Entre Montanhas

Crítica – Entre Montanhas

Sinopse (imdb): Dois agentes altamente treinados se aproximam à distância após serem enviados para proteger lados opostos de um desfiladeiro misterioso. Quando um mal emerge, eles precisam trabalhar juntos para sobreviver ao que está lá dentro.

Aconteceu algo curioso. Entre Montanhas (The Gorge, no original) é um filme de streaming, da Apple TV. Comecei a ver, bateu sono, aí parei na metade, e terminei no dia seguinte. E Entre Montanhas é daquele tipo de filme que muda de rumo no meio, e achei a segunda metade bem inferior à primeira…

(Aliás, por que diabos chamar de “Entre Montanhas” um filme que no original se chama “O Desfiladeiro”? O nome original tem muito mais a ver!)

Vamulá. Dois atiradores de elite, de nacionalidades diferentes, que não se conhecem, são escalados para passar um ano, isolados do mundo, cada um em uma torre, de lados opostos de um desfiladeiro. Algo misterioso está lá embaixo, e eles só precisam vigiar. Teoricamente eles não poderiam entrar em contato um com o outro, mas começam a se comunicar através de cartazes, um escreve e o outro vê através de binóculos. Aliás, tem um momento onde o Miles Teller toca bateria (como em Whiplash) e a Anya Taylor-Joy joga xadrez (como em O Gambito da Rainha), e coincidentemente isso já estava no roteiro antes do elenco ser escolhido.

Essa parte da comunicação à distância é a melhor parte do filme. Tem um momento onde o ritmo é quebrado e vemos algo tentando sair do desfiladeiro. A sequência é boa, mas heu acho que podia mostrar menos sobre o que estava lá embaixo – sempre defendo que o quanto menos a gente sabe, maior é o medo que a gente sente. Mas pelo menos a sequência é empolgante e bem filmada.

Até aí, heu estava gostando do filme. Mas na segunda metade, algo acontece e os dois vão parar dentro do desfiladeiro. E aí o filme entra numa onda de clichês (como quando encontram um filme em super 8 que vai explicar tudo) e forçadas de barra no roteiro (como os dois conseguirem fazer tudo e sobreviver num ambiente onde milhares de soldados tentaram e todos morreram). Não que o filme fique ruim, mas é que cai no “mais do mesmo”.

A direção é de Scott Derrickson, que tem um histórico no cinema de terror: O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade, Livrai-nos do Mal, O Telefone Preto (além de um Marvel, Doutor Estranho). Por ser alguém do meio, achei que a segunda metade do filme podia ser mais “terror”. Pena, virou um sub Resident Evil, naquela linha entre ação, terror e ficção científica.

No elenco, quase o filme todo é em cima de Miles Teller e Anya Taylor-Joy, que estão bem, e convencem, tanto como atiradores, quanto como o improvável casal. Sigourney Weaver faz uma ponta de luxo, caricata, mas pouco aparece. E acho que o único outro personagem relevante é interpretado por Sope Dirisu, de Gangs of London.

A segunda metade tem uma falha grave de roteiro. Mas como é no fim do filme, vou colocar um aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A gente descobre que lá embaixo existe uma contaminação. Mas tem um rio correndo. Ué, a água que sai do desfiladeiro e vai “para o mundo” não está contaminada?

FIM DOS SPOILERS!

No fim, Entre Montanhas é um filme apenas ok. Não vai deixar o espectador com raiva, mas também não vai mudar a vida de ninguém. Só fico triste com a queda de qualidade no meio do filme. Seria melhor se não tivesse caído no clichê.

Último Alvo

Crítica – Último Alvo

Sinopse (imdb): Um gângster idoso tenta se reaproximar de seus filhos e corrigir os erros de seu passado, mas o submundo do crime não está disposto a abrir mão de sua influência.

Já comentei aqui outras vezes sobre a atual fase da carreira do Liam Neeson. Grande ator, teve papéis importantes em grandes filmes, como A Lista de Schindler, Star Wars ep 1 e Batman Begins, mas que depois de Busca Implacável (que é um bom filme) entrou uma onda de fazer filmes genéricos de ação onde ele é o “coroa badass”. Nada contra, o cara achou um nicho, é um trabalho honesto. Mas quase todos os filmes desta fase são ruins.

(Lembro sempre do Adam Sandler, que descobriu uma fórmula ótima: tira férias com amigos, inventa um fiapo de história, filma, e vende como o seu novo filme. São filmes péssimos, mas têm seu público. Aí de vez em quando ele se junta com um bom diretor, faz um bom filme, as pessoas comentam “e não é que ele é bom ator?”, mas logo volta pros filmes “fast food”. Tem como reclamar? Claro que não. Queria ganhar dinheiro assim!)

