Vício Inerente

Vicio-InerenteCrítica – Vício Inerente

Filme novo do Paul Thomas Anderson!

Califórnia, 1970. O nada convencional detetive Larry “Doc” Sportello investiga o desaparecimento de uma ex-namorada.

Paul Thomas Anderson é um cara talentoso, que sabe trabalhar bem suas imagens. Por outro lado, é um cara lento, e seus filmes às vezes são longos demais. Mas, como ele é o diretor de Boogie Nights, um dos meus filmes favoritos, ele tem crédito comigo.

Vamos aos fatos: Vício Inerente (Inherent Vice, no original) tem seus bons momentos, mas, no geral, não é um bom filme. Me parece que Paul Thomas Anderson não fez um bom trabalho ao roteirizar o livro homônimo de Thomas Pynchon. Além da trama ser rocambolesca demais, algumas cenas e personagens parecem sem propósito – por exemplo, gosto do Benicio Del Toro, mas tire o seu papel e nada muda no filme (talvez funcione no livro, mas não aqui aqui no filme). Ou seja, a adaptação é confusa, e como o filme é longo (148 minutos), o espectador já está cansado antes da metade.

Pena, porque, como falei, Vício Inerente não é ruim. De positivo, temos uma excelente ambientação de época – os figurinos e maquiagens estão perfeitos, o filme realmente parece feito nos anos 70. A fotografia de Robert Elswit é outro destaque, com um pé no cinema noir.

O elenco também está muito bem. Joaquin Phoenix está ótimo como uma espécie de Wolverine hippie; Josh Brolin idem, com o seu policial bruto e esquisitão. Ainda no elenco, Reese Witherspoon, Katherine Waterston, Jena Malone, Owen Wilson, Eric Roberts, Martin Short, Joanna Newsom, Serena Scott Thomas, Maya Rudolph, Michael Kenneth Williams e Hong Chau, além do já citado Del Toro.

Pena que o resultado final é enfadonho. Acho que é melhor rever Boogie Nights

Cinderela

CinderelaCrítica – Cinderela

E a onda dos remakes continua!

Quando seu pai morre inesperadamente, a jovem Ella passa a viver sob as garras da sua cruel madrasta e suas filhas. Sem nunca desistir, sua sorte pode mudar depois que ela encontra um estranho.

Ano passado tivemos Malévola, uma releitura da história da Bela Adormecida, mas vista sob outro ângulo, o ponto de vista da vilã. A dúvida agora era: será que a Disney também iria mudar a história da Cinderela? Não podemos nos esquecer que estamos diante de um ícone tão forte, que o castelo e a trilha do desenho original viraram a vinheta da Disney!

Para os fãs, fiquem tranquilos. Toda a mitologia da Cinderela foi respeitada. Agora, para os não fãs… Toda a mitologia é respeitada – demais.

Cinderela não é ruim, longe disso. É um filme “correto”, tudo está no lugar esperado. E aí está o seu problema: todo mundo já conhece essa história. Será que era necessário fazer uma versão live action tão igual ao desenho?

(Os fãs vão apontar uma diferença aqui e outra acolá, mas é basicamente a mesma coisa.)

Em defesa do filme: é uma boa adaptação live action. Boa ambientação, bons efeitos especiais, etc. Mas me pareceu um desperdício ter um diretor com o talento de Kenneth Branagh para um filme tão careta, qualquer diretor meia boca faria um filme igual.

O elenco é ok. Cinderela (Lilly James) e o Príncipe (Richard Madden) vêm de séries de tv (Downtown AbbeyGame of Thrones). O destaque fica com Cate Blanchett, ótima como a madrasta. Ainda no elenco, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Stellan Skarsgard, Ben Chaplin, Hayley Atwell, Holliday Grainger, Sophie McShera e Nonso Anozie. Ah, nos créditos a gente ouve a Helena Bonham Carter cantando Bibidi Bobidi Boo – me questionei pra que a atriz gravou a música, já que não aparece no filme.

