Red: Crescer é uma Fera

Crítica – Red: Crescer é uma Fera

Sinopse (imdb): Uma jovem vive um ano de formação na companhia de um enorme panda vermelho.

Outro dia falei do sub título nacional péssimo de Ambulância Dia de Crime. Acho que Red Crescer é uma Fera é ainda pior. Essa frase não faz sentido!

A Pixar deixou a gente mal acostumado. Assim como a Marvel mudou o paradigma do filme de super herói, a Pixar fez o mesmo e elevou para outro patamar o conceito de longa de animação filmes como Toy Story, Monstros S.A., Wall-E, Divertida Mente e Soul.

Aí vem Red e seu sub título horrível. Red Crescer é uma Fera (Turning Red, no original) não é ruim, longe disso, mas está abaixo do melhor que a Pixar pode oferecer. Mas… como falei na crítica de Luca, isso é uma espécie de head canon, o problema não é do filme, e sim da expectativa que criei. Então bora falar de Red como se não fosse Pixar.

Estruturalmente, Luca e Red têm semelhanças. Luca foi dirigido por Enrico Casarosa, que antes tinha dirigido um curta para a Pixar. E o longa traz referências à infância do diretor. Red foi dirigido por Domee Shi, que dirigiu o curta Bao, curta que passou antes de Os Incríveis 2 (e vale lembra que ela ganhou o Oscar pelo curta). Mais: a protagonista Meilin é sino canadense e a história se passa no Canadá; Domee Shi nasceu na China mas se mudou para o Canadá aos 2 anos de idade.

O panda vermelho é uma metáfora à puberdade e todas as transformações físicas e emocionais que acontecem na adolescência, principalmente com as meninas (coisa que estou falando sem muita propriedade porque não passei exatamente por isso, mas, como pai de menina, acompanhei uma adolescente de perto). Nessa parte da metáfora, o filme é perfeito. Mas… Teve uma coisa que me incomodou: nenhum adulto sabe da existência do panda gigante!

A história se passa em 2002, o que ajuda, porque, se fosse hoje, cada adolescente teria um celular na mão e o panda estaria em várias redes sociais logo no primeiro dia. Não me lembro se em 2002 já existiam smartphones, mas, se existiam, não eram usados por todos no dia a dia. Mas, mesmo assim, quando o panda vira um evento entre todas as crianças da escola, algum professor ou pai acabaria descobrindo.

A protagonista Meilin é um personagem muito bem construído. Ela é uma menina exemplar e bem comportada diante dos olhos da mãe e ao mesmo tempo é uma adolescente normal entre suas amigas, e é legal ver como ela quer assumir o panda – diferente das mulheres mais velhas da sua família que precisavam reprimir seus pandas internos. As amigas são personagens mais rasos, cada uma só tem uma característica, mas servem para o que o filme pede. As tias e a avó são boas personagens, mas pouco exploradas. Acho que o único personagem bom além da protagonista é o pai.

A parte técnica é impecável, como era de se esperar. E Red ainda traz uma pequena diferença ao padrão Pixar, que são expressões faciais exageradas dos personagens em algumas cenas, lembrando estilo de anime – tudo a ver com a proposta do filme.

Por fim, fico me perguntando quando a Pixar vai voltar aos cinemas. Assim como Soul e Luca, Red Crescer é uma Fera foi direto para o streaming. E – modo velho saudosista on – prefiro muito mais ver um filme desses numa sala de cinema do que na TV de casa.

Divertido e tecnicamente muito bem feito, Red Crescer é uma Fera não é um “novo clássico da Pixar”, mas vai divertir quem estiver na vibe certa.

Ambulância – Um Dia de Crime

Crítica – Ambulância – Um Dia de Crime

Sinopse (imdb): Dois assaltantes roubam uma ambulância depois do assalto deles ter corrido mal.

Filme novo do Michael Bay, a gente já sabe mais ou menos o que vai encontrar. Bay é um cara intenso. Muito close, muita câmera lenta, muita cena ao pôr do sol, muita música dramática. E ao mesmo tempo, muita correria e muita explosão.

