Bad Boys: Até o Fim

Crítica – Bad Boys: Até o Fim

Sinopse (imdb): Os Bad Boys favoritos do mundo estão de volta, mas desta vez com uma reviravolta: os melhores de Miami são agora os mais procurados.

Vou copiar um parágrafo que escrevi 4 anos atrás, na época do filme anterior: “O primeiro Bad Boys, de 1995, foi um grande sucesso. Foi o primeiro longa metragem dirigido por Michael Bay, que nos anos seguintes se firmaria como um dos maiores nomes do “blockbuster com mais explosões que roteiro”. E foi o primeiro sucesso cinematográfico de Will Smith, que emplacaria outros sucessos nos dois verões seguintes (Indepedence Day em 96 e MIB em 97). Não era nada demais, apenas um filme divertido e cheio de cenas de ação bem filmadas. Mas um filme que soube fazer a fórmula direitinho.” Quando resolveram retomar a franquia, em 2020, com Bad Boys Para Sempre, mantiveram o mesmo estilo. Nada demais, mas um filme divertido e competente.

Agora, Adil e Bilall, a mesma dupla que dirigiu o filme de 2020 está de volta com o quarto filme da saga, Bad Boys: Até o Fim (Bad Boys: Ride or Die, no original). Fui ao cinema com zero expectativa, e posso dizer que curti o que vi.

Assim como os antecessores, Bad Boys: Até o Fim não é um grande filme, não vai entrar em listas de melhores do ano. Mas, vou repetir a máxima do Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. E Bad Boys: Até o Fim é divertidíssimo! São várias cenas de ação muito bem filmadas, e sabe equilibrar o humor. O filme não é comédia, mas tem cenas engraçadíssimas.

Queria falar da dupla de diretores Adil e Bilall. Gostei da câmera deles, o filme inteiro fica com a câmera em movimento e mostrando ângulos fora do óbvio. E tem algumas cenas daquelas tão bem filmadas que dá vontade de rever. Tem uma briga num elevador que achei bem legal, é um elevador panorâmico com paredes de vidro, a câmera fica rodando em volta e não vemos quando passa por uma laje, foi uma cena “inventiva”. Outra sequência criativa é quando estamos vendo através de uma câmera de segurança, e o que vemos na tela fica alternando entre a câmera de segurança e a casa “real”. E na parte final tem um “momento videogame”, um tiroteio com a câmera no ponto de vista do atirador – incluindo armas trocando de mãos!

E, claro, tem o humor. O Marcus ter restrições alimentares traz algumas boas piadas. E a participação do Khaby Lame foi sensacional! Além disso, gostei do roteiro explorar uma fraqueza do Mike.

No elenco, Will Smith e Martin Lawrence têm uma boa química e carregam o filme com tranquilidade. Eles estão muito à vontade, parecem que estão se divertindo – e isso passa uma sensação boa para o público. Também no elenco, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Paola Núñez, Eric Dane, Ioan Gruffudd, Jacob Scipio e Joe Pantoliano.

Como falei no início, Bad Boys: Até o Fim não vai mudar a vida de ninguém. Mas quem for ao cinema não vai sair decepcionado. Cinema é a maior diversão!

Garotas em Fuga

Crítica – Garotas em Fuga

Sinopse (imdb): Em busca de um recomeço, Jamie, que lamenta o término com mais uma namorada, e sua amiga Marian, que precisa aprender a se soltar, embarcam em uma viagem improvisada para Tallahassee, que logo sai dos trilhos.

Sou fã dos irmãos Coen desde sempre. Eles começaram a carreira em 1984, mais ou menos na mesma época que comecei a ir ao cinema, acho que vi todos os filmes da dupla, sempre perto da época do lançamento, desde seu segundo filme, Arizona Nunca Mais, de 1987. (O primeiro, Gosto de Sangue, de 84, vi em VHS).

Uma curiosidade: até o filme O Amor Custa Caro (2003), Joel era creditado como diretor e Ethan como produtor, mas diziam que os dois faziam tudo juntos. A partir do filme seguinte, Matadores de Velhinha (2004) eles passaram a dividir os créditos. Provavelmente alguém deve ter avisado que se eles ganhassem um prêmio de direção, como aconteceria em 2008 por Onde Os Fracos Não Têm Vez, seria apenas um prêmio e não dois. (Em 97, eles foram indicados a 4 Oscars por Fargo: ganharam juntos por roteiro, e foram indicados juntos por edição. Mas Ethan foi indicado sozinho como produtor e Joel, sozinho, como diretor. Foi a única indicação “solitária” de cada um, todas as outras 14 indicações ao Oscar foram compartilhadas).

Aí, depois de quase 4 décadas, sei lá por que, eles pararam de filmar juntos. Catei pelo Google mas não achei qual foi a razão. Joel Coen, sozinho, fez A Tragédia de Macbeth, com Denzel Washington, filme que achei tão chato que nem terminei de ver. Achei que a “instituição Irmãos Coen” havia acabado. Pena.

Mas, ano passado vi o trailer deste Garotas em Fuga (Drive-Away Dolls, no original), que me lembrou o clima amalucado de alguns filmes dos Coen dos anos 80, como Arizona Nunca Mais, ou ainda Crimewave, dirigido por Sam Raimi mas com roteiro dos Coen. Gostei tanto do trailer que Garotas em Fuga entrou na minha lista de expectativas para 2024.

E então? Garotas em Fuga presta?

Bem, não é um grande filme. Na verdade, parece uma cópia meio tosca de filmes dos irmãos Coen. Mas é divertidíssimo!

Garotas em Fuga é um road movie com alguns elementos que eram frequentes em filmes dos irmãos, como personagens secundários bizarros e caricatos, e humor negro misturado com violência. E gostei do filme ter apenas uma hora e vinte e quatro minutos (os créditos começam com uma hora e dezessete!), é um filme bobinho, se fosse muito longo ia ser cansativo.

É um filme de lésbicas, então boa parte das piadas é dentro deste assunto. Mas achei que faltou um cuidado maior na hora de selecionar as piadas – algumas são boas, mas outras soam forçadas, me pareceu que estão lá só pra chocar. Além disso, Garotas em Fuga tem algumas vinhetas psicodélicas meio sem sentido, não entendi o que o Ethan Coen queria dizer com aquilo

No elenco, a dupla principal é interpretada por Margaret Qualley e Geraldine Viswanathan. As duas funcionam bem juntas, é aquela dupla clichê de uma certinha que precisa se dar bem com uma maluquinha. Nos papéis secundários, temos algumas surpresas. Pedro Pascal e Matt Damon têm papéis importantes, mas quase não aparecem. E a Miley Cyrus tem um papel chave, que, se bobear, aparece menos que os dois citados.

No fim, apesar de ser nitidamente um filme “menor”, fiquei feliz de ver um dos irmãos Coen voltando às origens e entregando um filme divertido. Mesmo “menor”, prefiro muito mais este Garotas em Fuga do que aquele Macbeth.