Por fim, antes do filme passou o curta Frozen – Febre Congelante, que traz de volta Anna, Elsa, Olaf, Kristoff e Sven. Curtinho, engraçado, cantado (claro), foi mais divertido que o longa que passou depois…

Eles Vivem

eles vivemCrítica – Eles Vivem

Comprei uma camisa genial com uma referência sobre as mensagens subliminares deste filme. Aproveitei a oportunidade para rever.

Um trabalhador, vindo de outra cidade, descobre uma caixa de óculos escuros que lhe permite descobrir que alienígenas tomaram conta do planeta.

Lançado em 1988, Eles Vivem (They Live, no original) traz uma interessante versão pro tema “ficção científica como metáfora para o macarthismo”, mais usado nos aos 50 e 60. O clima aqui continua conspiratório, mas o alvo é o consumismo em vez do comunismo.

O roteiro é baseado no conto “Eight O’Clock in the Morning”, escrito em 1963 por Ray Nelson. Com suas mensagens subliminares e – principalmente – com o seu jeitão de filme B, John Carpenter entrega mais um bom filme – numa década onde ele fez muita coisa legal, como Fuga de Nova York, O Enigma de Outro Mundo, Christine – O Carro Assassino, Starman – O Homem das Estrelas, Os Aventureiros do Bairro Proibido e Príncipe das Sombras.

O papel principal ficou com Roddy Piper, que era um famoso lutador profissional. O fato de ter um lutador como protagonista gerou um cena famosa: a longa luta entre Piper e o coadjuvante Keith David. A luta era pra durar 20 segundos na tela, mas os dois atores resolveram lutar pra valer (os golpes eram reais, exceto quando era no rosto ou nas partes baixas) e passaram três semanas ensaiando a luta. Resultado: Carpenter ficou tão impressionado que deixou todos os 5 minutos e 20 segundos de luta no filme. Também no elenco, Meg Foster.

O roteiro (também escrito por Carpenter, sob o pseudônimo Frank Armitage) tem suas falhas – o cara entra num banco, armado, mata meia dúzia, e sai tranquilamente? – mas funciona dentro da proposta. A trilha sonora hipnótica (também composta por Carpenter) ajuda no clima de paranoia.

Por fim, a famosa frase “I have come here to chew bubble gum and kick ass, and I’m all out of bubble gum” (“Eu vim aqui mascar chicletes e chutar traseiros, e acabaram os meus chicletes”), que já esteve aqui no heuvi, no Top 10 Melhores Frases, foi improvisada por Roddy Piper, ele tinha essa frase guardada para usar em entrevistas como lutador.

Ah, aqui tem uma imagem da camisa que comprei. No claro, vemos a imagem da esquerda. Mas quando as luzes se apagam, “acendem” as mensagens subliminares!

eles vivem tee fury

Asmodexia

Asmodexia-posterCrítica – Asmodexia

Por recomendação de leitores daqui do heuvi.com.br, fui catar este Asmodexia, terror espanhol obscuro. E quem acompanha o site, sabe que gosto de cinema fantástico espanhol. Então, vamulá.

Cinco dias na vida de um exorcista e sua neta, na região de Barcelona. Membros de um culto os estão perseguindo, e cada exorcismo está mais difícil do que o anterior.

Escrito e dirigido pelo estreante Marc Carreté, Asmodexia tem boas locações, boa maquiagem e um bom clima crescente de tensão – o filme é sério, sem espaço para piadinhas. O problema é que quando parece que a história vai finalmente começar, já estamos na cena final. O filme é curtinho (73 min), ficamos a primeira hora preparando o terreno para um grande plot twist – e, quando ele acontece, o filme acaba.

No elenco, ninguém conhecido. Lluís Marco, Irene Montalá, Clàudia Pons, Silvia Sabaté e Pepo Blasco funcionam bem dentro do que o filme pede.

Asmodexia parece um prólogo, ou um piloto de série. Agora fiquei com vontade de ver “o resto da história”…

p.s.: Apesar do poster, Asmodexia não tem nudez…

Podcrastinadores.S03E07 – Birdman e os Melhores Planos-Sequência

Podcrastinadores.S03E07 – Birdman e os Melhores Planos-Sequência

Academia de Artes e Ciências Cinematográficas premiou Birdman com o Oscar de melhor filme de 2014, retomando a discussão dos grandes planos-sequência do cinema e sua real necessidade para se contar uma história. Seria esta técnica apenas uma maneira de tentar transformar um filme medíocre em uma obra de arte?