Bem, depois desta longa introdução, vamos ao seu novo filme, Último Alvo (Absolution, no original), que é um filme um pouco melhor do que os últimos, mas é um filme que está sendo muito mal vendido. Porque o trailer dá a impressão de que veremos mais um filme de ação, enquanto na verdade Último Alvo é um drama!

Repito: Último Alvo é um drama! Informação importante, não vá ao cinema procurando um filme de ação!

(O título nacional também é ruim. “Último Alvo” sugere um filme de vingança. O título original é “Absolution”, ou “Absolvição”, tem muito mais a ver com o que vemos em tela.)

Aviso dado! Último Alvo é um drama sobre um capanga de um chefão criminoso, já com uma certa idade, mas mesmo assim ainda em forma, que começa a sentir problemas de falta de memória, provavelmente porque pratica boxe e com isso sempre levou muitas pancadas na cabeça. Quando descobre que não tem mais muito tempo de vida, ele resolve corrigir alguns erros do seu passado.

“Ué, se é um drama, de onde tiraram as cenas que estão no trailer?” Último Alvo tem apenas duas cenas de ação. E a primeira só acontece com aproximadamente uma hora de projeção. Aliás, essa primeira cena de ação deve estar toda no trailer, picotaram em vários trechinhos e espalharam pelo trailer. O foco é o personagem, mais velho, tendo que encarar sua triste realidade. E, olha, podemos dizer que Liam Neeson continua mandando bem – neste aspecto o filme até funciona bem.

Mas, mesmo com um bom protagonista, o filme é fraco. A trama se arrasta. E o roteiro tem algumas decisões meio estranhas, me parece que o filme passou por cortes. Vou citar dois exemplos: na primeira cena que vemos a filha do protagonista, vemos que ela tem uma filha pequena e um filho um pouco mais velho. E ao longo do resto do filme a menina é ignorada, só vemos o filho! Outro exemplo é um personagem que aparece pela primeira vez no fim do filme em um momento importante, e é um personagem que não tinha sido apresentado antes. Será que não era melhor uma cena curta no início do filme só pro espectador saber quem é aquele cara?

A direção é de Hans Petter Moland, norueguês que já tinha trabalhado com Neeson em Vingança a Sangue Frio, filme de 2019 que está na leva de “filmes ruins de coroa badass”, mas que é um pouco menos ruim que a maioria dos outros. Aliás, achei curioso ver vários nomes nórdicos nos créditos (sim, heu fico lendo créditos). Último Alvo foi filmado nos EUA mas finalizado na Noruega.

Último Alvo estreia semana que vem, e recomendo, mais uma vez: não é pra quem quer ver filme de ação!

Conclave

Crítica – Conclave

Sinopse (imdb): O Cardeal Lawrence é encarregado de liderar um dos eventos mais secretos e antigos do mundo, a seleção de um novo Papa, onde ele se encontra no centro de uma conspiração que pode abalar os próprios alicerces da Igreja.

Dirigido por Edward Berger, mesmo diretor do também bom Nada de Novo no Front (que ganhou 4 Oscars em 2023, incluindo melhor filme internacional), Conclave traz uma boa história, numa trama fluida, grandes atuações e todos os personagens são bem construídos. Isso tudo com uma fotografia belíssima.

O conclave é quando morre o Papa, então cardeais se isolam do mundo para escolherem o novo Papa. Segundo a “mitologia” da igreja católica, todos rezam e são “tocados por Deus”, então escolhem o novo líder. Mas claro que deve rolar muita politicagem por debaixo dos panos.

Um dos vários méritos de Conclave está nos personagens. Ao longo da projeção vemos pelo menos seis candidatos que teriam reais chances, e o roteiro consegue equilibrar perfeitamente essa dúvida. Claro que tem um que é retratado como um “vilão”, um cara retrógrado e racista, que quer que a Igreja católica volte ao que era décadas atrás, inclusive quer um Papa italiano. Mas o filme não é maniqueísta, mostra várias facetas de vários personagens. E a parte final ainda traz um plot twist que vai pegar quase todos os espectadores de surpresa (mais tarde comento sobre o final).

Aproveito pra falar do elenco. Ralph Fiennes está ótimo, ele precisa organizar o conclave, está no meio de um turbilhão porque a Igreja está dividida e ele sente que precisa unir as diferentes correntes, ele não quer ser Papa mas muitos discordam… Sua indicação ao Oscar de Melhor Ator não é um exagero. Stanley Tucci e John Lithgow também estão bem – heu tive um problema com Lithgow, mas reconheço que o problema meu e não do filme: gosto muito do seriado 3rd Rock From the Sun, e de vez em quando ele falava e heu me lembrava do Dick Solomon. Outros nomes menos conhecidos também se destacam, como Sergio Castellitto (Tedesco) e Carlos Diehz (Benitez). Por fim, Isabella Rossellini tem um papel bem pequeno, mas protagoniza um dos melhores momentos do filme.

