Fale Comigo

Crítica – Fale Comigo

Sinopse (imdb): Um grupo de amigos descobre uma mão embalsamada que lhes permite conjurar espíritos. Viciado na emoção, um deles vai longe demais e abre a porta para o mundo espiritual.

E vamos para o novo “melhor filme de terror de todos os tempos da última semana”!

Dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou (que trabalharam na produção de O Babadook), Fale Comigo (Talk to Me, no original) está sendo vendido por muitos como o melhor terror do ano. Tem gente exagerando e falando em “melhor dos últimos anos”. Calma, galera. Fale Comigo é bom, é acima da média, mas está longe de ser um filme perfeito. Se você entrar no cinema com expectativas altas, pode se decepcionar.

(O terror é um gênero que tem tantos títulos ruins lançados ano a ano que pode gerar algo assim…)

Vamos ao que funciona. Produção pequena, independente (foi exibido em Sundance no início do ano), Fale Comigo não é “filme de jump scare”, e sim traz a proposta de criar clima de terror – e é bem eficiente neste quesito. Não é uma produção da A24, mas a A24 comprou os direitos pra distribuição.

Depois da sessão ouvi comentários de gente comentando que este seria um filme igual a outros que usam tábuas Ouija. Discordo. Existe uma área cinza em volta da tábua Ouija sobre aquilo ser real ou não. Mas, aqui em Fale Comigo, quando um personagem usa a mão embalsamada, ele imediatamente experimenta o contato com os espíritos. E essas cenas onde eles exploram esses contatos são boas. E os personagens sabem dos riscos de se usar muito, parece até uma comparação com drogas: “sabemos que é perigoso, mas curtimos o barato que nos proporciona.”

Preciso falar da sequência inicial! Uma pessoa entra numa casa onde rola uma festa, e a câmera vai atrás, um monte de coisas acontecem, e tudo em plano sequência! Era no cinema, não tive como voltar pra checar, mas me parece que realmente não teve cortes. Fale Comigo começou bem!

A fotografia tem alguns detalhes discretos aqui e ali que mostram que esse filme teve um cuidado especial, como uma cena noturna onde dois personagens estão conversando iluminados pela luz da rua, através de um vidro com água da chuva. Outro ponto positivo é a maquiagem. Todas as cenas onde usam a mão usam uma maquiagem muito bem feita. E tem uma cena em particular onde um dos personagens se machuca que é uma cena com muita violência gráfica. Assustador!

(Tem uma cena assustadora envolvendo um cachorro. Mas nada acontece com o cachorro, a cena é assustadora no sentido de nojenta.)

Agora, nem tudo merece elogios. Pra começar, o formato da história é exatamente igual a todos os filmes de “terror com maldição”: um personagem entra em contato com a maldição da vez, se vê presa àquilo, e resolve pesquisar para descobrir de onde veio a maldição e como se livrar. Parece receita de bolo.

Mas acho que o que mais me incomodou foram as cenas no hospital. Determinado momento do filme um dos personagens é internado. Temos algumas cenas dentro do quarto do hospital. E os gritos e ruídos que acontecem nessas cenas não são compatíveis com o ambiente hospitalar. Apareceria uma enfermeira ao primeiro grito!

Sobre o elenco, este é o filme de estreia da Sophie Wilde, que esteve em cartaz há pouco com O Portal Secreto (feito depois mas lançado antes). E olha a coincidência: a única atriz famosa daqui, Miranda Otto, também estava em O Portal Secreto.

Por fim, recomendo que baixe as expectativas. Como falei no início, Fale Comigo é bom, é acima da média. Só não é isso tudo que estão vendendo.