Nada de Novo no Front

Crítica – Nada de Novo no Front

Sinopse (imdb): As terríveis experiências e angústias de um jovem soldado alemão na frente ocidental durante a Primeira Guerra Mundial

O grande vencedor do Oscar 2023 foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, com sete prêmios, incluindo melhor filme, diretor e roteiro. Mas, com quatro estatuetas, o alemão Nada de Novo no Front não deve ter saído triste da cerimônia.

O Oscar de melhor filme internacional já era algo previsível, afinal, Nada de Novo no Front também estava concorrendo à estatueta principal, ou seja, para a Academia, já era melhor que os outros quatro postulantes ao prêmio. Mas Nada de Novo no Front acabou levando também os Oscars de melhor trilha sonora, melhor fotografia e melhor design de produção – e ainda estava indicado em outras cinco categorias: filme, roteiro adaptado, cabelo e maquiagem, som e efeitos especiais

Esta é a terceira adaptação do livro homônimo escrito em 1929 por Erich Maria Remarque. Existe um filme feito em 1930 (poucos anos depois do fim da guerra), que ganhou aqui o nome Sem Novidade no Front; e um outro feito para a TV em 1979, que ganhou aqui o nome Adeus À Inocência – o primeiro é considerado um grande clássico, o segundo é dispensável. Não vi nenhum dos dois, não posso comparar.

A gente já teve muitos bons filmes de guerra. Mas uma coisa que diferencia Nada de Novo no Front da maioria é o ponto de vista heroico do vencedor (como em O Resgate do Soldado Ryan, Dunkirk, Até o Último Homem, 1917). Aqui não tem nada de heroísmo, e temos o ponto de vista do derrotado.

Logo no início do filme vemos os personagens empolgados com a ideia de “vamos lutar pelo nosso país”, mas logo eles caem na realidade das trincheiras imundas cheias de lama e ratos. Se o cara não morrer de tiro, vai morrer de alguma doença que vai pegar naquelas condições.

Depois de ver o filme, fui pesquisar e descobri que a Primeira Guerra Mundial foi a primeira vez que usaram armamentos como metralhadoras, granadas, lança chamas e tanques de guerra. Enquanto isso, os oficiais ficavam no luxo dos palácios, mandando diariamente milhares de soldados para a morte.

E não tem como não sentir raiva ao fim do filme, com a postura arrogante e inútil do oficial alemão.

Além de ser um filme que faz a gente pensar, Nada de Novo no Front também é tecnicamente muito bem feito. Não à toa, ganhou os Oscars de melhor fotografia e melhor design de produção. Nada de Novo no Front não levou o Oscar de maquiagem, mas chama a atenção nesta categoria. Como eles vivem na lama, temos vários estágios de sujeira nos rostos e nos corpos dos soldados. A trilha sonora com poucas notas também chama a atenção.

No elenco, o único nome que hei já conhecia é Daniel Brühl, que está eficiente como sempre. O protagonista Felix Kammerer, em seu primeiro e único filme até agora, está muito bem.

Agora deu vontade de ver o filme de 1930…

Super Mario Bros. – O Filme

Crítica – Super Mario Bros. – O Filme

Sinopse (imdb): Um encanador chamado Mario viaja por um labirinto subterrâneo com seu irmão, Luigi, tentando salvar uma princesa capturada

Sempre comento aqui que não jogo videogames, mas, nesse caso, joguei. Claro que não conheço todas as versões, mas conheço o suficiente pra saber que era uma ideia arriscada – e não estou falando da versão de trinta anos atrás com o Bob Hoskins. O problema é que o universo do jogo é muito maluco. Fica difícil criar uma história coerente quando você está num local onde comer um cogumelo faz você crescer – dentre muitas outras coisas completamente nonsense. E o roteiro aqui conseguiu essa tarefa. Não só o filme flui apesar desse lore louco, como ainda é repleto de easter eggs.

O visual não traz nada de revolucionário, mas pelo menos é extremamente bem feito – às vezes parece que são bonecos reais. Além disso, o filme é bem colorido, com cenários malucos e coerentes com os mundos apresentados no videogame. Ah, claro, o filme é muito engraçado, algumas piadas são muito boas (é uma produção da Illumination, eles têm tradição de filmes bem engraçados).

