Crítica – Nefarious
Sinopse (imdb): No dia de sua execução, um assassino em série passa por uma avaliação psiquiátrica na qual ele afirma ser um demônio, e ainda alega que antes de seu tempo acabar, o psiquiatra cometerá três assassinatos.
Pouco depois do lançamento do decepcionante O Exorcista: O Devoto, chega um novo filme que usa o tema da possessão demoníaca, mas sob um ponto de vista bem diferente. Sabe quando uma FC é “cientificamente correta”? Então, a proposta aqui é fazer uma possessão “teologicamente correta”.
Dirigido pela dupla Chuck Konzelman e Cary Solomon, Nefarious traz um prisioneiro, no corredor da morte, que precisa ser avaliado psicologicamente para saber se está são ou louco. Se estiver são, será executado; se estiver louco será transferido para outro tipo de presídio. Quase todo o filme se passa em uma sala, onde os dois conversam. Sim, quase todo o filme é um diálogo entre um prisioneiro supostamente possuído e um psiquiatra ateu.
Ou seja, esqueça maquiagens fortes, corpos distorcidos e fluidos corporais coloridos. Aliás, tem gente achando que Nefarious é terror, mas está mais pro suspense. O demônio aqui fica só no papo. E mesmo assim, o filme consegue ser envolvente, mérito de um roteiro bem escrito e de pelo menos um bom ator.
Sean Patrick Flanery é um ator com dezenas de filmes no currículo, mas nenhum grande papel, nunca tinha conseguido chamar a atenção. Mas aqui ele está realmente impressionante, com um vasto repertório de tiques enquanto está possuído, e ainda consegue se mostrar bem diferente quando está “na outra personalidade”. Seu companheiro de tela, Jordan Belfi, não está mal, faz apenas o feijão com arroz.
Nefarious é uma produção assumidamente cristã, então claro que temos mensagens religiosas. Nada contra, mas acho que o filme seria mais rico se tivesse um ponto de vista oposto mais bem elaborado. O psiquiatra se diz ateu mas cai muito fácil no papo religioso.
Não gostei da parte final. Depois de boa parte do filme dentro da cadeia, o filme tem um epílogo, e achei esse epílogo longo demais. Nada que estrague a experiência, mas podia ser bem mais sucinto.
Por fim, um breve comentário sobre a polêmica. Assim como aconteceu com Som da Liberdade, existe uma polêmica em volta de Nefarious. Mas, assim como aconteceu com Som da Liberdade, a polêmica não tem a ver exatamente com o filme, mas com quem o fez. E o meu leitor sabe que prefiro comentar a obra e não o autor da obra. Por isso que não vou comentar. Mas posso dizer que dentro do filme não tem motivo para polêmica.