Skinamarink

Crítica – Skinamarink

Sinopse (imdb): Duas crianças acordam no meio da noite e descobrem que seu pai desapareceu e que todas as janelas e portas de sua casa sumiram.

Apareceu um novo “filme de terror mais assustador de todos os tempos da última semana”. Claro que quero ver. Mas, agora existe um grande mistério na minha cabeça: como alguém pode achar esse Skinamarink assustador???

Skinamarink é um filme onde NADA acontece. Simplesmente isso. Quando o filme começou, mostrando imagens aleatórias, fiquei me perguntado “ok, quando é que a história vai começar?”. Passaram-se dez minutos. Vinte minutos. Meia hora. O filme inteiro é assim!!!

Pra quem não viu (pessoas de bom senso), explico o que são essas imagens. O diretor Kyle Edward Ball coloca a câmera em ângulos “errados”, mostra parte da parede, parte do teto, deixa a câmera parada por uns 10, 15 segundos, depois coloca a câmera em outro ângulo “errado”. Pra piorar, as imagens são cheias de ruídos, e o som também é cheio de ruídos, com apenas fragmentos de diálogos. E o filme fica assim por intermináveis uma hora e quarenta minutos!

“Ah, mas eu levei um susto!”. Ok, sustos podem acontecer. Se uma câmera fica 15 segundos parada mostrando uma parede em silêncio, e de repente tem um barulho alto, o espectador pode levar um susto. Mas isso está longe de transformar Skinamarink em um filme assustador.

Li em algum lugar um comentário que dizia que o diretor deveria fazer um curta em vez de um longa, mas o curta não lhe daria visibilidade (porque, tirando raros casos como Mama ou Lights Out ninguém se importa com curtas). Mas, pergunto: pra que uma hora e quarenta? Por que não uma hora e quinze? Não ia melhorar, mas pelo menos a tortura acabaria mais cedo.

Se heu posso tirar algo de útil é que aprendi um novo termo: “terror analógico” – vejo filmes de terror há mais de trinta anos e não conhecia isso. Segundo a wikipédia, “Esse gênero é comumente caracterizado pela baixa resolução das gravações, mensagens enigmáticas e estilos visuais que lembram a televisão do século XX”. Boa, conheci um subgênero de terror a ser evitado.

O pior de tudo é que como esse Skinamarink está sendo falado por aí, provavelmente farão filmes parecidos nos próximos anos. Corram para as montanhas!

Preciso pensar na minha lista de dez piores filmes de 2022. Faltam nove filmes.

Noite Infeliz

Crítica – Noite Infeliz

Sinopse (imdb): Quando um grupo de mercenários ataca a propriedade de uma família rica, o Papai Noel deve intervir para salvar o dia (e o Natal).

O tema “papai Noel badass” já me interessava. Mas quando soube que era produção da 87North, passou a ser um dos filmes aguardados do fim do ano!

Pra quem não se ligou no nome, 87North é a produtora fundada por David Leitch, e que está por trás de filmes como Anônimo, Trem Bala e Kate. Ou seja, estamos diante de uma galera que sabe fazer boas cenas de ação. Claro, isso não garante a qualidade do filme, mas pelo menos garante a qualidade das cenas de ação. E quem me conhece sabe que aprecio cenas de ação bem coreografadas e bem filmadas.

Outra coisa que falo sempre aqui é que precisamos entender a proposta do filme. Noite Infeliz (Violent Night, no original) não quer ser um grande filme, é sim uma boa diversão a partir de uma ideia maluca – um Papai Noel real, e bem diferente do que a gente imagina. O resultado é um um bom equilíbrio entre ótimas cenas de ação e sequências engraçadíssimas, com um ator protagonista inspirado, que quando acaba o filme a gente já fica com vontade de rever.

A direção é do norueguês Tommy Wirkola, um nome não muito conhecido, mas que heu acompanho desde Dead Snow, filme nórdico de zumbis lançado em 2009. Já em Hollywood, ele fez o divertido e meio trash João e Maria Caçadores de Bruxas em 2013, e já na era do streaming fez Onde Está Segunda em 2017. Currículo pequeno, mas já tem alguns bons títulos.

