Nosferatu (2024)

Crítica – Nosferatu

Sinopse (imdb): Um conto gótico de obsessão entre uma jovem assombrada na Alemanha do século XIX e o antigo vampiro da Transilvânia que a persegue, trazendo consigo um horror incalculável.

Comecemos pelo original, de mais de 100 anos atrás. Em 1922, F.W. Murnau resolveu fazer uma adaptação do livro Drácula, de Bram Stoker. Alterou os nomes dos personagens, alterou o país onde se passa a história, alterou quais são os dentes do vampiro (incisivos em vez de caninos). O resto é exatamente igual. Exatamente a mesma história. A viúva de Bram Stoker descobriu o plágio, entrou com um processo, e pediu para que todas as cópias fossem destruídas. Por sorte, alguns colecionadores e cinematecas guardaram cópias, se não hoje não teríamos essa obra icônica.

Heu nunca tinha visto este Nosferatu de 1922. Vi agora, e entendo todos os méritos, mas preciso admitir que não gosto muito do estilo usado na época. Como era cinema mudo, todas as atuações parecem exageradas, isso me incomoda um pouco. Mas reconheço a importância do filme.

(Existe outra versão de Nosferatu, de 1979, dirigida por Werner Herzog e estrelada por Isabelle Adjani e Klaus Kinski. Vi muitos anos atrás, me lembro de pouca coisa desta versão.)

Finalmente chegamos em 2024 (apesar de já estarmos em 2025). Gosto do estilo do Robert Eggers, gostei de A Bruxa, e gostei mais ainda de O Homem do Norte – apesar de não ter gostado nem um pouco de O Farol, achei chato e pretensioso. Mas estava curioso em ver como Eggers ia apresentar sua versão de Nosferatu.

A história todo mundo conhece: o jovem corretor de imóveis Hutter vai até a Transilvânia para fechar um contrato de venda de um imóvel para o misterioso conde Orlok, que vai até a Alemanha atrás da esposa de Hutter.

Se a história é batida, o visual não é. Goste ou não do estilo de Robert Eggers, seus filmes são sempre belíssimos, com várias sequências com visual deslumbrante. E isso acontece aqui, Nosferatu enche os olhos. A trilha sonora também é muito boa. Além disso, todo o figurino e reconstituição de época são perfeitos.

Um parágrafo à parte pra falar da maquiagem. Bill Skarsgård está irreconhecível. A divulgação do filme fez bem em não explorar o visual deste novo Nosferatu, porque quando ele aparece, está assustador, tanto na aparência quanto na voz – ele treinou a voz por semanas pra baixar uma oitava do seu registro natural para seu personagem ter a voz o mais grave possível.

O vampiro de Bill Skarsgård é assustador, e o clima do filme segue a mesma linha. Nosferatu ainda tem alguns jump scares bem bolados (daqueles que a gente não adivinha quando vão chegar). Mas o mais importante aqui não são os jump scares, e sim o clima tenso de terror. Sim, Robert Eggers sabe trabalhar o clima como poucos no cinema contemporâneo.

(Achei estranho o personagem ter bigode. Deve ser porque Vlad Tepes também tinha.)

Bill Skarsgård não é o único destaque do elenco. Lily-Rose Depp também está excelente (parece que o papel seria da Anya Taylor-Joy, mas ela teve que passar adiante por problemas de conflito de agenda quando foi fazer Furiosa). Também no elenco, Nicholas Hoult, Willem Dafoe, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin e Ralph Ineson.

Gostei muito deste novo Nosferatu, mas reconheço que não é um filme para qualquer um. Aliás, todo o cinema de Eggers tem essa característica, seus filmes são o oposto do pop. Provavelmente vai ter parte do público saindo insatisfeita do cinema. Mesmo assim, recomendo: filmão!

