Sobrenatural: A Porta Vermelha

Crítica – Sobrenatural: A Porta Vermelha

Sinopse (imdb): Josh Lambert viaja com seu filho Dalton para deixá-lo na faculdade. Mas demônios reprimidos do passado voltam repentinamente para assombrar os dois.

Gosto muito dos dois primeiros Sobrenatural. Mas reconheço que não, não precisava de mais um. Mas, filme de terror tem mercado pra várias continuações. Então, vambora.

Sou fã do James Wan, e vou além: sou fã do estilo do James Wan de se filmar terror. Entre 2010 e 2016 ele dirigiu dois Sobrenatural e dois Invocação do Mal, e a câmera dele é excelente para o que o estilo pede. Os haters não gostam de reconhecer, mas James Wan é o maior nome do cinema contemporâneo nesta subgênero de terror usando jump scares.

O problema é que os filmes fazem sucesso, aí aparecem continuações e spin offs, e outras pessoas menos talentosas assumem a direção. E infelizmente quase todas as continuações e spin offs são bem inferiores.

Sobre este novo filme, nem tudo é de se jogar fora. Vamos primeiro aos pontos positivos. Um deles é que esta é a estreia na direção do ator Patrick Wilson, que revela que tem boa mão pra construir cenas de tensão, tipo naquela cena bem no início do filme onde vemos um personagem no carro, e lááá ao fundo, desfocado, começa a aparecer um vulto misterioso. E o filme ainda tem alguns bons jump scares (confesso que o da porta de vidro me pegou). E a trilha sonora do sempre eficiente Joseph Bishara

(Uma coisa que dá raiva no cinema de terror é quando não sabem fazer jump scares, e toda a cena prepara o espectador para o que vai acontecer. Perde todo o propósito, o objetivo era dar um susto. Se você avisa, não vai dar nenhum susto!)

Uma outra coisa legal é manter o elenco. Rever Patrick Wilson e Rose Byrne já era algo previsível. Mas os dois garotos do filme de 2010, Ty Simpkins e Andrew Astor, também voltam aos mesmos personagens. Vários anos se passaram, era fácil trocar o ator. Mas mantiveram, e Ty Simpkins, que está com 21 anos, virou o protagonista do filme. Também temos participações especiais de Lin Shaye, Leigh Whannell e Angus Sampson, enquanto Barbara Hershey só aparece em fotos. De novidade temos Sinclair Daniel, que faz um alívio cômico que talvez esteja um ponto acima do ideal.

Agora, o roteiro não é bom. Várias coisas não fazem sentido, a começar pela premissa inicial do filme. Logo na cena inicial, vemos que Josh e Dalton passaram por uma terapia de hipnose para esquecer do que aconteceu no filme anterior. Nove anos se passam sem nada acontecer. Aí Dalton vai pra faculdade de artes e uma professora diz pra ele procurar no seu mais íntimo interior, e ele acaba libertando os tais demônios. Até aí, ok. Mas qual é o sentido dos demônios do pai começarem a aparecer só agora, ao mesmo tempo? Josh não fez nada que pudesse servir para despertar os demônios!

Aí a gente começa a ver os furos de roteiro. Tipo, vemos um flashback onde Josh estava possuído no passado, e ele tinha a mesma cara de sempre. Corta pro Dalton possuído nos dias de hoje e ele tem uma maquiagem que lembra os deadites de Evil Dead. Por que os possuídos ficam diferentes? Ou… Entidades estão presas atrás de uma porta, precisa segurar a porta, mas, como é que já estão no quarto do Dalton? A porta não estava fechada naquele momento? Ou ainda: como é que eles são expulsos de uma fraternidade e no dia seguinte voltam lá pra xeretar e tá todo mundo de boa com isso? E por aí vai…

Pena. Agora vou torcer pra ver o Patrick Wilson dirigindo um roteiro melhor.

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