X

Crítica – X

Sinopse (imdb): Em 1979, um grupo de jovens cineastas se propôs a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus solitários e idosos anfitriões os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas.

E vamos ao melhor filme de terror de todos os tempos da última semana!

X é a nova produção de terror da A24, o que faz a gente logo lembrar de filmes “terror cabeça” como A Bruxa e Midsommar. E a boa notícia é que pode ser curtido tanto pelo pessoal cabeça quanto pela galera que gosta de um terror montanha russa.

Você pode ver X como apenas mais um slasher. Um pessoal vai para um local isolado para filmar um pornô e mortes começam a acontecer. Mas… X tem camadas que serão apreciadas pelo espectador chegado ao filme cabeça – desde simbolismos conectando a protagonista à velha que morava na casa, até detalhes cinematográficos como uma cena onde uma personagem sai de uma casa, e na cena seguinte vai até o carro – mas as cenas foram editadas de forma entrecortada; ou uma cena de metalinguagem onde vemos um personagem oferecendo um suco a outro, dentro do filme ao mesmo tempo que dentro da “vida real”. Recomendo prestar atenção nos detalhes!

X é o novo filme escrito e dirigido por Ti West. Só vi um dos seus filmes, A Casa do Diabo, de 2009, e lembro que na época falavam bem do diretor. Mas aparentemente ele gosta mais de TV do que de cinema, seu último filme foi em 2016, de lá dirigiu episódios de nove séries diferentes… Sobre A Casa do Diabo, o curioso é que é um filme que parece ser feito nos anos 70, e o mesmo acontece aqui em X.

Ouvi comentários dizendo que X é muito gráfico, tanto na parte de violência quanto na parte de sexo. Não concordo. Na parte de violência, sim, mostra várias mortes e tem bastante gore, mas nada muito diferente do que a gente vê por aí em outras produções. Já na parte de sexo, achei que, para a proposta de mostrar bastidores do cinema pornô, até tem pouco. Tem nudez, tem sexo, mas nada muito explícito.

No elenco, não sei se é um spoiler, acredito que não, mas… Mia Goth faz dois papéis: a protagonista Maxine e a velha Pearl. Mia está bem, mas é um papel que não exige muito, apesar de ser um papel duplo. Também no elenco, Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi, Martin Henderson, Owen Campbell e Stephen Ure.

Existem planos de um prequel, contando a história da Pearl – que parece que já foi filmado! Aguardemos.

X tem previsão de chegar aos cinemas no segundo semestre, o que me parece uma decisão burra. Hoje em dia existem meios alternativos de se procurar os filmes. Se o filme está sendo bem falado internacionalmente, por que esperar tanto para lançar? Quando chegar aqui, boa parte do público já terá assistido.

Terror no Estúdio 666

 

Crítica – Terror no Estúdio 666 / Studio 666

Sinopse (imdb): A lendária banda de rock Foo Fighters se muda para uma mansão em Encino mergulhada na terrível história do rock and roll para gravar seu tão aguardado décimo álbum.

Outro dia falei de garotos de escola tocando rock, hoje vamos falar de uma banda de verdade brincando de fazer cinema.

Antes de tudo: não precisa conhecer os Foo Fighters para curtir o filme. Mas precisa curtir terror B! Terror no Estúdio 666 é uma ideia do Dave Grohl, que criou a história e é o ator principal, e trouxe sua banda inteira para entrar na brincadeira.

Claro, as atuações são ruins. Os seis da banda interpretam eles mesmos, e fica claro que, tirando Dave Grohl, eles não têm talento para atuar. E, para o azar do espectador, um dos papéis mais importantes ficou com Pat Smear, que me pareceu o pior ator dos seis. Rami Jaffe fica pouco atrás, também é um ator bem ruim, e mesmo assim usaram seu personagem para fazer o alívio cômico. Os outros 3, Nate Mendel, Chris Shiflett e Taylor Hawkings, têm papéis mais discretos e não atrapalham – Hawkings inclusive declarou que não leu suas falas no roteiro e decidiu improvisar todos os diálogos.

Também temos algumas participações interessantes no elenco. John Carpenter (que é um dos autores do tema dos créditos iniciais) aparece como um dos técnicos de som. Kerry King, guitarrista do Slayer, tem um papel pequeno. Steve Vai não aparece, apenas suas mãos, quando Grohl aparece tocando rápido. E Lionel Ritchie tem uma participação engraçadíssima. Também no elenco, Jeff Garlin, Whitney Cummings, Jenna Ortega, Will Forte e Jimmi Simpson.

