Crítica – Whiplash – Em Busca da Perfeição
Imagine o que acontece quando um aluno de música obcecado com a perfeição encontra um professor rígido demais, a ponto de agredir física e psicologicamente os seus alunos?
Andrew, um jovem e talentoso baterista, estudante de uma prestigiada universidade de música, entra na banda do professor Fletcher, o mais conceituado da escola, mas que costuma abusar psicologicamente dos seus alunos, sempre forçando os limites de cada um.
Antes de tudo, um comentário vindo de um músico semi-profissional (toco em bandas há quase trinta anos): sou contra os métodos do professor Fletcher, assim como sou contra a obsessão de Andrew. Mas admito que, no filme, a exploração desta relação de amor e ódio funcionou muito bem.
O filme é dos dois, de Andrew versus Fletcher – aliás, o filme é dos atores Miles Teller e J.K. Simmons. Ambos estão impressionantes!
Miles Teller não é um rosto muito conhecido, mas passa a impressão de “já vi esse cara em algum lugar”. Bem, ele estava em Divergente, Projeto X e na nova versão de Footloose, e agora está escalado para o papel de Sr Fantástico no polêmico reboot do Quarteto Fantástico. Já J.K. Simmons é um eterno coadjuvante (quem não se lembra do seu JJ Jameson em Homem Aranha?). Com certeza o star power de ambos vai aumentar depois de Whiplash.
Ainda Teller: o ator toca bateria desde os 15 anos de idade. Para o filme fez 4 horas de aula, 3 vezes por semana. Boa parte do que vemos nas telas era o próprio ator tocando!
Whiplash foi escrito e dirigido pelo pouco conhecido Damien Chazelle. Sem fundos para realizar seu filme, Chazelle fez um curta homônimo (também estrelado por Simmons) e o inscreveu no festival Sundance. O curta acabou ganhando a competição, e assim Chazelle conseguiu seu financiamento.
Não vi o curta, mas pelo longa podemos atestar o talento de Chazelle, que consegue um excelente ritmo no seu duelo entre personalidades fortes, além de usar ótimos ângulos ao filmar os instrumentos da big band em closes.
Ah, tem a música, né? Não sou muito fã de jazz, mas curto big bands, assim como curto compassos compostos (a música Whiplash é em 7/8 – em vez de contar 1, 2, 3, 4, conta-se 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7). E, vamos combinar: é sempre legal ver boa música sendo bem tocada, independente do estilo. E Whiplash está repleto de música boa!
Diz a lenda que todas as sessões de Whiplash no Festival do Rio de 2014 terminaram com a plateia batendo palmas. Bem, o final do filme realmente pede palmas, isso deve acontecer em várias sessões por aí.
p.s.: Determinado momento rola uma alfinetada, onde o filme diz “quem não é bom músico vai tocar rock”. Bem, os 3 melhores bateristas que conheço – Ian Paice, Carl Palmer e Neil Peart – são de bandas de rock…