A trilha sonora de Brian Tyler é excelente! O tema do jogo é super famoso, e a trilha orquestrada usa trechos do tema ao longo de todo o filme.

Os personagens são bons. Não sei se a Peach teve alguma atualização em algum jogo – na época que heu jogava ela era literalmente uma “donzela em perigo”, coisa que não funciona mais nos dias de hoje. Agora Peach tem um bom protagonismo. O Luigi também tem um papel importante, não é só “escada” para o Mario como no jogo. Dentre os personagens secundários, adorei a estrelinha azul que está presa, acho que ela é do Super Mario Galaxy.

(A sessão de imprensa foi com cópia dublada. A dublagem é boa, mas preferia ter visto ouvindo as vozes de Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Jack Black, Seth Rogen, Charlie Day e Keegan-Michael Key.

Por fim, não é Marvel, mas tem duas cenas pós créditos, uma no início e outra lá no finzinho.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Sinopse (imdb): Um charmoso ladrão lidera um improvável bando de aventureiros, que embarcam em uma jornada épica para recuperar uma relíquia perdida, mas as coisas dão perigosamente errado quando eles entram em conflito com as pessoas erradas.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei nenhum RPG. Conversando com amigos que jogaram, descobri que esta é uma informação importante!

Em 2000 fizeram uma adaptação do jogo D&D, no filme Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora. Provavelmente vi na época (não tinham tantos filmes lançados por ano, era mais fácil ver todos os lançamentos), mas não me lembro de absolutamente nada – nem se realmente vi o filme. Mas sei que foi um fracasso comercial. E provavelmente o grande sucesso de O Senhor dos Anéis nos anos seguintes ajudou a afundar possíveis novas adaptações com cara de filme de aventura da sessão da tarde.

Demorou, mas finalmente chegou aos cinemas a nova adaptação. Desta vez com orçamento de gente grande e com alguns grandes nomes no elenco. E o resultado foi positivo, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes está bem longe de um épico como Senhor dos Anéis, mas é uma divertida aventura despretensiosa. Dificilmente o espectador vai sair decepcionado do cinema.

O roteiro e a direção são da dupla John Francis Daley e Jonathan Goldstein (A Noite do Jogo, Férias Frustradas e roteiristas de Homem-Aranha: De Volta ao Lar). Pelo passado dos diretores a gente já desconfia qual vai ser o clima do filme. Sim, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não chega a ser uma comédia, mas tem vários momentos bem engraçados.

Achei algumas saídas de roteiro meio forçadas, tipo quando eles não têm como seguir em frente e, do nada, descobrem que têm um cajado mágico que abre portais. Mas, uma amiga que joga RPG disse que essas coisas acontecem nos jogos, que às vezes surgem soluções absurdas e isso é algo comum pra quem está acostumado a jogar.

Quem me conhece sabe que curto planos sequência. Tem um aqui que é bem legal, que é quando a Doric está fugindo e virando diferentes bichos. Ok, entendo que boa parte da cena é cgi (se bobear, mais da metade), mas, mesmo assim, valorizo.

Outra coisa que gostei foi o visual quando o Simon coloca o elmo. Tudo em volta começa a se desmanchar. Taí, não me lembro desse visual em nenhum outro filme. Hoje em dia é raro a gente ver algo realmente novo, então parabéns à produção do filme. Pena que é uma cena curtinha, heu ia gostar de ver mais desse visual.

Os três principais nomes do elenco, Chris Pine, Michelle Rodriguez e Hugh Grant, têm papéis que são a cara dos atores. Por um lado, isso é bom, porque eles estão muito bem nos papéis; por outro, a gente meio que adivinha o que vai ver só quando vê quem é o ator. Também no elenco, Sophia Lillis, Justice Smith, Regé-Jean Page, Daisy Head e Chloe Coleman.

Existe um cameo na parte final que muitos brasileiros vão ficar com coração quentinho, mas não falo mais por causa de spoilers…

Por fim, queria falar mal do título brasileiro Se o título original é “Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões”, por que diabos trocar “ladrões” por “rebeldes”? Principalmente porque, no filme, eles são ladrões!!!