Boba Fett e o mimimi nerd

Boba Fett e o mimimi nerd

Heu estava esperando o fim da série The Book Of Boba Fett pra fazer um texto sobre toda a temporada. Mas essa semana os nerds chatos estão tão chatos que resolvi antecipar e fazer um post só pra falar do mimimi nerd.

Está rolando um hate geral pela série, e não consigo entender por que. Parece que é hate só pelo prazer de hate – tipo o que rolou com o filme do Han Solo, uma divertida aventura espacial, cheia de fan services, mas que tem muito fã que gosta de dizer que é ruim só pelo prazer de ser chato.

Me mandaram um link de um cara que escreveu pro uol – não é um blog pessoal, é o uol! O cara escreveu falando mal, mas parece que o cara não viu a série. Por exemplo, ele fala que determinado momento do episódio tem uma luta onde duas pessoas estão cercadas por seis oponentes, e que os oponentes “começam a cair no chão”. Caramba, chegaram reforços, dois gamorreanos entraram na luta! Amigo, larga o celular e presta atenção no que tá na tela!

O carinha do uol reclama que uma série do Boba Fett já começa errado porque o personagem morreu. Ué, a gente vê logo no início do primeiro episódio como ele se salvou. Por outro lado, o Imperador Palpatine morreu no Retorno do Jedi e volta no episódio 9, e ninguém falou nada. Pior ainda: Darth Maul morreu, a gente viu o cara cortado no meio, e ele volta  em Clone Wars e em Han Solo. E em nenhum desses dois casos explicaram como é que os personagens voltaram à vida.

Cheguei a ler o absurdo de gente criticando The Book of Boba Fett porque alguns personagens têm motos coloridas. Seriously? Se as motos power rangers forem a pior crítica que vocês conseguem achar, a média tá boa.

Até o episódio quatro, estava rolando um mandela effect sobre a direção dos episódios. Recebi comentários vindo de três fontes diferentes a informação de que Robert Rodriguez seria o diretor de todos os episódios. Galera, vocês não leem os créditos? O nome do Robert Rodriguez aparece no primeiro e no terceiro episódios. O segundo foi dirigido por Steph Green, e o quarto, por Kevin Tancharoen. Rodriguez ainda vai dirigir pelo menos mais um, mas não é tudo dele!

O quinto episódio (dirigido pela Bryce Dallas Howard) é bem diferente dos anteriores (e concordo que é bem melhor). Os haters aproveitaram pra dizer “é melhor porque tem o Mandaloriano em vez do Boba Fett!”. Gente, vocês precisam entender que o Mandaloriano existe POR CAUSA do Boba Fett. Fett foi um personagem secundário que apareceu no fim de Império Contra Ataca e início de Retorno do Jedi, e que caiu na graça dos fãs. Os fãs começaram a criar um culto ao personagem – tanto que ele ganhou importância na trilogia prequel. Se a gente teve a excelente série The Mandalorian, precisamos agradecer à existência do Boba Fett. Sem ele, não teria Baby Yoda!

(E, lembrando que a primeira aparição do Boba Fett foi no Star Wars Holiday Special, a gente chega à conclusão que quem gosta do Grogu precisa respeitar o Holiday Special!)

Alguns haters sob o efeito do mandela effect disseram que o quinto episódio foi melhor porque a Bruce Dallas Howard dirigiu episódios de The Mandalorian. Verdade. Mas Robert Rodriguez também dirigiu! Galera, se esforcem mais nos argumentos hater!

Detesto usar o argumento do “nerd velho”, que é quando uma pessoa argumenta que é mais fã porque viu a trilogia clássica no cinema. Acho que todo mundo tem direito de ser fã, seja o cara que estava lá no cinema em 1978, seja o cara que só conheceu tudo depois do streaming. Todo mundo é fã, ponto. Dito isso… Preciso usar a carta do nerd velho. Heu vi O Retorno do Jedi no cinema em 1983, e esperei 16 anos por um novo filme da saga. A gente viu Caravana da Coragem no cinema achando que era continuação do Retorno do Jedi! E, depois de esperar 16 anos, a gente viu um filme com o Jar Jar Binks! E viu mais de uma vez, e depois comprou o DVD!!! O “nerd novo” tá mal acostumado, desde que a Disney comprou Star Wars em 2012, foram cinco filmes nos cinemas e três temporadas de séries – e não estou contando as animações. Pô, galera, tem material pra caramba, dá pra todo mundo ser feliz, se você não quiser ver um deles, é só não ver.

