Expectativa 2022

Expectativa 2022

Não sou muito fã de criar expectativas. Quando você cria uma expectativa, a chance de se decepcionar com um filme aumenta.

Mas, me pediram a lista das expectativas, então vambora.

Mas aí caio em um segundo problema: não ser óbvio. Porque qualquer lista de expectativas por aí vai citar todos os filmes de super heróis, e todas as continuações de blockbusters. Claro que quero ver o novo Doutor Estranho e o novo Batman. Claro que quero ver o novo John Wick e o novo Missão Impossível. Fazer uma lista com esses títulos seria uma lista completamente sem graça.

Então fui catar outros filmes. Alguns deles não tenho ideia do que se tratam. Mas, vai ser legal voltar a esta lista em um ano pra ver quais que acertei.

Bora pra lista?

10- Django / Zorro
Anos depois de Django Livre, Django conhece Zorro. A ideia seria ter Jamie Foxx como Django e Antonio Banderas como Zorro. Existem poucas informações sobre este projeto, mas o imdb está com data de 2022.

9- Moonfall
Roland Emmerich é um guilty pleasure meu. Boas chances do filme ser ruim. Mas o cara sabe filmar catástrofes como poucos. E vai ser legal ver um filme dele onde a lua cai na Terra.

8-The Bad Guys
Desenho animado com personagens inspirados em Cães de Aluguel (Mr. Wolf, Mr. Snake, Mr. Piranha, Mr. Shark e Ms. Tarantula). Heu estava mais animado até ver que é um filme da Dreamworks, acho que a ideia podia ser melhor desenvolvida por um estúdio menor. Mas, aguardemos.

7-The Unbearable Weight of Massive Talent
Nicolas Cage interpretando ele mesmo, em um filme onde ele é contratado por um traficante bilionário, seu fã. Ainda tem Pedro Pascal e Neil Patrick Harris no elenco.

6-Deep Water
Primeiro filme dirigido pelo Adrian Lyne (Alucinações do Passado, Atração Fatal) em 20 anos, com Ana de Armas e Ben Affleck.

5-Next Goal Wins
Dirigido por Taika Waititi e estrelado por Armie Hammer e Michael Fassbender, o filme conta a história do jogo Australia 31 a 0 na Samoa Americana, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002

4- El Cuarto Passajero
Filme novo do Álex de la Iglesia, traz um cara que tem problemas ao usar apps de compartilhar o carro. Sei pouco sobre esse filme, mas curto bastante o diretor (O Dia da Besta, Perfectos Desconocidos, Crime Ferpeito, Perdita Durango).

3-Benedetta
Uma história medieval com uma freira que tem visões religiosas e eróticas perturbadoras. Novo filme do Paul Verhoeven, de Robocop, Vingador do Futuro, Instinto Selvagem e Tropas Estelares.

2-Killers of the Flower Moon
Filme novo do Martin Scosese, com Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Brendan Fraser e John Lithgow, aborda um misterioso assassinato ocorrido em 1920,

1- Bullet Train
Filme novo do David Leitch, de John Wick e Atômica. Não vi trailer nem li sinopse, o que esse cara fizer vou querer ver. Com Brad Pitt, Sandra Bullock e Aaron Taylor-Johnson

Top 10: Melhores Filmes de 2021

Top 10: Melhores Filmes de 2021

Depois dos piores vamos aos melhores do ano?

Se em 2020 minha lista tinha muitos filmes vistos no streaming, este ano as coisas estão voltando ao normal e felizmente vi vários no cinema. Como fã de cinema, fico feliz com a reabertura das salas.

Dos 10 filmes da lista, 9 certamente foram lançados este ano. Um deles talvez seja de 2020, mas como só vi em março, entra na lista deste ano. Vamos aos filmes?

