Sinopse (imdb): Art, o Palhaço, está pronto para espalhar o caos sobre os moradores inocentes do Condado de Miles enquanto eles dormem pacificamente na véspera de Natal.
Projeto do diretor e roteirista Damien Leone, Terrifier é uma franquia que não se baseia na qualidade dos filmes, e sim no exagero do gore. Se outros filmes slasher pensam na classificação indicativa e seguram a onda em alguns aspectos, aqui o gore é propositalmente gráfico e explícito. O espectador só tem uma certeza: vai ver muito sangue e gente morrendo das piores maneiras possíveis.
Precisamos tirar o chapéu pra Damien Leone. O cara fez um curta em 2008 com o personagem Art, outro curta em 2011, em 2013 juntou os dois curtas e mais um terceiro em uma antologia (All Hallows’ Eve), até que conseguiu seu primeiro longa em 2016. E este terceiro filme custou apenas 2 milhões e já rendeu mais de 50, ou seja, teremos o quarto filme em breve.
Agora, este Terrifier 3 tem um problema estrutural. Heu explico. O primeiro Terrifier era quase um projeto amador, foi bancado por crowdfunding e pouca gente viu. Mas como rendeu bem mais do que custou, abriu espaço para um segundo filme em 2022, que foi visto por mais gente. Mais um sucesso, e agora temos um terceiro filme, que provavelmente será visto por ainda mais pessoas. Provavelmente vai ter muita gente indo ao cinema sem ter visto nenhum dos outros dois. E não existe um resumo da história pra contextualizar o espectador. Ou seja, vai ter espectador perdido…
Fui um desses espectadores perdidos. Não vi o primeiro filme, só vi o segundo. E fiquei me perguntando – quem é aquela companheira do palhaço Art? Ela estava no primeiro filme…
Enfim, vamos ao filme. Mais uma vez, temos um banho de sangue, desta vez numa produção bem melhor do que os dois filmes anteriores (agora não parece mais um filme amador). O roteiro continua fraco? Sim. Mas a maior parte do público que vai ver Terrifier quer ver o banho de sangue e não vai se importar com o roteiro.
Na minha humilde opinião, o melhor de Terrifier 3 mais uma vez está no palhaço Art, interpretado por David Howard Thornton. Art não fala, ele é um mímico, que faz caras e bocas o filme inteiro. É um personagem genial! E violentíssimo! Tanto que conseguiu algo raro: entrou no “hall da fama de vilões slasher pop”, ao lado de vilões icônicos como Leatherface e Michael Myers (anos 70), Jason Vorhees, Freddy Kruger, Pinhead e Chucky (anos 80), Ghostface e o Pennywise (anos 90) – acho que o último que tinha surgido foi o Jigsaw em 2004, vinte anos atrás.
Alguns amigos acharam este mais violento que o segundo, por causa de uma cena envolvendo ratos. Discordo, pra mim o segundo foi pior, porque tem uma longa cena de tortura, que se estende mais do que o bom senso sugere. Dito isso, o espectador que entrar no cinema querendo ver gore não sairá decepcionado.
Agora, tem um limite que me incomodou: crianças. Me divirto vendo sangue e gore com personagens adultos, mas quando envolve criança, pelo menos pra mim perde a graça. Achei desnecessário.
E preciso comentar sobre o roteiro. Damien Leone conseguiu um grande feito trazendo o seu palhaço Art para o grande público, mas o roteiro mais uma vez não é bom. Terrifier 3 gasta tempo demais com a família no início do filme, e a relação entre Art e sua companheira não é bem desenvolvida – determinado momento do filme parece que ela manda nele. E, pra piorar, o filme é longo demais, tem pouco mais de duas horas, quando uma hora e meia já era mais que o suficiente.
Enfim, isso não deve incomodar o espectador fã do palhaço Art. Porque esse quer ver sangue, e vai sair do cinema satisfeito.
Por fim, só queria deixar registrado que tem uma ponta do Tom Savini. A gente vê que uma franquia tá fazendo sucesso quando tem moral pra chamar um cara desses!