Quem não quiser gostar de The Book of Boba Fett, não goste. Gosto é pessoal, goste do que você quiser.
Mas não encha o saco!

Saint Maud

Crítica – Saint Maud

Sinopse (imdb): Uma enfermeira piedosa se torna perigosamente obcecada em salvar a alma de sua paciente moribunda.

Sei lá por que, Saint Maud não entrou no meu radar. Sorte que um amigo recomendou.

Saint Maud foi mais um dos diversos filmes que tiveram seu lançamento prejudicado pela pandemia. Pelo que li, o filme estava pronto e com data para ser lançado, mas foi adiado algumas vezes e agora acho que dificilmente verá o circuito – pelo menos aqui no Brasil.

Se o filme fosse lançado nos cinemas, acho que ia gerar um certo buzz entre os apreciadores do controverso termo pós terror. Saint Maud tem muito a ver com filmes como Hereditário e A Bruxa, é um terror psicológico e sem jump scares. Ou seja, ia ser mais um daqueles filmes que dividem opiniões.

A protagonista é uma enfermeira que trabalha como cuidadora e vai cuidar de uma paciente terminal com câncer. Muito religiosa, ela acredita que precisa salvar a alma de sua paciente moribunda. E o filme se aprofunda nesse fanatismo religioso.

Longa metragem de estreia da diretora e roteirista Rose Glass, Saint Maud é uma produção pequena. Poucos atores, poucas locações, efeitos especiais discretos. Também gostei da fotografia e da trilha sonora. E nem tudo é explicado, o filme deixa algumas coisas para o espectador concluir (teve uma cena em particular que me deixou curioso: vemos um close nos olhos da protagonista, e vemos que são de cores diferentes. E não lembro de ter visto olhos diferentes no resto do filme…)

O papel principal é da pouco conhecida Morfydd Clark, que manda bem com sua fanática religiosa. No resto do diminuto elenco, o único nome conhecido é Jennifer Ehle.

O fim do filme é muito bom. Se alguns filmes perdem pontos com finais ruins, Saint Maud fica ainda melhor com a cena final!

Espíritos Obscuros

Crítica – Espíritos Obscuros

Sinopse (imdb): Uma professora de uma cidade pequena do Oregon e seu irmão, o xerife local, se entrelaçam com um jovem estudante que guarda um segredo perigoso com consequências assustadoras.

O primeiro nome que aparece na divulgação é Guillermo del Toro, mas ele aqui só é produtor. Espíritos Obscuros (Antlers, no original) foi dirigido por Scott Cooper, que fez alguns bons filmes, mas sempre no drama (Coração Louco, Tudo Por Justiça, Aliança do Crime). Mas… seu novo projeto não se decide entre o drama e o terror. Não tenho nada contra diretores que transitam entre diferentes gêneros, costumo sempre lembrar de John Landis, que fazia comédia (Trocando as Bolas, As Amazonas na Lua), terror (Um Lobisomem Americano em Londres) e filmes ligados à música (Blues Brothers), além de ter dirigido o videoclipe de Thriller, do Michael Jackson.

Mas pena, Scott Cooper não conseguiu um bom resultado. Como terror, Espíritos Obscuros falha porque explora mal a criatura; e como drama, Espíritos Obscuros falha porque apenas aborda superficialmente situações que poderiam ser melhor exploradas (como, por exemplo, a tendência ao alcoolismo da protagonista).

Pra piorar, Espíritos Obscuros é um filme bem lento – assim como o resto da filmografia do diretor. Tudo demora muito a acontecer, chega um ponto que o espectador desiste daqueles personagens.