Se no quesito atuação Terror no Estúdio 666 é fraco, isso é compensado no gore. O filme tem muito sangue e algumas mortes bem gráficas, boa parte delas (se não todas) usando efeitos práticos e de maquiagem – o que funciona muito melhor para a proposta do filme do que se usassem cgi. Também tem umas criaturas que parecem sombras que ficaram bem legais (mas acho que tinha algum cgi). E ainda tem uma referência a O Exorcista. Fãs do estilo vão curtir!

Terror no Estúdio 666 tem algumas situações absurdas no roteiro, tipo todos concordarem em entregar os celulares depois que encontram um cadáver. Mas, o objetivo do filme é ser uma grande brincadeira despretensiosa. Se você não levar a sério, vai se divertir. Pelo meu ponto de vista, a banda acertou em cheio, ia ser legal ver outros filmes despretensiosos com outras bandas.

Por fim, a nota triste. O filme foi lançado pouco antes do falecimento do baterista Taylor Hawkings. Fica difícil falar de uma brincadeira divertida na mesma época em que a banda perde um de seus membros.

Metal Lords

Crítica – Metal Lords

Sinopse (imdb): Dois amigos se reúnem para formar uma banda de heavy metal com uma violoncelista para participar de uma competição de bandas.

Às vezes a gente tem uma decepção, como foi com o recente Águas Profundas, que tem um bom diretor e um bom casal de protagonistas, mas que apesar disso é um filme bem ruim. E outras vezes a gente tem uma grata surpresa, quando vamos ver uma comédia adolescente sem ninguém muito conhecido no elenco principal, mas que proporciona divertidas e agradáveis duas horas em frente à tela. É o caso deste Metal Lords, nova comédia da Netflix.

Metal Lords foi dirigido por Peter Sollett, e escrito por D.B. Weiss, que curiosamente foi o co-criador e showrunner de Game of Thrones – que não tem nada a ver com este filme. Mas, lembrei de um vídeo que rolou um tempo atrás que tem tudo a ver. Era uma espécie de jam session de guitarristas tocando o tema de Game of Thrones, com o próprio D.B. Weiss tocando guitarra ao lado de Ramin Djawadi (compositor do tema), Tom Morello (Rage Against The Machine), Scott Ian (Anthrax) e Nuno Bettencourt (Extreme). E ele não faz feio! Ou seja, D.B. sempre foi um cara do rock. Ah, Ramin Djawadi e Tom Morello trabalharam na trilha sonora de Metal Lords.

Ok, a gente tem que reconhecer que Metal Lords não traz nada de novo. A gente já sabe como o filme vai se desenvolver e como vai terminar. Não é um filme para figurar em listas de melhores do ano. Mas, pode entrar em listas de bons filmes com temática rock’n’roll, como Escola de Rock, Still Crazy ou Rock Star. E, principalmente, é um filme leve e agradável, que deixa a gente com vontade de rever na primeira oportunidade.

Me perguntaram se me identifiquei com a banda, afinal, comecei a tocar na época do colégio, e tive uma fase de heavy metal no currículo. Mas, na verdade, na época do colégio minha banda era mais parecida com a banda “rival”, só comecei a tocar metal anos depois. Mas, claro, vivi algumas daquelas situações presentes no filme.

Gostei muito do trio principal do elenco, tanto pelos atores quanto pelos personagens. Falei que o elenco principal era de desconhecidos, né? Mais ou menos. O protagonista Jaeden Martell estava em It e Entre Facas e Segredos, não é um rosto completamente novo. Mas aqui em Metal Lords é que ele realmente tem espaço para mostrar um bom trabalho. Seu personagem Kevin tem um bom desenvolvimento, tanto na parte musical quanto na personalidade. Adrian Greensmith faz um personagem que é meio caricato, mas, acreditem, conheci gente igual. O garoto que só pensa no metal, filho de pai rico, com problemas de relacionamento com todos em volta – inclusive o pai. A menina Isis Hainsworth também é ótima, tanto a atriz quanto a personagem, mas achei que a mudança dela ficou meio abrupta. Mas, gostei da “nova Emily”.

Esqueci de falar, vemos os garotos tocando os instrumentos. Podem até não ser grandes músicos (não dá pra saber), mas pelo menos demonstram bem na tela.

Preciso citar aqui uma cena que achei muito boa, que é quando Kevin aprende a tocar War Pigs. No início do filme a gente vê que o garoto não toca direito e tem problemas com ritmo. Durante a War Pigs, vemos a evolução do Kevin, tanto na parte técnica tocando bateria, quanto na parte de postura e de figurino. A cena ficou muito legal!

