Argylle – O Superespião

Critica – Argylle – O Superespião

Sinopse (imdb): Quando as tramas dos livros de uma reclusa autora de romances de espionagem sobre o agente secreto Argylle começam a espelhar as ações de uma verídica organização de espionagem, as linhas entre o fictício e o real começam a se entrelaçar.

Filme novo do Matthew Vaughn!

Sempre curti a carreira de Matthew Vaughn, desde X-Men Primeira Classe e Kick-Ass. Mas, seu último filme, King’s Man A Origem, foi bem fraco. O trailer deste Argylle – O Superespião (Argylle, no original) prometia algo mais próximo do primeiro Kingsman, o que me fez colocar Argylle na minha lista de expectativas para 2024.

Então, valeu o lugar na lista? Ou foi uma grande decepção como Turma da Mônica Jovem Reflexos do Medo?

Olha, pode não ser tão bom quando Kingsman, mas, me diverti muito. O filme é engraçado, tem cenas de ação muito bem filmadas, tecnicamente enche os olhos e tem um elenco sensacional. Saí da sessão feliz, isso pra mim conta muito.

Algumas sequências são muito bem filmadas. Tem uma luta num trem onde a protagonista está vendo o agente “real” lutando ao mesmo tempo que imagina o personagem dela. Ou seja, uma coreografia de luta onde troca o ator que está lutando. Deve ter dado um trabalho enorme pra coreografar, filmar e editar isso!

Ouvi uma crítica negativa comparando com Missão Impossível, porque lá tudo é mais “real”. Mas aqui nunca teve uma proposta de algo real! Tem uma cena com uma luta em cima de uma enorme poça de petróleo que é completamente galhofa! E tem uma cena usando fumaça colorida que, além de galhofa, é linda! E achei genial a solução dada para o “tiro no coração”. Sim, é absurdo; e sim, é por ser absurdo que curti!

Agora, o filme tem uma quebra no meio e a segunda metade dá umas escorregadas. Existe um plot twist onde muda todo o ponto de vista sobre os personagens, e a partir daí o filme tem uma queda. Não chega a ficar ruim, mas a primeira metade é melhor.

Adorei a trilha sonora! Desde a cena inicial com Barry White, até a nova música Electric Energy, de Ariana DeBose, Boy George, Nile Rodgers – que tem muita cara de música feita nos anos 70! Ok, entendo que a trilha me pegou pelo lado nostálgico, mas, todas as músicas se encaixam perfeitamente!

O elenco é muito bom. Um amigo crítico estava vendo ao meu lado e criticou a escolha dos dois protagonistas, Bryce Dallas Howard e Sam Rockwell, porque eles não têm o perfil para “blockbuster de ação”. Verdade, eles não têm esse perfil. Na página do imdb, os primeiros nomes são Sofia Boutella e Henry Cavill, dois nomes que teriam mais a ver. Mas, curiosamente, o mesmo motivo que fez o meu amigo criticar é o motivo que me faz defender: gostei de ter dois nomes “diferentões” como protagonistas. Henry Cavill aparece bem menos, e Sofia Boutella só aparece em uma única cena, e não é uma cena de ação! Ainda no elenco, Bryan Cranston, John Cena, Samuel L Jackson, Dua Lipa, Catherine O’Hara e Ariana DeBose.

O final traz uma solução “deus ex machina” que achei completamente desnecessária e que diminuiu um pouco o valor do filme na minha humilde opinião. E tem uma cena pós créditos que aparentemente é um teaser de uma nova franquia.

Bad CGI Gator

Crítica – Bad CGI Gator

Sinopse (imdb): Seis universitários alugam uma cabana nos pântanos da Geórgia durante as férias de primavera. Lá, eles decidem jogar seus laptops escolares em um lago no quintal, em um ato de rebeldia juvenil.

Não tem muito o que se falar sobre um filme chamado “Jacaré de CGI ruim”. Mas, vamulá.

Em primeiro lugar, CLARO que o CGI é ruim. Está no nome do filme! Se não tivesse um CGI ruim seria o mesmo que você ver um filme do Homem aranha sem o Homem Aranha, ou o filme da Barbie sem a Barbie! O CGI aqui é propositalmente ruim. Reclamar disso é incoerência.