Um parágrafo à parte pra falar da trilha sonora de Volker Bertelmann. Tirado da wikipedia: “Em busca de um instrumento acústico que “soasse como um sintetizador ou algo eletrônico”, Bertelmann escolheu o Cristal Baschet , um cristalofone tocado com as mãos molhadas, como o som predominante para a trilha sonora do filme. O instrumento era tematicamente adequado para a trilha sonora do filme, pois produz uma sensação de um “espaço sobrenatural” e sua execução artesanal o ajudou a produzir sons “estranhos e divinos”.

Nem todo o filme é perfeito. Determinada cena acontece uma explosão, e essa explosão não agrega nada à história que o filme está contando. Não que seja uma cena ruim, mas é bem desnecessária, se tirar essa cena o filme não perde nada.

Vou comentar o final, mas não vou entrar em detalhes por causa de spoilers. O final traz um plot twist que talvez possa ofender algum católico. Mas… Meus pais são muito católicos, vão à missa mais de uma vez por semana, participam ativamente da sua paróquia. Vi o filme, recomendei a eles, com medo de não gostarem do fim. Mas, para a minha surpresa, não falaram nada negativo sobre este plot twist. Ou seja, se as pessoas mais católicas que heu conheço não se ofenderam, acho que Conclave pode ser curtido por qualquer um.

Conclave está concorrendo a oito Oscars: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Ralph Fiennes), melhor Atriz Coadjuvante (Isabella Rossellini), Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e Melhor Design de Produção. Claro que estou torcendo pra Ainda Estou Aqui – mas sei que dificilmente vai ganhar; e claro que prefiro A Substância – mas sei que dificilmente um filme de terror com gore ganha. Dentre os “filmes com cara de Oscar”, achei Conclave o melhor até agora (vi 9 dos 10 principais).

Bridget Jones: Louca pelo Garoto

Crítica – Bridget Jones: Louca pelo Garoto

Sinopse (imdb): Bridget Jones agora viúva e solteira, vive com a ajuda de sua família, amigos e o ex-amante, Daniel. De volta ao trabalho e aos aplicativos, ela é perseguida por um homem mais jovem e talvez – pelo professor de ciências de seu filho.

Antes de tudo, preciso falar que não sou o público alvo ideal de Bridget Jones. Não me lembro de nada do primeiro filme, não sei se vi o segundo, nem sabia que existia um terceiro filme (como este terceiro é de 2016, provavelmente não vi, heu já escrevia críticas nessa época). Também sei que existe um livro que serviu de base, e não li. Meus comentários serão com isso em mente.

Vamulá. Bridget Jones: Louca pelo Garoto (Bridget Jones: Mad About the Boy, no original) é mais uma comédia romântica bobinha e previsível. Algumas cenas boas aqui e ali, alguns momentos constrangedores de vergonha alheia e um final tão óbvio que qualquer um que viu o trailer vai saber exatamente o que vai acontecer.

Achei algumas cenas péssimas! Tem uma cena que é o “dia da profissão”, onde os pais vão à escola falar sobre o seu trabalho. Bridget Jones é produtora de um programa de TV, no primeiro dia de trabalho ela estava organizando uma edição com a Fergie de convidada. Mas na hora de falar com as crianças na turma ela resolveu inventar uma entrevista com o professor pra discutir temas nada a ver.

Aliás, falando do professor, é um personagem muito mal construído. O cara é professor, mas também é inspetor, porque fica na rua organizando a entrada dos alunos. E está em TODOS os lugares da escola. E ainda por cima é músico! Acho que se o roteiro pedisse, ele também seria capaz de fazer uma cirurgia…

Felizmente nem tudo é ruim. Confesso que gostei de algumas cenas, como aquela onde o garotão salva o cachorro na piscina – apesar de ter um grande furo no roteiro, afinal ele não teria como saber quem é o dono do cachorro. Também achei bonita a cena onde a família manda mensagens para o falecido pai, através de balões coloridos.

No elenco, Renée Zellweger às vezes soa caricata, mas acho que o papel pede isso (como falei, não lembro dos outros filmes); Colin Firth, que era o principal papel masculino nos outros filmes, aqui faz aparições pontuais. Chiwetel Ejiofor faz o super professor, personagem ruim, mas ele não está exatamente mal; Leo Woodall faz o garotão novinho, papel sem muita profundidade. Hugh Grant, irônico e sarcástico, está ótimo – fiquei me questionando se ele sempre foi bom assim ou se agora que está mais velho melhorou (elogiei ele em Herege, Wonka, Magnatas do Crime…). Também tem uma divertida ponta da Emma Thompson.

