Filme novo do Guy Ritchie!
Sinopse (imdb): O enredo segue H, um personagem frio e misterioso que trabalha em uma empresa de caminhões de dinheiro responsável por movimentar centenas de milhões de dólares em Los Angeles todas as semanas
Gosto muito do Guy Ritchie. Lembro quando ele apareceu, com Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes, no fim dos anos 90. Por causa do sucesso de Pulp Fiction (marco na cultura pop, palma de ouro em Cannes, Oscar de roteiro e sucesso de bilheteria), surgiram diversos filmes tentando copiar o “estilo Tarantino”: violência, personagens marginais, diálogos cool, trilha sonora moderninha, edição não convencional e às vezes fora da ordem – filmes como Get Shorty – O Nome do Jogo, Smoking Aces – A Última Cartada, Lucky Number Slevin e Coisas Para Fazer em Denver quando se está Morto. Jogos Trapaças pegou carona nessa moda, mas, com o tempo, Guy Ritchie mostrou que tinha mais conteúdo que a maioria da galera que surfou a mesma onda.
(Momento pra contar uma história pessoal. No fim de 1998, heu viajei pra Europa. Estava em Londres com a minha esposa, e a gente resolveu ir ao cinema pra ver um filme novo, de um cara estreante, que estavam comparando com o Tarantino. Claro, na Inglaterra, seria sem legendas, mas não ia ser a minha primeira vez vendo um filme sem legendas (na mesma viagem vi um filme em Amsterdã, com o som em inglês e legendas em holandês – não tem como não ler as legendas, e isso sempre me confundia!). Fomos ao cinema, mas os sotaques dos personagens são muito difíceis! A gente não estava entendendo nada! Mais pro fim, consegui entender mais ou menos a história, mas precisei rever no Brasil com legendas quando voltei…)
Com o tempo, Guy Ritchie se firmou com um estilo característico (apesar de alguns filmes fora da curva, como Rei Arthur e Aladdin). Mas, aqui, em Infiltrado (Wrath of Man, no original), Ritchie está um pouco diferente do que faz habitualmente. Infiltrado tem menos humor, tem menos personagens e situações engraçadinhas, é um filme de um modo geral mais sério.
Trata-se da refilmagem do francês Le Convoyeur, de 2004. Depois de ver a refilmagem, fui catar o original. É bem parecido, mas a refilmagem me pareceu melhor, mais refinado, mais bem construído.
Infiltrado é um filme sério e tenso, que traz mais de um ângulo pra mesma história, e tem alguns plot twists bem elaborados. E, falei tenso, né? A sequência final, quando tudo se resolve, é muito tensa, e muito bem filmada.
Jason Statham deve ser um velho amigo de Guy Ritchie, afinal Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes foi o primeiro longa metragem de ambos. Pouco depois, ainda fizeram Snatch: Porcos e Diamantes e Revolver, mas depois suas carreiras seguiram caminhos diferentes. Statham volta aqui, e se mostra o cara perfeito pra esse papel – um personagem sério, preciso e de poucas palavras. Também no elenco, Josh Hartnett, Holt McCallany, Scott Eastwood e Jeffrey Donovan, e uma ponta de Andy Garcia.
Nem tudo funciona. Por exemplo, tem uma personagem feminina que achei meio forçada – mas aí vi que no filme francês também tem uma mulher, então a refilmagem deve ter seguido a mesma ideia. Já o personagem do Andy Garcia não está no original francês, e se também não estivesse aqui, não faria falta – um personagem que pouco aparece e que não se explica direito o propósito dele.
Mesmo assim, ainda achei Infiltrado um grande filme de ação, com boas chances de entrar num top 10 aqui no heuvi. Recomendo!
Antes de terminar, só um comentário de uma coisa que achei curiosa. Nestes tempos de pandemia – já tem mais de um ano sem cinema como era antes – muitos grandes lançamentos estão sendo guardados pra depois, pra quando pudermos encher os cinemas novamente. E, olha só, já é o segundo filme do Guy Ritchie lançado durante a quarentena: ano passado tivemos Magnatas do Crime, que nem chegou a ser lançado nos cinemas aqui no Brasil, e agora Infiltrado. Será que conseguiremos ver na telona?