Posso reclamar só de mais uma coisa? Não me incomodo com clichês quando estes são bem utilizados. Mas aqui tem um personagem que aparece só pra explicar o que é a criatura, e no meio da explicação conta como derrotá-la. Pronto, já sabemos o fim do filme…

Mas, apesar de tudo isso, Espíritos Obscuros não é de todo ruim. Gostei da criatura – não entro em detalhes sobre o que é por causa de spoilers. Mas, digo que gostei em dois níveis. Um é porque a exposição da criatura é valorizada, vemos pouco a princípio, só partes do bicho – e dos chifres, o nome original do filme é “Antlers”, que significa chifres em inglês. O filme guarda até o final pra gente realmente ver como é a criatura (lembrei de Alien, onde só conseguimos ver a forma do monstro na cena final). Além disso, gostei do efeito especial da criatura. Não sei se foi cgi ou se teve algum animatronic, só sei que ficou muito bem feita, quando aparece e interage com os personagens.

O elenco é bom – Cooper é bom para trabalhar com atores, como já vimos nos seus filmes anteriores. Keri Russell e Jesse Plemons estão bem, mas quem chama a atenção é o garoto Jeremy T. Thomas. Não sei que idade ele tinha, o filme foi filmado em 2018, mas ele está realmente muito bem.

No fim, Espíritos Obscuros nem é ruim, mas fica a sensação de que poderia facilmente ser muito melhor.

O Beco do Pesadelo

Crítica – O Beco do Pesadelo

Sinopse (imdb): Um jovem ambicioso com talento para manipular pessoas com algumas palavras bem escolhidas junta-se a uma psiquiatra que é ainda mais perigosa do que ele.

Apesar de ter uma carreira irregular, Guillermo del Toro sempre vai estar no meu radar. Sim, o cara fez Pacific Rim e A Colina Escarlate, mas ele também fez A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno (e Blade 2, e os dois Hellboy). E não podemos nos esquecer que seu último filme, A Forma da Água, ganhou o Oscar de melhor filme e melhor diretor (além de ter entrado no top 10 de 2018 aqui no heuvi).

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, no original) traz tudo o que se espera num filme do del Toro. Elementos fantásticos, monstros (mesmo sem o filme entrar no sobrenatural), um pé no bizarro e outro no grotesco, e tudo isso embalado em um requinte visual extremamente bem cuidado.

Pena que o filme é chato. Vamulá.

O visual do filme é um espetáculo. Cenários, figurinos, props, todos os detalhes mostrados em tela são cuidadosamente escolhidos. A primeira parte do filme mostra aqueles circos dos horrores que existiam décadas atrás, com pessoas “diferentes”. O filme não mostra nada de sobrenatural, mas os elementos fantásticos estão nas atrações do circo.

O Beco do Pesadelo não é exatamente terror, está mais para uma espécie de film noir (principalmente na segunda metade), e todo esse visual ajuda. Como A Forma da Água levou os principais Oscars em 2018, provavelmente a Academia vai ficar de olho em O Beco do Pesadelo e teremos indicações a Oscars nessa área – de fotografia, direção de arte, de repente até melhor cabelo e maquiagem.

Ah, falando da maquiagem, citei lá em cima “um pé no grotesco”. Normalmente quando um filme mostra gore, foca no gore justamente para chocar. Se não é pra chocar, não precisa de gore. Del Toro usa o gore de uma maneira diferente do usual. Um exemplo: em determinado momento um personagem leva um tiro na orelha, e ficam pedaços de orelha pendurados. Se fosse só pra chocar por chocar, del Toro faria closes para aumentar a exposição da orelha despedaçada. Mas não, a orelha está lá, ao fundo…

Agora, o filme é longo demais, e cansa em alguns momentos. São duas horas e meia, e a gente se pergunta se precisava de tudo isso. Existe outra versão desta mesma história, no filme O Beco das Almas Perdidas, de 1947. Este não é uma refilmagem daquele, del Toro usou o mesmo livro original, escrito por William Lindsay Gresham, e fez uma nova adaptação. Não vi o filme anterior, mas sei que ele tem 40 minutos a menos. Se esta nova versão tivesse 40 minutos a menos, provavelmente ia ser menos cansativo.