Tem um detalhe que vou implicar, mas sei que é um preciosismo. A cena final, quando eles tocam na batalha das bandas, aquela música nunca seria tocada daquele jeito sem ensaio. Nem com músicos profissionais, muito menos com músicos amadores. Já subi no palco sem ensaio, mas eram músicas mais conhecidas e com menos convenções. Certamente eles errariam a execução. Mas… É “filme de sessão da tarde”, a gente releva isso e aceita que a música saiu sem nenhum tropeço.

Tem uma outra cena que achei genial, mas não sei se é spoiler, então vou colocar os avisos.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Tem uma cena onde Kevin “ouve vozes na sua cabeça”. Aí aparecem Scott Ian (Anthrax), Tom Morello (Rage Against the Machine), Kirk Hammett (Metallica) e Rob Halford (Judas Priest) para conversar com ele. Achei genial! Mas acho uma boa citar aqui quem são, porque o filme não explica quem é quem. Só quem realmente conhece as bandas de metal é que vai reconhecer.

FIM DOS SPOILERS!

Nem sei se era pra falar tanta coisa de um filme tão despretensioso, mas é que curti e terminei a sessão empolgado. Recomendo pra todos os que gostam de música!

Águas Profundas

Crítica – Águas Profundas

Sinopse (imdb): Um marido abastado que permite que a sua esposa tenha casos para evitar o divórcio torna-se um suspeito principal no desaparecimento dos seus amantes.

Vejo muitos filmes. Consequentemente vejo muitos filmes ruins, não dá pra gente ver só só os bons. Mas alguns filmes vão um pouco além. É o caso deste Águas Profundas (Deep Water, no original).

Primeiro filme do Adrian Lyne (Flashdance, Atração Fatal, Alucinações do Passado, Proposta Indecente) em 20 anos, com Ben Affleck e Ana de Armas, contando uma história que misturava erotismo e assassinatos. Ok, parecia bom. Estava até na minha lista de expectativas para 2022.

Mas, preciso dizer: que decepção! O filme é bem fraco, e o final é horroroso!

Águas Profundas até começa bem conhecemos o casal Vic e Melinda, e vemos que eles têm uma dinâmica incomum. Eles se tratam mal, ela trai ele na frente de todos, mas quando há o diálogo “você quer o divórcio?” eles mudam de assunto. Ou seja, a gente sabe que existe alguma história por trás disso tudo.

Águas Profundas é bem filmado. Adrian Lyne sabe filmar, a gente precisa admitir isso – um bom exemplo é 9 1/2 Semanas, que é um filme meio raso, mas com imagens belíssimas do casal Kim Basinger e Mickey Rourke. Visualmente, Águas Profundas não chama tanto a atenção, mas é um filme tecnicamente bem feito.

No elenco, o casal principal serve para o proposto. Ben Affleck não é um ator versátil, mas sabe escolher os filmes que se encaixam no seu perfil. Ana de Armas é ótima, linda, simpática, carismática, e está bem ao lado de Affleck. No resto, ninguém conhecido.

Falei que o filme começa bem, né? Mas quando falta mais ou menos meia hora pra acabar tudo começa a sair do eixo. Desde cenas que não fazem sentido – tipo o escritor que aparece no rio no exato momento que o Ben Affleck vai para lá; até mudanças de comportamento de personagens (a Melinda da cena final é incompatível com a Melinda que queria acusar o marido de assassinato).

E o pior de tudo: aquela intrigante relação incomum entre o casal não chega a conclusão nenhuma, e o espectador fica a ver navios. E o fim do filme é confuso e estraga todo o clima construído na primeira metade. Muito frustrante.

Cidade Perdida

Crítica – Cidade Perdida

Sinopse (imdb): Uma romancista solitária em uma turnê de livros com seu modelo de capa é apanhada em uma tentativa de sequestro que os leva a ambos em uma aventura feroz na selva.

Você pode ver Cidade Perdida (Lost City, no original) sob dois pontos de vista. Você pode ver que é um filme previsível e cheio de clichês, ou você pode ver um filme que apesar de previsível, usa muito bem os clichês.