Por fim, um mimimi que não é um problema deste filme, porque na verdade estava na versão de 1922. Na história original do Bram Stoker, Drácula vai de navio até a Inglaterra. É longe, sair da Transilvânia e ir até a Inglaterra, mas tem lógica se a gente pensar que a Inglaterra é uma ilha, então teria alguma lógica ir pelo mar. Na versão “pirata”, a história se passa na Alemanha, e mesmo assim, Orlok vai de navio. Não entendo muito de geografia europeia, mas a Alemanha só tem acesso ao mar pelo norte. O navio nesta versão teve que dar uma volta enorme! Não vejo lógica em ele ir de navio da Romênia até a Alemanha. Fui o único que pensei nisso?

O Corvo

Crítica – O Corvo

Sinopse (imdb): Eric Draven e Shelly Webster são almas gêmeas conectadas por um passado sombrio. Após o brutal assassinato do casal, é concedido a Eric uma chance de salvar seu verdadeiro amor. Ele, então, embarca em uma jornada implacável por vingança.

Antes de tudo, peço desculpas pelo atraso. Tinham duas sessões de imprensa no mesmo dia, O Corvo e Longlegs. Escolhi o segundo, e vi O Corvo depois, no circuito.

Rolava um certo receio. A sessão de imprensa foi no dia da estreia. Já comentei em outras ocasiões, quando a assessoria “esconde” o filme, normalmente é porque não é bom. Entrei na sala de cinema com a expectativa lá embaixo. Mas, olha, não é que me surpreendeu positivamente? Não que O Corvo (The Crow, no original) seja um grande filme, mas não é a catástrofe anunciada.

A HQ O Corvo teve uma adaptação em 1994, muito cultuada. Trazia um visual de videoclipe e causou uma grande comoção porque Brandon Lee, o ator principal, morreu no set, quando faltavam poucos dias para encerrarem as filmagens. Mas heu não gosto muito daquele filme, porque acho que o personagem principal ganha super poderes meio que do nada. O cara é assassinado logo no início do filme e já volta com a habilidade do Batman e poder de regeneração do Wolverine.

No novo filme, dirigido por Rupert Sanders (Ghost in the Shell, Branca de Neve e o Caçador, a gente conhece mais a fundo o relacionamento do casal, e quando ele volta dos mortos não está exatamente pronto para enfrentar os inimigos, ele apanha muito antes de conseguir seus objetivos. Outra coisa importante: o grande vilão tem uma conexão sobrenatural, o que justifica um personagem voltar dos mortos para enfrentá-lo. Nessa parte o filme novo é melhor.

Por outro lado, preciso dizer: se no filme de 94 tudo foi muito abrupto, neste filme achei que a parte do relacionamento do casal se estendeu demais. Ok, a gente já entendeu, bora seguir com a história!

(Os dois filmes são bem diferentes. Não li a HQ, não sei qual dos dois filmes é mais fiel.)

O Corvo ainda tem uma outra coisa melhor que o filme dos anos 90. A parte final, onde o protagonista enfrenta vários adversários num teatro onde está acontecendo uma ópera, é muito boa. Boas coreografias de luta – coreografias que conversam com as coreografias da ópera. Muita violência, muito sangue, várias partes de corpos decepadas, é uma sequência longa e muito boa.

No elenco, o nome a ser citado é Bill Skarsgård, mais uma vez mandando muito bem. O cara é bom ator e ainda tem porte físico compatível com o personagem. FKA twigs, cantora em seu primeiro filme (e que heu nunca tinha ouvido falar), faz o principal papel feminino, e funciona pro que o filme pede. O outro nome famoso é Danny Huston, que faz mais uma vez um vilão, igual a vários outros que ele já fez.

Achei o resultado final ok. Vejo muita gente em volta odiando esta nova versão, mas não achei motivo pra tanto ódio, me parece que são fãs do filme de 94 que não aceitam uma nova versão. Mas, como falei, é apenas ok. Porque no sub gênero “filme de vingança”, achei Contra o Mundo, estrelado pelo mesmo Bill Skarsgård, muito melhor que esse O Corvo.

Contra o Mundo

Crítica – Contra o Mundo

Sinopse (imdb): Acompanha Boy, um surdo-mudo com uma imaginação vibrante. Quando sua família é assassinada, ele é treinado por um misterioso xamã para reprimir sua imaginação infantil e se tornar um instrumento da morte.