10- O Último Duelo
Ridley Scott, com mais de 80 anos de idade, mostra que ainda está em forma e que ainda sabe filmar cenas de ação, em história contada mostrando diferentes pontos de vista. E o filme ainda levanta questões importantes sobre o machismo.
http://www.heuvi.com.br/o-ultimo-duelo/

9- Bela Vingança
2021 foi um ano estranho pro cinema, quase esqueci deste Bela Vingança, que concorreu a vários prêmios no início do ano, por ter sido lançado lá fora em 2020. Mas vi em março, então entra na lista deste ano. Bela Vingança foge do óbvio e mostra uma diferente abordagem do assédio sofrido por mulheres.
http://www.heuvi.com.br/bela-vinganca/

8- Infiltrado
Um Guy Ritchie um pouco diferente do habitual, com menos humor e sem personagens marginais cool, mas com cenas de ação de tirar o fôlego. E ainda traz um Jason Statham mostrando por que é um dos maiores nomes do cinema de ação.
http://www.heuvi.com.br/infiltrado/

7- Maligno
James Wan sai do ambiente de casa mal assombrada e traz um filme com algo de possessão, um pouco de investigação policial, e uma criatura / entidade / vilão que é um grande achado. E ainda tem um plot twist de explodir cabeças.
http://www.heuvi.com.br/maligno/

6- Noite Passada em Soho
Edgar Wright ganhou o primeiro lugar no top 10 de 2017. Seu novo filme não ficou em primeiro, mas está presente aqui, com um suspense com toques sobrenaturais e uma espécie de viagem no tempo. Noite Passada em Soho é extremamente bem filmado, conta com duas jovens e inspiradas atrizes, uma boa reconstituição de época, é, claro, um excelente uso da trilha sonora.
http://www.heuvi.com.br/noite-passada-em-soho/

5- Duna
Se a gente pode falar um monte de coisas ruins sobre o Duna do David Lynch, essa tarefa não é tão simples com esta nova versão dirigida por Denis Villeneuve. Duna é um filmão, grande elenco, a fotografia é um espetáculo, os cenários (digitais ou não, não sei) são gigantescos, os diferentes planetas são mostrados em planos abertos, tem um monte de personagens com armaduras e trajes diferentes. Pena que só tem meio filme.
http://www.heuvi.com.br/duna-2021/

4- Homem Aranha
O novo Homem Aranha é muito muito divertido. Quase ganhou o primeiro lugar aqui no meu ranking. A gente sai do cinema feliz e com vontade de rever. Mas… O roteiro tem algumas inconsistências aqui e ali, não dá pra ter um melhor filme do ano com essas inconsistências. Mas certamente foi o mais divertido do ano.
http://www.heuvi.com.br/homem-aranha-sem-volta-para-casa/
3- Shang Chi
Viúva Negra foi um bom filme, mas foi mais do mesmo, a Marvel já tinha mostrado aquilo em outros filmes. Aí veio Shang Chi e tivemos novos personagens, novos super poderes, novas ambientações, tem até diálogos em outras línguas! E as lutas são ótimas. E digo mais: a luta entre os pais do Shang Chi é a luta mais bonita da história do cinema!
http://www.heuvi.com.br/shang-chi-e-a-lenda-dos-dez-aneis/

2- Anônimo
Junte o diretor de Hardcore Henry e o roteirista de John Wick, acrescente um bom ator e você terá o melhor filme de ação do ano. Um inspirado Bob Odenkirk faz um cara aparentemente pacato, mas que pisam no calo dele,e aí sai de baixo. Um detalhe na sequência final tirou de Anônimo o primeiro lugar na lista.
http://www.heuvi.com.br/anonimo-2/

1- Esquadrão Suicida
James Gunn aproveitou que estava livre do controle da Marvel e fez um Esquadrão Suicida violento e politicamente incorreto, um filme muito engraçado e com algumas sacadas geniais. De longe, o melhor filme da DC até agora.
http://www.heuvi.com.br/o-esquadrao-suicida/

Top 10: Piores Filmes de 2021

Top 10 – Piores Filmes de 2021

Ano passado me pediram uma lista de piores filmes do ano. Fiquei devendo a lista de 2020, mas bora fazer uma de 2021.

Uma coisa complicada ao fazer uma lista dessas é que além dos filmes ruins que todo mundo viu, vi alguns filme ruins que poucas pessoas viram – sim, tenho essa mania esquisita de ver filmes muito muito ruins. Então, na minha lista tem alguns desses filmes obscuros. Mas como eles são pouco conhecidos, eles ganham pouco peso na votação. Filmes mais conhecidos ganham as primeiras posições.

Vamos à lista? Dos dez filmes citados, 9 têm textos aqui no heuvi, um deles ainda vai ter o texto.