Vamulá. O filme dirigido pelos irmãos Aaron e Adam Nee é completamente previsível, a gente consegue adivinhar tudo o que vai acontecer. Mas é um filme leve e divertido, que não se leva a sério em momento algum. Digo mais: os clichês são usados sempre de maneira inteligente. Um exemplo é o Brad Pitt. se você viu o trailer, sabe exatamente qual é o perfil do seu personagem. E mesmo sem nada de novidade, a gente acaba o filme querendo ver um spin off com o personagem dele.

Aliás, o elenco está muito bem. Channing Tatum veste bem o personagem de “quase galã”, e ele tem um timing muito bom para o estilo de humor presente no filme. E o melhor de tudo: a química dele com a Sandra Bullock é muito boa, algo essencial para a proposta do filme. Brad Pitt, como falei, aparece pouco mas está sensacional; e Daniel Radcliffe mostra que é bem mais do que um Harry Potter adulto.

Os quatro principais nomes estão bem, mas tenho críticas ao elenco de apoio. Da’Vine Joy Randolph, que faz a editora, tem um papel caricato; Patti Harrison faz a especialista em mídias sociais, um personagem bem ruim, que era melhor não ter. E o resto é tão secundário que nem vale ser citado, tipo aquele piloto de avião vergonha alheia.

O roteiro é previsível (e a premissa lembra Tudo por uma Esmeralda). Mas como heu estava me divertindo relevei. Agora, alguns furos incomodaram. Exemplo: os protagonistas estão fugindo dos vilões. A única saída é escalar a montanha. Como os vilões não viram?

Ouvi críticas com relação aos efeitos especiais, que algumas cenas teriam sido filmadas em tela verde e mal renderizadas depois. Mas não reparei em nada tão grave. Pra mim os efeitos são ok.

Mesmo com todos esses problemas, achei o filme bem divertido. Uma comédia / aventura leve e descompromissada, que vai agradar a quase todos que forem ao cinema ver. Estreia nos cinemas quinta feira da semana que vem!

A Hora do Desespero

Crítica – A Hora do Desespero

Sinopse (imdb): Uma mãe corre desesperadamente contra o tempo para salvar seu filho enquanto as autoridades fecham sua pequena cidade.

Pouco tempo atrás falei de um filme minimalista, O Culpado, com Jake Gyllenhal. Este A Hora do Desespero tem um formato bem parecido. Basicamente uma única atriz e um único cenário, e quase toda a interação da personagem é através do telefone.

Dirigido por Phillip Noyce, que fez alguns bons thrillers nos anos 90 (Invasão de Privacidade, Jogos Patrióticos, Perigo Real e Imediato, O Colecionador de Ossos), mas que não dirige nada digno de nota há anos, A Hora do Desespero tem seus bons momentos, mas me parece que a premissa não dava pra fazer um longa metragem. O filme tem menos de uma hora e meia, mas mesmo assim parece esticado.

A trama começa bem, com a mãe isolada, só ao celular. E teve uma coisa que achei boa: a dúvida sobre se o filho era vítima ou não. Mas, mais pro fim, começam a ter uma situações bem forçadas – tipo ela conseguir falar com quem nunca a atenderia. Isso enfraqueceu o resultado final.

Teve outra coisa que me incomodou, mas talvez seja implicância minha. É que a floresta onde ela corria pareceu grande demais. Vejam bem: ela sai pra sua corrida matinal, não era pra ser num local muito distante de casa. E de repente ela está perdida, tendo que atravessar um rio enorme, pra chegar numa rua e pegar um Uber. Como ela se afastou tanto? Lembrei de quando li O Senhor dos Anéis e precisava ficar vendo o mapa da Terra Média pra entender onde eles estavam. Faltou um mapa no filme!

A Hora do Desespero estreia nos cinemas esta semana. Sei não, para um filme desses, acho que funcionaria melhor num streaming…

Sonic 2 – O Filme

Crítica – Sonic 2: O Filme

Sinopse (imdb): Quando o maníaco Dr. Robotnik retorna à Terra com um novo aliado, Knuckles, Sonic e seu novo amigo Tails são tudo o que se interpõe em seu caminho.

Adaptações de videogame têm um histórico complicado. Quase sempre dá errado. Não sei exatamente por que, afinal muitos dizem “este videogame é um filme completo” – mas, quando chega nas telas, não funciona. Acho que até hoje só acertaram duas vezes: o primeiro Resident Evil e o primeiro Silent Hill.

E em alguns casos, a adaptação é mais complicada. Alguns videogames têm personagens humanos e se passam em ambientes reais – como os recentes Uncharted (fraco) e Resident Evil (ruim) – ou seja, é só filmar a história do game. Mas outros casos como este Sonic são bem mais complicados, afinal o protagonista não faz sentido (no mundo real): é um ouriço azul que corre rápido dando cambalhotas e colecionando anéis. Como trazer isso para um filme com personagens humanos?