Enfim, achei o filme meio besta. Mas talvez o problema seja heu, e não o filme. Duas fileiras atrás de mim no cinema, um cara dava gargalhadas altas a cada 30 segundos! Queria estar me divertindo como ele…

Capitão América: Admirável Mundo Novo

Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

Sinopse (imdb): Sam Wilson, o novo Capitão América, se vê no meio de um incidente internacional e deve descobrir o motivo por trás de um plano global nefasto.

Antes de tudo, um aviso pra quem ainda não me conhece: não leio quadrinhos de super heróis. Nada contra, mas sempre preferi outros estilos de HQs. Então, meus comentários serão apenas sobre a Marvel no cinema!

Já falei aqui em outras ocasiões: o que a Marvel fez ao longo dos 12 anos entre o primeiro Homem de Ferro (2008) e o Vingadores Ultimato (2019) será estudado como um dos cases mais bem sucedidos da história do cinema. O “evento Vingadores”, juntando dezenas de filmes e dezenas de heróis, foi um feito que dificilmente será superado.

O mais sensato seria parar depois. Ficar uns anos sem lançar nada. A Marvel alcançou um patamar muito alto, seria difícil se manter no mesmo nível. Mas, quem quer parar quando está no topo? Ou seja, se até Ultimato a Marvel era sinônimo de entretenimento de qualidade, de lá pra cá nota-se uma irregularidade nos lançamentos. Por causa disso, muita gente se cansou da “fórmula Marvel”.

Os haters dizem que “Marvel já era”; os fãs torcem para um novo filme que trará tudo de volta aos trilhos. Por enquanto, ficamos com lançamentos meia bomba, como este quarto Capitão América, Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, no original), o primeiro de três filmes que a Marvel lançará este ano.

(Chute meu, não li isso em lugar nenhum: pelo que me parece, este Capitão América seria só pra “cumprir tabela”; Thunderbolts* é uma grande incógnita, pode ser tão ruim quanto o primeiro Esquadrão Suicida, ou tão bom quanto o segundo Esquadrão Suicida, mas será um filme “avulso”; e finalmente Quarteto Fantástico tem cara de que será o filme que ditará o novo rumo da Marvel nos cinemas. Mas, repito: isso é um chute meu.)

Capitão América: Admirável Mundo Novo começa com um problema que não acontecia no início do MCU, mas que agora é meio inevitável: é um filme que precisa de “manual de instruções”. O espectador “leigo” vai ficar perdido, porque Capitão América 4 é continuação não só da série Falcão e o Soldado Invernal como também continuação do filme do Hulk de 2008 – sim, aquele do Edward Norton filmado parcialmente no Rio e que quase ninguém se lembra. E ainda tem referência a Eternos.

Capitão América 4 traz Sam Wilson, o novo Capitão América (depois da aposentadoria do Steve Rogers) envolvido em uma trama política internacional, agora que Thaddeus Ross virou presidente dos EUA e quer fazer um tratado entre vários países para dividirem as riquezas encontradas nos Celestiais. Só que um vilão misterioso está manipulando pessoas pra este plano dar errado.

A direção é de Julius Onah, que heu nunca tinha ouvido falar. Mas em termos de Marvel, não acho que isso é algo essencial, afinal alguns dos melhores filmes da Marvel foram dirigidos pelos irmãos Russo, que eram completos desconhecidos antes. E diretores consagrados tiveram resultados irregulares, como Kenneth Branagh (Thor) e Chloé Zhao (Eternos). Mas, Onah não fez nada que saltasse aos olhos. Seu Capitão América é bem inferior aos outros (mas, reconheço que é uma comparação difícil, o segundo filme, Soldado Invernal, é considerado um dos melhores filmes de todo o MCU, enquanto o terceiro é o Guerra Civil.)

Uma coisa que gostei foi que a minha dúvida sobre o Sam Wilson ser o novo Capitão América mesmo sem ser super é abordada no filme. Nada contra o Sam Wilson enquanto era o Falcão, mas, como uma pessoa “normal” fica no lugar de uma pessoa que tinha superpoderes? O filme fala sobre isso, e achei a explicação satisfatória.

Agora, Capitão América 4 tem um problema grande, e que nem é culpa do filme em si. Durante todo o filme o personagem do Harrison Ford está desenvolvendo um problema, que poderia ser um grande plot twist: ele vai virar um Hulk. Mas, parece que o estúdio não dá bola pra plot twist, esse Hulk está em TODA a divulgação!

(Um comentário de alguém que não lê os quadrinhos: não tenho ideia de qual é a diferença entre um Hulk vermelho e um Hulk verde – ou quaisquer outras cores de Hulks. Ouvi vários comentários sobre ele ser um “Hulk vermelho”, talvez a cor tenha algum significado. Mas não é mencionado no filme.)