Sabe quando um filme é uma agradável surpresa? Heu nunca tinha ouvido falar de Contra o Mundo, até que veio o convite para a cabine e resolvi arriscar. Gostei tanto que já quero rever! Já comentei aqui em outras ocasiões: gosto muito do slogan da Luis Severiano Ribeiro, “cinema é a maior diversão”. Contra o Mundo é uma ação / comédia, com bons personagens, cenas de ação bem coreografada e bem filmadas e várias sacadas muito muito engraçadas. E, principalmente, muito divertido!

(Só um breve mimimi antes de entrar no filme: “Contra o Mundo” não é um bom nome, porque lembra “Scott Pillgrim Contra o Mundo”. Seria melhor uma tradução literal, “Garoto Mata o Mundo”.)

Contra o Mundo é o longa metragem de estreia de Moritz Mohr, e parece uma mistura de história em quadrinhos com videogame. A trama se passa num local e numa época indeterminados, o que foi uma boa sacada, pro filme se afastar um pouco do realismo. E desde o início a gente vê que não é pra levar o filme a sério. São muitas situações absurdas, além de muito humor negro.

Reconheço que a história é meio clichê: um jovem vê sua família morrendo nas mãos de um tirano e passa anos treinando para se vingar (inclusive é parecida com O Homem do Norte, estrelado pelo irmão do protagonista daqui). Outro clichê: o filme usa o “formato videogame”, onde o personagem passa por diversas “fases” até chegar ao “boss”, o vilão final. Sim, clichês – mas bem utilizados.

Semana passada vi Rebel Moon Parte 2, é um filme tão insosso que acaba o filme e não guardamos nada do que vimos. Já Contra o Mundo é o contrário, o filme tem tantas ideias criativas que a gente sai do cinema com vontade de rever. Só pra dar um exemplo: tem uma cena de luta em uma cozinha. Os oponentes pegam facas para lutar, normal, já vimos diversas boas lutas com facas. Mas o protagonista pega um ralador de metal! Sim, um ralador de queijo! Claro que ele não vão matar ninguém com o ralador, mas pensa só, deve doer pra caramba alguém ralar o seu rosto no meio de uma luta!

Preciso falar que adorei o humor do filme. Algumas cenas são graficamente bem violentas, e mesmo assim causam risos em vez de repulsa. E os momentos mais engraçados do filme estão nas falas do personagem Benny. O protagonista é surdo, ele entende as pessoas usando leitura labial. Mas ele não consegue entender o que o Benny está falando, e como estamos no ponto de vista do protagonista, todas as falas do Benny soam frases completamente aleatórias. Na cena onde vemos um robô tocando violão heu perdi a linha, não me lembro a última vez que ri tanto numa sala de cinema.

Também queria elogiar a trilha sonora. De vez em quando cito trilhas que usam músicas pop conhecidas, outro dia um ouvinte do youtube me criticou porque as músicas conhecidas nos trazem boas memórias e talvez por isso a gente passe a curtir mais o filme, e isso pode ser verdade. Mas aqui não, as músicas são boas, e heu não conhecia nenhuma!

Se tenho uma coisa pra criticar é que achei o roteiro meio forçado em algumas cenas. Por exemplo, não entendi muito a mudança de atitude da personagem June 27. E, na luta final contra o “boss”, aquele “boss” não estaria naquele local, como é que ele chegou lá?

O elenco é bom. Ok, este formato de filme não tem muito espaço pra grandes atuações, mas, para o que filme pede, o elenco está bem. Bill Skarsgård – sim, o Pennywise de It – está ótimo, parece tão forte quanto o irmão Alexander Skarsgård, e ainda faz várias coreografias de cenas de luta (o personagem dele não tem nome). Também no elenco, Famke Janssen, Jessica Rothe, Michelle Dockery, Yayan Ruhian, Sharlto Copley, Brett Gelman, Isaiah Mustafa e Andrew Koji.

Ah, tem cena pós créditos. No finzinho dos créditos tem uma cena, bem besta.

