Assassino Sem Rastro

Crítica – Assassino Sem Rastro / Memory

Sinopse (imdb): Um assassino profissional descobre que se tornou um alvo após se recusar a concluir um trabalho para uma organização criminosa perigosa.

Filme novo do Liam Neeson, o que no passado era indício de filme de qualidade, mas hoje é alerta pra ficar com o pé atrás.

Mas, o início de Assassino Sem Rastro (Memory, no original) dá indícios de que teremos um filme diferente do óbvio pela frente. Logo na cena inicial, vemos que Neeson é um assassino, ou seja, desta vez ele não é o mocinho do filme. Digo mais: o final desta sequência aponta para uma confusão mental do personagem, relativa ao Alzheimer. Isso podia deixar o filme menos linear, e poderíamos ter um resultado bem diferente do óbvio (lembrei de Meu Pai, que deu o Oscar ao Anthony Hopkins, onde a confusão mental do protagonista é compartilhada com o espectador). Mas, não só o filme “esquece” de desenvolver este plot, como deixam isso de lado – acho que a confusão mental só aparece mais uma vez. Pra piorar, o Alzheimer não é importante no resto da trama.

E ainda tem um detalhe que piora. O outro ator principal é Guy Pearce. A tem momentos no filme onde o Liam Neeson escreve coisas no braço, pra não esquecer. Aí a gente pensa “péra, qual outro filme que a gente viu que tinha alguém com problemas de memória e que escrevia coisas no corpo? Ah, é Amnésia, estrelado pelo Guy Pearce!” Era melhor outro ator…

Assassino Sem Rastro é refilmagem do filme belga Alzheimer Case, que por sua vez é adaptação do livro “De Zaak Alzheimer”. Não vi o filme original nem li o livro, não sei se lá o Alzheimer é melhor desenvolvido. A direção é de Martin Campbell, falei dele aqui pouco tempo atrás, quando falei de A Profissional. Campbell tem altos e baixos na carreira. Ele é lembrado por dois 007s de gerações diferentes, Goldeneye (1995) e Cassino Royale (2006). Mas, também é lembrado por Lanterna Verde, aquele com o Ryan Reynolds. Ou seja, tem alguns bons títulos no currículo, mas não dá pra confiar.

No elenco, Neeson está no piloto automático. Guy Pearce está estranho, não sei se é maquiagem ou se ele envelheceu mal. O outro nome grande do elenco é Monica Bellucci, que está péssima.

O filme vai num ritmo morno até chegar num dos piores finais que heu vi nos últimos tempos. Sério, queria comentar aqui mas não vou dar spoilers. Mas o que me parece é que a história terminaria com a vitória do vilão, e resolveram inventar um meio de justiça do bem. Mas ficou completamente inverossímil.

Obi-Wan Kenobi

Crítica – Obi Wan Kenobi (episódios 1 e 2)

Sinopse (imdb): Spin-off da saga Guerra das Estrelas, centrada em Obi-Wan Kenobi.

Diferente de Mandalorian e Boba Fett, que tinham como protagonistas personagens novos ou secundários, Obi Wan Kenobi traz alguns dos personagens centrais da saga: é o momento entre os episódios 3 e 4, onde Obi Wan vai para Tatooine para proteger Luke Skywalker criança (pra quem não se lembra de detalhes dos filmes, tem um resumo antes do primeiro episódio). E um dos trunfos da série é a volta de Ewan McGregor ao papel de Obi Wan (ok, a gente já sabe que também vai ter Hayden Christensen, mas esse nunca teve outro filme ou papel marcante além de Star Wars, enquanto McGregor tem uma carreira cheia de filmes marcantes).

Um ponto positivo aqui é que todos os seis episódios têm a mesma diretora, Deborah Chow. Sei que ela dirigiu dois episódios de Mandalorian, mas não conheço o trabalho dela. Mas acho positivo toda a série ser dirigida por apenas uma pessoa.