O roteiro tem alguns furos aqui e ali. Nada grave, são “roteirices”, facilitações de roteiro. Mas não dá pra levar muito a sério. Só pra dar um exemplo: em determinado momento um personagem fala “para o meu plano funcionar, eu preciso ser preso” e então chegam os guardas e o levam. Oi? O plano ia funcionar com ele preso ou não! Pra que aquela cena?

Sobre o elenco: Anthony Mackie está bem, ele tem carisma pra liderar o filme, e a única questão que heu tinha com o personagem foi explorada durante o filme. Harrison Ford também está bem, ele ganhou o papel que foi de William Hurt (que faleceu em 2022). Só achei curioso ver Ford como presidente dos EUA mais uma vez, não tem como não lembrar dele em Força Aérea Um, de 1997. Já Giancarlo Esposito está bem, mas achei o personagem dele mal aproveitado. E não quero falar mais sobre o elenco porque pode ser um spoiler indireto.

Capitão América: Admirável Mundo Novo tem uma cena pós créditos, lá no finzinho de tudo, um gancho pra possíveis continuações. Cena bem besta, mas é o estilo da Marvel.

Por fim, preciso falar que sempre que leio o nome do filme, uma música começa a tocar na minha cabeça: Bravo Mundo Novo, do segundo disco da Plebe Rude. O nome do filme em português é “Admirável Mundo Novo”, mas o original é “Brave New World”. Principalmente porque fui a um show da Plebe Rude semana passada, no Circo Voador (showzaço, aliás). Taí, faltou incluir Plebe Rude na trilha sonora!

Sing Sing

Crítica – ing Sing

Sinopse (imdb): Divine G, preso em Sing Sing por um crime que não cometeu, encontra um propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados nesta história de resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.

Tenho o hábito de me informar pouco sobre os filmes antes de assisti-los. Prefiro entrar numa sala de cinema sabendo muito pouco ou quase nada sobre o filme. Quase sempre é uma experiência melhor, porque muitas vezes sou surpreendido. Mas preciso reconhecer que em alguns casos seria melhor saber um pouco mais sobre o contexto. Este é o caso de Sing Sing.

(Mas fiquem tranquilos que não vou dar nenhum spoiler!)

Sing Sing (idem, no original) mostra um grupo de teatro formado dentro de um presídio, um programa criado pra ligar presidiários à arte. Quase todo o filme se passa dentro do presídio, mas, diferente de outros filmes que abordam o mesmo tema, Sing Sing não foca nos crimes que levaram cada um à prisão, nem em rixas internas, nem em tentativas de fuga, ou coisas parecidas. O foco aqui é só a montagem da peça de teatro.

Fiquei acompanhando aquela história, tentando entender pra onde o filme ia me levar. Confesso que em certo ponto até achei meio chato. Mas, quando acaba, li nos créditos que não só o filme conta uma história real, como quase todos os atores interpretam eles mesmos – boa parte do elenco é de prisioneiros (ou ex prisioneiros, não vi se foi filmado enquanto eles ainda estavam presos), e todos participaram deste mesmo programa de grupo de teatro. Acreditem, isso me deixou com vontade de voltar e rever, agora com novos olhos. Aqueles personagens passaram a ter um novo sentido pra mim.

Sing Sing segue o grupo de atores enquanto montam uma peça bem diferente do óbvio – resolveram fazer um brainstorm e o organizador do grupo escreveu uma peça usando todas as ideias surgidas, que vão de Shakespeare até Freddy Krueger, passando por viagens no tempo. A gente sabe pouco sobre a vida de cada um fora da cadeia, o grande lance do filme é mostrar como eles encaram o grupo teatral. Inclusive, no fim do filme vemos algumas imagens caseiras de peças reais encenadas por grupos semelhantes.

Sing Sing está concorrendo a três Oscars. Uma das indicações, para melhor ator, é merecidíssima: Colman Domingo (um dos poucos “atores” do elenco) está excelente. Tem até uma cena que serve como “clipe de Oscar”. Mas ele não é o único que está bem. Clarence Maclin (que também é um dos roteiristas) também está muito bem, inicialmente achei que seria um personagem com redenção forçada, mas consegui “comprar” a trajetória do personagem. Alguns secundários também estão bem, como Sean San Jose e Sean Dino Johnson. Ah, o presidiário que pede um autógrafo para o protagonista é o autor do livro que deu origem à história.

(Nada a ver com o filme, mas adoro a voz grave do Colman Domingo!)