Mas, adaptaram e fizeram o primeiro Sonic dois anos atrás – e preciso dizer que nem achei tão ruim. Claro, longe de ser bom, mas era uma boa sessão da tarde.

Agora temos a continuação. E se antes a gente tinha um personagem que não faz sentido, agora temos mais dois: Knuckles, um équidna vermelho muito forte; e Tails, uma raposa amarela com duas caudas que viram hélices de helicóptero. E tudo é coerente com a trama: nada faz sentido.

Antes que me chamem de velho rabugento: nem a proposta do filme é seguida. Determinado momento, Sonic fala que ele é rápido e o Knuckles é forte. Mas quando eles correm, eles têm a mesma velocidade, e todas as vezes que Sonic e Knuckles se batem, fica empatado. Nem o filme segue a lógica inventada pelo próprio filme!

Os efeitos são apenas ok. Nas cenas onde temos interação com humanos, às vezes fica estranho, tem cara de cgi que vai vencer em breve.

No elenco, Jim Carrey está careteiro como em quase toda a sua carreira, mas funciona no papel. Ouvi elogios sobre a dublagem de Idris Elba para o Knuckles, mas vi o filme dublado, então não posso palpitar. De resto no elenco, apenas James Marsden voltando ao papel do primeiro filme.

Estou aqui reclamando, mas a sessão que fui estava cheia de crianças, e aparentemente todas gostaram. Ou seja, Sonic 2: O Filme funciona para o seu propósito. Mas recomendo baixar as expectativas.

Warriors Os Selvagens da Noite

Crítica – Warriors Os Selvagens da Noite

Sinopse (imdb): No futuro próximo, um líder carismático chama as gangues de rua de Nova York com a intenção de assumir o controle. Quando ele é morto, os Warriors / Guerreiros são falsamente acusados e devem lutar para voltar para casa.

Walter Hill viria a se tornar um nome importante no cinema de ação nos anos 80, com os dois 48 Horas, Ruas de Fogo, Inferno Vermelho e A Encruzilhada. Warriors Os Selvagens da Noite é o seu terceiro filme.

A trama é simples: o líder da maior gangue de Nova York convocou representantes de todas as gangues da cidade para uma reunião no Central Park, onde ele ia propor que as gangues tomassem conta da cidade, porque eram mais membros de gangue do que policiais. Cada gangue levaria 9 representantes, e sem armas. Mas este líder é assassinado, e os Warriors são erradamente acusados como autores do crime, e passam a ser perseguidos.

A estrutura lembra as fases de um videogame. O grupo precisa percorrer o caminho entre o Central Park e Coney Island. Não entendo de geografia de Nova York, então fui ao google: são 24 km, que dá pra fazer em aproximadamente uma hora de trem. E eles enfrentam vários desafios ao longo disso. Cada gangue poderia ser uma nova fase do videogame. Existiu um videogame inspirado no filme, mas não sei se era assim… Ah, as diferentes fases usam uma narração de uma DJ nos intervalos. Só vemos a boca da DJ, uma solução simples e esteticamente ótima.

A ambientação do filme é bem legal. O diretor de fotografia Andrew Laszlo conseguiu incluir uma cena no início do filme onde chove, o que molhou as ruas e calçadas por todo o resto do filme. E ruas e calçadas molhadas dão um visual muito melhor na tela do que ruas secas. A trilha sonora tem um pé no eletrônico, e me lembrou Fuga de Nova York. E as emendas entre as sequências são feitas usando páginas de quadrinhos, uma boa sacada.

As gangues são caricatas. Mas, o conceito visual, com cada gangue usando um uniforme, ficou bem legal. E aquela gangue do Baseball poderia gerar um spin off de terror!

No elenco, vários nomes que eram desconhecidos na época – e até hoje continuam ligados a apenas este filme, nenhum deles teve uma boa carreira depois, diferente de filmes como Vidas Sem Rumo ou Picardias Estudantis, que tinham elencos de jovens desconhecidos, mas tinham nomes como Tom Cruise, Sean Penn, Jennifer Jason Leigh, Forest Whitaker, Rob Lowe, Patrick Swayze, Matt Dillon, Ralph Macchio e Eric Stoltz. Acho que a única exceção é Mercedes Ruehl, que faz um papel pequeno como a policial isca, e que depois faria filmes como O Pescador de Ilusões, De Caso com a Máfia e Quero ser Grande. Curiosidade: este é seu segundo filme, Mercedes fez um filme antes desse: Dona Flor e Seus Dois Maridos.

