriva no espaço. Deve entrar em circuito logo após o festival.

Kill Your Darlings (Kill Your Darlings).

Dir: John Krokidas. Com: Daniel Radcliffe, Dane DeHaan, Ben Foster, Michael C. Hall, Jack Huston. Estados Unidos. 104 min. Mostra panorama. 14 anos.

Uma trama policial protagonizada por Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs, fundadores do movimento Beatnik.

Como Não Perder Essa Mulher  (Don Jon).

Dir: Joseph Gordon-Levitt. Com: Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Tony Danza, Glenne Headly. Estados Unidos. 90 min. Mostra panorama. 14 anos.

A estreia na direção de longas do ator Joseph Gordon-Levitt.

Clear History (Clear History).

Dir: Greg Mottola. Com: Larry David, Bill Hader, Philip Baker Hall, Jon Hamm, Kate Hudson, Michael Keaton. Estados Unidos. 100 min. Mostra panorama. 10 anos.

Escrito por Larry David, um dos criadores da série Seinfeld; e dirigido por Greg Mottola, o mesmo de Paul, um dos melhores filmes de 2011.

Fading Gigolo (Fading Gigolo).

Dir: John Turturro. Com: Woody Allen, John Turturro, Sharon Stone, Sofia Vergara, Liev Schreiber. Estados Unidos. 98 min. Mostra panorama. 14 anos.

John Turturro escreveu, dirigiu e protagonizou um filme onde ele tem casos com a Sharon Stone e a Sofia Vergara. O cara não é bobo não…

Uma noite de crime (The Purge).

Dir: James DeMonaco. Com: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge. Estados Unidos / França. 85 min. Mostra midnight. 16 anos.

Em uma América arrasada pelo crime, o governo sanciona uma lei estabelecendo um dia no ano em que, durante um período de 12 horas, os cidadãos podem praticar qualquer atividade criminal sem o temor de sofrer qualquer tipo de represália: nada de polícia, bombeiros ou hospitais.

Only Lovers Left Alive (Only Lovers Left Alive).

Dir: Jim Jarmusch. Com: Tom Hiddleston, Tilda Swinton, Mia Wasikowska, John Hurt, Anton Yelchin. Estados Unidos / Reino Unido / França / Chipre / Alemanha. 123 min. Mostra panorama. 14 anos.

Um filme de vampiro dirigido por Jim Jarmusch…

Crystal Fairy e o cactus mágico (Crystal Fairy).

Dir: Sebastián Silva. Com: Michael Cera, Gaby Hoffmann, Juan Andrés Silva, José Miguel Silva, Agustín Silva . Chile. 98 min. Mostra panorama. 16 anos.

Uma aventura lisérgica ambientada no deserto do Atacama. O primeiro trabalho de Michael Cera (Superbad e Juno) em solo latino-americano.

Behind the Candelabra (Behind the Candelabra).

Dir: Steven  Soderbergh. Com: Michael Douglas, Matt Damons, Dan Aykroyd, Scott Bakula, Rob Lowe. Estados Unidos. 118 min. Mostra panorama. 16 anos.

Cinebiografia do excêntrico pianista Liberace, que é interpretado por Michael Douglas. Segundo o diretor Steven Soderbergh, este será o último filme de sua carreira.

Questão de tempo (About Time).

Dir: Richard Curtis. Com: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Lydia Wilson, Lindsay Duncan. Reino Unido. 123 min. Mostra panorama. 12 anos.

Filme romântico de viagem no tempo, estrelado por Rachel McAdams. Mas parece que é diferente de Te Amarei Para Sempre, outro filme romântico de viagem no tempo, estrelado por Rachel McAdams…

Apenas Deus perdoa (Only God Forgives).

Dir: Nicolas Winding Refn. Com: Ryan Gosling, Kristin Scott Thomas, Vithaya Pansringarm, Rhatha Phongam, Gordon Brown. Dinamarca / França. 90 min. Mostra panorama. 16 anos.

Pelo trailer, parece uma continuação de Drive. Mas é apenas mais um trabalho de Ryan Gosling com o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn.