10- Jungle Run
Jungle Run é uma picaretagem da Asylum, ou seja, todo mundo já sabia que ia ser ruim. A Asylum é uma produtora que pega carona no marketing de blockbusters – esse aqui era pra tentar surfar na onda de Jungle Cruise. É um filme preguiçoso, com atuações péssimas, roteiro mal escrito e efeitos especiais toscos. Se fosse mais conhecido, ganharia uma posição melhor aqui.

9- Monster Hunter
Filme novo do Paul WS Anderson, baseado em videogame e estrelado pela Milla Jovovich – só isso já é o suficiente para a gente saber qual é a deste Monster Hunter. Efeitos de segunda linha e um roteiro cheio de furos, e ainda um gancho pra continuação.

8- Espiral – O Legado de Jogos Mortais
O primeiro Jogos Mortais é muito bom. Mas o segundo é pior que o primeiro, o terceiro é pior que o segundo, e por aí vai, ladeira abaixo. Com atores conhecidos no elenco, este nono filme prometia trazer novidades à franquia. Mas ficou só na promessa. Espiral é mais do mesmo, a franquia continua ladeira abaixo.

7- Mundo em Caos
Heu queria gostar de Mundo em Caos. Ficção científica com futuro distópico, dirigido por Doug Liman e estrelado por Tom Holland, Daisy Ridley e Madds Mikkelsen. Mas a produção foi uma bagunça tão grande, com refilmagens e atrasos no lançamento, que o resultado final ficou bem coerente com o título do filme, virou quase um “filme em caos”.

6- Out of Death
Outro daqueles que não é muito conhecido. Fui ver pelo Bruce Willis, que pouco aparece no filme. Out of Death tem um dos piores roteiros que já vi. Diálogos ruins, cenas sem sentido, e o pior, num filme muito chato. E ainda tem uns efeitos especiais bem toscos.

5- Demonic
Primeiro longa dirigido pelo Neill Blomkamp em seis anos, este Demonic erra em quase todos os aspectos, começando por um plot twist que está anunciado no título do filme. Um demônio mal explorado, uma protagonista sem sal e algumas boas ideias não exploradas trazem um resultado que é o pior Blomkamp de todos os tempos.

4- Infinite
Direção de Antoine Fuqua e com Mark Wahlberg no papel principal, Infinite parece que queria ser um novo Matrix, mas tem um péssimo desenvolvimento e erra quase tudo. Não só o filme precisa ficar se explicando o tempo todo, como ainda tem um protagonista de idade incompatível com a proposta do filme – gosto do Mark Wahlberg, mas ele é velho demais para um personagem que precisa renascer e desenvolver habilidade de vidas passadas.

3- The Misfits
Renny Harlin na direção, Kurt Wimmer no roteiro e Pierce Brosnam e Tim Roth no elenco, podia ter um bom resultado. Mas, apesar de um começo promissor, The Misfits vira uma comédia pastelão e termina como um dos piores filmes de heist da história do cinema.

2- Venom – Tempo de Carnificina
O primeiro Venom foi muito ruim, mas teve uma boa bilheteria. O que acontece quando um filme tem uma boa bilheteria? Repetem a fórmula. Então, para surpresa de ninguém, o segundo Venom também é ruim. E ainda teve um agravante: veio logo depois de Esquadrão Suicida, que traz protagonistas vilões e é um filme violento e politicamente incorreto. E Venom é um filme com protagonista vilão, mas que não tem sangue nem mortes.

1- Liga da Justiça do Zack Snyder
Ok, entendo que o Zack Snyder teve problemas durante a produção do seu filme da Liga da Justiça. Infelizmente é um problema recorrente em Hollywwod, cheguei a gravar um Podcrastinadores sobre isso. O que foi incomum nessa história foi o diretor fazendo campanhas nas redes sociais, convocando seus fãs pra encherem o saco de todo mundo pedindo essa nova versão do filme. E o pior de tudo é que a nova versão ficou pior que o original. O Snydercut é longo e chaaato. É um produto só pra fanboys. Foi o pior filme que vi no ano? Não, mas pela encheção de saco dos fãs, ganha o primeiro lugar.

Matrix: Ressurrections

Crítica – Matrix: Ressurrections

Sinopse (imdb): Regresse a um mundo de duas realidades: uma, a vida quotidiana; a outra, o que fica para trás. Para descobrir se a sua realidade é uma construção, para se conhecer a si próprio, o Sr. Anderson terá que seguir o coelho branco.