Como fã de Star Wars, uma coisa que acho muito legal (e que também tinha em Mandalorian e Boba Fett) é ver rotinas que aconteciam muito tempo atrás em uma galáxia muito muito distante. Vemos Obi Wan trabalhando numa espécie de açougue, vemos que existe um comércio clandestino de drogas, vemos um ex clone trooper que virou mendigo (interpretado pelo mesmo Temuera Morrison, afinal, eram clones!).

A primeira cena do primeiro episódio mostra jovens jedis sendo atacados pela Ordem 66, numa sequência bem emocionante. E logo depois temos uma cena que lembra Bastardos Inglórios, onde um inquisidor à procura de um jedi fugitivo interroga um comerciante. A série começa excelente!

Quero comentar sobre o meio e sobre o fim, mas vamos aos avisos de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Pela sinopse e pelo trailer, a gente achava que a série seria sobre o Obi Wan protegendo o pequeno Luke Skywalker. Luke até aparece, mas de longe, numa cena muito rápida, que até está no trailer. Mas, surpresa! Temos a pequena Leia Organa! Somos apresentados a uma Leia de dez anos de idade, uma menina esperta, inteligente e desafiadora. A personagem é ótima, e a atriz Vivien Lyra Blair está muito bem!

Gostei do personagem Haja Estree, do Kumail Nanjiani – Star Wars sempre teve muito maniqueísmo, o bem é 100% bem e o mal é 100% mal, gosto quando vemos personagens de moral duvidosa.

A princípio não gostei da Third Sister, achei que ela, com aquela insubordinação, seria punida pelo Inquisidor. Mas no fim descobrimos que existe algo por trás, que liga ela ao Darth Vader, então passei a aceitar a sua postura.

Sobre a cena final do segundo episódio, conversando com amigos, ouvi duas interpretações. A Third Sister fala para Obi Wan que Anakin ainda está vivo. Amigos meus acharam que Obi Wan se surpreendeu ao saber que Anakin virara Vader, mas, se não me engano, ele já sabia disso desde o ep. 3. A minha interpretação foi outra: Obi Wan já sabia que Anakin era Vader, sua surpresa foi por saber que ele ainda estava vivo – a última vez que ele tinha visto Anakin foi em Mustafar, quando Anakin estava queimado, à beira da morte.

Por fim, sei que está rolando uma discussão sobre o Inquisidor, porque o personagem aparece em Rebels, e vemos sua morte neste episódio. Mas, como não lembro de Rebels, não sei se é o mesmo personagem ou um parecido – e não podemos esquecer que em Star Wars, alguns personagens morrem e voltam depois.

FIM DOS SPOILERS!

Alguns comentários sobre o elenco. Ewan McGregor está excelente, talvez esta seja uma de suas melhores interpretações. Me surpreendi com Vivien Lyra Blair, ela estava em Pequenos Grandes Heróis, num papel importante, mas numa interpretação fuén. Também gostei do já citado Kumail Nanjiani, tomara que seu papel tenha mais importância. Hayden Christensen vai voltar, mas ainda não podemos julgar sua participação. Outro que volta é Jimmy Smits, que estava na trilogia prequel como Bail Organa. Achei curioso ver que os inquisidores são atores relativamente conhecidos, tem o Rupert Friend (o Assassino 47), o Sung Kang (o Han de Velozes e Furiosos) e Rya Kihlstedt (que já vi em alguns filmes mas sempre em papeis secundários). Joel Edgerton está bem como o tio Owen, não sabemos se ele terá uma participação maior. Não gostei de Moses Ingram, que faz a vilã Reva, achei caricata demais, mas pode melhorar com o decorrer da série. E achei uma surpresa divertida ver Flea, do Red Hot Chili Peppers, como o sequestrador.

Serão seis episódios, quarta que vem tem mais um, já estou ansioso!

Top Gun Maverick

Crítica – Top Gun Maverick

Sinopse (imdb): Após mais de trinta anos de serviço como um dos melhores aviadores da Marinha, Pete Mitchell está onde pertence, ultrapassando os limites como um piloto de teste intrépido e evitando a promoção de posto que o manteria em terra.

