Resistência

Crítica – Resistência

Sinopse (imdb): Em meio a uma futura guerra entre humanos e inteligência artificial, Joshua é recrutado para localizar e matar o Criador – misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com o confronto e com toda a humanidade.

Esta nova ficção científica prometia ser um grande marco no cinema. Afinal, a gente teria algo incomum hoje em dia: um blockbuster “independente”. Hoje quase todos os grandes filmes são continuações, remakes, reboots, spin offs, adaptações de livros, games, HQs, novos filmes usando personagens conhecidos… É difícil ver algo novo, sem nenhuma conexão com nada já publicado (o mercado explica isso, é mais fácil vender um filme que as pessoas já tem alguma conexão).

Tecnicamente falando, Resistência (The Creator, no original) é um filme “independente”, afinal, não traz conexão com nenhuma outra obra publicada. Mas, o problema é que tudo parece reciclado. Resistência parece uma mistura de Matrix com Exterminador do Futuro com Blade Runner com Distrito 9 com IA com Ex Machina. Coloca tudo no liquidificador e bate, vai sair algo parecido com isso.

Não só o roteiro parece uma colagem de outros filmes, como tem algumas coisas meio estranhas. Vou dar só um exemplo pra não entrar em spoilers: no início do filme comentam que as missões na Ásia não têm bases americanas perto, o mais perto seria a 600 km. Mas mais pro fim do filme aparecem veículos americanos enormes, se as bases eram longe, como aqueles veículos chegaram lá?

Se por um lado o roteiro de Resistência deixa a desejar, por outro lado os efeitos especiais são de cair o queixo. Absolutamente tudo o que esta na tela tem um visual impressionante: desde os diferentes tipos de robôs e veículos, até as construções e paisagens futuristas e grandiosas. Sei que ainda é cedo e nem sei quais filmes vão concorrer, mas arrisco dizer que Resistência é um forte candidato ao Oscar de melhores efeitos especiais.

Resistência foi escrito e dirigido por Gareth Edwards, o mesmo de Monstros, Godzilla e Rogue One. O que interessa ao meu comentário é que é o mesmo diretor de Monstros, porque e Resistência traz duas semelhanças. Uma está na qualidade dos efeitos, mesmo usando orçamento reduzido. Monstros tinha orçamento de filme independente e trazia efeitos especiais excelentes; Resistência tem orçamento inferior à maioria dos blockbusters atuais e isso definitivamente não aparece na tela. A outra semelhança é no estilo de filmagem, que usou tática de cinema de guerrilha. Em Monstros, em algumas cenas, eram só o diretor, uma pessoa da equipe técnica e os dois atores. Boa parte do que está na tela eram cenários e pessoas “reais”, que não sabiam que estavam participando de um filme. Resistência usou a mesma estratégia, usando câmeras pequenas e filmagens em locações, que foram alteradas em pós produção – o que gerou um resultado bem melhor do que usar tela verde.

O elenco traz aquele batido clichê do adulto que acompanha uma criança especial (como vimos recentemente em Mandalorian e The Last of Us). O problema deste clichê é que você precisa se afeiçoar aos personagens. E achei que faltou carisma ao protagonista John David Washington. Ok, admito um pouco de head canon aqui, porque sempre comparo John David com seu pai, Denzel Washington – é difícil quando você é filho de um ator do porte do Denzel, porque as comparações serão inevitáveis. Mas, head canon à parte, John David é bom, mas não me fez torcer por ele. Também no elenco, Gemma Chan, Allison Janney, Ken Watanabe, Ralph Ineson e a menina Madeleine Yuna Voyles.

Sei que falei mal do roteiro de Resistência, mas mesmo assim ainda recomendo a ida ao cinema. Não por ser um filme “inovador” ou “revolucionário”, mas pele visual. Esse visual vale o preço do ingresso!