Além da indicação a melhor ator, Sing Sing está concorrendo a Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção. Achei estranha esta última indicação, porque quando saí da sala de cinema fiquei tentando me lembrar se tinha alguma canção no filme. É, parece que este ano estamos fracos de concorrentes a melhor canção.

Sing Sing estreia quinta agora no circuito.

 

De Volta À Ação

Crítica – De Volta À Ação

Sinopse (imdb): Quinze anos depois de abandonar a CIA para formar uma família, os ex-agentes de elite Matt e Emily voltam ao mundo da espionagem ao terem seus disfarces descobertos.

Dirigido por Seth Gordon, De Volta À Ação (Back in Action, no original) é mais um filme genérico de ação da Netflix. A fórmula parece ser: junte dois ou três grandes nomes de Hollywood, faça uma trama clichê e bem humorada, com muita correria, perseguições, tiroteios e explosões, coloque algumas cenas numa locação bonita, e torça pro carisma das suas estrelas garantir a audiência. Efeitos especiais são limitados, afinal o orçamento está direcionado pra pagar os cachês das estrelas.

Seguindo esta fórmula, tivemos Alerta Vermelho (com Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reynolds), O Agente Oculto (com Ryan Gosling, Ana de Armas e Chris Evans), Ghosted: Sem Resposta (com Ana de Armas e Chris Evans), dentre outros. São filmes ruins? Não. Mas são filmes que a gente se esquece pouco depois de ver…

E o mesmo aconteceu aqui em De Volta À Ação. Mas pelo menos posso dizer que me diverti com o casal principal.

Uma dupla de agentes da CIA trabalham juntos e têm um caso. Quando ela descobre que está grávida, eles resolvem sumir e tentar viver numa vida “normal”. Quinze anos depois, eles são descobertos e começam a ser perseguidos, tanto pela CIA e pelo MI6, como por criminosos internacionais.

Pelo menos pra mim, o que salva De Volta À Ação é o carisma da sua dupla de protagonistas. Jamie Foxx está bem, como sempre, e ele tem uma química muito boa com Cameron Diaz (que estava aposentada e heu nem sabia disso, seu último filme tinha sido Annie, de 2014, também com Jamie Foxx). Jamie e Cameron estão em forma, e funcionam bem juntos tanto nas partes cômicas quanto nas cenas de luta (provavelmente usaram dublês, mas isso faz parte das regras). O filme também tem algumas boas piadas usando diferenças entre gerações.

Agora, não dá pra pensar muito sobre o filme. O plot principal já é furado: alguém filmou o casal em ação, e isso despertou várias agências internacionais de espiões. Gente, nos dias de hoje, com reconhecimento facial em todos os lugares, eles já teriam sido descobertos há tempos!

E aí abre a porteira pras forçadas de barra no roteiro. Por exemplo: se passaram 15 anos, será aquele objeto escondido continua tão relevante? Será que em 15 anos ninguém pensou numa nova tecnologia que seria ainda melhor do que aquele aparelho? Vou além: um “controle remoto” de 15 anos atrás ainda funciona em equipamentos feitos com tecnologia mais avançada?

(Isso porque nem vou comentar sobre a idade da filha. Se eles ficaram escondidos 15 anos, a filha mais velha teria 14, mas parece ter 17 ou 18. Mas, Hollywood é cheia de casos assim, então esse vou deixar pra lá.)

Comentei sobre os efeitos especiais, né? Tem uma fuga na cena inicial que envolve montanhas e paraquedas. A cena é ok. Mas aí a gente lembra do Tom Cruise no último Missão Impossível e vê a diferença…

Enfim, De Volta À Ação vale pra distração efêmera. Porque você vai rir e se divertir, mas mês que vem você nem vai se lembrar do filme.

O Homem do Saco

Crítica – O Homem do Saco

Sinopse (imdb): Quando uma ameaça sinistra de sua infância volta a assombrá-lo, um pai luta desesperadamente contra seu medo mais profundo. Só que, desta vez, a luta não é por ele mesmo; é por sua família.

Falei aqui outro dia sobre Blindado, filme ruim muito ruim. O Homem do Saco está longe de ser bom, mas é bem menos ruim que Blindado. Vamulá.

Dirigido pelo pouco conhecido Colm McCarthy, O Homem do Saco (Bagman, no original) é mais um terror genérico vagabundo, igual a dezenas de outros lançados a cada ano. Previsível e clichê, mas tem o seu público.

A ideia aqui é explorar a lenda urbana do homem do saco, aquele que leva crianças mal comportadas. O protagonista, adulto, teve um trauma na infância ligado à lenda, e agora, por motivos financeiros, precisa voltar a morar perto de onde morava quando criança, e coisas estranhas começam a acontecer.