Alguns amigos estavam com expectativa alta para este novo Matrix, mas preciso dizer que minha expectativa era zero. O primeiro é realmente muito muito bom, mas suas continuações são bem fracas.

A gente tem que reconhecer que o Matrix de 1999 é um marco na história do cinema. O filme levantava questões filosóficas ao mesmo tempo que explodia cabeças com efeitos especiais nunca vistos anteriormente. Mas, as Wachowski parecem ser diretoras de um filme só, seu currículo é repleto de filmes ruins (além dos Matrix 2 e 3, elas fizeram Ligadas Pelo Desejo, Speed Racer, Destino de Júpiter e Cloud Atlas – ou seja, nenhum filme relevante).

Com expectativa lá embaixo, fui ao cinema ver o novo, Matrix Ressurrections, agora dirigido só por Lana Wachowski (primeiro longa sem a irmã Lilly Wachowski). E, olha, gostei da primeira parte do filme!

O filme começa numa boa sacada de metalinguagem. Os anos se passaram, e a gente vê um Thomas Anderson que criou uma trilogia de videogames Matrix e ganhou vários prêmios em 1999, e hoje vive com a sombra do passado brilhante enquanto vive um presente medíocre, ao mesmo tempo que sofre pressão para voltar à franquia e criar o Matrix 4. Não li sobre bastidores da produção, mas provavelmente deve ser um reflexo do que a diretora Lana Wachowski vive hoje.

Enquanto o filme está nessa onda de metalinguagem, rolam várias sacadas muito boas. Tem uma sequência excelente alternando reuniões de brainstorm e um Thomas Anderson desnorteado, tudo isso ao som de White Rabbit do Jefferson Airplane.
Mas aí Thomas Anderson resolve tomar a pílula vermelha e o filme resolve voltar a ser igual ao Matrix de 99…

(Sei não, mas nos últimos 20 anos o significado de “pílula azul” mudou, mas deixa pra lá).

Não sei se é correto dizer que a segunda parte de Matrix Ressurrections é ruim. Mas é uma cópia barata do primeiro Matrix – assim como os outros dois, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

E aí a gente lembra que o primeiro filme foi 22 anos atrás, e que muita coisa tecnológica evoluiu de lá pra cá. Se Matrix falava de máquinas controlando homens, o novo filme poderia atualizar esse tema entrando nas Inteligências Artificiais que tanto se intrometem na nossa vida atual. Que nada, o filme nem entra nesse assunto.

E a gente fica se perguntando pra que ver mais um filme da franquia, se não traz nada de novo. E ainda tem uma parte no fim onde tem um plano tão enrolado e tão explicado que me senti num filme do Christopher Nolan.

Pelo menos o filme é tecnicamente bem feito. A parte técnica dos filmes das Wachovski sempre foi muito bem cuidada, e, se aqui o filme não traz nada de novo como o efeito bullet time de 1999, pelo menos os efeitos são bons (teve um detalhe que aparece no início que achei bem legal, mas não voltaram a isso, que são portais que não estão no mesmo eixo). Agora, teve uma cena que me pareceu fora do “estilo Matrix”. A cena do trem é confusa e as lutas são mal coreografadas. Achei uma cena fora da curva – no mau sentido.

Outra coisa me incomodou: o Keanu Reeves com visual de John Wick. Sei que às vezes um ator precisa manter um visual por um personagem, mas não acredito que uma super produção como Matrix tenha problemas em pedir para um ator mudar o visual. Ficou muito estranho.

Reeves está ok, ele não é um grande ator, mas sempre funciona. Gostei da volta da Carrie-Anne Moss, ela está muito bem. Por outro lado, não gostei da substituição do ator do Morpheus, Laurence Fishburne não voltou, sei lá por qual motivo, e ele foi substituído por Yahya Abdul-Mateen II. Até aí, ok, atores são substituídos desde sempre na história do cinema. O problema é que o tempo todo aparecem imagens do Morpheus do Laurence Fishburne – tem até uma estátua dele! Se é pra trocar o ator, que se troque de uma vez, ficar mostrando os dois foi esquisito. Também voltam ao elenco Jada Pinkett Smith, e Lambert Wilson aparece numa divertida participação pequena. De novidade, temos Neil Patrick Harris, Jonathan Groff, Jessica Henwick e Priyanka Chopra Jonas, e uma rápida aparição da Christina Ricci.

