Os Fantasmas Ainda se Divertem

Crítica – Os Fantasmas Ainda se Divertem

Sinopse (imdb): Após uma tragédia familiar, três gerações da família Deetz voltam para casa em Winter River. Ainda assombrada por Beetlejuice, a vida de Lydia vira de cabeça para baixo quando sua filha adolescente acidentalmente abre o portal pós a morte.

Finalmente uma continuação do clássico oitentista Os Fantasmas se Divertem!

Lançado em 1988, Os Fantasmas se Divertem é um dos mais icônicos filmes da carreira de Tim Burton (diretor que coleciona títulos icônicos). Trinta e seis anos depois vemos a continuação, e a boa notícia é que quase todo o time principal está de volta.

Os Fantasmas se Divertem marcou toda uma geração com seu visual, personagens, figurinos e cenários característicos, além de muito humor negro (afinal, o filme trazia personagens mortos!). E Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice Beetlejuice, no original) traz tudo isso de volta.

Décadas se passaram, mas Beetlejuice ainda quer sair do mundo dos mortos e se casar com Lydia Deetz (Winona Ryder), que hoje tem um programa de TV ligado ao mundo sobrenatural e tem problemas de relacionamento com a filha.

Preciso dizer que gostei muito dos efeitos especiais. Alguns efeitos usados no filme de 88 são efeitos práticos que ficaram característicos, mas ao mesmo tempo são efeitos datados – com o cgi de hoje em dia ninguém mais usa efeitos como aqueles. Mas aqui em Os Fantasmas Ainda se Divertem há um bom equilíbrio entre os efeitos práticos e o cgi, e o resultado ficou muito bom. Vou além: adorei ver que aquela cobra da areia continua sendo stop motion!

A trilha sonora de Danny Elfman é tão boa quanto a do primeiro filme. Já os momentos musicais, nem tanto. O primeiro filme tem uma cena musical muito famosa, na mesa de jantar com a música Banana Boat Song. Parece que quiseram recriar algo assim, com a cena da igreja e a música MacArthur Park, mas a cena ficou interminavelmente longa. Foi cansativo chegar ao fim.

Alguns comentários sobre o elenco. Em primeiro lugar, todos os elogios possíveis ao Michael Keaton. Ele está ótimo como Beetlejuice, e como o personagem usa muita maquiagem, nem deu pra reparar que tanto tempo se passou (Alec Baldwin e Geena Davis não tinham como voltar porque os fantasmas não envelhecem mas os atores envelheceram). O humor do Beetlejuice é alucinado, e Keaton parece muito confortável no papel. No mundo dos vivos, o filme se divide entre as três gerações, Catherine O’Hara e Winona Ryder voltam aos seus papéis, e Jenna Ortega aparece como a novidade (possivelmente pensando num terceiro filme).

Danny De Vito só aparece em uma cena, uma ponta de luxo. Agora, não sei se gostei de outras duas participações no elenco. Willem Dafoe está bem, como sempre, mas seu papel é meio descartável. E ainda mais descartável é a Monica Bellucci, que parece que ganhou um papel só porque é a atual namorada de Tim Burton. Willem Dafoe e Monica Bellucci não estão mal, mas parecem desperdiçados. Tire os dois personagens e o filme não perde nada.

Ainda sobre o elenco, o personagem de Jeffrey Jones é importante para a trama, mas o ator esteve envolvido com pedofilia em 2003, então o roteiro criou uma solução para ter o personagem, mas não o ator.

Quem gosta do filme original vai curtir essa continuação!

A Vingança de Cinderela

Crítica – A Vingança da Cinderela

Sinopse (imdb): Cinderela é levada longe demais por sua madrasta e meio-irmãs malvadas, o que a faz trocar os sapatos de vidro e usar a ajuda de sua Fada Madrinha para buscar uma vingança sangrenta.

Uns 3 meses atrás comentei A Maldição da Cinderela, um filme vagaba que trazia uma versão terror da Cinderela. Este não é o mesmo filme, é outro filme vagaba que traz uma versão terror da Cinderela!

