Vidro

Crítica – Vidro

Sinopse (imdb): O segurança David Dunn usa suas habilidades sobrenaturais para rastrear Kevin Wendell Crumb, um homem perturbado que tem vinte e quatro personalidades.

Já falei aqui sobre a carreira do M. Night Shyamalan. Depois de um início sensacional, foi ladeira abaixo até A Visita (seu nono filme) começar uma curva ascendente, que culminou no bom Fragmentado – que terminou com uma cena que o ligava a Corpo Fechado, segundo filme do diretor. Agora é o momento de ver como ficou essa conexão entre os dois filmes aparentemente independentes entre si.

(Todos se perguntam se Shyamalan teve a ideia de fazer uma trilogia lá atrás, quando fez Corpo Fechado. Heu acredito que não, que a ideia só deve ter surgido junto com Fragmentado – quando fez Dama na Água ele tinha moral para um grande orçamento, era melhor ter feito àquela época, quando o Bruce Willis estava mais novo).

O melhor de Vidro (Glass, no original) é como foi feita a união desses dois filmes. Não me lembro de outro caso assim, onde um filme é revisitado quase vinte anos depois, e é ligado a outro filme que não teria nada a ver – com o detalhe de manter o diretor e roteirista, além de todo o elenco (não só temos o trio principal Bruce Willis, Samuel L. Jackson e James McAvoy, como Spencer Treat Clark repete o papel de filho do Bruce Willis e Charlayne Woodard volta como a mãe do Samuel L. Jackson, papeis que eles fizeram em Corpo Fechado). E, vendo Vidro, a gente realmente acredita que os três filmes são uma coisa só. Palmas para o Shyamalan.

Se por um lado a junção dos dois filmes ficou boa, por outro lado Shyamalan perdeu a mão no ritmo do filme. Sim, ele continua sabendo conduzir sua câmera, e a boa trilha sonora ajuda. Mas em alguns momentos Vidro fica chato, com muita enrolação, principalmente na parte do hospital. Talvez pudesse ser um filme mais curto – são duas horas e nove minutos!

Outra coisa que não funcionou é que este era pra ser o filme do Mr. Glass (já que o primeiro foi do David Dunn e o segundo, do Kevin). Ele inclusive ganha o nome do filme. Mas sua participação é discreta, ele passa mais da metade do filme olhando pro nada. (Além disso, fiquei me perguntando por que a personagem da Sarah Paulson o colocou junto com os outros dois, inteligência não é exatamente um super poder).

Sobre o elenco, James McAvoy novamente dá um show. Sim, é a repetição do papel que ele já tinha feito em Fragmentado, mas aqui ele vai além, e conhecemos outras das suas personalidades. E McAvoy realmente convence quando muda de “personagem” – em uma das cenas, a câmera está dando voltas num quarto, enquanto personalidades entram e saem. Impressionante! Por outro lado, Anya Taylor-Joy não acrescenta nada com a volta do seu papel.

Vidro não vai agradar a todos, principalmente quem for ao cinema pra ver um filme de super heróis. Mas os fãs do diretor vão curtir.

p.s.: Vidro funciona muito melhor se você se lembra do que acontece em Corpo Fechado e Fragmentado. Não há explicações, quem não viu ou não se lembra talvez se sinta perdido em algumas situações.

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