Crítica – Branca de Neve
Sinopse (imdb): Adaptação em live-action do filme de animação da Disney de 1937 “Branca de Neve e os Sete Anões”.
Estreou o filme mais polêmico de todos os tempos da última semana!
Não tem como não falar desta nova versão de Branca de Neve (Snow White, no original) sem lembrar das diversas polêmicas. Teve a escalação de uma atriz latina para um papel que deveria ser “branca como a neve”; teve esta mesma protagonista dando entrevistas falando mal da história original; teve a polêmica entre as duas atrizes principais, uma apoiando Israel e outra apoiando a Palestina; teve o Peter Dinklage reclamando da história desvalorizar os anões, e por isso supostamente os atores foram trocados por cgi… Muitas polêmicas, mas hoje vou falar do filme. (Sobre as polêmicas, procurem outros sites.)
Dirigido por Marc Webb (que fez os filmes do Homem Aranha com o Andrew Garfield), Branca de Neve se propõe a atualizar a história contada no desenho lançado em 1937. Algumas alterações até funcionaram, mas outras não. Mas, no fim, nem é um filme tão ruim. É apenas mais um live action desnecessário – como aliás, quase todos os live actions da Disney (na minha humilde opinião, o único live action bom é Cruella, que não é uma adaptação, é um spin off com uma história independente do desenho original). Ou seja, a gente esperava um grande lixo, mas é apenas mais um filme esquecível. E, claro, inferior à obra original.
Rachel Zegler foi uma escolha errada, porque na história original, a rainha fala “Como eu queria ter uma filha com a pele branca como a neve, lábios vermelhos como sangue e cabelos negros como ébano.” Tiveram que alterar a origem dela, no filme ela se chama Branca de Neve porque nasceu num dia que estava nevando – uma grande forçação de barra. Além disso, ela deu a entender através de entrevistas que não gosta do desenho. Pra que escalar uma atriz assim? Mas, pelo menos ela canta bem. Pena que Branca de Neve não tem nenhuma música empolgante – a única música que fica na cabeça quando acaba o filme é a dos anões, que todo mundo já conhece há décadas: “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou…”
Escalar Rachel Zegler e Gal Gadot trazia outro problema, semelhante ao filme de 2012, Branca de Neve e o Caçador, quando Kristen Stewart era a Branca de Neve e Charlize Theron era a Rainha Má. Uma das falas mais famosas da história original é “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?” – e, assim como Kristen Stewart nunca vai ser mais bela que Charlize Theron, Rachel Zegler nunca vai ser mais bela que Gal Gadot. Mas, reclamei disso em 2012, não sei se vale reclamar igual agora, treze anos depois. O que posso dizer sobre a Gal Gadot: ela está caricata, talvez um pouco acima do que deveria estar, mas não chega a atrapalhar. E ela canta, até canta bem, mas, nos dias de hoje, não sei se é a voz dela ou não.
Sobre os anões: eles viraram criaturas mágicas que vivem na floresta há centenas de anos, e todos são em cgi. Achei que ficou bom. O cgi dos anões é muito bem feito – assim como o cgi dos animais da floresta. Não sei muito sobre os bastidores da polêmica com o Peter Dinklage, se os anões em cgi foi por causa disso, mas sei que o resultado final, pelo menos pra mim, foi satisfatório.
Agora, o que foi bem ruim foi um núcleo de personagens que acompanha o “mocinho” – agora não pode ser mais príncipe, porque a Branca de Neve, empoderada, não pode ser salva por um príncipe (decisão que a produção tomou, que questiono se foi correta ou não). Enfim, em vez de príncipe, é um ladrão, e esse ladrão tem um bando, que não estava na história clássica, e que tem várias representatividades – e que parece saído de uma faculdade de Humanas na UFRJ. Já é uma grande forçação isso, mas calma que piora. O problema é que, tirando um (logo o anão!), essas pessoas do grupo são meros figurantes. Não têm nomes, não têm diálogos, não têm nenhuma importância para a trama. Caramba, se você vai incluir diversidade no seu filme, dê alguma relevância pra esses personagens!
Algumas coisas foram atualizadas para os dias de hoje, ok, a gente entende que se passaram quase 90 anos. Mas não entendo como não adaptaram o beijo do príncipe / ladrão no final. O cara encontra a Branca de Neve morta, e dá um beijo na boca dela? Quem beijaria a boca de um cadáver??? Não seria melhor um beijo na cabeça?
Enfim, Branca de Neve nem é tão ruim quanto esperado, mas é esquecível. O desenho ainda é muito melhor.