Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!

 

Pânico (1996)

Panico1Crítica – Pânico

Pra preparação de um podcast de filmes slasher, fui catar o primeiro Pânico pra rever.

Um serial killer fanático por filmes de terror aterroriza uma pequena cidade do interior da Califormia, sempre usando uma faca e uma máscara de fantasma.

A boa notícia: revisto hoje, quase vinte anos depois, Pânico (Scream, no original) ainda é um grande filme!

Voltemos um pouco no tempo. Durante os anos 70, o diretor Wes Craven teve alguns bons filmes (como Quadrilha de Sádicos), mas nenhum grande hit. O sucesso veio em 1984, com A Hora do Pesadelo, uma reviravolta na história dos filmes slasher, que colocava o assassino dentro do sonho. Mas Craven perdeu os direitos sobre o filme, que virou franquia e perdeu a qualidade. E Craven voltou ao underground.

Depois de um tempo em baixa (quando ele até fez filmes legais, mas não obteve tanto sucesso, como A Maldição dos Mortos-Vivos e As Criaturas Atrás das Paredes), Craven voltou ao sucesso de público e crítica em 96, com o primeiro Pânico – que logo virou uma trilogia com filmes lançados em 97 e 2000, e que ainda ganhou um quarto filme “temporão” em 2011, (todos dirigidos por Craven).

Primeiro roteiro da carreira de Kevin Williamson (que depois ficaria famoso por ser o criador da série Dawnson’s Creek), Pânico é um presente para fãs de filmes de terror. São inúmeras referências, várias delas bem explícitas – os personagens citam vários filmes clássicos, como Halloween, Sexta Feira 13 e o próprio A Hora do Pesadelo.

Mas Pânico não funciona só como referência. O ritmo é bom, e a trama consegue algo difícil: um assassino slasher convincente – nos anos 90, personagens como Michael Myers, Freddy Krueger e Jason Vorhees já não assustavam ninguém. E tudo isso num filme leve e divertido. Não é à toa que frequenta várias listas de melhores filmes de terror. Além disso, foi um sucesso de bilheteria, foi o sexto filme de terror da história a alcançar a marca de 170 milhões na bilheteria (antes dele, apenas O Exorcista, Tubarão, Tubarão 2, Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro conseguiram tal sucesso).

Pena que nem tudo sobreviveu à passagem do tempo. Hoje esta trama falharia logo de cara – todos têm celulares com bina! Outra coisa: em 1996 não existia teste de DNA em crimes? Os policiais conseguiram uma fantasia usada pelo assassino! Não tinha nenhum fio de cabelo na máscara?

É curioso analisar o elenco hoje, 19 anos depois. Tirando a Drew Barrymore, que aparece apenas na cena inicial, o resto do elenco era de nomes que ficaram conhecidos na época, mas hoje estão meio sumidos, como Neve Campbell, Courtney Cox (que já era um nome conhecido na tv por causa da série Friends), Skeet Ulrich, David Arquette, Rose McGowan, Jamie Kennedy e Mathew Lillard (sempre caricato, mas aqui perfeito para o papel). Ah, o assassino da mãe de Sidney, que quase não aparece, é Liev Schreiber.

E olhem a coincidência: Pânico está na programação do Festival do Rio de 2015. Quem quiser rever na tela grande é uma oportunidade imperdível!

Agora fiquei com vontade de rever os outros três…

Evereste

everesteCrítica – Evereste

Sabe quando um filme promete e não cumpre?

Uma expedição até o Monte Evereste é atacada por uma tempestade de neve. Baseado em uma história real.

Dirigido por Baltasar Kormákur (Dose Dupla), Evereste (Everest, no original) é uma propaganda enganosa, pelo menos sob dois aspectos:

1- O cartaz do filme fala sobre uma história inacreditável. Mas o mesmo cartaz avisa: “o lugar mais perigoso da Terra”, e logo no início do filme lemos um texto que fala que no início, a cada quatro alpinistas que subiam, um morria. Ora, alguém morrer no Everest não é algo inacreditável!