Seis jovens universitários vão passar um fim de semana em uma casa isolada à beira de um lago. Resolvem jogar os laptops no lago, e a eletricidade faz um jacaré crescer – e voar. Sim, o jacaré flutua no ar. Qual é a lógica? Não tem. Mas também não tem lógica um jacaré crescer porque levou um choque.

Já comentei em outras ocasiões que tenho uma memória bizarra quando o assunto é cinema. Nos créditos iniciais li o nome do produtor Charles Band, lembro dele nos anos 80, quando fazia filmes B, ele dirigiu Trancers O Policial do Futuro e produziu A Visão do Terror, que era um dos meus trash favoritos nos tempos do VHS. Não via nada do Charles Band há anos, fui checar no imdb, o cara continua em atividade, e já soma 424 títulos como produtor!

Bad CGI Gator tem personagens clichês e unidimensionais: dois casais dentro do clichê fútil e descerebrado, um loser e uma descolada. Não sei se os seis atores são ruins, ou se não conseguem desenvolver nada porque são péssimos personagens. Todas as atuações são caricatas. Ah, rola uma breve nudez gratuita que tem tudo a ver com a proposta.

Se o filme é bom? Claro que não! Mas, tem uma coisa muito boa: uma duração de apenas 58 minutos. Como é uma piada curta, não precisa esticar. Conta a piada e acaba logo o filme.

Depois que acabou o filme, descobri que existe um “Bad CGI Sharks”, de 2019; e que existe um “Big Bad CGI Monsters” a ser lançado. Mas, depois deste Bad CGI Gator, acho que não preciso ver outro do mesmo estilo.

Os Rejeitados

Crítica – Os Rejeitados

Sinopse (imdb): Um professor mal-humorado é forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as férias de Natal. Ele acaba criando um vínculo improvável com um deles e com a cozinheira-chefe da escola.

Bora continuar com análises dos filmes indicados ao Oscar?

Preciso admitir que acho difícil falar de um filme como Os Rejeitados (The Holdovers, no original). Não é um filme ruim, longe disso, mas, sabe quando acaba um filme e você sente que ele não falou diretamente para você? É o caso aqui. Alguns filmes, saio da sessão já pensando no que vou escrever, quais temas vou abordar, quais cenas, enquadramentos, movimentos de câmera, personagens, trilha sonora, vários detalhes me marcam e quero dividir esses detalhes aqui no heuvi. Mas, em Os Rejeitados, acabou o filme e não tinha nada pra comentar.

Mas, vamulá, se a proposta é comentar todos os filmes do Oscar, vamos aos comentários.

O grande lance de Os Rejeitados é que a produção conseguiu fazer um filme com “cara de anos 70”. Não é só a história que se passa nos anos 70, mas tudo foi filmado tendo em mente grandes filmes da época – o diretor Alexander Payne disse que fez exibições para a equipe de filmes como A Primeira Noite de um Homem (1967), Amor Sem Barreiras (1970), Ensina-me a Viver (1971), A Última Missão (1973), Klute, O Passado Condena (1971) e Lua de Papel (1973). Mais: Os Rejeitados não foi filmado em película, foi filmado digitalmente, mas, na pós produção foram inseridos ruídos na imagem e no som, para “envelhecer” o filme.

Inicialmente achei que a gente veria uma espécie de versão anos 70 de Clube dos Cinco, porque temos uma escola vazia com um professor e cinco alunos. Mas logo acontece um evento que tira quatro alunos da escola, então passamos o filme em cima de três personagens: um aluno, o professor e uma cozinheira. E aí temos um grande trunfo do filme: um elenco inspiradíssimo.

Paul Giamatti está excelente com o seu professor com problemas de sociabilidade – tanto que ganhou o Globo de Ouro e está indicado ao Oscar pelo papel. E o jovem Dominic Sessa também está fantástico, e rola uma boa química entre os dois – nem parece que Sessa está em seu primeiro filme!. Completa o time Da’Vine Joy Randolph como a cozinheira de luto porque seu filho morreu na guerra. Da’Vine também está bem, também ganhou Globo de Ouro e está indicada ao Oscar, mas, na minha humilde opinião, os outros dois chamam mais a atenção.