Para responder esta e outras questões, fizemos um debate sobre o que é esse tão falado plano-sequência, e relembramos os melhores filmes em que a técnica foi utilizada na telona, sem deixar de fora Birdman e seu final polêmico.

Recorde esses grandes momentos do cinema com Gustavo GuimarãesHelvécio ParenteRodrigo MontaleãoTibério VelasquezCarlos Voltor e a convidada Lully de Verdade.

Ouça e participe!

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Links relacionados a este episódio:

– Episódios dos Podcrastinadores sobre Os Melhores de 2014 e Tom Cruise.

– Lully de Verdade: Cena ou Take? Plano ou Frame?

– Making of da sequência da perseguição de carro em The Raid 2

 Plano-sequência de abertura do filme A Marca da Maldade

– Plano-sequência do filme O Quarto do Pânico

– Plano-sequência e making of de A Invenção de Hugo Cabret:

– Plano-sequência de Profissão: Repórter:

– Dois planos-sequência marcantes de Filhos da Esperançaeste eeste

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Cova Rasa

ROTULO COVA RASA (NOVODISC) 4.QXD_ROTULOCrítica – Cova Rasa (1994)

Hora de rever o primeiro Danny Boyle!

Três amigos dividem um apartamento, mas procuram uma quarta pessoa. O novo inquilino morre de overdose logo após a mudança, deixando uma mala de dinheiro em seu quarto. A vida dos três não será a mesma depois disso.

A primeira metade dos anos 90 trouxe várias boas novidades para o cinema pop. Uma delas foi esse tal de Danny Boyle, que anos mais tarde ganharia até um Oscar de melhor diretor por Quem Quer Ser um Milionário.

Cova Rasa (Shalow Grave, no original) traz um bom time, que se repetiria outras duas vezes (em Trainspotting e Por Uma Vida Menos Ordinária): Boyle na direção, John Hodge no roteiro, Andrew McDonald na produção e Ewan McGregor no elenco. (Hodge trabalhou seis vezes com Boyle; McDonald, sete)

(Na época do quarto filme de Boyle, rolou uma lenda que não sei se procede. Ewan McGregor iria fazer o novo Star Wars, então Boyle resolvera chamar uma estrela maior para seu novo filme – tipo “Ah, é? Já que você me trocou por um projeto maior, vou trocar você por um cara mais famoso”. Se é verdade ou não, não sei. O fato é que Leonardo Di Caprio estava no novo filme, A Praia – que foi um fracasso…)

Voltemos a Cova Rasa… Temos um bom estudo do comportamento humano – como uma mala cheia de dinheiro pode transformar as pessoas e o relacionamento entre elas. O recente Dívida de Sangue usou um argumento parecido, mas é bem inferior a Cova Rasa. que sabe desenvolver bem a trama e a transformação dos personagens.

Paralelo a isso tudo, Boyle já mostra o estilo que usaria ao longo de sua carreira: ângulos bem pensados, edição ágil, boa escolha da trilha sonora, violência moderada e bastante humor negro. Além disso, a fotografia é muito legal, a iluminação do sótão ficou fantástica.

Sobre o elenco: hoje uma grande estrela, Ewan McGregor era quase um estreante nessa época. Christopher Eccleston, considerado por alguns o melhor Dr. Who, também estava em início de carreira. Fechando o trio principal, temos Kerry Fox, que, na época, era quem tinha o maior currículo, mas que sumiu – coincidência ou não, ela fez uma cena de sexo explícito em Intimidade, de 2001, talvez ela tenha se queimado com isso.

Cova Rasa demorou a ser lançado oficialmente em dvd aqui no Brasil, mas hoje em dia é facilmente encontrável nas Lojas Americanas da vida. Vale ser revisto!