2- O filme se vende como uma história emocionante. E não é. O cara tá preso lá em cima, no meio da tempestade, mas em vez do filme focar nisso, ficamos vendo sua esposa grávida, em casa, chorando por ele. Pô, se vou ver um filme que mostra perrengues na escalada do Evereste, quero ver esses perrengues! O filme mediano Limite Vertical, de 2000, em sua cena inicial, de apenas três minutos, mostra mais tensão do que todos as duas horas de Evereste.

Pena, porque o elenco é excelente (Jason Clarke, Josh Brolin, Jake Gyllenhaal, Keira Knightley, Emily Watson, Sam Worthington, Robin Wright, Elizabeth Debicki, John Hawkes), assim como o visual do filme é belíssimo. Temos takes aéreos sensacionais – e tudo é digital, é impressionante como é alta a qualidade do cgi hoje em dia.

Mas no fim, fica a decepção. Não exatamente por ter visto um filme ruim, mas por saber que tinha potencial para ser muito melhor.

Hotel Transilvânia 2

Hotel Transilvania 2 - posterCrítica – Hotel Transilvânia 2

Agora avô, Drácula pede ajuda aos seus amigos para tentar aflorar o lado monstro em seu neto meio humano meio vampiro.

Continuação do longa de animação de 2012. Mais uma vez, a direção ficou a cargo de Genndy Tartakovsky, que sempre vai morar no nosso coração – afinal, ele é um dos nomes por trás da série Clone Wars.

Como acontece quase sempre em continuações, Hotel Transilvânia 2 (Hotel Transylvania 2, no original) segue os passos do primeiro filme – inclusive, temos a repetição de algumas piadas. Desta vez temos menos foco nas diferenças entre o humano Jonathan e os monstros, porque boa parte da trama acompanha o novo personagem, o bebê.

Um dos roteiristas é Adam Sandler. Lembram do post de Pixels, onde falei sobre roteiros com “cara de Adam Sandler”? Bem, a boa notícia aqui é que, assim como o primeiro, Hotel Transilvânia 2 não tem “cara de Adam Sandler”. O humor flui bem, sem se basear nas piadas sem graça que todos nós conhecemos.

Vi a versão dublada, muito boa, por sinal. Mas a gente fica triste quando lê o elenco da versão original: Adam Sandler, Andy Samberg, Selena Gomez, Steve Buscemi, Kevin James, David Spade, Fran Drescher, Molly Shannon, Megan Mullally, Dana Carvey – e ninguém menos que Mel Brooks como o vampiro bisavô. Deve ser legal ver a versão legendada…

Ainda sobre a dublagem: não sei como é a voz do lobisomem Wayne no original, mas achei muito engraçada a ideia de deixá-lo com sotaque paulista exagerado…

Enfim: Hotel Transilvânia 2 não está aí para ser uma das melhores animações do ano. Mas vai divertir quem entrar no clima.

p.s.: Cuidado com os bonequinhos que vêm no McLanche Feliz, porque um deles traz um spoiler sobre o fim do filme!

Unfriended / Cybernatural

UnfriendedCrítica – Unfriended / Cybernatural

Durante uma reunião via skype, um grupo de amigos se vê assombrado por uma força misteriosa e sobrenatural, usando a conta de uma amiga morta há exatamente um ano.

A primeira vez que li sobre este Unfriended, produção do quase onipresente no terror contemporâneo Jason Blum em parceria com Timur Bekmambetov (Guardiões da Noite, O Procurado, Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros), achei que seria uma cópia de Open Windows / Perseguição Virtual, onde também ficamos diante de uma tela de computador durante todo o filme. Mas não, apesar de também se passar inteiramente dentro de uma tela, Unfriended é bem diferente.

Uma coisa legal do filme dirigido pelo desconhecido soviético Levan Gabriadze é ser tudo em tempo real, como se realmente estivéssemos acompanhando uma ligação de skype, enquanto vemos outras interações simultâneas (que também acontecem no dia-a-dia), como chats e visitas ao facebook e ao youtube. Aliás, palmas para Gabriadze: depois de algumas tentativas de filmar em planos-sequência de 10 minutos cada, ele arriscou filmar tudo em um único plano-sequência de 83 minutos – e conseguiu!

