O Predador – A Caçada

Crítica – O Predador – A Caçada

Sinopse (imdb): A origem do Predador no mundo da Nação Comanche, há 300 anos. Naru, uma guerreira hábil, luta para proteger a sua tribo contra um dos primeiros predadores altamente evoluídos a aterrar na Terra.

E vamos ao quinto (ou sétimo) filme da franquia Predador!

Um pequeno resumo pra quem estava num tanque de bacta nas últimas décadas: o primeiro Predador foi lançado em 1987, e foi um grande sucesso de Arnold Schwarzenegger, um dos maiores astros do cinema de ação da época. Três anos depois fizeram uma continuação meia boca. Aí em 2004 investiram numa ideia que, no papel, era ótima: um crossover Alien vs Predador. Mas o resultado foi ruim muito ruim. E pra piorar, em 2007 fizeram uma continuação, Aliens vs Predador, que foi ainda pior. Em 2010 foi a vez de Predadores, que pega o conceito e muda um pouco, gostei desse mais do que das outras continuações. E em 2018, um dos atores do primeiro filme dirigiu mais uma continuação, puxando pra galhofa, que teve gente que falou muito mal, mas heu me diverti.

Agora é a hora de mais um. Esqueçam a galhofa, esse pega o mesmo clima do primeirão: um grupo de pessoas treinadas enfrentando um inimigo misterioso. E o resultado ficou bom!

O Predador é um bom personagem, apesar de ter um nome ruim. Ele não é um predador, é um caçador, que viaja por diferentes planetas para enfrentar adversários o mais forte possível. É uma caça por esporte, uma espécie de safári. A gente que já viu vários filmes sabe disso, e é legal ver um “predador” de 300 anos atrás, com algumas armas diferentes, respeitando a evolução da tecnologia deles. E mesmo quem não conhece a franquia conseguirá entender tudo, afinal, como se passa 300 anos atrás, não tem nenhuma ligação com nenhum dos filmes anteriores.

A direção ficou nas mãos de Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield 10), que faz um filme com provavelmente o visual mais bonito de toda a franquia. A fotografia aproveita muito bem imagens abertas da natureza antes da ação da civilização – pena que esse filme foi direto pro streaming, ia ser legal ver numa tela de cinema. Já os efeitos especiais dão uma escorregada aqui e ali, principalmente quando vemos animais selvagens, mas nada que estrague a experiência. Ah, é bom avisar, o filme é bem violento.

Um detalhe curioso: O Predador – A Caçada foi filmado em inglês, mas os personagens são quase todos índios. Então a produção teve o cuidado de lançar uma segunda versão, dublada em comanche. Vi um trecho da versão dublada, mas a dublagem me soou estranha, então preferi o áudio original. Nesses casos faz falta um maluco que nem o Mel Gibson, que colocou seu elenco pra falar a língua iucateque quando filmou Apocalypto.

Sobre o elenco, são todos desconhecidos do grande público, mas já comentei que minha memória pra guardar informações inúteis de cinema é impressionante. Lembro de Amber Midthunder em um dos papéis principais de The Ice Road, filme meia boca do Liam Neeson. E lembro que ela tinha feito um papel pequeno no filme anterior do mesmo Neeson, o igualmente meia boca Na Mira do Perigo. Por que guardei o nome dela? Sei lá. Pelo menos ela agora é protagonista, e manda bem. Ela é pequena e de aparência frágil, mas consegue convencer nas suas lutas, tanto nas lutas físicas quanto nas sociais.

(Na verdade, me incomodou mais os índios homens serem magrelos, acho que podiam pegar uns caras mais fortes.)

Falando nisso, parece que tem uma galera revoltada por aí nas internetes, porque “a menina nunca ia ter força para derrotar um oponente muito maior e mais forte”, ou porque “nessa época, 300 anos atrás, nunca uma mulher teria iniciativa para virar caçadora”. Galera, é um filme. E justamente por isso é legal. E digo mais: sempre defendi filmes com mulheres fortes, desde a Ripley do primeiro Alien. Naru, a protagonista aqui, mandou muito bem!

Curti o filme, mas entendo que algumas coisas ficaram forçadas. Vou citar dois exemplos, tomando cuidado pra não entrar em spoilers. Um deles é quando a protagonista Naru é encurralada, com uma lâmina quase no pescoço, e consegue atingir o rosto do oponente. Seus braços não tinham como alcançar aquele golpe, não naquela posição. A gente aceita, mas foi bem forçado. Ou quando Naru resolve baixar a temperatura do corpo para não ser vista pelo Predador. Não entendo de medicina indígena, mas, baixando a temperatura do corpo, ela conseguiria lutar normalmente?

Mesmo assim, achei o resultado bem positivo. Que venham mais filmes com a Naru!

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