No fim, fica sensação de oportunidade perdida. Pena. Fiquem com o primeiro.

As Passageiras

Crítica – As Passageiras

Sinopse (imdb): Um jovem motorista conduz duas mulheres misteriosas de festa em festa durante uma noite em Los Angeles, mas, quando elas revelam quem realmente são, ele precisa encarar um perigoso submundo e lutar por sua vida.

Uma coisa que falo sempre é pra guardarmos o nome do diretor. Adam Randall me chamou a atenção com À Espreita do Mal, seu primeiro longa. Claro que queria ver seu segundo longa.

Pena que o resultado não ficou tão bom. As Passageiras (Night Teeth, no original) é bem mais fraco que seu primeiro filme. Não que As Passageiras seja exatamente ruim. Mas o problema é que é um filme genérico, e parece feito sem nenhum cuidado.

A narrativa se divide em duas tramas. Temos a trama principal, onde o jovem e ingênuo Benny é um motorista meio deslumbrado com suas passageiras vampiras. E tem uma trama paralela com Jay, um caçador de vampiros. A trama principal é ok, Benny é um personagem carismático, e as duas vampiras Blaire e Zoe são bons personagens. Mas a trama secundária é bem ruim. O filme começa com uma introdução que fala em uma trégua entre humanos e vampiros, e o que a gente vê é uma história de um vampiro tentando tomar o poder sobre outros vampiros, sem se importar com os humanos. Enquanto isso um caçador tenta caçar, acompanhado de um pequeno grupo. Cadê a grande guerra anunciada no prólogo? Pra que colocar isso num prólogo se essa história não vai ser desenvolvida?

E quando falei que é um filme sem cuidado é por causa de algumas pequenas inconsistências ao longo da projeção. Por exemplo, determinado momento o Benny tenta fugir, mas a vampira mostra que é muito mais rápida que ele. Ok, vampiros são mais rápidos que humanos. Mas pouco depois tem uma cena onde as vampiras brigam com humanos, e cadê aquela super velocidade? A cena é até boa, mas só se a gente esquecer o que acabou de ver.

E tem outra coisa que me incomodou, que é um flerte entre uma vampira e um humano. Sei lá, até hoje sempre vi em filmes de vampiro outro tipo de sedução, não um flerte bobinho onde os pombinhos apaixonados vão sentar num banco à beira da piscina pra ficar de papo mole pra comer gente.

No elenco, o trio principal é de desconhecidos: Jorge Lendeborg Jr., Debby Ryan e Lucy Fry. Nomes mais famosos têm papeis menores – Alfie Allen (Game of Thrones) tem um papel secundário, e a dupla Megan Fox e Sydney Sweeney só aparece em uma cena.
No fim, fica a sensação de que estamos vendo um filme genérico. E, pra piorar, o filme tem gancho pra continuação.

Finch

Crítica – Finch

Sinopse (imdb): Finch, o único sobrevivente do apocalipse em St. Louis, constrói um robô para seu cão. Eles viajam para o oeste para escapar do tempo severo. O robô aprende com Finch.

Quando a gente lê sobre este Finch, a gente logo lembra de um dos papéis mais famosos do Tom Hanks, o náufrago que passa quase o filme inteiro sozinho. Só que Finch lembra mais filmes como Moon ou Ex Machina, onde há uma grande interação com um robô / inteligência artificial.

Digo isso porque o robô Jeff é uma das melhores coisas do filme dirigido por Miguel Sapochnik (Repo Men). Tanto pela parte técnica quanto pelo personagem em si. Não vi nenhum making of, não sei o que é animatronic e o que é cgi (desconfio que devia ter um boneco no set para interagir com o ator, e que toda a movimentação seja cgi). Mas, não importa. O que interessa é o resultado que ficou perfeito.

E não é só a parte técnica. Ingênuo, curioso e colaborativo, o robô tem mais carisma que muito ator de pele e osso. Em sua jornada para entender como um humano pensa, ele conquista o espectador.

Agora, o roteiro é fraco. A jornada de Finch, seu cachorro e seu robô é muito simplificada. A gente não tem nenhum aprofundamento sobre o que aconteceu com o mundo, ou sobre outras pessoas neste mundo pós apocalíptico. Determinado momento do filme, parece que a trama vai seguir esse caminho do confronto com outros sobreviventes, mas logo abandonam esse plot. Aliás, toda essa sequência ficou jogada de qualquer maneira, se tirassem esse trecho, não mudava nada no filme.