Mapas para as Estrelas

Mapas para as estrelasCrítica – Mapas Para As Estrelas

Um tour pelo coração de alguns personagens de Hollywood, procurando a fama e fugindo dos fantasmas dos seus passados.

Pensei em começar o texto falando da carreira do diretor David Cronenberg nos anos 80, época de filmes como Scanners, Videodrome e A Mosca. Mas, caramba, o seu último filme fantástico foi eXistenZ, de 99, ele faz filmes “normais” há mais de dez anos!

(Obs: não vi Spider, de 2002, não sei dizer qual das fases ele pertence.)

Enfim, Mapas Para as Estrelas (Maps to the Stars, no original) segue o estilo atual de Cronenberg. Um filme baseado num bom e inspirado elenco, e com um roteiro que coloca personagens disfuncionais em situações de conflito.

O roteiro escrito pelo bissexto Bruce Wagner é envolvente e divide equilibradamente a trama entre alguns personagens, todos interligados, num interessante retrato da podridão que os famosos de Hollywood escondem debaixo dos seus tapetes.

O elenco é ótimo. Julianne Moore (que acabou de ganhar o Oscar por outro filme) ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes por este filme. Mia Wasikowska e John Cusack também estão bem. Nem o “vampiro purpurina” Robert Pattinson chega a atrapalhar. Ainda no elenco, Olivia WIlliams, Evan Bird, Sarah Gadon, e Carrie Fisher numa ponta, interpretando ela mesma.

Pena que a conclusão é fraca. Acompanhamos aquele mundinho de pessoas desequilibradas, mas, ao fim, parece que o filme não leva a lugar algum. Não só a cena final do filme é fraca, como a cena onde um personagem pega fogo é ruim – tanto na parte técnica, quanto na narrativa (ao lado da piscina? Sério?).

E aí volto ao início do texto. Não que Mapas Para as Estrelas seja ruim, mas bate uma saidade da fase fantástica de Cronenberg…

Top 10 Ficção Científica Ultra-Realista

0-Hard Sci FiTop 10 Ficção Científica Ultra Realista

No episódio S02E24 do podcast Podcrastinadores falamos sobre filmes de ficção científica ultra realista. Fui pesquisar, e descobri que existe a expressão “hard sci-fi”, que se refere a esses filmes que procuram o caminho oposto à fantasia espacial.

E pensei: por que não um Top 10 de hard sci-fi?

Não fiz o Top 10 sozinho, tive a inestimável ajuda do meu amigo Regis Grundig. Cada um escreveu sobre cinco filmes.

Vamos à lista?

10-Solaris10-Solaris
O filme de 1974 de Andrei Tarkovsky seria a versão russa de 2001 – Uma Odisseia no Espaço (existe uma refilmagem hollywoodiana com George Clooney). Um psicólogo é enviado para uma estação espacial para descobrir  o que está deixando a tripulação insana.

3-20019- Moon
Solitário, astronauta em serviço de mineração na Lua, espera ansiosamente para retornar a Terra após três anos, quando sofre um acidente e descobre uma incrível verdade sobre a missão e si mesmo.

http://www.heuvi.com.br/moon/

8-Abismo Negro8- Abismo Negro
Clássico pouco conhecido da Disney, onde uma grande nave, comandada por um cientista louco com ideias revolucionárias, é encontrada à beira de um buraco negro.

http://www.heuvi.com.br/abismo-negro-o-buraco-negro/

7-Sunshine7- Sunshine – Alerta Solar
No ano 2057, o sol está morrendo. Uma missão leva uma enorme bomba nuclear para tentar “reiniciar” o sol. Filme tenso e claustrofóbico de Danny Boyle.

http://www.heuvi.com.br/sunshine-alerta-solar/

6-Gattaca6- Gattaca – A Experiência Genética
Um apartheid respaldado pela ciência: de um lado, aqueles concebidos de maneira natural, sujeitos a problemas genéticos; do outro, os que vieram de embriões manipulados em laboratório, mais fortes, mais bonitos, mais inteligentes e com menos risco de doença.

http://www.heuvi.com.br/gattaca-a-experiencia-genetica/

5-Contato5- Contato
Baseado no livro do renomado Carl Sagan da série Cosmos, o filme relata um contato via radiotelescópio com uma civilização extraterrestre e o impacto sobre a religião e ciência, e a fé que existe em cada um. Com Jodie Foster e Matthew McConaughey.