36 anos depois, tem um novo Top Gun nos cinemas!

No texto sobre Pânico 5 falei sobre o conceito de “requel”, mistura de reboot com sequel, que é quando temos um novo filme, com espaço para uma nova franquia, mas com elementos do original, e com um forte apelo à nostalgia (Pânico, Halloween, Caça Fantasmas, Star Wars, Cobra Kai). Dirigido por Joseph Kosinski (Oblivion), este novo Top Gun pode se enquadrar nesta categoria.

O início do filme é igual ao filme de 1986. Igual em dois aspectos diferentes. Em primeiro lugar, a sequência inicial é idêntica. Vemos várias imagens de um porta aviões, com aviões pousando e aterrissando, e as pessoas que trabalham nessa rotina, tudo isso ao som de Danger Zone, do Kenny Loggins – EXATAMENTE IGUAL ao filme anterior, nem sei se filmaram algo novo ou se pegaram os takes do filme original e repetiram. E também é igual na estrutura da primeira parte do roteiro: Maverick desafia seu superior e faz algo ousado, o que ele fez dá certo, e quando ele acha que vai ser repreendido, é mandado para o Top Gun. E depois, em um bar, calouros têm contato com uma pessoa “de fora”, que na cena seguinte descobrem que é seu novo instrutor.

Acredito que isso foi colocado desta forma pra trazer um quentinho para o coração dos fãs. O novo filme é cheio de momentos que dialogam com o filme anterior. Tem até uma cena com o pessoal jogando um esporte na praia (só trocaram o esporte, não é mais vôlei).

Mas, e quem não viu o filme de 86? Digo mais: e quem não gostou do filme de 86?

Independente de se gostar do filme original, é preciso reconhecer que as sequências de ação aérea são fantásticas. Segundo o que foi informado, não existe cgi nem tela verde nas sequências aéreas, eram aviões reais fazendo aquilo tudo. Será que podemos acreditar nisso?

Real ou não, as sequências são muito boas. Uma delas, ainda na primeira parte do filme, onde vemos Maverick tirando onda perante os mais novos, é quase um novo videoclipe de Won’t Get Fooled Again, do The Who. E a parte final é de tirar o fôlego. (Mas preciso falar que achei forçado o jeito como eles escaparam…)

Falando em trilha sonora, tem pelo menos três momentos emocionantes, todos os três ligados ao filme original. Primeiro, claro, o tema principal, Top Gun Anthem, do Harold Faltermeyer, que toca na introdução e em momentos chave do filme. Depois, o já citado Danger Zone. E também temos uma nova versão da cena do Goose cantando Great Balls of Fire ao piano (cena que traz um flashback auto explicativo com Anthony Edwards e Meg Ryan).

Sobre o elenco, esse é um “filme do Tom Cruise”. Cruise é o cara, aos sessenta anos de idade ele tem um porte invejável, tem presença e carisma, e ainda faz as cenas sem dublê – a gente vê o cara pilotando os caças, tem uma câmera dentro do cockpit do avião!

No resto do elenco, preciso falar de três nomes. Jennifer Connelly, que está com 51 anos, está linda linda linda. E faz uma “mocinha” coerente com os padrões atuais: independente e dona do seu caminho (Ah, a personagem já existia no primeiro filme, mas não aparece). Miles Teller também está ótimo como o filho do Goose, a gente entende os problemas pessoais do personagem. E por fim, Val Kilmer, que está muito doente, tratando de um câncer na garganta, mas que aparece em uma cena emocionante. Também no elenco, Jon Hamm, Ed Harris, Glen Powell e Monica Barbaro.

(Ainda nas homenagens emocionantes, quando acaba o filme vemos uma dedicatória ao Tony Scott, diretor do primeiro filme, que estava desenvolvendo uma continuação antes do seu falecimento em 2012.)

