Crítica – A Grande Arte
Sinopse (imdb): Um fotógrafo americano no Rio de Janeiro se envolve no mundo da “cultura da faca” quando decide encontrar o assassino de uma de suas modelos.
Empolgado com o Oscar para Ainda Estou Aqui, fui catar o primeiro longa de ficção dirigido por Walter Salles. Vi na época que passou no cinema, em 1991 ou 92, não sei ao certo, mas nunca tinha revisto.
Baseado em Rubem Fonseca, A Grande Arte (que teve o nome Exposure lá fora) nem parece um filme nacional. Não só é um filme tecnicamente superior à média do que era feito na época, como os três principais nomes no elenco são gringos: Peter Coyote, Tchéky Karyo e Amanda Pays.
Nenhum dos três nomes é muito grande, mas eram nomes com alguma carreira. Peter Coyote talvez seja o maior deles, afinal ele estava num dos filmes mais vistos de dez anos antes, um tal de E.T. – O Extraterrestre. Tchéky Karyo é um daqueles coadjuvantes que a gente já viu em dezenas de filmes, mas não consegue se lembrar dele como protagonista – lembrava dele de Nikita, do Luc Besson, lançado pouco antes (1990). Amanda Pays é menos conhecida, mas lembro de vê-la no trash Criação Monstruosa, que assisti no finado cinema Studio Catete. O elenco nacional conta com Raul Cortez, Giulia Gam, Cassia Kiss, Paulo José, Eduardo Conde, Tonico Pereira e Tony Tornado.
No filme, conhecemos Peter Mandrake, fotógrafo gringo que está passando um tempo no Rio. Ele resolve investigar o assassinato de uma das suas modelos, e acaba se metendo com gente perigosa e poderosa. Quando vê outro gringo se defendendo de um assalto usando uma faca, ele o procura pra aprender a usar a faca como arma. (Não sou um especialista em Rubem Fonseca, não sei se ele usa o nome Mandrake de maneira recorrente. Sei que vinte anos atrás tinha uma série homônima na HBO, também baseada em Rubem Fonseca, com o Marcos Palmeira interpretando um advogado chamado Paulo Mandrake. Mas não sei se seria o mesmo Mandrake. Pena que não sei onde ver esta série hoje em dia.)
Walter Salles estava estreando na ficção, mas já tinha dirigido quatro documentários – três filmes e uma série. Mas ele já mostrava que manjava dos paranauês, tecnicamente o filme é muito bom. Digo mais: tem uma cena logo no início que deve ter sido muito difícil de filmar e “explodiu a cabeça” de muita gente: a câmera está dentro do quarto, sai pela janela e faz um voo pela cidade. Hoje seria moleza, drones comprados na AliExpress filmam isso. Mas, naquela época? Provavelmente uma câmera com zoom, de dentro de um helicóptero…
(Tem outra cena parecida, se afastando de um trem em movimento.)
Ainda na parte técnica: um elogio e uma crítica. O elogio é sobre o treinamento de facas entre Mandrake e Hermes. Tem uma sequência com a câmera rodando enquanto os dois fazem a coreografia que não deixa nada a desejar perante ao cinema hollywoodiano da época. Por outro lado, tem uma cena de briga dentro do trem (logo a cena da Cassia Kiss!) que é bem tosca. Nem parece fazer parte do mesmo filme.
Quase todo o filme é falado em inglês, com algumas cenas em português e outras em espanhol. Talvez pela dificuldade da língua estrangeira, mas achei algumas atuações bem ruins. Aquele anão é péssimo!
A Grande Arte é um filme bonito, mas no geral achei meio besta. Walter Salles fez coisa melhor depois – tanto que seu último filme ganhou o Oscar de melhor filme internacional. Mas foi uma boa estreia!