(Se tenho uma única crítica a Dominic Sessa é que acho que ele parece um pouco velho para o personagem, Sessa tem 21 anos e seu personagem ainda está na escola.)

Ah, Paul Giamatti tem um “lazy eye”, um dos olhos enxerga numa direção diferente do outro. Pesquisei pra saber como ele fez isso, mas só encontrei matérias falando coisas como “não diremos como o olho foi feito”.

Li alguns comentários dizendo que era um filme “muito engraçado”. Discordo. Sim, até podemos classificar como comédia, mas é mais no sentido de deixar um sorriso no rosto do que dar uma gargalhada. Acho que está mais para “dramédia”.

Agora, voltando ao que comentei no início: Os Rejeitados é ruim? Longe disso. Mas… Infelizmente, não achei nada essencial. Um bom filme, mas, na minha humilde opinião, dispensável.

Os Rejeitados está concorrendo a cinco Oscars: Filme, Ator (Paul Giamatti), Atriz Coadjuvante (Da’Vine Joy Randolph), Roteiro Original e Edição. Se for perguntar a minha opinião, o único que tem chances é o Paul Giamatti. Aguardemos.

Anatomia de uma Queda

Crítica – Anatomia de uma Queda

Sinopse (imdb): Uma mulher é suspeita de ter assassinado o marido, e o seu filho cego enfrenta um dilema moral como única testemunha.

Bora pro filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes e do Globo de Ouro de melhor roteiro?

Escrito e dirigido por Justine Triet, Anatomia de uma Queda (Anatomie d’une chute, no original) parece um “filme de tribunal”. Mas só de longe, porque foge de vários clichês dos filmes de tribunal que a gente está acostumado.

Logo de cara, acontece uma morte, e não sabemos se o sujeito se matou ou se foi assassinado. A partir daí temos uma investigação, e depois um longo julgamento.

E por que falei que esse não é um filme de tribunal igual aos outros? Porque o foco do filme não é esclarecer o mistério de quem matou, e sim em aprofundar várias camadas dessa área cinza. O filme foca na personagem principal, em vários aspectos de sua personalidade e de sua vida pessoal e profissional.

E aí vemos talvez o maior trunfo de Anatomia de uma Queda: sua protagonista Sandra Hüller, em uma interpretação sensacional, onde vemos e sentimos toda a sua dor e suas dúvidas, problemas conjugais, problemas com um filho que perdeu parte da visão, além da grande questão do filme – será que ela matou seu marido? Sim, teremos um “duelo de gigantes” no Oscar entre Sandra, Emma Stone (Pobres Criaturas) e Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores).

Tem uma coisa curiosa: ao longo do julgamento somos apresentados a várias outras características da personagem que pouco importam para o ponto chave (se ela matou ou não), coisas como ela ter tido um caso com outra mulher, ou a dúvida sobre qual idioma a ser usado pela família (ela é alemã e o marido é francês, então decidiram usar o inglês). Sim, são pontos que não importam para o julgamento, mas que ajudam a criar uma personagem complexa.

Mas não é só Sandra Hüller que se destaca. O jovem Milo Machado Graner (pelo que li na internet, é filho de uma portuguesa, Susana Machado), que faz o filho com problemas na visão, também está sensacional. Anotem esse nome, esse menino vai longe!

Anatomia de uma Queda é longo, são duas horas e meia de filme, mas tudo é muito bem conduzido, o filme não cansa. E tem uma cena que achei genial, que é quando todos no tribunal começam a ouvir o áudio de uma conversa, e logo a imagem começa a mostrar o casal conversando, e o diálogo começa a ficar cada vez mais tenso. Admiro quem consegue escrever um diálogo tão longo, fluido e ao mesmo tempo complexo.

Tenho um comentário sobre o final, mas não sei se pode ser spoiler, então vamos aos avisos.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Não sei se isso é exatamente um spoiler, mas… Passamos o filme inteiro na dúvida se ela matou ou não o marido, e o filme conclui sem responder isso. Confesso que o meu head canon queria uma solução hollywoodiana com um plot twist onde a gente descobriria um novo fato que mudaria toda a história. Mas, esse seria o meu filme, não o da Justine Triet.