Claro que essa ideia de tempo real + computador limita muito a narrativa, e assim Unfriended é um filme de terror sem sustos. A boa notícia é que a tensão funciona bem ao longo da curta projeção – fiquei curioso querendo saber como a trama se resolveria.

No elenco, claro, ninguém conhecido. Heather Sossaman, Matthew Bohrer, Courtney Halverson, Shelley Hennig, Moses Storm, Will Peltz e Renee Olstead funcionam bem para o que o filme pede.

Mesmo sem ser um grande filme, Unfriended serve para mostrar que a narrativa cinematográfica pode (e deve) mudar para se adaptar aos meios de comunicação contemporâneos.

p.s.: O nome do filme é meio confuso. Parece que o título de trabalho seria Offline, mas logo mudaram pra Cybernatural. Foi lançado como Unfriended, e, segundo o imdb, tem título nacional: Desprotegido. Quantos destes será que vale? 😛

Podcrastinadores.S03E20 – Filmes de Música

Podcrastinadores.S03E20 – Filmes de MúsicaPodcrastinadores.S03E20 – Filmes de Música

Depois do podcast de filmes musicais, que bateu recorde de audiência aqui no Podcrastinadores, chegou a hora de falarmos sobre filmes de música! Rock Star, Whiplash, The Commitments, Quase Famosos e muito mais!

E não importa qual seu gosto musical, porque abordamos filmes sobre rock, pop, blues, soul, jazz e baladinhas em geral. Só que esse episódio vai precisar inevitavelmente de uma segunda parte. Então coloque aqui nos comentários quais filmes sobre música que você quer que a gente comente na parte 2, e divirta-se com mais um episódio memorável!

Com Gustavo Guimarães, Helvecio Parente, Fernando Caruso, Leandro Medeiros, e a voz aveludada de Marcela Dias. :)

Ouça e comente!

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Links relacionados a este episódio:

– Podcrastinadores, episódio de Filmes Musicais

– Jerry Lee Lewis e Dennis Quaid tocando juntos no videoclipe oficial do filme A Fera do Rock

Foto do Jerry Lee Lewis com a esposa de 13 anos.

– Ainda Jerry Lee Lewis bêbado no programa do Jô Soares

Propaganda da C&A com os Blues Brothers

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Maze Runner – Prova de Fogo

Maze Runner 2 - posterCrítica – Maze Runner – Prova de Fogo

Após escapar do labirinto, Thomas e os garotos que o acompanharam em sua fuga da Clareira precisam agora lidar com uma realidade bem diferente, em uma paisagem desolada cheia de obstáculos inimagináveis.

Não temos mais o labirinto do primeiro filme. Maze Runner – Prova de Fogo (Maze Runner – Scorch Trials, no original) começa com o fim do primeiro filme: os jovens saíram do labirinto, e agora precisam enfrentar novos desafios neste “futuro distópico baseado em livro direcionado ao público adolescente”.

A equipe foi a mesma: direção de Wes Ball e roteiro de T.S. Nowlin, os dois do primeiro filme – detalhe, Maze Runner foi a estreia de ambos. A dupla também está cotada para o terceiro filme baseado nos livros de James Dashner, que deve ser lançado em 2017.

O problema é que o roteiro tem uns buracos meio incômodos, tipo o momento que os protagonistas estão correndo de infectados raivosos que parecem zumbis, e logo depois eles já estão escondidos, sem mostrar como eles despistaram os infectados. Ou então depois de uma cena tensa onde dois personagens escapam de “zumbis que fazem parkour”, para chegarem num lugarejo onde pessoas passeiam calmamente pelas ruas – ué, os zumbis não vão até lá por que? Ou ainda: com cidades destruídas daquele jeito, de onde tiram gasolina pros carros?

Mas o que mais me incomodou foi que o plot deste filme meio que contraria o plot do primeiro. Se os jovens com mutações no sangue são tão valiosos assim, eles nunca deveriam ser colocados naqueles labirintos!