Por fim, queria falar que não entendi os comentários que inundaram a internet na última semana, acusando este Top Gun Maverick de masculinidade tóxica. Sério isso?

Fresh

Crtítica – Fresh

Sinopse (imdb): Os horrores dos encontros modernos, vistos através da batalha desafiante de uma jovem mulher para sobreviver aos apetites do seu novo namorado.

Apareceu um tempo atrás no Star+ um filme meio terror, meio cult, que acho que foi muito mal lançado por aqui. O filme fala sobre consumo de carne humana – espero que isso não seja spoiler!

Fresh é o longa de estreia da diretora Mimi Cave. Achei curioso porque o último filme que vi sobre canibalismo também tinha sido filme de estreia de outra diretora mulher, Raw, da Julia Ducournau.

Fresh começa como uma comédia romântica. Mas, aos 33 minutos de projeção, entram os créditos “iniciais” e temos uma radical mudança de rumo da trama.

Apesar do tema canibalismo, Fresh não tem muito gore. Mesmo assim, algumas cenas são bastante desconfortáveis – não é qualquer filme que tem uma pessoa abrindo a geladeira e tirando um pedaço de carne – com uma tatuagem.

Os dois atores principais estão muito bem. Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones são bons atores, têm boa química juntos e a dinâmica entre os personagens funciona muito bem. Pena que não podemos dizer o mesmo sobre o resto do elenco. Senti uma falha no desenvolvimento dos personagens secundários. Um exemplo claro é a esposa do Steve. O filme dá indícios de que ela é uma vítima, mas também a coloca como vilã. Outro caso é o amigo da Mollie, um personagem meio inútil na trama.

Fresh não é um filmaço, mesmo assim curti. Deveria ter uma distribuição melhor.

A Médium

Crítica – A Médium

Sinopse (imdb): Uma história assustadora sobre a herança de um xamã na região de Isan, na Tailândia. O que pode estar a possuir um membro da família pode não ser a Deusa que eles dizem ser.

O tailandês Banjong Pisanthanakun é o mesmo diretor de Espíritos: A Morte Está ao seu Lado, um filme de 2004 que surpreendeu positivamente boa parte dos espectadores brasileiros – lembro de ter visto no cinema e ter levado sustos de jump scares, coisa que normalmente não acontece comigo.

Guardei o nome do cara, mas ele faz poucos filmes – pelo imdb, o último filme dele foi um drama/ romance de 2016. Claro que um novo filme de terror dele é algo aguardado.

E finalmente, temos A Médium (The Medium, no original), filme que tem pontos positivos e negativos. Vamulá.

Duas coisas me atrapalharam muito: o fato de ser mais um found footage, e o fato da sessão de imprensa online ser com a cópia dublada. Não curto found footage. Acho que é um formato que já deu o que tinha que dar. Gostei de REC, gostei de Caçador de Trolls, mas chega – acho que nem vi todos os Atividade Paranormal. Tudo soa artificial demais. Em vários momentos do filme, o câmera largaria a câmera – ou pra ajudar, ou pra sair correndo. Se o objetivo do found footage era pra parecer algo mais próximo da realidade, no meu caso o efeito foi o oposto. E, ok, entendo o apelo para se dublar um filme falado numa língua exótica, mas, para mim, isso tornou a experiência ainda mais artificial.

Pena, porque algumas das ideias do filme são bem legais.

Uma coisa bacana da gente ver um filme fora do eixo hollywoodiano é que a gente vê coisas fora do óbvio. A Médium tem possessão, mas não tem um padre numa cama ao lado de uma jovem com cara de Regan d’O Exorcista. A Médium tem uma protagonista que não vai até o fim do filme. Além disso, a gente tem contato com religiões bem diferentes das que a gente vê no cinema normalmente.

Aliás, é bom avisar: talvez pelo fato do filme ser tailandês e lá ter gente que come cachorro (ou talvez seja só pra chocar), mas tem uma cena envolvendo um cachorro que dá vontade de parar o filme nesse momento. Se você for um amante dos animais, é a hora de ir ao banheiro.