Pelo menos a parte final é boa. A última meia hora do filme é tensa e tem um ótimo ritmo. Pelo menos a gente sai do cinema empolgado.

O elenco é muito bom. Bradley Cooper está bem, e precisa estar, já que o filme é todo em cima do seu personagem. Cate Blanchett, Toni Collette e Rooney Mara dividem a tela com o protagonista, em fases diferentes do filme. Willem Dafoe está bem, mas aparece pouco. Também no elenco, Richard Jenkins, Ron Perlman, David Strathairn, e breves participações de Mary Steenburgen e Tim Blake Nelson.

Ao fim, me lembrei de A Colina Escarlate. Um belo filme, mas chato.

Pânico 5

Crítica – Pânico 5

Sinopse (imdb): Um novo capítulo da franquia de terror Pânico seguirá uma mulher que volta à sua cidade natal para tentar descobrir quem tem cometido uma série de crimes cruéis.

Lançado em 1996, o primeiro Pânico é um dos melhores slashers já feitos. Slasher é aquele subgênero do terror onde um assassino serial mata boa parte do elenco, gênero que estava meio saturado ao fim dos anos 80, depois de vários Sexta Feira 13, Halloween e A Hora do Pesadelo. Aí veio Pânico, dirigido por Wes Craven (criador do Freddy Kruger), que mostrou um slasher diferente – trazia várias referências a outros slashers, e ainda brincava com os clichês do gênero. Claro que fez sucesso, e claro que teve continuações, em 97, 2000 e 2011, todas dirigidas por Craven.

E agora, sem Wes Craven, que faleceu em 2015, temos o quinto filme. E a boa notícia é que o filme é muito bom!

Dirigido pela dupla Matt Bettinelli e OlpinTyler Gillett (Ready or Not), este novo filme acerta exatamente no mesmos pontos do primeiro filme da franquia: muitas referências a outros filmes de terror e muitas brincadeiras com os clichês. E tudo atualizado: se na cena inicial do primeiro filme rolava um diálogo sobre filmes de terror e Sexta Feira 13 e Halloween eram citados, aqui temos uma cena parecida, mas que cita pós terror – a personagem fala em Babadook, It Follows, Hereditário e A Bruxa.

Preciso falar da metalinguagem! Teoricamente, metalinguagem é quando a gente vê um filme dentro de um filme, e aqui não é exatamente isso. Em alguma das continuações (não me lembro qual), existe o filme “Stab”, que seria a versão cinematográfica da história do filme Pânico. Aqui, várias vezes os personagens se referem ao que está acontecendo como se fosse um novo Stab. Ou seja, estão falando de um filme dentro do filme, e esse filme dentro do filme conta a história do filme. Inception de metalinguagem!

Chega ao ponto de ter uma cena onde explicam o conceito de “requel”, que seria uma mistura de reboot com sequel – como em Halloween e Caça Fantasmas. Ou um vídeo de youtube criticando uma continuação que não tem o número no título, que apenas repete o título do filme original. O filme inteiro consegue fazer auto citações – e ficam boas!

Pânico 5 ainda aproveita pra cutucar a atual mania de certos fãs que se acham donos da verdade sobre a obra original. Me lembrei de várias discussões entre fãs de Guerra nas Estrelas

Nem tudo funciona. Algumas cenas são forçadas – tipo quando a xerife da cidade pede reforços e passa um tempão e ninguém aparece. Ou quando um personagem leva vários tiros e ninguém explica por que saiu andando como se nada tivesse acontecido. Por outro lado, vários clichês são bem utilizados. E os jump scares são bem construídos.

No elenco, os três “de sempre” (Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette) têm participações importantes, mas o filme é da nova geração, de nomes novos e pouco conhecidos – acho que só conhecia Dylan Minnette (de Homem nas Trevas) e Jack Quaid (de The Boys). Marley Shelton, que estava no quarto filme, também volta. Também no elenco, Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown, Sonia Ammar, Mikey Madison e Mason Gooding.

Mantendo o espírito da franquia, Pânico 5 é um presente para fãs de terror.

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Crítica – Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Sinopse (imdb): Esta história de origem, ambientada em 1998, explora os segredos da misteriosa Mansão Spencer e da malfadada Raccoon City.