O filme podia ter explorado melhor a dúvida que o protagonista vive: aquilo é real, ou é um trauma de infância? Mas infelizmente tudo aqui é muito raso. Inclusive tem algumas coisas que não fazem muito sentido, como uma psicóloga falando pra outra pessoa sobre os problemas de um paciente – na verdade, é um motivo pra ter diálogos expositivos, pra explicar tudo mastigadinho para o espectador preguiçoso.

Heu sei que quase todos os filmes de terror são baseados em cima de decisões burras de personagens. E na maior parte dos casos aceito isso. Mas algumas decisões são tão burras que dão raiva. Em O Homem do Saco, determinado momento do filme acontece um evento traumático que afeta toda a família, inclusive a irmã da protagonista. Na noite seguinte, a irmã vai dormir na mesma cama que o casal, tão grave foi o trauma. Mas… A criança continua dormindo no quarto ao lado! Caramba, se chegaram ao ponto de colocar três adultos numa cama, por que diabos isolar a criança???

Se tem uma coisa positiva em O Homem do Saco, gostei do visual da entidade, o tal Homem do Saco – principalmente antes de tirar o capuz e mostrar toda a cabeça (quando tira o capuz, criaram um visual mais grotesco do que assustador, prefiro com capuz). Também gostei da movimentação da criatura pelas paredes, pena que o filme mostrou pouco disso. Por outro lado, achei que o filme deu um mole grande quando não explorou mais a caverna onde a criatura mora. Aquilo podia ter dado um “up” na reta final do filme. Ah, a trilha sonora também é boa.

No elenco, deu pena do Sam Claflin, que tem um currículo razoável, fez Jogos Vorazes, Como Eu Era Antes de Você, Enola Holmes, protagonizou a série Daisy Jones and the Six… Por que ele está fazendo terror vagabundo?

Claro que O Homem do Saco tem um final que deixa espaço pra uma continuação. E claro que a gente torce pra essa continuação nunca acontecer.

Blindado

Crítica – Blindado

Sinopse (imdb): Um pai e um filho que trabalham como guardas de segurança de uma empresa de caminhões blindados encontram uma equipe de possíveis ladrões em uma ponte. Eles ficam presos e precisam bolar um plano para escapar e garantir sua sobrevivência.

Heu costumo ser positivo, e sempre procuro pontos positivos nos filmes que assisto. Mas de vez em quando aparece um filme onde essa tarefa é árdua…

Blindado (Armor, no original) foi dirigido por Justin Routt, mas o nome que a gente deve prestar atenção nos bastidores é o do produtor Randall Emmett, que tem uma fórmula meio picareta: oferece um bom cachê pra um nome grande de Hollywood, que vai até o set e trabalha por poucos dias, apenas em algumas cenas, e o filme é lançado com o nome da estrela no cartaz. Um filme vagabundo, aparentemente todo o orçamento é pra bancar esse cachê caro. Seu método ficou famoso com a série de filmes feitos com o Bruce Willis, cheguei a comentar um deles aqui no heuvi, Out of Death. Naquele caso, pelo menos tinha uma justificativa: Willis estava doente e estava fazendo alguns filmes baratos pra fazer um pé de meia. Mas depois descobri que Emmett já fez isso com outros nomes importantes.

Pelo que li no imdb, Sylvester Stallone teria recebido 3 milhões e meio de dólares por um dia de filmagem. Caramba, quem recusaria um cachê desses? Stallone foi, filmou suas cenas, e a equipe continuou fazendo o filme. Se é que podemos chamar isso de filme…

Blindado não tem uma história para ser um longa. Me parece que caberia em um seriado de 40 minutos, e que resolveram esticar pra fazer um longa metragem – o filme tem uma hora e vinte e nove minutos no total, e é arrastaaado. Chega ao ponto de termos cenas repetidas – vemos o mesmo take do braço do Jason Patrick em três momentos do filme.

Porque aí está o pior problema de Blindado, na minha humilde opinião: o roteiro, que tem erros básicos. Um exemplo é um longo flashback colocado no meio da construção do clímax do filme. O espectador pensando “como eles vão conseguir sair dessa?”, e pára tudo porque agora vamos ver um flashback detalhado sobre um acidente que impactou pai e filho.

Mas não é só isso. São diversos furos de roteiro, como um carro forte carregando valores não ser acompanhado remotamente por um gps. Ou um cara que diz que está há seis anos sóbrio, mas carrega sempre uma garrafinha de vodca e NINGUÉM sente o cheiro da vodca!

A maior parte do filme se passa numa ponte, onde derrubam o carro forte, e tem bandidos atirando tanto pela frente quanto por trás. Já vejo um problema aí, porque certamente alguém erraria o carro forte e o tiro iria atingir o coleguinha do outro lado. Mas até aí, ok, vamos acreditar que todos são exímios atiradores. Mas então por que quando o cara sai de dentro do carro forte e joga um coquetel molotov em um dos bandidos, ninguém atira nele??? E ainda esperam ele voltar e fechar a portinha!!!

