Love

Love-Poster2Crítica – Love

E vamos à “polêmica da vez”!

Um americano, estudante de cinema, morando em Paris, e sua namorada francesa, resolvem convidar a vizinha para um ménage, mas a vizinha acaba grávida.

Filme novo de Gaspar Noé, Love é o filme polêmico do ano. Afinal, não é qualquer um que tem a coragem de levar sexo explícito para Cannes!

Gaspar Noé já tinha “causado” em Cannes quando lançou Irreversível, filme que conta com duas cenas violentíssimas – uma delas é provavelmente o estupro mais incômodo da história do cinema. Irreversível tinha uma cena de sexo explícito (logo antes de Monica Belucci sair da festa, ela entra num quarto onde tem gente transando), mas era uma cena rápida e sem importância. Agora, em seu novo filme, o sexo explícito é o protagonista – tanto que existe um poster do filme onde vemos um pênis ejaculando.

Vamos ao que funciona. Noé foi eficiente ao desconstruir a linha temporal de Love – os eventos não são mostrados em ordem cronológica, mas conseguimos acompanhar o desenrolar da trama sem problemas. Outro ponto positivo é a fotografia: temos takes belíssimos durante as cenas de sexo. Não gostei do ator Karl Glusman, mas reconheço que o trio composto por ele, Aomi Muyock e Klara Kritin funciona bem para o que o filme pede. A trilha sonora também é boa.

Mas isso tudo não consegue esconder um problema básico: não existe uma história a ser contada! O próprio Noé admitiu que seu roteiro tinha apenas sete páginas. E aí vem a constatação: sem as cenas de sexo, Love não se vende.

(Um dia hei de ver um filme convencional com cenas de sexo explícito que se sustente sem essas cenas. Todos os que conheço só chamaram a atenção por causa das cenas explícitas).

E o pior é que, se como filme convencional, Love é fraco, como pornô é mais fraco ainda. Como comentou um crítico amigo meu, só serve para o cara solteiro que quiser tentar uma chance com aquela amiga cinéfila fã de filme cabeça…

Mas temos que reconhecer que Noé conseguiu de novo. Assim como IrreversívelLove conquistou seu espaço na história do cinema. Pena que foi mais pela polêmica do que pelo cinema.

p.s.: Ah, o 3D. Nem precisa falar que é desnecessário né? E parece que só rola o 3D para ter a cena óbvia, aquela que a gente imagina quando pensa em “pornô” e “3D”…