Vale pelo robô. Mas tem coisa melhor por aí.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Sinopse (imdb): Com a identidade do Homem-Aranha revelada, Peter pede ajuda ao Doutor Estranho. Quando um feitiço corre mal, inimigos perigosos de outros mundos começam a aparecer, forçando Peter a descobrir o que realmente significa ser o Homem-Aranha.

Se existe um filme que pode ser chamado de “o filme mais aguardado de 2021”, é este novo Homem Aranha. Desde que saiu o primeiro trailer, que mostrou o Dr Octopus do Alfred Molina, repetindo o papel do do filme de 2004, quando era outro ator fazendo o Homem Aranha, os nerds estão pirando pela internet. Afinal, há poucos anos tivemos o desenho do Aranhaverso, que trazia diferentes Homens Aranhas – será que isso seria possível num filme live action? Outros vilões apareceram nos trailers seguintes, mas…

Mas, não vou entrar em spoilers. Aqui neste texto o limite do spoiler é o trailer: trabalharei apenas com a informação que já temos: existem vilões dos outros dois Homens Aranha.

Mais uma vez dirigido por John Watts, Homem Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home, no original), este novo filme continua e redireciona a história deste Peter Parker dentro do MCU, por um caminho que acho que ninguém poderia imaginar. E arrisco dizer: os fãs do Aranha sairão do cinema emocionados.

Para a surpresa de ninguém a parte técnica enche os olhos. Os efeitos especiais são perfeitos. Em determinado momento do filme eles entram no mundo espelhado do Dr Estranho, onde cidades se dobram parecendo um grande caleidoscópio. E não são só os efeitos: logo no início, a gente é apresentado a toda a situação do Peter Parker num bem sacado plano sequência dentro do apartamento.

É complicado de falar sobre o elenco porque entramos na área cinza dos spoilers. Mas, combinei que o que está no trailer pode ser comentado, né? Então queria elogiar o Willem Dafoe, que consegue convencer com todas as nuances do Norman Osborne / Duende Verde.

Se tem um ponto negativo, heu diria que é a participação do Doutor Estranho. Nada contra o ator, mas o personagem convenientemente sai de cena por um bom tempo, e volta só na hora que o roteiro precisa. Estragou o filme? Não. Mas forçou a barra.

Queria comentar a trilha sonora, mas posso cair no mesmo problema dos spoilers. Só digo que o Michael Giacchino mandou bem mais uma vez.

Recentemente tivemos a notícia que este Home Aranha do Tom Holland terá mais três filmes. O fim de Homem Aranha: Sem Volta Para Casa encaminha para este quase reboot. Teremos o mesmo ator, mas o Aranha será diferente no futuro do MCU.

Como acontece tradicionalmente nos filmes do MCU, são duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, com uma cena que será importante para o futuro do MCU; e, no fim de tudo, em vez de uma cena pós créditos, temos quase um trailer do vindouro filme do Doutor Estranho. Meio frustrante, preferia ver uma cena pós créditos do que uma propaganda.

Te Pego Lá Fora

Crítica – Te Pego Lá Fora

Sinopse (imdb): Um nerd se mete em problemas com o novo bandido, um garoto mau que o desafia a lutar em sua escola secundária após o fim do dia.

Te Pego Lá Fora (Three O’Clock High, no original) é um clássico filme de sessão da tarde sobre high school americana. Mas, ao mesmo tempo, é um filme que é muito mais do que isso.

Na trívia do imdb, encontrei uma citação que exemplifica bem o que quero dizer. O diretor Phil Joanou, estreante, disse que se inspirou em Depois de Horas e Touro Indomável antes de filmar. Steven Spielberg, que era produtor executivo, foi ver o filme achando que seria algo na pegada de Karate Kid. Depois do filme assistido, ele teria perguntado a Joaunou: “O que aconteceu com Karatê Kid? Você fez um filme do Scorsese!”

O roteiro de Te Pego Lá Fora tem todos os clichês de filmes de high school dos anos 80. Mas o modo como foi filmado em nada se assemelha àqueles filmes. O modo como Joanou posiciona e movimenta a sua câmera é diferenciado.