Não sei se o roteiro previa mais coisas e o filme era pra ser maior, talvez explicando alguns desse furos de roteiro, mas foi cortado para ter “apenas” duas horas e onze minutos. Parece que foi o caso, e a cena da tempestade elétrica aponta para o mesmo caminho – se era pra ser uma cena tão curta e tão desnecessária, por que não tirá-la do filme? Solução tosca, deveriam ter cortado ainda no roteiro.

Pelo menos o ritmo do filme flui bem, e os cenários (que devem ser digitais) são muito bem feitos. Adolescentes que vão ao cinema atrás de jovens bonitinhos correndo pela sobrevivência talvez gostem do filme.

No elenco, temos de volta Dylan O’Brien, Ki Hong Lee, Thomas Brodie-Sangster e a “quase brasileira” Kaya Scodelario (filha de uma brasileira, ela tirou fotos com uma bandeira do Brasil num evento em São Paulo). De novidades, temos Giancarlo Esposito, Lili Taylor, Barry Pepper, Alan Tudyk e Aidan Gillen, o “Mindinho” de Game of Thrones.

Agora aguardemos o terceiro filme. Pelo menos aparentemente não vão dividir em dois (como fizeram com Jogos Vorazes).

p.s.: Sabe aquela cena do poster, com o pessoal correndo por cima daquela torre caída que virou uma ponte? Esqueça, esta cena não está no filme!

Férias Frustradas

feriasfrustradasCrítica – Férias Frustradas

A família Griswold está de volta!

Agora adulto, Rusty Griswold leva a própria família em uma viagem de carro para o parque Walley World, com o objetivo de reconquistar sua esposa e reconectar com seus filhos.

Preciso admitir uma coisa aqui. Vivi intensamente os anos 80, sou muito ligado à década, mas, sei lá por que, nunca vi nenhum dos quatro Férias Frustradas, franquia que começou em 1983 e teve continuações em 85, 89 e 97 – quando leio o nome do Chevy Chase, me lembro de FletchTrês Amigos. Não é preconceito, simplesmente nunca vi – e olha que vi quase tudo o que foi feito no cinema pop de toda a década!

Como falei, não tenho preconceitos, e fui ver este novo Férias Frustradas (Vacation, no original) de coração aberto. E digo com sinceridade: me diverti muito! Ok, confesso que a expectativa era baixa, porque o trailer se apoiava em piadas escatológicas – na boa, não acho engraçado ver pessoas se banhando numa fossa. Por sorte, o humor do filme não se baseia só na escatologia, e temos várias boas piadas. Vou te falar que a sessão de críticos teve um monte de gente gargalhando muito ao longo da projeção…

Mas também temos que avisar que o humor do filme é meio bobo. Mas mesmo assim, divertidíssimo – só aquele carro já vale o ingresso!

Filme de estreia da dupla John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein (roteiristas de Quero Matar meu Chefe), este novo Férias Frustradas tem uma peculiaridade: é ao mesmo tempo uma continuação (o personagem principal era criança nos primeiros filmes), um remake (algumas piadas são repetidas) e um reboot (temos um elenco pronto para reiniciar a franquia). Curioso, não?

Falando em elenco, o casal principal é Ed Helms (famoso pela franquia Se Beber Não Case) e Christina Applegate (a eterna Kelly Bundy de Married with Children) – o personagem Rusty, filho do Chevy Chase, tem aqui o seu quinto intérprete – em cada um dos 4 filmes anteriores, era um ator diferente. Gostei do Ed Helms, mas ia ser legal ver um dos ex-atores mirins de volta. Leslie Mann e Chris Hemsworth têm papeis menores – e preciso reconhecer que o personagem do “Thor” é engraçadíssimo! Ainda no elenco, Skyler Gisondo, Steele Stebbins, pontas de Charlie Day, Ron Livingstone, Michael Peña e Norman Reedus, e uma participação especial do casal original, Chevy Chase e Beverly D’Angelo, pra “validar a franquia”.

É, agora preciso “correr atrás do prejuízo” e ver os outros filmes…

Hitman: Agente 47

hitmanCrítica – Hitman: Agente 47

Um assassino, geneticamente modificado, se une a uma misteriosa mulher para encontrar seu pai, que pode revelar os segredos por trás desta engenharia genética.