Antes de tudo, um aviso para os que não me conhecem. Não saco muito de videogames. Sei que Resident Evil é um famoso videogame. Mas nunca joguei. Meu interesse aqui é cinema.

Já comentei, gosto muito do primeiro Resident Evil, de 2002, mas reconheço que a qualidade foi caindo a cada novo filme que era lançado. Mas, gosto da franquia, continuava vendo, vi todos – são seis no total – e sempre lembrava que Silent Hill, outro filme de terror baseado em videogame, é um filme muito bom e que nunca teve continuações…

Este novo Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City trazia a proposta de um reboot. Esqueçam aqueles filmes e bora recomeçar do zero. Mas… Tudo deu errado.

A princípio esse filme seria mais fiel ao videogame, parece que é uma adaptação dos dois primeiros jogos. Não sei, não joguei. Não sei se um fã do videogame vai curtir. Mas posso afirmar que alguém que gosta de cinema não vai curtir.

Dirigido por Johannes Roberts, Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City é uma bagunça. Roteiro mal escrito, personagens rasos e efeitos especiais péssimos.

Normalmente não me incomodo com efeitos especiais ruins em cgi, procuro focar no conjunto e não só nos gráficos de computador. Mas, céus, alguns dos efeitos aqui são tão toscos que me tiravam da cena. Aquele cachorro zumbi parece videogame mal renderizado, e os zumbis que aparecem lá pelo meio do filme são piores que cospobre na zombie walk.

Sem spoilers, mas preciso comentar um efeito que tem na parte final. Claro que aparece um monstrão – filme baseado em videogame, vai terminar com a luta contra o monstrão, isso já era previsível. Nem vou falar que aquele monstrão NUNCA estaria naquele local, tudo explodiu, ele só chegaria lá se usasse teletransporte. Mas, ok, o monstrão está lá. Aí ele pega um personagem com as garras e joga de um lado pro outro – cara, na boa, NENHUM ser humano sobreviveria àquilo!

Mas, efeitos ruins não são a única coisa tosca. O roteiro é péssimo. Os personagens não têm nenhum objetivo, uma motivação – a não ser um deles que vai ser o X9 do grupo, esse me pareceu o único personagem que tinha algo a fazer.

E não falo só dos personagens principais. Aparecem zumbis perto da delegacia que não servem pra nada na trama e somem logo depois. E a mansão estava cheia de zumbis, por qual motivo? Aliás, nem me lembro se tinha algum motivo pra irem até a mansão.

O roteiro é tão qualquer coisa que mais ou menos com dois terços de filme reaparece uma nova personagem, Lisa Trevor, que parecia ser um bom adendo à trama – ela aparece rapidamente num flashback no início do filme, A cena onde ela aparece é boa, é uma personagem que gera curiosidade – mas logo depois esquecem da existência da personagem!!! O grupo segue sem ela. Como assim??? E, nos créditos vi que é interpretada por Marina Mazepa, a mesma que fez a criatura / entidade em Maligno.

Aproveito pra falar do elenco. Torço muito pela Kaya Scodelario desde que descobri que ela é filha de uma brasileira. Torço tanto que espero que ela não faça nenhuma continuação deste filme. Também no elenco, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue e Neal McDonough, em atuações que variam entre o caricato e a canastrice.

Li alguns comentários que os fãs do jogo vão curtir alguns cenários, que estariam iguais ao game. Só que os mesmos comentam que todos os personagens foram descaracterizados na adaptação. Ou seja, parece que nem vai agradar aos fãs do jogo.

O pior de tudo é que vão querer continuar fazendo continuações. Que são cada vez piores.

Titane

Crítica – Titane

Sinopse péssima do imdb: Após uma série de crimes sem explicação, um pai reúne-se ao seu filho que estava desaparecido há 10 anos.

Ano passado falei de Prisioners of the Ghostland, um filme bem esquisito. Hoje é dia de Titane, mais um filme esquisito. A diferença é que Prisioners of the Ghostland é um filme dirigido por Sion Sono, um diretor japonês que sempre faz filmes esquisitos, então a gente já sabia mais ou menos o que esperar. E Titane simplesmente é o ganhador da Palma de Ouro de Cannes em 2021.