Vamulá. Não que A Vingança da Cinderela seja um bom filme, mas pelo menos é bem menos ruim que A Maldição da Cinderela. Aqui pelo menos tem uma história sendo contada, e ainda tem alguns detalhes interessantes.

Por exemplo, tem uma sacada aqui que achei uma boa ideia. Provavelmente por razões orçamentárias, a fada madrinha viaja no tempo e em vez de carruagem a Cinderela vai para o baile num carro Tesla (isso dentre outras coisas atemporais). Isso serve de desculpas pra algumas incorreções históricas, tipo aquela tatuagem do capanga da madrasta – uma tatuagem daquelas, colorida e cheia de detalhes, não combina com a época da Cinderela.

O filme de três meses atrás quase não tinha história, poderia ser um curta. Aqui, rola a história “clássica” (Cinderela maltratada pela madrasta e pelas filhas dela, fada madrinha, baile, sapatinho de cristal, etc) na primeira metade do filme, e ainda tem uma segunda metade com a tal vingança do título. A partir daí, A Vingança da Cinderela vira um filme de terror de verdade e temos algumas mortes bem filmadas.

Agora, precisamos reconhecer que o filme tem umas tosqueiras bem toscas. O roteiro é preguiçoso, os cenários e figurinos são pobres, e o elenco é péssimo!

No elenco, um nome conhecido: Natasha Henstridge, que chamou a atenção como uma das alienígenas mais belas do cinema em 1995, em A Experiência, e fez alguns filmes na época, como Risco Máximo (com Jean Claude Van Damme) e Adrenalina (com Christopher Lambert), e chegou até a fazer um filme no Brasil, Bela Dona, mas que depois sumiu – o último filme que vi com ela foi Meu Vizinho Mafioso 2, de 2004. (O imdb dela tem vários títulos depois disso, mas não vi nenhum). Natasha faz a fada madrinha, gostei de vê-la aqui. Ela é bem melhor que as atrizes que fazem a madrasta e suas filhas! Lauren Staerck faz o papel título.

Repito o que disse: não é um grande filme, mas pode ser uma boa diversão se você estiver no clima certo.

Hellboy e o Homem Torto

Crítica – Hellboy e o Homem Torto

Sinopse (imdb): Hellboy se une a uma agente novata da B.P.D.P. na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como o Homem Torto.

Ninguém pediu, mas tem um Hellboy novo em cartaz. O último, de 2019, foi tão irrelevante que nem me lembro de nada dele.

Em vez de um novo recomeço com uma nova história de origem, Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man, no original) traz uma história avulsa, e isso é uma boa coisa, porque não perdemos tempo e o filme já começa na ação. E preciso reconhecer que esse início foi bom, gostei da sequência dentro do vagão do trem.

Só que logo depois daí nada mais funciona. A trama é ao mesmo tempo arrastada e confusa. Um exemplo simples: logo depois da sequencia do trem, os personagens são apresentados a um menino que está sob o efeito de uma bruxa – e essa historia do menino não tem conclusão! Ou, mais pro fim do filme, tem um exemplo ainda pior. O grupo se divide em dois. Metade vai em uma missão que até agora ainda não entendi direito o objetivo. A outra metade resolve fazer outra coisa, mas essa jornada secundária acaba no meio! Os personagens apenas se juntam no final, e o filme deixa pra lá o que o segundo grupo tentou fazer.

Junte a esse roteiro atuações ruins e efeitos especiais pobres (a cobra parece efeito de app de celular), e temos mais um Hellboy esquecível como aquele de cinco anos atrás. Pena, porque gostei da ideia de se fazer um filme de terror (os outros três filmes tinham uma pegada de filmes de super herói).

A direção é de Brian Taylor, que fez Adrenalina e Gamer, que são filmes legais, mas também fez o segundo filme do Motoqueiro Fantasma, que é ruim com força. Hellboy e o Homem Torto está mais próximo de Motoqueiro Fantasma.

Não conhecia ninguém do elenco. Não tem nenhum destaque, mas se posso fazer uma “crítica head canon”, acho que o Hellboy deveria ter a voz mais grave. Senti saudades do Ron Perlman.

No fim, Hellboy e o Homem Torto é apenas mais um filme esquecível. Nem vale o ingresso do cinema.