4-Interestelar4- Interestelar
Christopher Nolan se propôs a fazer um filme “cientificamente correto”, onde, num futuro próximo, um grupo de exploradores usa um recém descoberto “buraco de minhoca” para ultrapassar os limites da exploração espacial.

http://www.heuvi.com.br/interestelar/

3-20013- 2001 – Uma Odisséia no Espaço
Marco da ficção científica hard-scifi e um dos mais complexos filmes de Stanley Kubrick, o filme conta a trajetória da humanidade, desde quando macacos, passando pela era espacial e terminando na evolução final da humanidade.

2-Contatos Imediatos2- Contatos Imediatos do Terceiro Grau
Pessoas diferentes que tiveram um breve contato com discos voadores começam a ter alucinações com uma montanha e um tema de cinco notas musicais. Clássico de Steven Spielberg!

http://www.heuvi.com.br/contatos-imediatos-do-terceiro-grau/

1-Gravidade1- Gravidade
Planos-sequência alucinantes flutuando em órbita da Terra, numa história curta e tensa. A gravidade zero nunca foi tão bem filmada. Ganhou sete Oscars ano passado.

http://www.heuvi.com.br/gravidade/

O Abutre

0-OAbutreCrítica – O Abutre

Um homem descobre que pode ganhar dinheiro filmando matérias sensacionalistas, e resolve montar uma equipe para vender material para um telejornal.

Estreia na direção do roteirista Dan Gilroy, O Abutre (Nightcrawler, no original) conta uma história sórdida sobre um anti-herói que ignora a moral e a ética, e faz tudo para vender seus vídeos. Todo mundo sabe o quanto atraente e ao mesmo tempo repugnante uma matéria sensacionalista pode ser. O Abutre é um excelente retrato disso.

Mas o nome do filme é Jake Gyllenhaal. Mais magro que o habitual (idéia do ator, que achou que o personagem seria mais sinistro se fosse cadavérico), Gyllehaal entrega uma das melhores interpretações de sua carreira, com um cara ao mesmo tempo carismático e repugnante. Também no elenco, Rene Russo, Bill Paxton e Riz Ahmed.

Ainda podemos citar a bem cuidada fotografia, que consegue excelentes takes noturnos, neste triste retrato do lado “feio” do jornalismo…

Livre

0-LivreCrítica – Livre

Um pouco atrasado, mas vamos de mais uma cinebiografia visando o Oscar.

Depois de uma tragédia pessoal, Cheryl Strayed decide encarar uma trilha de 1100 milhas pela costa do oceano Pacífico, numa jornada de auto-conhecimento.

A premissa lembra Na Natureza Selvagem – personagem de mochila nas costas sai sozinho por belas paisagens em jornada de auto-conhecimento. Mas na verdade os filmes são bem diferentes. Neste filme, dirigido por Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas), a protagonista tem um objetivo bem diferente na sua jornada.

O visual é bonito, a edição é empolgante, mas Livre (Wild, no original) tem um problema básico: parece um livro de auto-ajuda. E a trilha sonora cheia de clichês só reforça isso. O chato é quando a gente lê os créditos e vê que o roteiro foi escrito por Nick Hornby, o mesmo que escreveu o excelente Alta Fidelidade!

Tem outra coisa que me incomodou, mas não é do filme, e sim da história. Cheryl teve um problema pessoal e por isso se meteu com drogas e sexo promíscuo. Sua jornada acontece em função disso. Ora, conheço muita gente que passou por problemas muito piores e não precisou de “jornadas de auto-conhecimento”…

De positivo, podemos dizer que esta é uma das melhores atuações da carreira de Reese Witherspoon – ela foi indicada ao Oscar pelo papel. Laura Dern, também indicada ao Oscar, também está bem. E admito que algumas paisagens são realmente bonitas.

Mas no geral, fica devendo.