A Maldição de Cinderela

Crítica – A Maldição de Cinderela

Sinopse (imdb): Baseado no mesmo conto popular que a Disney atualizou e popularizou para crianças na década de 1950.

Preciso admitir que curto essa onda de fazer filmes de terror baseados em contos de fadas. Mas, depois dos péssimos Ursinho Pooh e Alice no País das Trevas, a expectativa pra este A Maldição de Cinderela (Cinderella’s Curse, no original) estava lááá embaixo. Bem, A Maldição de Cinderela não é bom, mas pelo menos é bem menos ruim do que os dois citados.

A Maldição de Cinderela tem um problema básico: não tem história pra ser contada. O filme tem pouco menos de uma hora e meia, mas dava pra contar tudo em um curta de 15 minutos. A gente conhece a Cinderela, que é maltratada pela madrasta e pelas suas duas filhas. Também maltratam outra funcionária. Aí vai rolar o baile, o príncipe convida a Cinderela. A madrasta não deixa, mas aparece uma “fada madrinha” que permite a ida de Cinderela. Lá ela é esculachada pelo príncipe e é humilhada por todos na festa. Aí ela resolve se vingar e mata todos.

É só isso, toda a história está aqui.

Se isso fosse um curta, daria pra contar tudo de maneira ágil. Mas, se precisamos preencher espaço, o filme precisa enrolar. E acontecem coisas sem sentido, tipo todos os convidados da festa batendo na Cinderela. Por que? Qual foi a motivação pra eles agirem daquele modo?

(Aproveito pra falar que rolou um dos piores erros de continuidade que já vi: arrancam a roupa da Cinderela e a deixam nua. E logo depois ela já está vestida de novo.)

Tem outra coisa que também me parece que foi colocada só pra encher linguiça, que são uns flashes de cenas assustadoras, que rolam durante mais ou menos dois terços do filme. Não só são flashes desnecessários, como ainda são spoilers do que veremos no terço final.

Agora, nem tudo é ruim. Gostei dos cenários, aparentemente usaram um castelo de verdade. E gostei dos efeitos práticos. Na cena onde a “fada madrinha” transforma a Cinderela, ficou clara a diferença. A “fada” é uma pessoa com uma maquiagem meio tosca, mas que funciona perfeitamente; aí, quando a Cinderela ganha o vestido, aparece uma nuvenzinha em cgi que ficou péssima na tela. Sou um dos últimos defensores dos efeitos práticos. Se um efeito prático é tosco, pode funcionar bem na tela. Cgi tosco é tosco e ponto final.

O elenco é ruim, mas isso era algo a se esperar. A atriz que faz a Cinderela faz umas caretas quando ela está em “modo serial killer” que dá vontade de rir. Bem, talvez esse fosse o objetivo.

Por fim, queria falar mal de uma decisão burra de personagem. Já comentei mais de uma vez que o cinema de terror é baseado em decisões burras de personagens, mas algumas dessas são burras demais. A “fada madrinha” diz que a Cinderela tem direito a três desejos. Ela passa o inicio do filme inteiro perguntando cadê seu pai. Por que diabos ela não pediu pra encontrar o pai num lugar longe dali???

A Maldição de Cinderela estreia hoje no circuito. Pode divertir, se o espectador estiver no clima certo.