O filme é longo, duas horas e dez minutos, e achei que teve vários momentos dispensáveis. Agora, a meia hora final é de arrepiar. O ritmo é alucinante, muitas coisas acontecem, e a gente quase esquece o início lento.

No elenco, ninguém conhecido por aqui. Mas preciso dizer que gostei muito da Narilya Gulmongkolpech, que fica realmente assustadora quando é possuída – muito mais assustadora do que as Regans genéricas de Hollywood. Pelo imdb esse é seu único filme até agora (além de duas séries). Tomara que ela faça mais filmes!

No final, ficou aquele gosto ruim na boca. A Médium tinha várias boas ideias, mas um found footage dublado me tirou do filme. Mesmo assim, a experiência foi positiva. Que venham mais filmes de terror de países exóticos!

 

Jungle Run

Crítica – Jungle Run

Sinopse (imdb): Os irmãos aventureiros são atacados por animais da selva enquanto procuram por seu pai desaparecido. À medida que lutam contra o ataque implacável, logo começam a perceber que algo muito mais sinistro está acontecendo.

Quando fiz o top 5 plágios de Guerra nas Estrelas, mencionei as picaretagens da Asylum, produtora que faz filmes vagabundos que pegam carona no marketing dos blockbusters. Desta vez a “vítima” foi Jungle Cruise.

Qual é o modus operandi da Asylum? Eles aproveitam um grande lançamento, aí pegam o nome, a sinopse e às vezes o pôster, e filmam rapidinho qualquer coisa pra lançar logo no mercado de home vídeo. Ou seja, são filmes destinados a pegar espectadores distraídos…

Outra característica é apoiar parte do marketing em um ator subcelebridade. Não sei se nos EUA tem algum reality show como A Fazenda, então os subs precisam trabalhar pra pagar as contas, né? Aqui em Jungle Run o nome “grande” é Richard Grieco, que teve um papel secundário na série Anjos da Lei e estrelou Espião Por Engano, de 1991. Aqui, Grieco quase não interage com o resto do elenco. Quase todas as suas cenas são com ele sozinho. Deve ter tido uma ou duas diárias de filmagens.

O resto do elenco é de atores ruins e desconhecidos, pra combinar com o roteiro ruim e os efeitos especiais toscos. Neste filme, nós brasileiros ainda temos uma diversão: alguns dos diálogos são em português. E aparentemente não chamaram nenhum brasileiro pra revisar o roteiro.

Aliás, o roteiro fala do Curupira. Taí, heu queria ver um bom filme com o Curupira. Porque aqui não rolou.

Mas, na minha humilde opinião, o pior dos filmes da Asylum é que são produções preguiçosas. Um exemplo: nesta cena os personagens estão numa parte isolada da floresta amazônica. Claro que eles podem filmar em outro local, ninguém espera que eles tenham que ir até o Amazonas para filmar. Mas, aparecem prédios ao fundo, um porto ao fundo, uma praia com gente ao fundo! – por que não filmar um segundo take?

Jungle Run segue assim do início ao fim. O filme inteiro é feito de qualquer maneira, sem nenhum cuidado.

Lixo.

O Homem do Norte

Crítica – O Homem do Norte

sinopse (imdb): Depois de testemunhar o assassinato do pai pelas mãos do seu tio Fjölnir, e ver sua mãe e reino tomados pelo assassino, o jovem Príncipe Amleth foge para retornar anos depois, já adulto, determinado a fazer justiça.

Estreou o aguardado épico viking O Homem do Norte (The Northman, no original), novo filme de Robert Eggers.

Como falo sempre, a gente deve seguir o nome do diretor. Este é o terceiro filme dirigido por Eggers, e heu tenho opiniões opostas com relação aos outros dois. Gosto muito de A Bruxa, mas acho O Farol muito ruim. Então, rolava uma expectativa, mas ao mesmo tempo rolava um pé atrás.

