Babygirl

Crítica – Babygirl

Sinopse (imdb): Uma executiva poderosa coloca a carreira e família em risco quando começa um caso tórrido com seu estagiário muito mais jovem.

Novo filme da diretora Halina Reijn (Morte Morte Morte), Babygirl (idem no original) está sendo vendido como um thriller erótico, mas neste aspecto o filme é fraco. Mesmo assim, o filme me deixou pensando, me deixou com reflexões sobre relacionamentos.

Primeiro vamos comentar o filme. Nicole Kidman faz Romy, uma mulher bem sucedida profissionalmente, com um bom casamento, filhos, tem um bom padrão social. Mas, sexualmente falando, é uma mulher infeliz. Até que ela conhece um estagiário na sua empresa e começa com ele um jogo sexual onde o importante não é o sexo em si, e sim o jogo de poder, de saber “quem é o dono da bola”. Romy é uma CEO que tem o controle sobre tudo em volta – e se ela fosse controlada em vez de controlar?

Claro que a divulgação do filme explorou o lado sexual, como se estivéssemos diante de um novo 9 1/2 Semanas de Amor ou Atração Fatal. Pipocaram matérias dizendo que Nicole Kidman estaria cansada de “filmar cenas de orgasmos”. Mas até que o filme é bem comportado neste aspecto. Aliás, quase não tem nudez. O início promete ir por este caminho, mas o resultado final deixa a desejar.

Um dos maiores destaques é o elenco. Gostei das atuações do trio principal. Nicole Kidman está excelente, em cenas difíceis, não à toa ela ganhou prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza e está sendo ventilada como uma provável indicada ao Oscar. Antonio Banderas e Harris Dickinson também estão bem.

Babygirl também tem suas “roteirices”, como o amante aparecer no local onde a protagonista estava reclusa – como ele descobriu que ela estava lá? Mesmo assim, o resultado final é bom. É um filme bonito e bem filmado, e reconheço que a cena usando Father Figure, do George Michael, é muito boa.

Agora, queria comentar o comportamento social. Babygirl, enquanto filme, achei apenas ok. Mas o conceito abordado me deixou pensando por vários dias. Logo na cena inicial, vemos Romy transando com seu marido. Aparentemente ela tem uma vida sexual saudável. Mas logo na cena seguinte vemos que ela, sozinha, vê vídeos eróticos para se masturbar.

Por um lado Romy tem uma vida feliz, ao lado do marido; mas por outro lado ela tem necessidades sexuais que não são saciadas pelo mesmo marido. E pra piorar: determinado momento ela confessa que nunca teve um orgasmo com ele, apesar de estarem juntos há 19 anos. E mesmo assim ele não consegue embarcar nas fantasias da sua esposa. Ou seja, ela está errada pela dificuldade em declarar seus fetiches ao marido, e ele está errado por não entrar nos jogos sexuais propostos por sua esposa.

Aí fiquei pensando neste formato de sociedade onde vivemos. Jovens se conhecem, ficam juntos e constituem famílias – antes de se conhecerem plenamente para saberem o que querem do(a) companheiro(a). Quando o casal dá sorte, ok, podem ser felizes pelo resto da vida. Mas, imagina quanta gente deve estar insatisfeita por aí, sexualmente falando.

Infelizmente somos vítimas do formato usado pela sociedade, dificilmente essas regras e convenções sociais vão mudar. Para você que me lê, torço para você encontrar alguém que lhe satisfaça do jeito que você merece. E recomendo: sempre conversem!