Curiosamente, o diretor Phil Joanou não tem um grande currículo no cinema. Ele é mais conhecido por vários trabalhos junto com a banda U2 – inclusive, ele dirigiu o famoso documentário Rattle and Hum. O mesmo comentário posso fazer sobre o elenco. Te Pego Lá Fora não tem nenhum ator que ficou conhecido. Só pra dar um exemplo, o protagonista Casey Siemaszko era um dos caras que andava ao lado do Biff em De Volta para o Futuro – coadjuvante do coadjuvante! É, aqui não tem muito o que falar sobre os atores.

Uma coisa curiosa sobre o elenco era a idade dos dois principais. Não sei quando foi filmado, mas Te Pego Lá Fora foi lançado em 1987, e tanto Casey Siemaszko quanto Richard Tyson nasceram em 1961 – eles interpretavam adolescentes de 16 ou 17 anos, mas já tinham 26! O diretor Phil Joanou também é de 61, ele é alguns meses mais novo que os seus “adolescentes”.

O roteiro de Thomas Szollosi e Richard Christian Matheson, filho do famoso Richard Matheson (Amor Além da Vida, Eu Sou a Lenda) traz vários clichês de filmes de high school, mas está longe de ser um roteiro ruim. Quase toda a trama se passa em um único dia (só no finzinho do filme a gente vê o dia seguinte), e durante toda a projeção a gente fica acompanhando um relógio marcando a hora, acentuando a tensão que paira no ar, contando os minutos que faltam para a briga.

A trilha sonora é da banda Tangerine Dream, que fez dezenas de trilhas na época. O curioso é que não lembro de nenhum tema composto por eles…

A bilheteria não foi boa, o filme custou 6 milhões de dólares e rendeu menos que 4 milhões. Injusto, este filme merecia uma bilheteria melhor.

Steven Spielberg foi produtor executivo deste filme, mas, sabe-se lá por qual motivo, pediu pra tirar o nome dos créditos (ouvi falar de uma briga com Aaron Spelling, que era outro produtor executivo). Rolam boatos pela internet que Spielberg teria dirigido uma cena do filme, a cena no fim onde a professora volta e beija o protagonista. Hoje em dia algo assim nunca aconteceria, mas, nos anos 80, a galera era mais relaxada neste assunto. Enfim, a cena ficou bem divertida.

Por fim, queria falar de uma teoria maluca que rola na internet, de que este colégio seria o mesmo de Curtindo a Vida Adoidado. A atriz Annie Ryan, que aqui tem um papel importante, fez uma ponta no filme do Ferris Bueller.

Amor, Sublime Amor

Crítica – Amor, Sublime Amor

Sinopse (imdb): Uma adaptação do musical de 1957 que explora o amor proibido e a rivalidade entre os Jets e os Sharks, duas gangues de rua de adolescentes de diferentes origens étnicas.

Outro dia falei aqui de Tick Tick Boom, que citava Stephen Sondheim. E olha só a coincidência: hoje é dia de falar de um musical escrito pelo próprio Sondheim (que infelizmente faleceu menos de um mês antes da estreia do filme).

Amor Sublime Amor (West Side Story, no original) é a refilmagem do clássico homônimo lançado em 1961, que por sua vez era a adaptação do musical da Broadway de 1957. O filme de 1961 é o musical mais bem sucedido da história do cinema, ganhou 10 Oscars (incluindo melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado), 3 Globos de Ouro e 2 Grammys. A história se baseia no clássico Romeu e Julieta, onde dois jovens de universos rivais se apaixonam.

Gosto de musicais, mas nunca vi a peça e nem me lembro se já tinha visto o filme Amor Sublime Amor. Mas o que me interessava aqui era o diretor. É a primeira vez que Steven Spielberg dirigiu um musical. Sou fã do Spielberg, assumo. Cada filme novo que ele faz é bem vindo!

Você pode falar várias coisas negativas sobre o Spielberg, mas ninguém pode falar que o cara não sabe filmar. Aliado ao habitual diretor de fotografia Janusz Kaminski, Spielberg apresenta um filme com o visual fantástico, São várias cenas que enchem os olhos. Só pra citar um exemplo: a cena onde vai ter a briga começa com a câmera no teto, vendo as sombras das duas gangues rivais entrando. Ficou muito legal. Ou então a cena onde Tony conhece Maria, que tem tantos lens flare que lembrei do JJ Abrams.