FIM DOS SPOILERS!

Anatomia de uma Queda ganhou Palma de Ouro em Cannes e está concorrendo a 5 Oscars. Não são muitos, mas todos são “nobres”: Melhor Filme, Diretora, Roteiro, Atriz e Edição. Será que ganha algum?

Indicados ao Oscar 2024

Indicados ao Oscar 2024

Ontem saiu a lista dos indicados ao Oscar 2024, cerimônia que vai acontecer dia 10 de março. Ninguém pediu, mas vou fazer alguns comentários sobre os indicados.

Antes de tudo, preciso falar algo polêmico: tem 4 categorias que nunca dei bola, e que por mim, seriam retiradas da cerimônia: Documentário Curta, Documentário Longa, Curta de Animação e Curta Live Action. Não estou dizendo que não deveriam ser premiados, mas sim que deveriam sair da cerimônia e ter um evento separado. O Oscar sempre foi uma cerimônia longa e cansativa, e quando estou assistindo, quero ver o Robert De Niro, o Scorsese, a Emma Stone e o Ryan Gosling, não quero ver um ilustre desconhecido que fez um filme que ninguém viu. Sim, o prêmio é importante, mas, deveria ser outro dia, outra hora. A gente ia ganhar uma meia hora sem essas 4 categorias…

Vamos aos indicados. Poucas surpresas esse ano. Dos dez indicados a melhor filme, já vi sete, cinco já têm texto aqui no heuvi, o sexto texto vem nos próximos dias. Mas pretendo ver todos e comentar todos!

Oppenheimer foi o que teve mais indicações, 13 no total – Filme, Diretor (Christopher Nolan), Ator (Cillian Murphy), Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr), Atriz Coadjuvante (Emily Blunt), Roteiro Adaptado, Cinematografia, Trilha Sonora, Edição, Cabelo e Maquiagem, Design de Produção, Figurino e Som. Se ganha melhor filme? Não sei, mas certamente vai ganhar algo. Talvez seja a hora do Christopher Nolan finalmente ganhar. E acho que Robert Downey Jr está excelente, também merece.

(Mas, se fossem perguntar pra mim, não achei Oppenheimer isso tudo, tanto que não estava no meu top 10 de 2023.)

Pobres Criaturas teve 11 indicações – Filme, Diretor (Yorgos Lanthimos), Atriz (Emma Stone), Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Roteiro Adaptado, Edição, Cinematografia, Trilha Sonora, Cabelo e Maquiagem, Design de Produção e Figurino. Na minha humilde opinião, um dos dois melhores filmes da lista dos 10 indicados. Merece vários desses prêmios, falei isso ano passado quando escrevi sobre o filme.

Assassinos da Lua das Flores (o outro dos dois melhores na minha opinião) teve 10 indicações – Filme, Diretor (Martin Scorsese), Atriz (Lily Gladstone), Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Edição, Cinematografia, Trilha Sonora, Canção, Design de Produção e Figurino. Achei que faltou indicar para melhor Roteiro e melhor ator para Leonardo DiCaprio.

Barbie teve 8 indicações – Filme, Ator Coadjuvante (Ryan Gosling), Atriz Coadjuvante (America Ferrera), Roteiro Adaptado, Design de Produção, Figurino e duas vezes Canção. Ouvi um monte de mimimi ontem “porque foi o filme mais hypado de 2023 e teve poucas indicações!” Cara, Barbie é filme pop, não é “filme de Oscar”. Vingadores Ultimato teve mais hype que Barbie, e só foi indicado a um único Oscar, de Efeitos Especiais. Barbie concorrer a melhor filme já está muito melhor do que o bom senso diria. E, sim, Margot Robbie está ótima, mas, me desculpem os fãs, mas ela está vários degraus abaixo do trio Emma Stone, Lily Gladstone e Sandra Hüller

Maestro teve 7 indicações – Filme, Ator (Bradley Cooper), Atriz (Carey Mulligan), Roteiro Original, Cinematografia, Cabelo e Maquiagem e Som. Bradley Cooper está indicado três vezes! Pena que a concorrência é grande, se bobear não ganha nenhum dos três.