Filme de estreia do diretor Aleksander Bach, Hitman: Agente 47  é mais um filme baseado em videogame. Na verdade, este mesmo videogame já rendeu outro filme, em 2007, Hitman: Assassino 47. Apesar de ter o mesmo roteirista Skip Woods, este novo filme não é uma continuação, nem uma refilmagem, apenas outro filme usando o mesmo personagem. Se o resultado nas bilheterias for bom, acredito que será um reboot – o fim do filme deixa gancho para uma continuação.

Hitman: Agente 47  tem uma coisa boa: durante boa parte do filme, a trama não deixa claro quem é o vilão e quem é o mocinho, o espectador fica sem saber para quem deve torcer. Boa sacada! As cenas de ação também são muito bem feitas. E, na cena da perseguição de carro, vi algo que sempre me pareceu óbvio, mas quase nunca fazem: se motos estão perseguindo um carro, é só o carro se jogar contra a moto!

No elenco, o papel principal ficou com o pouco conhecido Rupert Friend, que funciona bem para o que o papel pede – o assassino é quase uma máquina, quase sem emoções. Zachary Quinto (o Spock do novo Star Trek) e Hannah Ware (Oldboy) fecham o trio principal. Ainda no elenco, Thomas Kretschmann, Ciarán Hinds, Jürgen Prochnow e Angelababy.

Li críticas negativas vindas de quem jogou o game, dizendo que o filme não é fiel ao jogo. Como nunca joguei, não me incomodou. Sozinho, o filme funciona…

Love

Love-Poster2Crítica – Love

E vamos à “polêmica da vez”!

Um americano, estudante de cinema, morando em Paris, e sua namorada francesa, resolvem convidar a vizinha para um ménage, mas a vizinha acaba grávida.

Filme novo de Gaspar Noé, Love é o filme polêmico do ano. Afinal, não é qualquer um que tem a coragem de levar sexo explícito para Cannes!

Gaspar Noé já tinha “causado” em Cannes quando lançou Irreversível, filme que conta com duas cenas violentíssimas – uma delas é provavelmente o estupro mais incômodo da história do cinema. Irreversível tinha uma cena de sexo explícito (logo antes de Monica Belucci sair da festa, ela entra num quarto onde tem gente transando), mas era uma cena rápida e sem importância. Agora, em seu novo filme, o sexo explícito é o protagonista – tanto que existe um poster do filme onde vemos um pênis ejaculando.

Vamos ao que funciona. Noé foi eficiente ao desconstruir a linha temporal de Love – os eventos não são mostrados em ordem cronológica, mas conseguimos acompanhar o desenrolar da trama sem problemas. Outro ponto positivo é a fotografia: temos takes belíssimos durante as cenas de sexo. Não gostei do ator Karl Glusman, mas reconheço que o trio composto por ele, Aomi Muyock e Klara Kritin funciona bem para o que o filme pede. A trilha sonora também é boa.

Mas isso tudo não consegue esconder um problema básico: não existe uma história a ser contada! O próprio Noé admitiu que seu roteiro tinha apenas sete páginas. E aí vem a constatação: sem as cenas de sexo, Love não se vende.

(Um dia hei de ver um filme convencional com cenas de sexo explícito que se sustente sem essas cenas. Todos os que conheço só chamaram a atenção por causa das cenas explícitas).

E o pior é que, se como filme convencional, Love é fraco, como pornô é mais fraco ainda. Como comentou um crítico amigo meu, só serve para o cara solteiro que quiser tentar uma chance com aquela amiga cinéfila fã de filme cabeça…

Mas temos que reconhecer que Noé conseguiu de novo. Assim como IrreversívelLove conquistou seu espaço na história do cinema. Pena que foi mais pela polêmica do que pelo cinema.

p.s.: Ah, o 3D. Nem precisa falar que é desnecessário né? E parece que só rola o 3D para ter a cena óbvia, aquela que a gente imagina quando pensa em “pornô” e “3D”…