The Green Inferno (The Green Inferno).

Dir: Eli Roth. Com: Lorenza Izzo, Ariel Levy, Sky Ferreira, Nicolás Martínez, Kirby Bliss Blanton. Estados Unidos. 103 min. Mostra midnight. 16 anos.

Filme novo do Eli Roth, o mesmo diretor de Cabana do Inferno e O Albergue, além de ter sido um dos atores principais de Bastardos Inglórios.

A dança da realidade (La Danza de la Realidad).

Dir: Alejandro Jodorowsky. Com: Adan Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, Critobal Jodorowsky, Jeremias Herskovits, Pamela Flores. França. 130 min. Mostra midnight. 16 anos.

Filme novo do diretor de El Topo, um dos maiores cult movies da história. Aos 84 anos de idade, Jodorowsky continua em atividade!

Metallica: Through the Never 3-D (Metallica: Through the Never).

Dir: Nimród Antal. Com: Dane DeHaan, James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett, Robert Trujillo. Estados Unidos. 92 min. Mostra midnight música. 14 anos.

Misto de ficção com imagens de shows reais, narra a saga de Dane, um roadie do Metallica que é enviado para o inferno.

O Super-Formiga (Antboy).

Dir: Ask Hasselbalch. Com: Oscar Dietz, Nicolas Bro, Samuel Ting Graf . Dinamarca. 76 min. Mostra geração. L anos.

Filme infanto juvenil de super herois, feito na Dinamarca.

Wrong Cops – Os Maus Policiais (Wrong Cops).

Dir: Quentin Dupieux. Com: Mark Burnham, Marilyn Manson, Grace Zabriskie. França / Estados Unidos. 94 min. Mostra midnight. 14 anos.

Alguns anos atrás, vi, no mesmo festival, Rubber, um filme sobre “um pneu telepático em missão demoníaca”. Claro que vou ver o novo filme do mesmo diretor!

Peaches Does Herself – Uma Ópera-Rock (Peaches Does Herself).

Dir: Peaches. Com: Peaches, Danni Daniels, Sandy Kane, Mignon, Sweet Machine Band, Jolly Goods. Alemanha. 80 min. Mostra midnight música. 14 anos.

Outra sinopse que chama a atenção: “Misturando gêneros e sexualidades numa saga de mentira, ela arrancou elogios da Rolling Stone (que comparou o filme a uma versão moderna de Rocky Horror Picture Show) e do Hollywood Reporter (que disse que o filme parecia a história de Lady Gaga se ela fosse escrita por John Waters)”

Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers).

Dir: Harmony Korine. Com: James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson, Rachel Korine. Estados Unidos. 92 min. Mostra panorama. 18 anos.

Não entendi por que este filme está aqui, ele parece ser uma comédia besta adolescente, estrelada pelas ex-atrizes mirins da Disney Selena Gomez e Vanessa Hudgens. Ou o filme é melhor do que parece, ou está no lugar errado.

O ABC da Morte (The ABCs of Death).

Dir: Vários. Estados Unidos / Nova Zelândia. 130 min. Mostra midnight. 18 anos.

Um projeto ousado: 26 diretores diferentes teriam total liberdade para fazer um curta baseado em cada uma das 26 letras do alfabeto. Ideia interessante, mas que dificilmente daria certo. Já existe pra download já tempos…

http://heuvi.com.br/genero/terror/the-abcs-of-death/

Os Encontros da Meia-Noite (Les Rencontres d’apres Minuit).

Dir: Yann Gonzalez. Com: Kate Moran, Niels Schneider, Nicolas Maury, Éric Cantona, Béatrice Dalle. França. 92 min. Mostra midnight. 18 anos.

Olha que sinopse bizarra: “Por volta da meia-noite, o jovem casal Ali e Matthias e sua empregada – um travesti – se preparam para uma orgia. Seus convidados serão a vagabunda, a estrela, o garanhão e o adolescente.

Boa sorte nas escolhas e bom festival para você!