Um dos grandes trunfos de Noite Infeliz é não se levar a sério em momento algum – o filme é divertidíssimo! É claro que existem espaços para citações a outros filmes de Natal, como Duro de Matar e Esqueceram de Mim. Aproveito para comentar o “momento Esqueceram de Mim”. Certo momento, parece que o filme pega outra pegada no humor. Isso talvez incomode alguns espectadores, mas hei entendi que era uma homenagem ao filme do Macauley Culkin.

Outra coisa que precisa ser mencionada é a trilha sonora de Dominic Lewis. A trilha é orquestrada, parece um Alan Silvestri dos áureos tempos, e cheia de pequenas citações a temas clássicos de Natal. Há tempos que uma trilha sonora não me chamava tanto a atenção.

O roteiro não é perfeito, tem algumas situações bem forçadas. Mas… o próprio roteiro assume que são forçadas e manda a frase “é a mágica do Natal, não sei como funciona, mas funciona”. Assim, o roteiro não se preocupa com algumas incoerências. Mas, tenho uma crítica. O filme mostra alguns breves flashbacks do passado do Papai Noel, antes dele assumir o cargo. Mas não desenvolve esse plot. Ora, se você vai entrar no assunto, desenvolva. Ficar só na pincelada ficou estranho.

No elenco, todos os elogios possíveis a David Harbour, ótimo como esse Papai Noel politicamente incorreto. Ele bebe demais, ele parece ser um cara egoísta, mas mostra que lá no fundo é coerente com a mitologia do personagem. E Harbour ainda faz cenas de ação, tem uma cena num salão de jogos (a cena que termina com a estrela no olho) que tem um longo plano sequência! O vilão John Leguizamo também está bem. O terceiro nome conhecido do elenco é Beverly D’Angelo – será que seria uma citação implícita a Férias Frustradas de Natal, de 1989? No resto do elenco, ninguém relevante.

Noite Infeliz pode ficar junto de Gremlins e Duro de Matar como filmes para serem revistos a cada Natal!

Tubarão: Mar de Sangue

Crítica – Tubarão: Mar de Sangue

Sinopse (imdb): Um grupo de jovens está passando as férias no México. Depois de uma noite de muita curtição, os amigos furtam dois jetskis e os levam para o alto-mar, mas eles acabam batendo em um acidente terrível.

Já defendi aqui antes filmes que trazem premissas repetidas. Filmes que não trazem nenhuma novidade, mas que têm uma boa execução. É um feijão com arroz bem cozinhado e bem temperado – não é novidade, mas ainda assim é um prato saboroso. Por isso defendi o recente A Queda, o filme não traz nada de inovador, e mesmo assim é um ótimo entretenimento.

Pena que Tubarão: Mar de Sangue (Shark Bait, no original) não é.

A gente já viu essa história diversas vezes. Um grupo de jovens desmiolados, no último dia de férias, resolve roubar dois jet skis, acabam causando um acidente, e ficam à deriva sem ter como voltar.

Mas… Em primeiro lugar, nenhum dos personagens é bom. Já começa o filme sem o espectador se importar com nenhum deles. Que virem isca de tubarão, como o título original sugere!

E aí a gente precisa falar sobre decisões burras. Ok, entendo que o cinema é feito em cima de decisões burras de personagens, mas tem uma aqui que me tirou do sério. Um dos personagens resolve nadar para procurar um barco que ele acha que está perto. POR QUE NÃO NADAR ATÉ A PRAIA???

Aí vem outro problema. O nome do filme é “Tubarão Mar de Sangue”, o pôster tem um tubarão enorme, mas… quase não tem tubarão no filme! O tubarão demora a aparecer, e fica pouco tempo em tela!

Mas aí vem um agravante. Deve ter pouco tubarão porque usaram um cgi tosco tosco tosco. Parece feito por um app de celular, o tubarão aparece mas não faz ondas na água em volta. Não costumo reclamar se efeitos pobres, mas aqui ficou feio demais. Consegue ser pior que o Pinóquio! Era melhor usar um bonecão!

Qual é o resultado? Um filme com personagens ruins, que não causa tensão nem nem medo do tubarão, e que ainda tem um cgi muito tosco. Talvez agrade uma turma que vá ao cinema com a proposta de zoação. Mas se quiser um filme bem feito com premissa parecida, veja A Queda.