Titane é o novo filme de Julia Ducournau, mesma diretora de Raw – filme que também gerou polêmicas quando foi lançado. Se Raw falava de canibalismo, Titane traz uma mulher que faz sexo com um carro. Sim, isso mesmo. E isso é apenas no começo, o filme ainda fica mais estranho. Mas não vou entrar em detalhes porque esse é daquele tipo de filme que é legal ver sem muitas informações prévias.

Só queria falar da cena em plano sequência, logo no início, que mostra o mundo onde a protagonista Alexia vive. Ela é uma dançarina que faz performances sensuais em cima de carros, e tem um grande fã clube. Nem sei se esses eventos realmente existem…

Titane é bem violento, tem bastante gore, principalmente na primeira metade – parece que Ducournau cansou de aloprar e se acalmou na segunda metade. Mas o fim ainda traz algumas surpresas bizarras.

Preciso falar da atriz Agathe Rousselle. Entendo que pessoas questionem um prêmio de melhor filme, afinal Titane é um filme bem fora do padrão. Mas, se Agathe for indicada a prêmios, ninguém vai reclamar. Ela tem uma atuação muito intensa, nudez, sexo, tem o cabelo raspado, aparece toda suja e machucada, é um nível de entrega que não estamos acostumados em Hollywood.

Titane tem algumas coisas que não são explicadas, o que era algo esperado, o filme deixa coisas em aberto pra interpretação do espectador.

Vá de cabeça aberta!

A Última Noite

Crítica – A Última Noite

Sinopse (imdb): Nell, Simon e o seu filho Art estão prontos a acolher amigos e familiares para o que promete ser uma reunião de Natal perfeita. Perfeito exceto por uma coisa: todos vão morrer.

Fiquei na dúvida se valia fazer um texto sobre esse filme. Mas fiquei tão bolado com o fim dele que preciso botar pra fora. Vamulá.

Em primeiro lugar, preciso falar que achei que veria um filme completamente diferente. A gente lê a sinopse e vê o poster, e lê no imdb que é terror – achei que iria ver um filme na onda de Ready or Not, uma família rica com hábitos estranhos e mortais. Que nada. A Última Noite passa longe do terror, é um drama pesado. O único terror aqui é o da morte de pessoas próximas.

(Li algumas críticas que falam sobre comédia. Outra coisa errada. A Última Noite tem alguns diálogos engraçados, mas passa longe da comédia.)

Escrito e dirigido pela estreante Camille Griffin, A Última Noite (Silent Night, no original) é um drama sobre amizades e despedidas. Olhando sob este ângulo, é um bom filme, que se baseia basicamente nas interações entre os personagens, suas amizades e suas rixas, tudo dentro do mesmo cenário que é a casa

O elenco é muito bom. Keira Knightley (Piratas do Caribe) e Matthew Goode (Watchmen) fazem os pais e anfitriões da festa, e Roman Griffin Davis, o Jojo Rabbit, é Art, o garoto principal. Também no elenco, Annabelle Wallis, Lily-Rose Depp, Sope Dirisu, Lucy Punch, Rufus Jones e Kirby Howell-Baptiste. O roteiro consegue construir bons personagens e equilibrar bem as cenas entre eles.

(Curiosidade: a diretora Camille Griffin é mãe do protagonista Roman Griffin Davis e de seu irmãos gêmeos, Hardy e Gilby Griffin Davis.)

Preciso falar do fim, mas antes, os avisos de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Ao longo do filme a gente descobre que existe uma nuvem tóxica se espalhando pelo planeta, e que vai matar todo mundo, de maneira lenta e dolorosa. E o governo distribuiu “pílulas de suicídio”, para que as pessoas possam morrer rapidamente e sem dor.
Perto do fim do filme, o garoto Art foge e encontra um carro com pessoas mortas. Ele se desespera com a situação, e neste momento, tem uma nuvem de poeira tóxica, e ele acaba respirando. O pai o encontra, e acha que o problema é o nervosismo por ter visto o carro com as pessoas mortas. O pai traz o garoto de volta pra casa, e, juntos no quarto, a mãe descobre que o filho está doente porque seus olhos e nariz estão sangrando. O pai e a mãe se desesperam, achando que o filho já morreu, e todos tomam a pílula da eutanásia para morrerem abraçados. E aí você pensa que o filme acabou. Um final triste mas coerente, a família morta abraçada. Mas, no último take do filme, o garoto abre os olhos!