E, não posso deixar de citar: POR QUE DIABOS NÃO ARREBENTARAM A PORCARIA DA PORTA TRASEIRA DO CAMINHÃO???

A edição é tão tosca quanto o roteiro: o filme abre com o time do Stallone se preparando para o ataque, mas este ataque só acontece no dia seguinte. Pra que abrir o filme com aquelas imagens? (Claro, é pra aproveitar melhor a estrela contratada e esticar o filme um pouco mais.)

Heu podia ficar aqui mais um tempão falando mal de Blindado, mas acho que chega, né? Não vou nem entrar nos efeitos especiais vagabundos, isso me incomoda menos do que os vários problemas mencionados.

Só posso dizer que tenho pena de quem for ao cinema ver esse lixo. Que provavelmente voltará aqui no fim do ano na minha lista de piores filmes de 2025.

Flow

Crítica – Flow

Sinopse (imdb): Gato é um animal solitário, mas quando seu lar é destruído por uma grande inundação, ele encontra refúgio em um barco habitado por diversas espécies, tendo que se juntar a eles apesar das diferenças.

E vamos para uma das mais badaladas animações de 2024!

Escrito e dirigido por Gints Zilbalodis, Flow (Straume, no original) é um longa de animação feito na Letônia, que está indo tão bem na temporada de prêmios, que não só está concorrendo ao Oscar de melhor Animação, como também está concorrendo ao Oscar de melhor Filme Internacional (sim, é um dos concorrentes de Ainda Estou Aqui).

E realmente é um desenho belíssimo. Vou repetir algo que já falei algumas vezes recentemente: às vezes um traço não precisa ser perfeito para ser bonito. Assim como Homem Aranha no Aranhaverso, Gato de Botas 2, Tartarugas Ninja e Robô Selvagem, Flow não tem traços perfeitos, como vemos nos longas da Pixar e da Disney. Digo mais, aqui, às vezes o traço parece meio borrado, parece que pintaram e não finalizaram o desenho. E isso traz um charme especial. Longas de animação descobriram que as imperfeições podem melhorar a qualidade visual de algumas obras!

Vou além: nos acostumamos com animais antropomorfizados, que é quando um animal tem traços humanos, tipo andar sobre as patas traseiras, usar as patas dianteiras como mãos, falar e ter expressões faciais. Isso virou algo normal em longas de animação. Mas aqui em Flow os animais se portam como animais (durante quase todo o filme). Tenho cachorro e já tive gato, e posso dizer que os movimentos dos animais são bem semelhantes a animais reais. Inclusive tem uma sequência onde a capivara tem um problema porque ela não consegue saltar como um gato ou um cachorro.

Flow conta a jornada de um gato, que, fugindo de uma enchente, se une a outros animais em um barco. Não tem nenhum humano, ou seja, o filme não tem diálogos. O gato se une a um cachorro, uma capivara, um lêmure e um pássaro (não sei qual espécie), e eles navegam em busca da sobrevivência.

Flow é bonito e emocionante, mas tive três problemas com o filme. Em primeiro lugar, achei que faltou um contexto pra gente se situar sobre o que está acontecendo. Não preciso de explicações detalhadas sobre tudo, mas queria saber que mundo é aquele, por que a água estava subindo. E, afinal, estamos no planeta Terra nos dias atuais? Porque tem um monstro marinho que não me parece um bicho dos dias de hoje.

Outro problema é sobre a “antropomorfização seletiva”. Durante quase todo o filme, animais se portam como animais. Mas… Quando o filme pede, eles sabem usar o leme do barco pra controlar o barco durante a navegação. Caramba, por que não deixar o barco apenas flutuando?

Agora, aceito esses dois detalhes. Quando um filme é bom, a gente aceita alguns probleminhas aqui e ali. Mas, existe um terceiro problema que quase me fez não gostar de Flow. Mas como é na cena final, vou colocar um aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Na cena final vemos o monstro marinho morrendo. Caramba, pra que terminar o filme com um bicho morrendo??? Era um personagem secundário, a gente não precisava saber o que aconteceu com ele!!! “Ah, mas tem uma cena pós créditos onde a gente vê barbatanas ao fundo, de repente ele não morreu…” Pra mim, aquelas barbatanas são de outro monstro marinho. O que estava na jornada do gato MORREU.

Esse final foi PÉSSIMO!

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo não tendo gostado nem um pouco da cena final, reconheço que Flow é um grande filme. Não acho que consiga o Oscar, mas, ganhar duas indicações já é um grande feito para um desenho da Letônia!