Sinopse (imdb): Centenas de apostadores com dinheiro em caixa aceitam um convite bizarro para competir em jogos infantis. Por dentro, um prêmio tentador espera com um jogo de sobrevivência de alto risco que tem um prêmio de 40 milhões de dólares em jogo.
(Alguém errou no português ao traduzir a sinopse. Não são “apostadores com dinheiro em caixa” – os jogadores não têm dinheiro!)
Depois dos Oscars de Parasita, agora é a vez da Coréia do Sul tirar onda no streaming. Round 6, ou Squid Game, é um sucesso absoluto. Hoje, é a série de maior audiência da Netflix no mundo inteiro.
(Aliás, curioso, o nome no mundo inteiro é “Squid Game”, ou “Jogo da Lula”, o jogo que abre e encerra a série, e que é meio que o símbolo do jogo inteiro (repararam que está no prendedor de cabelo da boneca?). Vi no imdb, Round 6 é o título alternativo na Coreia do Sul, e apenas dois países usam esse título: Canadá e Brasil. Ok, entendo que, hoje, em 2021, chamar uma série de “Jogo do Lula” talvez abrisse margem pra outras interpretações, mas, se vai ter um título diferente do resto do mundo, por que ser em inglês? Por que não “Rodada Seis”?)
Este formato de “jogo onde o competidor pode morrer” não é exatamente novidade no cinema. A gente pode se lembrar de vários outros filmes que usam um formato parecido, como O Sobrevivente, Battle Royale, Jogos Vorazes, Jogos Mortais, A Caçada… Mas não me lembro de nenhum onde os jogadores são voluntários.
Na minha opinião, Round 6 é um sucesso por dois fatores. Um é a a violência gráfica, claro. Mas o outro é um pouco mais subjetivo: a análise social de até onde uma pessoa vai por dinheiro. Os jogadores têm a chance de sair do jogo, e realmente saem. Mas voltam por vontade própria. Ou seja, eles sabem que podem morrer, mas acham que esse risco vale, se a recompensa financeira for realmente boa. E o mais assustador é a gente constatar que se fosse um jogo real, teria muita gente que aceitaria a mesma coisa.
Além do lado de análise socioeconômica, outro fator importante é que é uma produção muito bem feita. Todos os cenários do ambiente dos jogos são fantásticos, desde o dormitório até as arenas de jogos. E aquela escada colorida que lembra Escher é muito legal.
O elenco é bom, mas preciso confessar que não curto muito o estilo de atuação oriental, tudo é muito intenso, muito gritado. Mas reconheço que são bons atores, principalmente o protagonista Lee Jung-jae e a principal personagem feminina Jung Hoyeon.
Tem uma coisa que me intrigou, mas não sei se posso dizer que é uma falha do filme: quem banca esse jogo? Os jogos precisam de lugares amplos e, alguns deles, de estruturas complexas. Além disso, são muitos funcionários – que, como agem ao largo da lei, precisariam de bons salários. Em determinado momento da série, somos apresentados a algumas pessoas que estariam financiando, mas achei que algo desse porte precisasse de mais. Se tivesse algum meio de transmissão para espectadores espalhados pelo planeta seria mais fácil de comprar essa ideia.
Pena que nem tudo funciona. São 9 episódios, um tem meia hora, os outros têm uma hora cada. E nem sempre tem história pra tudo isso. São vários momentos arrastados.
E preciso dizer que não gostei do final. Tem um plot twist forçado, e tem gancho péssimo pra segunda temporada.
Não vou entrar em mais detalhes aqui por causa de spoilers, mas gravei um Podcrastinadores onde analisamos todos os episódios, deve ir ao ar em duas semanas, fiquem de olho em podcrastinadores.com.br!