Crítica – O Sequestro do Voo 375
Sinopse (imdb): Um tratorista desempregado sequestra o voo 375 da VASP e ordena ao comandante Murilo que derrube o avião no Palácio do Planalto para matar o presidente – que ele considera culpado pela devastadora crise econômica do país.
Heu sempre defendi que a gente precisa ter mais filmes de gênero feitos no Brasil. E a notícia é boa quando a gente vê um filme de gênero nacional sendo lançado no circuito, e é melhor ainda quando o filme é bom.
Antes de entrar no filme, heu queria falar um pouquinho sobre cinema nacional, que é composto, basicamente, de dois tipos de filme: a comédia besta com cara de Globo Filmes, e o filme hermético feito para passar em festivais. E heu não falo mal de nenhum dos dois tipos de filme. Porque a comédia é besta, mas muita gente curte e muita gente vai ao cinema por causa disso, e heu sempre defendi um filme que leva público para o cinema. Por outro lado, o filme hermético leva o cinema nacional para festivais importantes como Cannes e Veneza. Defendo que existam esses tipos de filme. O que não defendo é que quase todos os filmes lançados no circuito sejam desses dois tipos. Heu acho que a gente deveria ter vários estilos de filmes, como ação, terror, suspense, ficção científica, aventura…
Por isso fico feliz quando eu vejo um filme como O Sequestro do Voo 375, que não tem cara de nenhum dos dois tipos citados, e é um filme que pode levar público para o cinema, e vai agradar o “espectador de multiplex”.
A história é muito boa. Em setembro de 1988, o Brasil passava por uma crise econômica muito severa e um cara, desesperado, resolveu sequestrar um avião e levá-lo até Brasília com o objetivo de jogar o avião em cima do Palácio Planalto para matar o presidente Sarney. Nessa época não existia raio X em voos domésticos, por isso o cara conseguiu embarcar com uma arma.
Por uma sorte minha, heu não lembrava de quase nada da história real – quem conhece a história, na verdade, está tomando um spoiler. Se você não se lembra, vai ter uma experiência melhor vendo o filme.
A princípio achei que não tinha história suficiente pra sustentar um longa metragem (o filme tem aproximadamente uma hora e quarenta, não sei exatamente qual é a duração e não achei nem no imdb, nem no filmeb, nem na wikipedia). Achei que o filme podia ficar chato no meio do caminho. Mas não, o diretor Marcus Baldini consegue segurar a tensão do espectador durante o filme inteiro, e a parte final é alucinante.
Heu preciso elogiar a reconstituição de época. O filme se passa em 1988 – ok não faz muito tempo, mas a gente vê várias roupas, penteados e apetrechos que não são mais comuns nos dias de hoje. Além disso, o avião da Vasp é quase um personagem, e a gente tem que lembrar que a Vasp é uma companhia que fechou há décadas. Segundo li em algum lugar, conseguiram um avião da Vasp cedido por um colecionador.
Um parágrafo para falar dos efeitos especiais. Por um lado os efeitos especiais são muito bons, vemos várias cenas aéreas com o avião da Vasp, além de várias cenas aéreas com o avião da Vasp acompanhado de um caça da Força Aérea Brasileira. Todas essas imagens aéreas são bem feitas, não sei se é computação gráfica, não sei se é algum modelo, não sei se pegaram um avião real e pintaram. Não sei qual foi o efeito, mas reconheço que essa parte ficou realmente muito boa. Por outro lado, na parte que o avião vai pousar, a sensação que deu é que acabou o dinheiro dos efeitos especiais e tiveram que contratar um estagiário qualquer. Os efeitos especiais do avião pousando sao um CGI muito vagabundo!
No elenco, nenhum grande nome. Danilo Grangheia está bem como o piloto. Já Jorge Paz às vezes é um pouco exagerado como o sequestrador, mas nada grave (a gente tem que lembrar que era uma pessoa fora do seu normal). Agora, achei estranha uma decisão da produção. No fim do filme, vemos imagens das pessoas reais, e todos os atores são bem diferentes. Não entendi por que não tentaram uma caracterização mais próxima da realidade.
O Sequestro do Voo 375 estreia no circuito dia 7 de dezembro.