Agora, tenho um comentário negativo, de alguém que não viu a peça e não se lembra do filme de sessenta anos atrás. Em termos cinematográficos, achei ruim a ordem das músicas. A trama vai num crescente até o clímax que é a luta entre as gangues. E depois disso ainda tem 40 minutos de filme! A música seguinte mostra a protagonista feminina numa grande loja de departamentos, e a gente se pergunta “pra que? A história já acabou!”. No teatro podia funcionar, mas no cinema seria melhor outra ordem das músicas.

No elenco principal, acho que o único que heu conhecia é Ansel Elgort, protagonista de Baby Driver (filme que considero um “musical diferente”). O papel principal feminino é da estreante Rachel Zegler, que ganhou um teste de elenco com 30 mil candidatas. Gostei de Mike Faist, que faz o Riff; e de Ariana DeBose, que faz a Anita. E, para os fãs do filme de 60 ano atrás, Rita Moreno, que fez a Anita naquela versão (e ganhou o Oscar pelo papel) está de volta para outro papel secundário.

Antes de terminar o texto, preciso falar das legendas. São dois grande problemas. O primeiro descobri que a culpa não é da distribuição brasileira: os diálogos em espanhol não têm legendas. Spielberg declarou que queria apenas atores latinos para os papeis dos porto-riquenhos, e até aí ele está super certo e ninguém vai discordar. Mas, o que as legendas têm a ver com isso? Segundo o imdb, Spielberg teria dito “Se eu legendasse o espanhol, estaria simplesmente sobrepondo o inglês ao espanhol e dando ao inglês o poder sobre o espanhol. Isso não ia acontecer nesse filme, eu precisava respeitar a língua o suficiente para não legendar.” Desde quando legendar um diálogo em outra língua é um desrespeito??? Desculpa, Spielberg, sou seu fã, mas desta vez você pisou na bola.

A outra crítica é pra quem fez as legendas que estavam na sessão de imprensa – ou seja, provavelmente estarão nas cópias em cartaz. Em vez de traduzir as canções, rolou uma adaptação. Não sei se o tradutor usou alguma versão pré existente com outra letra, ou se simplesmente quis adaptar as sílabas à melodia, mas, o fato é que na tela a gente ouve uma coisa e lê outra. Ficou bem difícil acompanhar o filme assim.

Morra

Crítica – Morra / Why Don’t You Just Die! / Papa, sdokhni

Sinopse (imdb): Andrei, um detetive e o pai mais horrível do mundo, reúne em seu apartamento um grupo terrível de pessoas: sua filha atriz, um bandido furioso e um policial iludido. Cada um tem um motivo para querer vingança.

Pensa numa mistura entre Jean Pierre Jeunet e Quentin Tarantino. Este Morra! parece uma versão de Cães de Aluguel dentro dos cenários de Delicatessen.

(Me lembrei de Crimewave, do Sam Raimi. Mas faz muito tempo que não revejo Crimewave, não me lembro se realmente tem algo a ver ou se é coisa da minha cabeça.)

A história do filme escrito e dirigido por Kirill Sokolov é simples. Um cara vai visitar o sogro com intenção de matá-lo com um martelo. Só que o cara é duro na queda, e várias complicações vão aparecendo ao longo dessa jornada – complicações pra todos os lados.

Falei aqui recentemente de Copshop, que é um filme com poucos atores em uma única locação. Morra tem a estrutura parecida. Quase todo o filme se passa no apartamento, e basicamente só temos cinco personagens. Até tem algumas cenas com outros atores e em outros cenários, mas pouca coisa.

Aliás, o apartamento é um cenário que vai se deteriorando ao longo do filme. É muito comum um filme não ser filmado na ordem que se passa na tela, mas fiquei vendo os cenários cada vez mais destruídos e sujos ao longo da projeção. Este filme deve ter sido filmado na ordem “certa”.

É bom avisar, Morra é MUITO violento. Tem sangue cenográfico abundante. Mas é aquela violência estilizada e às vezes engraçada – sim, tem bastante humor negro.

Além da fotografia, gostei de como Sokolov movimena a câmera entre os personagens. Alguns efeitos especiais são simples e eficientes, como a cena da televisão. E ainda tem uma cena que parece faroeste, com direito a trilha sonora lembrando Ennio Moricone.

O filme entra numa espiral de coisas dando errado uma atrás da outra. E posso dizer que gostei de como a história concluiu.