Jorge da Capadócia

Crítica – Jorge da Capadócia

Sinopse (Paris Filmes): Em 303 D. C., após ter vencido mais uma grande batalha, Jorge é condecorado como novo capitão do exército, quando o Imperador Diocleciano inicia sua última grande perseguição aos cristãos no império romano. Diante das cruéis ordenações impostas ao povo e a pressão para que se rendam aos deuses cultuados no império, Jorge, um homem acima de tudo, agora se vê diante de seu maior desafio ser fiel à sua fé e as suas convicções ou sucumbir às ordens do imperador Diocleciano.

E vamos para mais um filme nacional de gênero! Um épico bíblico contando a história de Jorge, soldado romano que se insurgiu contra o imperador, e que depois virou um dos santos mais populares – pelo menos aqui no Rio, onde vemos estátuas de São Jorge num cavalo derrotando um dragão em vários lugares.

Pena que, desta vez, infelizmente, a qualidade deixa a desejar.

Jorge da Capadócia foi produzido, dirigido e estrelado por Alexandre Machafer. Na parte da produção, Machafer mandou bem, Jorge da Capadócia tem figurinos bem cuidados e foi filmado em locações na Turquia (onde fica a Capadócia), e ainda tem um imponente dragão em cgi. Mas, as atuações são péssimas!

Nenhum dos atores parece estar atuando. Todos estão declamando textos, passa a impressão de que estamos vendo um teatro de escola. Essas atuações robóticas não me deixaram “entrar” no filme. A princípio achei que poderiam ser atores ruins, mas, como todo o elenco age assim, acredito que foi uma escolha da direção de atores. Na minha humilde opinião, uma escolha errada.

Além disso, rolam alguns defeitos técnicos meio feios. Só pra dar um exemplo: em uma das cenas onde Jorge está sendo torturado, quando mostra seu rosto, a imagem sai de foco e logo volta. Isso é comum em câmeras de foco automático, o foco sai e volta. Em primeiro lugar, uma produção destas não deveria usar foco automático. Mas, se saiu do foco, deveriam refazer a cena. Mas, vamos dizer que não dava pra refilmar, ora, era só consertar na edição: corta o trecho antes da perda do foco, como a tortura tinha acabado, ele poderia “voltar ao foco”.

Sobre o dragão, não é um cgi perfeito, parece um dragão de temporadas antigas de Game Of Thrones. Me parece que esse cgi vai vencer muito em breve. Mas, isso não me incomodou, visualmente, o dragão serve para o seu propósito. O que me incomodou foi outra coisa, mas talvez seja spoiler.

SPOILERS!

Não sou religioso, não conheço detalhes sobre a lenda de São Jorge. O que entendi pelo filme é que o dragão simboliza o Império Romano. Jorge se insurgiu contra o Império, e o dragão mostraria sua luta desigual. Mas, no fim do filme, Jorge se rende e morre. O Império Romano vence. Ora, se o dragão simboliza o Império, na verdade ele deveria ser derrotado por ele…

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com os problemas, mantenho o que sempre digo aqui: o cinema nacional precisa de filmes assim para se desenvolver. Que venham outros! E, de preferência, melhor atuados!