Anatomia de uma Queda teve 5 indicações – Filme, Diretor (Justine Triet), Roteiro Original, Atriz (Sandra Hüller) e Edição. Para um filme francês, que já ganhou Palma de Ouro em Cannes, já considero excelente estar concorrendo a 4 das cinco estatuetas mais importantes (filme, diretor, roteiro, ator e atriz). E se ganhar qualquer um deles, não será surpresa.

Os Rejeitados teve 5 indicações – Filme, Ator (Paul Giamatti), Atriz Coadjuvante (Da’Vine Joy Randolph), Roteiro Original e Edição. Ok, entendo, é um filme “com cara de Oscar”, mas, sei lá, não achei tudo isso que estão falando. E, na minha humilde opinião, Paul Giamatti merece a indicação, mas Da’Vine Joy Randolph não.

Zona de Interesse teve 5 indicações – Filme, Filme Internacional, Direção (Jonathan Glazer), Roteiro Adaptado e Som. Ouvi falar muito bem, mas tenho pé atrás, porque vi outro filme do mesmo diretor, Sob a Pele, que é ruim com força. Aguardemos.

American Fiction teve 5 indicações – Filme, Ator (Jeffrey Wright), Ator Coadjuvante (Sterling K. Brown), Roteiro Adaptado e Trilha Sonora. Não sei nada ainda sobre esse filme.

Vidas Passadas teve 2 indicações – Filme e Roteiro Original. Ouvi elogios, mas ainda não vi.

Agora alguns comentários sobre outros filmes que não estão indicados a melhor filme.

A Sociedade da Neve foi indicado a Filme Internacional e Cabelo e Maquiagem. No meu texto, comentei sobre a maquiagem! Pena que deve perder Filme Internacional pra Zona de Interesse.

Nyad foi indicado a Atriz (Annette Bening) e Atriz Coadjuvante (Jodie Foster). Me recomendaram, ainda não vi.

Napoleão, Missão Impossível e Resistência, cada um teve duas indicações técnicas. Resistência teve excelentes Efeitos Especiais, mas acho que Godzilla Minus One (que só foi indicado a Efeitos Especiais) pode surpreender.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino teve uma indicação, para Trilha Sonora, mais uma indicação na carreira de John Williams, que tem a impressionante marca de 54 indicações, sendo que ganhou 5 vezes.

Guardiões da Galáxia 3 só teve uma indicação, para Efeitos Especiais. Pra provar que os fãs da Barbie estão de mimimi.

Segredos de um Escândalo foi indicado a melhor Roteiro Original, uma indicação que não faz sentido, porque é um roteiro bem fraco.

Por fim, vou comentar as indicações a Melhor Animação: Nimona é muito bom, mas não acho que ganha; O Menino e a Garça ainda não vi, é o novo Miyazaki, ganhou o Globo de Ouro, acho que tem chances; Homem Aranha Através do Aranhaverso, o primeiro Aranhaverso ganhou, não sei se dariam também pro segundo; Elementos acho que nem deveria estar aqui; e Meu Amigo Robô, ainda não tinha ouvido falar.

Fui sondado para participar de uma live este ano comentando o Oscar. Mais perto confirmo aqui!

Sobreviventes – Depois do Terremoto

Crítica – Sobreviventes – Depois do Terremoto

Sinopse (imdb): Depois de um grande terremoto, em Seul, há apenas um prédio em pé. Com o passar do tempo, pessoas de fora começam a entrar para se protegerem do frio extremo. Para lidar com o número crescente, os moradores decretam uma medida especial.

A gente olha o cartaz e o trailer e já pensa em filme catástrofe, já lembra dos filmes do Roland Emmerich… Que nada! Assim como o título nacional diz, o foco do filme é “depois do terremoto”.

Representante da Coreia do Sul no Oscar Internacional 2024, Sobreviventes – Depois do Terremoto (Concrete Utopia em inglês; Konkeuriteu yutopia no original coreano) é um estudo comportamental sobre o que acontece com as pessoas quando a sociedade como conhecemos não existe mais.