A boa notícia é que gostei muito de O Homem do Norte. Gostei mais até do que A Bruxa. Empolgante, violento e muito bem filmado.

O Homem do Norte é o filme mais palatável de Eggers. Sim, tem partes contemplativas e algumas sequências cabeça, mas bem menos que os anteriores. A Bruxa era um terror cabeça, muita gente saiu do cinema com raiva do filme pelos seus momentos “tênis verde”. E O Farol era ainda mais hermético, tipo, “não gostou do meu filme porque é cabeça, vou fazer um ainda mais cabeça”. O Homem do Norte tem seus momentos “tênis verde”, claro, mas por outro lado traz uma clássica história de vingança, num ritmo alucinante, e com muito muito sangue. O cara que for ao multiplex no shopping pode até comentar sobre alguns momentos onde não dá pra entender nada, mas vai curtir a jornada de sangue e violência do protagonista Amleth.

Falei violento? O Homem do Norte é MUITO violento, e tem algumas sequências muito boas. Tem uma (que me pareceu ser um plano sequência) onde um grupo de vikings ataca uma vila e faz um massacre violentíssimo – aliás, é desta sequência que tiraram a imagem do pôster. Vou além: algumas mortes são tão gráficas que vão agradar os fãs de gore.

O visual do filme é um espetáculo. Não li sobre os bastidores, não sei se foi tudo filmado em locações ou se teve algo em estúdio, mas o resultado ficou excelente, vários planos abertos onde dá pra pausar e colocar num quadro. A trilha sonora, que usa muitos sons de instrumentos antigos, também é muito boa.

Queria fazer dois comentários sobre o elenco. O primeiro é sobre o protagonista Alexander Skarsgård. Sou fã do cara desde a época de True Blood. Ele foi o Tarzan, mas flopou. Ele estava num filme do King Kong mas ninguém lembra. Ele aqui está sensacional, ele tem porte físico coerente com o que o personagem pede, e mostra a fúria necessária para o filme. Torço muito por ele, tomara que a partir deste filme sua carreira decole.

O outro comentário não é tão elogioso. Por opção, o filme é falado em inglês, com um sotaque que ficou muito forçado. Grandes atores (Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe) , grandes atuações, atrapalhadas por um sotaque artificial.

Segundo o imdb, O Homem do Norte é o filme viking mais correto feito até hoje, historicamente falando. Eggers, junto com historiadores, fez uma pesquisa minuciosa para ter cenários, figurinos e props o mais próximos o possível da realidade.

Filmão!

O Peso do Talento

Crítica – O Peso do Talento

Sinopse (filmeB): Depois de perder seu dinheiro, Nicolas Cage precisa recuperar-se financeiramente, mas o problema foi a solução que ele encontrou: aceitar o valor de US$ 1 milhão para ir à festa de aniversário de um super fã que também é um chefão do crime. Parecia que ia dar certo, mas o inesperado acontece quando uma agente da CIA o recruta para viver o papel de sua vida: Nicolas Cage e seus grandes sucessos nas telonas.

A ideia de O Peso do Talento (The Unbearable Weight of Massive Talent, no original) era interessante. Fazer um filme em cima dos exageros do Nicolas Cage, estrelado pelo próprio Nicolas Cage.

Cage era o nome certo para um projeto destes. Não consigo pensar em outro nome que funcionaria tão bem. O cara estrelou vários filmes de sucesso, ganhou o Oscar, e ficou conhecido por ser um cara extravagante e que gosta de gastar dinheiro em coisas caras e nem sempre necessárias. De uns anos pra cá, sua carreira entrou numa espiral de filmes de gosto duvidoso, mas que, diferente de um Bruce Willis (que, doente, fez uma série de filmes vagabundos onde pouco aparecia, para juntar um pé de meia), Cage continua atuando intensamente, quase sempre com o seu over acting que se tornou uma de suas principais características. Nome perfeito para um projeto que satiriza ele mesmo!