Essa cena mexeu comigo. O garoto está vivo! São duas as opções, segundo a minha interpretação. Uma delas é que ele está doente, e agora vai morrer lentamente, sozinho, porque toda a sua família morreu. A segunda opção é que era uma mentira do governo, e que a fumaça não é tão tóxica assim, então todos morreram à toa.

Independente de qual opção, o futuro do menino será terrível. E desde que acabei o filme não consigo tirar isso da cabeça!

FIM DOS SPOILERS!

A minha ideia inicial era ter visto A Última Noite a tempo de escrever este texto para um post de Natal. Que bom que me enrolei e deixei pra ver o filme depois. Não ia querer um filme tão pesado para o Natal.

Eduardo e Mônica

Crítica – Eduardo e Mônica

Sinopse (imdb): Será que o romance entre uma estudante de medicina e um colegial pode dar certo? Um casal que deve superar suas diferenças significativas para viver um grande amor.

Preciso falar que rolava um certo pé atrás com este filme. É dirigido por René Sampaio, o mesmo diretor de Faroeste Caboclo, que é um bom filme, mas que altera algumas partes essenciais da música original. Ok, admito, o meu head canon me atrapalhou. Mas não consegui curtir aquele filme por causa das adaptações.

Felizmente, aqui em Eduardo e Mônica as adaptações funcionaram – pelo menos para mim – e posso dizer que “entrei no filme”.

Tudo funciona redondinho no filme, que usa o formato de comédia romântica – duas pessoas se conhecem, se gostam, se estranham, se separam, se reconciliam, etc. Fórmula batida, mas eficiente.

Os trechos da música entram naturalmente no roteiro, tipo rola um telefonema onde eles decidem se encontrar e o Eduardo sugere uma lanchonete enquanto a Mônica sugere um filme da nouvelle vague – ou seja, um filme do Godard. Sim, alguns elementos da música estão colocados discretamente, por exemplo, na música a Mônica cita Mutantes, no filme tem uma rodinha de violão tocando Ando Meio Desligado.

Uma boa sacada foi situar o filme na década de 80. Não fala exatamente em quais anos, mas a gente sabe que se passam alguns anos durante o filme. Tem pelo menos dois indicativos: Eduardo tem um poster do Fluminense campeão brasileiro de 1984 no quarto; e um tempo depois aparece ele fazendo o vestibular em 1987.

A reconstituição de época é muito bem feita – tem um personagem que usa mochila da Company! E tem uma cena que a galera da nossa idade vai lembrar do perrengue que era telefonar interurbano com fichas de telefone!

Tem um detalhe que gostei mas que vai passar desapercebido por boa parte da audiência. Tem uma trilha sonora instrumental, tocada por violões e outras cordas, que evoca os acordes da música título. Fica aquele clima no ar, mas sem entrar na música propriamente dita (que só é tocada nos créditos finais).

A música não citava nada de política, mas política era um tema recorrente na época, o Brasil estava saindo da ditadura militar, e duas das principais bandas que vieram de Brasília traziam política e críticas sociais nas suas letras (Legião Urbana e Plebe Rude). No filme, o pai da Mônica foi exilado por causa da ditadura, e o avô do Eduardo é um ex militar. Achei uma boa sacada.

Ok, vou reclamar de uma coisa. Admito que é um problema que acontece muito no audiovisual: a idade dos atores. Não sei exatamente quando foi filmado, a data no imdb é 2020, ou seja, essas filmagens já aconteceram há um tempo. Hoje, Alice Braga tem 38 anos, e Gabriel Leone (Dom) tem 28. A diferença de idade entre os dois é boa, compatível com ele fazendo vestibular enquanto ela se forma em medicina. Mas, o Gabriel Leone, com vinte e muitos anos, dizendo “eu tenho 16 anos” não ficou legal. Mas, sei que é um problema recorrente no cinema, lembro de um Espetacular Homem Aranha onde a Emma Stone, com vinte e muitos, grita “eu tenho dezessete anos!”.