Até tem algumas breves cenas mostrando o terremoto – uma muito curta no início e uma um pouco menos curta num flashback. Mas, como falei, o foco não é o terremoto. Um grande prédio foi o único a ficar em pé, então, para fugir do frio, várias pessoas de fora procuram abrigo no prédio. Até que os moradores se questionam se vale a pena expulsar quem não era morador, para criar uma pequena comunidade organizada. Claro, enfrentando problemas como falta de comida e ataques de invasores.

O ritmo do filme é muito bom. Determinado momento a gente está vivendo um clima “comercial de margarina”, onde mostram como tudo é perfeito na nova comunidade criada, Mas os problemas vão se acumulando e o clima vai ficando gradativamente mais tenso, até um final onde o espectador está roendo as unhas na beirada da poltrona!

Os efeitos especiais são muito bons. Como falei, são poucas cenas do terremoto em si, os efeitos são mais pra mostrar a destruição causada pelo terremoto. Sobre o elenco, heu não reconheci ninguém. Como sempre acontece no cinema oriental, temos atuações intensas e exageradas, talvez isso afaste parte do público. Mas, faz parte do “pacote”.

Boa opção em cartaz nos cinemas!

Mergulho Noturno

Crítica – Mergulho Noturno

Sinopse (imdb): Um ex-jogador de beisebol se muda com a esposa e os dois filhos para uma nova casa. Ele acredita que a piscina do quintal pode ser uma diversão para as crianças, mas um segredo sombrio do passado da casa vai desencadear uma força malévola.

Hoje vou começar o texto de maneira diferente. Uma vez fui passar um fim de semana com amigos em uma casa na serra onde iríamos filmar um curta. O roteiro dava uns 15 minutos de história, mas, na empolgação, a gente saiu filmando mais um monte de cenas no improviso, e alguém perguntou “será que conseguimos fazer um longa?

Quando reunimos o material pra edição, ficou claro que não dava pra fazer um longa. Jogamos fora várias cenas e fechamos o curta em 15 minutos mesmo.

Por que estou falando isso? Porque um curta com uma boa ideia é algo bem diferente de um longa. O Night Swim original é um curta de 3 minutos e 54 segundos, onde um minuto são os créditos. E alguém achou que seria uma boa ideia chamar Bryce McGuire, o diretor e roteirista do curta, pra transformar sua ideia em um longa. Mas… É uma ideia de apenas 3 minutos, é difícil esticar isso em um longa de uma hora e 38 minutos!

Isso gera o primeiro problema: Mergulho Noturno (Night Swim, no original) é um filme chato, com muita encheção de linguiça onde nada acontece e a trama se arrasta.

Mas calma que ainda pode piorar. Uma ideia para se esticar uma trama é explorar a mitologia. No curta, apenas vemos uma mulher nadando numa piscina e desaparecendo. Num longa, podemos explorar o que aconteceu com essa piscina pra transformá-la em uma piscina assassina. E o filme começa a mostrar uma lenda “temagami”, ou algo parecido, que liga a piscina a poços de desejos. Mas apenas apresenta a ideia, o desenvolvimento dessa lenda foi completamente tosco. Um exemplo simples: conversei com alguns críticos depois da sessão de imprensa, ninguém entendeu se a maldição estava no local ou na água.

Ou seja, a gente tem um filme arrastado, com uma ideia mal desenvolvida. O que sobra? Jump scares óbvios. Sério que tem gente que acha que colocar alguns jump scares vai salvar um filme ruim?

E, pra piorar, os “monstros” que aparecem na piscina são muito toscos. Sou da filosofia usada no primeiro Alien: o que você não vê assusta mais do que o que está na sua frente. Se a gente não visse nenhuma criatura, o filme ia ser mais assustador. Do jeito que está, mais fácil provocar risos que sustos.

Pena, porque o elenco é bom. Os papeis principais são de Wyatt Russell, filho do Kurt Russell e da Goldie Hawn e irmão da Kate Hudson, e que foi o novo Capitão América na série do Falcão e o Soldado Invernal; e Kerry Condon, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Os Banshees de Inisherin, filme ruim mas com boas atuações. Mas, num filme tão fraco, tanto faz se o ator é bom ou não.

É, o cinema de terror em 2024 começou mal. Rubber o Pneu Assassino é melhor do que este filme da piscina assassina.

Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo

Crítica – Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo

Sinopse (imdb): Quando Mônica, Cebola, Magali, Cascão e Milena descobrem que o Museu do Limoeiro será leiloado, decidem se unir para salvá-lo. Enquanto investigam o que está acontecendo, eles se deparam com segredos assustadores do bairro do Limoeiro.

E vamos pra primeira grande decepção do ano…

A recente adaptação cinematográfica da Turma da Mônica dirigida por Daniel Rezende é muito boa, com os filmes Turma da Mônica Laços (2019) e Turma da Mônica Lições  (2021), e a série de 2022. Foi um feliz caso onde tudo dá certo, a escolha do elenco foi excelente e os roteiros são envolventes. Tudo funciona redondinho!

Ok, entendo que a produção deste Turma da Mônica Jovem não tem nada a ver com a outra produção (assim como acontece nos gibis). Mas como a qualidade daquele foi tão boa, claro que gerou expectativas!

E Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo é tão fraco…

Se no anterior tudo deu certo, parece que aqui tudo deu errado. Começo pelo roteiro preguiçoso. Vou dar um exemplo só. Determinada cena a Mônica e a Magali estão vasculhando um baú, e chega a tia da Magali e diz que elas terão que fazer um ritual de feitiçaria (ou algo parecido). Corta, vemos a Mônica sozinha fazendo o ritual. Ué, a tia não deveria estar por perto pra auxiliar no ritual? Mas, calma que piora. Algumas cenas depois a Mônica está com o mesmo livro, e a tia da Magali diz “você não pode pegar esse livro sozinha!” Ué?

A edição também tem falhas. Não só algumas cenas parecem desconexas, como tive a impressão de ter cenas de dia e de noite na mesma sequência. E os efeitos especiais me lembraram Shark Boy e Lava Girl. E, em 2024, não é uma boa referência você lembrar de Shark Boy e Lava Girl.

As atuações não são boas. E ainda pioram com a inevitável comparação: os quatro principais da outra versão da Turma da Mônica atuam melhor e, principalmente, são muito mais carismáticos. Naquela versão, acaba o filme e quero ver mais da turminha. Nesta versão, que eles fiquem presos no espelho, ninguém se importa!

Se o desenvolvimento do filme já estava mal, quando chega na parte final tudo piora. Várias coisas não fazem o menor sentido na conclusão, a ponto de, na cena chave onde as pessoas são salvas, aparece um personagem que ainda não tinha aparecido antes! E, pra piorar, o filme acaba com um gancho desnecessário. E ainda tem uma cena pós créditos péssima.

Depois da sessão, conversei com alguns críticos, alguém disse que o filme podia fazer que nem Scott Pillgrim e usar elementos de mangá – como acontece nas HQs. Podia ser uma saída. Mas, do jeito que ficou, parece uma produção pobre feita pra TV.

Ouvi algumas pessoas comentando como se fosse negativo o fato de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo flertar com terror e ao mesmo tempo ser direcionado ao público infantojuvenil. Mas não vejo problemas nisso, a gente tem alguns filmes pra garotada que fazem isso e funcionam. O problema aqui é que o filme, infelizmente, é ruim.

Torço muito pra sair o filme do Chico Bento. Feito pela mesma galera da outra Turma da Mônica. E não faço questão da continuação deste Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo.

Segredos de um Escândalo

Crítica – Segredos de um Escândalo

Sinopse (imdb): Uma atriz pesquisa para interpretar uma mulher que, 20 anos antes, viveu um romance com um adolescente, causando um escândalo e a sua prisão.

Novo filme de Todd Haynes, Segredos de um Escândalo (May December, no original) prometia. Mas infelizmente ficou só promessa.

A história era boa. Vinte e poucos anos antes, um caso sacudiu uma cidade: uma mulher de 36 anos teve um romance com um adolescente de 13, amiguinho do filho dela. Ela chegou a ser presa, mas, quando saiu, o romance continuou, e eles constituíram uma família, com três filhos – e estão juntos até hoje.

A gente lê essa premissa e imagina vários dilemas sociais e morais, né? Mas o filme não se aprofunda nisso. Grace tem uma vida normal em sociedade. A gente fica o filme inteiro imaginando quando algo de impactante vai surgir na história, mas nada acontece.