E realmente Cage é uma das melhores coisas daqui. Temos várias referências aos seus filmes como A Outra Face, Despedida em Las Vegas, A Rocha, 60 Segundos… E tem uma coisa que gostei, que é um Nicolas Cage imaginário, mais novo (me parece o Cage de Coração Selvagem), que aparece conversando com o Cage atual.

Outro ponto positivo é Pedro Pascal, que interpreta o milionário fã do Nicolas Cage. Não só Pascal está muito bem, como sua química com Cage é ótima. No resto do elenco, o único nome que me chamou a atenção foi uma ponta de Neil Patrick Harris.

O filme tem algumas cenas bem engraçadas, outras meio bobas. Pra ser sincero, achei divertido, mas apenas isso, mas, na sessão onde fui, tinha gente perdendo o fôlego de tanto rir. Ou seja, não achei tão engraçado, mas presenciei gente que achou.

Por fim, sempre fico feliz de ver filmes no cinema, mas tenho minhas dúvidas se este O Peso do Talento não teria um público maior se fosse lançado em streaming. Hoje em dia é difícil levar a galera para as salas de cinema, não sei se o filme terá o público almejado.

Terror nos bastidores

Crítica – Terror nos bastidores

Sinopse (imdb): Uma jovem que chora a perda de sua mãe, uma famosa “scream queen” dos anos 80, é flagrada dentro do filme mais famoso de sua mãe. Reunidas, as mulheres devem lutar contra o assassino maníaco do filme.

Me recomendaram este filme em 2015, mas me enganei e vi um quase homônimo do mesmo ano, “Final Girl“. E acabei esquecendo de catar este. Até que finalmente resolvi ver. E posso dizer: que surpresa legal!

Quem me conhece sabe que gosto de filmes que não se levam à sério. E é o caso aqui em Terror nos Bastidores. Se a gente parar pra pensar, nada aqui faz sentido. É mesmo assim o resultado ficou bem divertido.

Ok precisamos reconhecer que a ideia não é original. O Último Grande Herói usa a mesma premissa de pessoas reais dentro de um filme, e aproveita para brincar com os clichês dos filmes de ação. Mas não me lembro de ter visto isso com filmes de terror.

(A Rosa Púrpura do Cairo, de 1985, tem uma premissa parecida, mas lá é um personagem de um filme que sai das telas para o mundo real. O Último Grande Herói é de 1993, e tem a mesma premissa: uma pessoa do mundo real entra no filme.)

Dirigido pelo desconhecido Todd Strauss-Schulson, Terror nos Bastidores (The Final Girls, no original) é uma divertida brincadeira com os clichês do terror slasher. Um grupo de jovens entra num filme slasher dos anos 80, uma cópia / homenagem a Sexta Feira 13, e precisam enfrentar todas as convenções presentes naqueles filmes, como a regra de quem fizer sexo será o próximo a morrer.

E não é só isso. Como são pessoas reais dentro de um filme, elas vivem situações curiosas como os flashbacks ou a câmera lenta. Boas sacadas, que geram cenas bem engraçadas!

Li algumas críticas por ser uma mistura de comédia com terror, mas isso nunca me incomodou. Agora, preciso dizer que, na parte do terror, podia ter um pouco mais de sangue.

No elenco, a principal é Taissa Farmiga – irmã da Vera Farmiga, 21 anos mais nova, que era bem desconhecida na época e que hoje também é conhecida por ter feito A Freira. Outros nomes mais conhecidos eram Malin Akerman, que na época já tinha estrelado filmes como Watchmen e Rock of Ages; e Nina Dobrev, da série The Vampire Diaries. Também no elenco, Thomas Middleditch, Adam Devine, Alia Shawkat e Alexander Ludwig.

(E pra aumentar a confusão sobre os filmes quase homônimos, Alexander Ludwig também estava no Final Girl, lançado no mesmo ano de 2015.)

Gostei muito do final do filme. Pena que não posso comentar porque é um spoiler, mas achei uma ideia muito boa.