Dito isso, preciso dizer que os dois estão ótimos, são grandes atores e a química entre o casal está perfeita. Excelente escolha de elenco.

(Tem uma participação de Fabricio Boliveira, que fez o João de Santo Cristo no Faroeste Caboclo. Será que existe um “legiãoverso”?)

Como falei, ao fim do filme estava feliz e com vontade de rever. E ao mesmo tempo frustrado, porque não sei quando o filme será lançado – inicialmente a data de estreia era pra ser 06 de janeiro, mas já adiaram de novo pro dia 20.

Mas, posso dizer que, dos últimos quatro filmes que vi no cinema, dois nacionais (Eduardo e Mônica e Turma da Mônica Lições) e dois blockbusters gringos (Matrix e King’s Man), os nacionais são muito melhores!

King’s Man: A Origem

Crítica – King’s Man: A Origem

Sinopse (imdb): Um spinoff da franquia Kingsman sobre essa organização de espiões no início do século XX.

Ah, a expectativa. Já falei aqui diversas vezes, quando a gente cria expectativas, a chance de uma decepção é grande.

Gosto muito do primeiro Kingsman, um excelente filme com cenas de ação insanas e um humor no ponto exato. O segundo é mais galhofa, mas ainda é muito divertido. Fui ao cinema querendo ver algo nessa pegada. Mas esse terceiro filme é muito mais sério. Poucas cenas de ação, e quase nada de humor. E, pra piorar, o filme demora muito tempo no setup inicial, quase uma hora até as coisas começarem a acontecer.

E aí vem a minha dúvida: o problema foi do filme, ou heu que queria ver uma coisa e me foi apresentada outra? Pelo meu head canon, afirmo: achei uma decepção. Talvez vendo uma segunda vez heu mude de ideia, mas, dessa primeira vez, não curti.

Uma coisa que achei estranha foi que é do mesmo Matthew Vaughn que dirigiu os outros dois. Se tivesse mudado o diretor, dava pra entender a mudança de estilo, mas, sendo escrito e dirigido pelo mesmo cara, por que ele resolveu mudar?

Este filme traz uma coisa curiosa. Assim como Tarantino fez em Bastardos Inglórios e Era uma Vez em Hollywood, este King’s Man: A Origem traz personagens históricos reais dentro da trama do filme. Li uma crítica onde falavam que isso era um problema, porque você já sabe o destino de alguns personagens. Mas, admito, falha minha, conheço pouco sobre a história da primeira guerra mundial, então não sabia de nenhum dos acontecimentos.

O primeiro filme tem uma sequência sensacional, que poderia estar em listas de melhores sequências da história do cinema, a cena da igreja. A cena é extremamente bem filmada, e além disso ela tem uma importância muito grande na narrativa, porque o espectador se pergunta “e agora, pra onde a história vai?” Neste novo filme, não tem nenhuma cena que chama a atenção tecnicamente falando, mas tem um desses momentos de “pra onde a história vai?”. Sem spoilers, mas a parte na guerra me causou essa boa estranheza.

O elenco é bom. Como esse filme se passa cem anos antes do primeiro Kingsman, claro que não tem ninguém dos outros filmes – tive a impressão de ter visto Mark Strong na cena final, mas precisaria rever pra ter certeza, no imdb não fala nada. Ralph Fiennes manda bem como o protagonista, e se tiver que dar um destaque, vou de Rhys Ifans (irreconhecível) como Rasputin. Também no elenco, Gemma Arterton, Harris Dickinson, Djimon Hounsou, Matthew Goode, Charles Dance, Alexandra Maria Lara, Daniel Brühl, Tom Hollander e participações menores de Aaron Taylor-Johnson e Stanley Tucci.

King’s Man: A Origem estreia nos cinemas esta semana. Vou tentar rever pra ter uma segunda opinião.