Um exemplo simples: ela faz bolos. Em uma cena, ela está muito mal, arrasada, porque uma cliente dos seus bolos vai se mudar e vai parar de comprar bolos. Sério que isso é um problema grave? A cliente deixou o bolo pago, e o grande drama é “vou ter que jogar fora um bolo pronto!”

Tem uma coisa que atrapalha, que é uma trilha sonora completamente fora de proporção. Gosto de trilhas que fogem do óbvio, inicialmente heu estava gostando de ter uma trilha diferentona. Mas a trilha eleva o suspense em cenas que não têm nada de suspense! Tem uma cena logo no início onde Grace abre a geladeira, a trilha aumenta dramaticamente, a câmera dá um close, e ela fala “acho que vai faltar salsicha”. Parecia uma comédia nonsense.

Agora, precisamos reconhecer que as atuações das duas atrizes principais estão excelentes, tanto Julianne Moore quanto Natalie Portman. Tem uma cena no fim do filme, um close no rosto de Natalie Portman, onde ela está se preparando para a interpretação, que só essa cena já seria digna de premiações (e pra mim, o filme deveria terminar nesta cena). Charles Melton, que faz o marido, também está bem.

Mas, no fim, fica aquela sensação de que algo estava faltando. Só vale pelas interpretações.

Suitable Flesh

Crítica – Suitable Flesh

Sinopse (imdb): Uma psiquiatra fica obcecada por um jovem cliente com múltiplas personalidades.

Filme novo baseado em HP Lovecraft!

Antes do filme, um breve parágrafo pra contextualizar. HP Lovecraft é um dos grandes nomes da literatura clássica de terror, mas suas histórias devem ser difíceis de se adaptar. Anos atrás fiz aqui no heuvi um top 10 de adaptações de Lovecraft, e constatei que não deve existir material para um top 20. Provavelmente os filmes mais conhecidos baseados na sua obra são Re-Animator (1985) e From Beyond (1986), ambos dirigidos por Stuart Gordon e estrelados por Jeffrey Combs e Barbara Crampton. Este Suitable Flesh é uma espécie de homenagem ao diretor Gordon, falecido em 2020.

(Gordon ainda dirigiu outros dois filmes menos conhecidos baseados em Lovecraft, Dagon, de 2001, e Sonhos na Casa das Bruxas, telefilme que estava na série Mestres do Terror.)

Dirigido pelo desconhecido Joe Lynch, Suitable Flesh parece um filme B dos anos 80 / 90, com toques eróticos, bem no estilo dos filmes dirigidos por Gordon. O roteiro é de Dennis Paoli, também roteirista das quatro adaptações citadas. Mas, um detalhe curioso: tem ar de filme B, mas não é comédia. A galhofa aqui tem um clima mais sério.

Suitable Flesh é a adaptação do conto “The Thing on the Doorstep”, de 1937. O legal aqui é que existe um demônio ou entidade que fica trocando de corpo, então boa parte do elenco tem momentos onde está vivendo outra personalidade. E na parte do gore, tirando uma cena aqui e outra ali, não tem muitas cenas graficamente fortes.

O elenco é melhor do que o esperado, Suitable Flesh tem três nomes “médios”. Heather Graham estrela o filme e, aos cinquenta e três anos de idade, ainda arrisca uma breve cena de nudez parcial. Barbara Crampton, ela mesma, dos filmes do Stuart Gordon, tem um papel importante e ainda é uma das produtoras (e continua linda aos sessenta e seis anos de idade). E Jonathan Schaech, que estava em vários filmes nos anos 90, mas sempre vou me lembrar dele em The Wonders, faz o marido da Heather Graham. Completa o elenco principal Judah Lewis, de A Babá. Só faltou o Jeffrey Combs, não sei qual foi o motivo pra ele não estar aqui.

Agora, precisa entrar na onda do filme. Porque é um filme divertido, mas ao mesmo tempo é exagerado, e tem um pé no trash. Quem curtia o estilo dos filmes do Gordon vai se divertir. Mas acho que boa parte do público de hoje em dia vai torcer o nariz.