O Corpo (2012)

Crítica – O Corpo (2012)

Sinopse (imdb): Um detetive está procurando o corpo de uma mulher que desapareceu de um necrotério.

Uma vez uma amiga me recomendou o filme Um Contratempo, um suspense espanhol de 2016 onde somos apresentados a um complexo quebra cabeça e no fim temos uma solução que completa todas as peças soltas. Claro que guardei o nome do diretor, Oriol Paulo.

Catei outros dois filmes do diretor, Durante a Tormenta, de 2018, e O Corpo, de 2012. Durante a Tormenta é bom, mas tem um lance de viagem no tempo que achei mal construído. O filme é legal, recomendo, mas não é tão bom quanto Um Contratempo. Já O Corpo (El Cuerpo, no original) segue o mesmo formato: um quebra cabeça cheio de peças soltas, confundindo a o entendimento do espectador, até um final bombástico onde tudo é explicado.

O corpo de Mayka, uma mulher rica e poderosa, some do necrotério, e a polícia está interrogando o viúvo. Enquanto isso, vemos flashbacks que mostram a personalidade excêntrica de Mayka. E vemos várias possíveis versões para o que aconteceu: ela poderia não ter morrido, ou o corpo pode ter sido roubado para evitar uma autópsia – o filme não descarta nem uma possibilidade sobrenatural. E o bom do roteiro escrito pelo próprio Oriol Paulo (em parceria com Lara Sendim) é que todas as pontas soltas são explicadas num momento final tipo “vilão de James Bond”.

O elenco é bom, as locações são boas, e o modo como Oriol Paulo conduz sua história deixam o espectador tenso até o fim do filme. Ok, achei algumas coisas forçadas. Mas, pelo final proposto, até dava pra fazer daquele jeito. Ia ser difícil, claro, mas, como falei no texto sobre Desaparecida, isso é ficção, não é um documentário!

No elenco, o único nome que heu conhecia era Belén Rueda, de O Orfanato e Os Olhos de Julia (que tinha Oriol Paulo como roteirista), que faz a Mayka e consegue confundir ainda mais a cabeça do espectador. Também no elenco, Jose Coronado, Hugo Silva e Aura Garrido.

Um belo suspense espanhol, pena que é pouco conhecido.

Desaparecida

Crítica – Desaparecida

Sinopse (imdb): Depois que sua mãe desaparece, uma jovem tenta encontrá-la usando ferramentas online.

Antes de falar de Desaparecida, preciso falar de Buscando…  de 2018, longa de estreia de Aneesh Chaganty, um filme de suspense que se passava todo na tela de um computador, mostrando navegação pela internet, google, youtube, facebook, twitter, interações com aplicativos de chat com imagens ao vivo, além de noticiários de tv e vídeos de câmeras de segurança.

Desaparecida (Missing, no original) não é do mesmo diretor – Chaganty aqui é responsável só pela história. Desaparecida foi escrito e dirigido por Nicholas D. Johnson e Will Merrick, que eram os editores de Buscando… (e também de Fuja, segundo filme de Chaganty, que usa o formato tradicional). Ou seja os caras já manjavam dos paranauês de “filme inteiro na tela do computador”.

Desaparecida é uma “standalone sequel”, que seria uma espécie de “sequência independente” – um filme que segue o mesmo formato do anterior, mesmo universo do anterior, mas que traz uma história independente (outros exemplos de “standalone sequel” seriam o último Mad Max ou o recente Glass Onion). Não tenho certeza, mas acredito que mais uma vez todo o filme se passa na tela do computador, com redes sociais e apps de chat. Um detalhe importante (que também aconteceu em Buscando…): todos os textos na tela foram traduzidos para português, o que dá muita agilidade à narrativa.

(Tem uma parte onde vemos uma narrativa filmada e editada de modo tradicional, mas aí a câmera se afasta e vemos que a personagem está vendo Netflix. Boa sacada!)

Ok, tem coisa forçada. Tipo pegar um número de telefone e descobrir rapidamente quem é o dono, com foto e tudo. Ou ver câmeras de turismo na Colômbia e facilmente acessar o histórico. Mas… Cinema é mentira, gente! O melhor filme do ano passado aqui no heuvi falava de um boneco de madeira que ganhava vida; o melhor filme do ano retrasado tinha uma equipe onde um dos membros era um tubarão que andava e falava. Por que encrencar com alguém que consegue informações pela Internet? E, vamulá, o filme precisava ser ágil. Se ela tivesse que ficar preenchendo formulários, ia ser bem chato.

(Agora, recomendo não ficar pensando muito. Se parar pra ver detalhes, a gente acha pequenos furos no roteiro.)

Falei que o filme é ágil, né? O ritmo é muito bom. Quando li que tinha uma hora e cinquenta e um minutos, pensei “caramba, esse lance da mãe perdida não gera tanta história assim, o filme pode ficar chato”. Nada! A história pega rumos inesperados e tem alguns plot twists que heu ficava sem saber qual rumo aquilo ia tomar. O filme é tenso, e sabe muito bem manter essa tensão.

No elenco, Storm Reid segura bem a onda – o que é algo importante, já que o filme todo é em cima dela. Gostei de ver o português Joaquim de Almeida como o colombiano. Também no elenco, Nia Long, Ken Leung, Amy Landecker e Tim Griffin.

Fica a dica: se você gostou de Buscando…, veja Desaparecida. E se você não viu Buscando…, faça uma sessão dupla!