Visto hoje, Warriors é muito datado. Ok, mais de 40 anos se passaram, isso é até algo normal. Mas, o filme envelheceu mal. Ainda tem muitos fãs, mas acredito que seja pela nostalgia. Não se a garotada “pós sessão da tarde” iria curtir.

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

Crítica – A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

Sinopse (imdb): Katie Mitchell é aceita na escola de cinema dos seus sonhos. Sua família inteira leva Katie para a escola quando seus planos são interrompidos por um levante tecnológico. Os Mitchells terão que trabalhar juntos para salvar o mundo.

Perdi o lançamento deste A Família Mitchel e a Revolta das Máquinas. Pra minha sorte, o filme foi indicado ao Oscar, e alguns amigos recomendaram. Sorte minha, quase perdi!

Escrito e dirigido por Mike Rianda e Jeff Rowe (Gravity Falls), A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é a nova produção da Sony Pictures Animation – o que não é exatamente uma certeza de qualidade, é só a gente lembrar que os dois filmes anteriores do estúdio foram o excelente Homem Aranha no Aranhaverso e o fraco Angry Birds 2. Mas… a produção tem dois nomes que me chamaram a atenção: Phil Lord e Christopher Miller, criadores de Uma Aventura Lego e que ganharam o Oscar por Aranhaverso. Opa, antes vocês tinham a minha curiosidade, agora vocês têm a minha atenção!

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é uma divertida e amalucada aventura familiar. O filme tem o meu estilo de humor. Passei o filme inteiro rindo como há muito tempo não ria.

E não é só isso. A história tem um ótimo ritmo e os personagens são muito bem construídos. A gente sente a amizade entre os irmãos, assim como a gente o distanciamento entre a Katie e o pai. E os robôs que “entram na família” também são ótimos. E o cachorro é o alívio cômico perfeito!

(Sim, deixei a mãe de fora, de propósito. Mais tarde falo dela, na parte que vou falar mal do filme).

A qualidade da animação é bem legal. Hoje as animações top (Pixar, Disney, Dreamworks, Blue Sky, Illumination) têm uma qualidade absurda de imagem, um espetáculo visual, muitas vezes parece que estamos vendo algo filmado e não desenhado. A Sony, esperta, em vez de querer barrar essa qualidade, pegou um caminho paralelo. Aranhaverso, por exemplo, não tinha nada de realismo – as imagens lembravam a textura de páginas de HQ impressas. Mais: personagens de estilos diferentes usavam técnicas de animação diferentes. Ideia genial: se você não consegue superar a qualidade da imagem, pegue outro caminho. Aqui em A Família Mitchell, a criatividade apontou pra outro caminho. A qualidade dos gráficos é normal, nada aqui parece real. Mas… Ao longo de todo o filme pipocam na tela vários elementos gráficos, desenhos, textos, colagens, o que deu uma dinâmica especial ao filme. Como falei, gostei muito do humor do filme, e esses elementos gráficos foram um toque extra genial!

A boa trilha sonora de Mark Mothersbaugh ajuda nesse ritmo amalucado. Hoje Mothersbaugh é mais lembrado por trilhas sonoras de Thor Ragnarok e Anjos da Lei, além de várias animações. Mas não vou me esquecer que ele era do Devo!

Agora, preciso falar mal de uma coisa. O filme tem uma ideia absurda de que os robôs vão pegar TODOS os humanos e levá-los para outro planeta. É uma ideia absurda, porque o planeta é muito grande e tem muita gente. Se não me engano, eram sete naves, então cada uma delas deveria ter um bilhão de pessoas. Achei forçado, era melhor não dizer números. “Robôs estão capturando humanos”, ponto. Pode ser local, pode ser global, essa informação não é importante para o filme.

Mas… Essa parte nem me incomodou tanto, a gente vê coisas forçadas em quase todos os filmes por aí. Agora, na parte final a gente vê a mãe ganhar super poderes. Isso ficou estranho, porque nada no filme levou a essa transformação. Ficou engraçado? Ficou. Mas, pra que? Claro que não chega a estragar o filme, mas essa parte da super mãe impede o filme de ser um “10”.

Mesmo assim, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas foi a melhor animação que vi em um bom tempo. Pena que vi atrasado, porque certamente entraria no meu top 10 do ano passado.