Agora, goste ou não, a gente tem que reconhecer que o cara sabe filmar. São muitas cenas bem filmadas. Teve um detalhe de uma câmera aérea – provavelmente um drone – que sobe, desce, corre entre as pessoas, corre entre os carros, gostei bastante desses takes.

Sobre as cenas de perseguição – são muitas! – parte funciona, parte não funciona. Algumas são muito boas – teve uma em particular onde a câmera está vindo em velocidade perto do chão, um carro pula por cima dela e depois ela voa por cima de outro carro – se heu estivesse vendo em casa, certamente iria voltar pra rever. Mas às vezes as cenas parecem confusas e com falhas de continuidade.

Agora, o roteiro… Ah, o roteiro… Não só é cheio de coisas forçadas, como tem pelo menos três pontos que me deram raiva. Um deles vou falar agora, porque é uma das primeiras cenas do filme e uma das coisas que faz o filme acontecer: Will está precisando de dinheiro para uma cirurgia da sua esposa, então ele vai até Danny para pedir emprestado. Chegando lá, ele Danny está saindo para um grande e sofisticado assalto a banco, e precisa da participação de Will, porque está faltando uma pessoa no seu time. Ora, nunca assaltei um banco, mas já vi diversos filmes com o assunto, e os planos sempre são planejados cuidadosamente. Como assim o cara que chegou agora “entra aí que está faltando uma pessoa”?!?!? (Os outros dois pontos falo depois de um aviso de spoilers).

Além do roteiro forçado, o filme é longo demais. São duas horas e dezesseis minutos onde mais da metade é essa longa perseguição. O filme seria melhor se fosse mais enxuto, talvez devessem cortar uns quarenta minutos de perseguições.

Mesmo assim, achei o filme divertidíssimo. Alguns diálogos são bem divertidos, como toda a relação entre o chefe de polícia e sua assistente Dzaghig. E ainda temos citações a outros filmes do próprio Michael Bay, A Rocha e Bad Boys, além de uma referência a Coração Valente.

E teve uma cena em particular que achei o momento mais engraçado do ano no cinema até agora. É uma cena que envolve a música Sailing, do Christopher Cross. Não, a música não é engraçada. Mas a música foi usada de uma maneira tão imprevisível, tão esdrúxula, que a cena ficou tão engraçada quanto a piada do Michael Jordan no novo Space Jam.

Sobre o elenco, achei o trio principal ok. Não são personagens muito complexos, mas Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul Mateen II e Eiza Gonzalez funcionam para o que o filme pede. E gostei da relação entre os irmãos. Também no elenco, Garret Dillahunt, Keir O’Donnell, Jackson White e Olivia Stambouliah.

Vamos aos problemas do roteiro?

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Duas cenas me incomodaram muito. Entendo que boa parte do cinema é feita de decisões burras de personagens, mas duas das cenas daqui foram além da burrice normal.
– Está rolando a perseguição. Dezenas de carros de polícia atrás da ambulância. Mas precisam realizar uma cirurgia, então a ambulância reduz a velocidade pra 30 km/h. Ué, por que os carros de polícia também reduziram? Por que não aproveitaram pra abordar?
– Will dá uma ideia que é até boa, eles pedem para parceiros roubarem outras ambulâncias, e vão para debaixo de um viaduto, para saírem várias ambulâncias iguais e distraírem os policiais. Ok, boa ideia. Mas… Eles resolvem pintar a ambulância onde eles estão, para disfarçá-la. Caramba! Por que não trocar de carro??? Pra que pintar uma ambulância e continuar nela???
Este segundo ponto é necessário para a conclusão do filme, teriam que mudar o final. Mas o primeiro era só cortar esse sub-plot da cirurgia. Fácil fácil.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com esses problemas, me diverti muito na sala de cinema. E, pra mim, “cinema é a maior diversão”. Entendo quem não gostar, mas, quem entrar no clima vai ter um bom entretenimento por duas horas.