Por fim, preciso falar do nome. “The Final Girls” não é um nome perfeito, mas tem a ver com a proposta do filme. Agora, o título nacional “Terror nos Bastidores” é péssimo não tem nada a ver! Não tem bastidores de nada!

Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Crítica – Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Sinopse (google): O aguardado filme trata da jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido. Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.

Finalmente estreou o aguardado Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, que tinha deixado fãs em polvorosa com o trailer. Mas, para mim, a dúvida era outra: daria certo um filme do MCU dirigido por Sam Raimi?

Sou muito fã do Sam Raimi, e a gente precisa reconhecer que ele é um nome importante quando o assunto é “filme de super herói”. Se hoje a gente tem vários filmes de super herói por ano, a gente tem que lembrar que o primeiro Homem Aranha de 2002, dirigido por ele, (ao lado do primeiro X-Men de 2000, dirigido por Bryan Singer) são filmes que dizem “quando a gente chegou aqui, tudo isso era mato!”.

Mas a gente sabe que no MCU nem sempre o diretor tem espaço criativo. Um bom exemplo é com o primeiro filme do Doutor Estranho, dirigido por Scott Derrickson, que praticamente só tinha feito terror até então (O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade, Livrai-nos do Mal). Alguns casos a gente sente o diretor, como o James Gunn em Guardiões da Galáxia ou o Taika Waititi em Thor Ragnarok, mas quase sempre os filmes do MCU têm cara de “filme de produtor”.

Felizmente Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem um bom equilíbrio. Continua sendo um “filme da Marvel”, mas tem várias coisas que são a cara do diretor: ângulos de câmera, alguns movimentos de câmera, alguns elementos de terror – tem até uma mão saindo de uma cova, lembrando o poster de Evil Dead! Só faltou o travelling pela floresta…

(Acho que este deve ser um filme mais violento da Marvel. Tem uma morte bem violenta, e ainda tem alguns jump scares!)

Aliás, é bom lembrar, este é se não me engano o 28º filme do MCU. Se antes os filmes eram independentes, agora precisam de “pré requisitos”. Para ver este Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura nem precisa ver o primeiro Doutor Estranho antes, mas precisa saber o que aconteceu com a série Wandavision.

Já que falamos de Wandavision, bora falar do elenco. É um filme do Doutor Estranho, ninguém vai discutir que ele é o principal aqui. Mas a Wanda quase divide o protagonismo com ele. E se todos sabem que o Benedict Cumberbatch é um grande ator e seu Stephen Strange é um ótimo personagem, aqui em Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem outro personagem que rouba a cena. Elizabeth Olsen está sensacional, e sua Wanda é uma das melhores coisas do MCU. É que Doutor Estranho não tem perfil de premiação para atuação, senão diria que a Elizabeth Olsen deveria ser indicada ao Oscar. Fechando o elenco principal, a novata Xochitl Gomez está bem como a nova personagem America Chavez, que deve ter importância no futuro do MCU. Também no elenco, Benedict Wong, Chiwetel Ejiofor e Rachel MacAdams, e mais uns nomes que não vale a pena mencionar por motivos de spoiler. Ah, claro, é Sam Raimi, tem participação especial do Bruce Campbell, num papel bem bobo, mas, como é o Bruce Campbell, heu ri alto.

Sim, tem uma cena no meio do filme onde tem algumas participações especiais que vão explodir a cabeça dos fãs. Não vou entrar em detalhes por causa de spoilers, mas posso dizer que achei a cena muito boa e a conclusão dela também.

O ritmo do filme é alucinante (e isso não é um trocadilho com Uma Noite Alucinante do mesmo diretor). O filme já começa a 100 km/h, e são poucos os momentos mais calmos para respirar. E tem um duelo usando música que é SEN-SA-CIO-NAL!!!

Claro, é Marvel, tem duas cenas pós créditos. A primeira com um gancho para uma continuação, que não tenho ideia do que seja, mas tem a Charlize Theron, então quero muito ver. E lá no fim dos créditos uma piadinha.

A Marvel continua em forma! Aguardemos o novo Thor!