O Sobrevivente
Aproveitei o fim de semana para rever o recente clássico oitentista O Sobrevivente, um dos melhores filmes de ação de Arnold Schwarzenegger.
Num futuro totalitário, Ben Richards (Schwarzenegger) é preso injustamente e acaba parando em um programa de tv ao vivo, onde prisioneiros, acompanhados por câmeras, têm que correr por suas vidas, enquanto são perseguidos por “Stalkers”, uma mistura de lutador de telecatch com assassino profissional, contratados pela emissora.
A ideia do filme dirigido por Paul Michael Glaser (que nunca fez outro filme à altura) é muito boa, ainda mais vista hoje em dia. Em 1987 ainda não existiam reality shows, comuns hoje em dia. Ok, ainda não temos mortes ao vivo, mas não duvido que a tv apresente isso em um futuro próximo. Outra coisa que parece bem atual é a manipulação da mídia para aumentar a audiência de programas de tv.
O roteiro de O Sobrevivente, baseado em um livro de Stephen King, é bem bolado e traz algumas frases bem legais e cheias de sarcasmo, como quando Richards corta um Stalker com uma moto-serra e diz “He had to split” (“Ele teve que partir”), ou enforca outro Stalker com arame farpado e diz “What a pain in the neck” (a expressão correspondente em português seria “Que pé no saco”, mas a tradução literal seria “Que dor no pescoço”); ou ainda quando o apresentador Damon Killian diz ao telefone “Give me the Justice Department, Entertainment Division” (“Me chame o Departamento de Justiça, Divisão de Entretenimento”).
Sobre o elenco, O Sobrevivente é daqueles filmes onde tudo é feito para o protagonista. Arnoldão está perfeito, grande, forte e canastrão na dose certa. O resto está lá apenas como coadjuvante: Yaphet Kotto (Alien), Maria Conchita Alonso (Predador 2) e Richard Dawson (veterano de programas de tv).
Os figurinos usados no programa são espalhafatosos, mas funcionam, justamente por se tratar de um programa de tv, combinam até com aquelas dançarinas que ficam fazendo coreografias bregas ao fundo do programa – como acontece nos Faustões da vida (detalhe: as coreografias são da Paula Abdul, muito antes de virar jurada de reality show!). Já não podemos dizer o mesmo sobre a parte tecnológica do filme, que envelheceu muito. Os gráficos exibidos nos computadores são tosquérrimos! E não é só isso, hoje, 24 anos depois da estreia do filme, estamos muito distantes de uma senha de segurança máxima de apenas cinco caracteres, ou de um código de barras que serve como passaporte pra pessoas diferentes.
Felizmente, isso não estraga o filme, que fica datado, mas nunca ruim. O Sobrevivente tem mais méritos do que falhas. Além dos bons diálogos e das boas cenas de ação, com violência na dose certa, outro destaque é a trilha sonora de Harold Faltermeyer, autor dos famosos temas de Um Tira da Pesada e Top Gun.
Hoje em dia O Sobrevivente tem cara de sessão da tarde. Mas ainda é um dos grandes filmes de ação dos anos 80!
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