Boa época pra filmes de ação. Em breve falarei aqui de O Dublê e Fúria Primitiva!

John Wick 4: Baba Yaga

Crítica – John Wick 4: Baba Yaga

Sinopse (filme B): John Wick descobre um caminho para derrotar a Alta Cúpula. Mas antes que ele possa ganhar sua liberdade, Sr. Wick deve enfrentar um novo inimigo com poderosas alianças em todo o mundo e forças que transformam velhos amigos em inimigos.

Estreou o quarto (e aparentemente último) John Wick!

Assim como aconteceu anos atrás com Jason Bourne, a franquia John Wick mudou o paradigma do filme de ação. O diretor dos quatro filmes, Chad Stahelski, era dublê, o cara manja dos paranauês de filmar cenas de ação. Nos últimos anos, são vários os títulos lançados onde as cenas de ação são muito bem coreografadas e muito bem filmadas.

Este é um dos pontos positivos de John Wick 4: Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, no original). E isso já esperado pelos fãs da franquia. São várias cenas de luta, na mão, com armas de fogo, com armas brancas, todas são muito bem coreografadas e muito bem filmadas. Neste aspecto, é um prato cheio para os apreciadores do estilo. Além disso, o visual do filme é um espetáculo. Muito contraluz, muita cena filmada de noite, com água, com cores fortes… A fotografia do filme é muito boa.

Agora, precisamos reconhecer que o filme é MUITO exagerado. São quase 3 horas, o mais longo da franquia. E pra começo de conversa, um dos principais assassinos é cego – sim, o cara luta com espadas e atira com armas de fogo sem ver nada. Isso já sinaliza que o espectador precisa de uma grande suspensão de descrença.

Mas o que me incomodou é que achei que algumas cenas foram além do necessário. Um exemplo simples: na cena do Arco do Triunfo, rolam tiroteios, assassinatos, atropelamentos, e o trânsito continua normal. Gente, os motoristas que não têm nada a ver com isso parariam simplesmente porque tem gente no chão! Reconheço que a sequência toda é muito bem filmada, mas precisava ser mais curta.

E tem a cena da escada… Aquela sequência gerou gargalhadas altas no cinema, não sei se combina com a proposta de filme de ação com protagonista “bad motherf*cker”. A cena parecia tirada de Todo Mundo em Pânico!

Sobre o elenco, são vários bons nomes – mas o estilo do filme não traz muito espaço pra grandes atuações. Keanu Reeves está ótimo, o John Wick é perfeito pra ele. Donnie Yen também, mais uma vez ele faz um cego (como o Chirrut de Rogue One) – os vários embates entre os dois são todos muito bons. Ian McShane e Lance Reddick estão de volta, Laurence Fishburne também, mas este não acrescenta nada (tire o personagem e o filme fica igual). De novidade temos Hiroyuki Sanada, está excelente como o dono do Hotel Continental japonês; e, como vilão, Bill Skarsgård, sempre eficiente, mas talvez ele pudesse ter sido um pouco mais excêntrico. Também no elenco, Clancy Brown,  Rina Sawayama e Shamier Anderson.

O filme acaba de um jeito que acho difícil termos um quinto filme (o que é uma boa, lembrando que Keanu Reeves já tem 58 anos). Vai ter gente reclamando do final, mas heu gostei.

Por fim, tem uma cena pós créditos, lá no finzinho, resolvendo uma ponta solta deixada ao longo do filme. E talvez seja um gancho para um spin-off.

Barbarian / Noites Brutais

Crítica – Barbarian / Noites Brutais

Sinopse (imdb): Uma mulher que aluga uma acomodação no Airbnb descobre que a casa onde ela está não é nada do que parecia.

Alguns filmes são fáceis de comentar, quando acaba o filme já tenho formatado na minha cabeça metade do que vou escrever aqui. Outros são bem difíceis, como este Noites Brutais / Barbarian. Este é daquele tipo de filme que o quanto menos você souber informações, melhor será sua experiência. Então vou me policiar para escrever um texto aqui com o maior cuidado possível. Sem spoilers!

Noites Brutais / Barbarian foi escrito e dirigido por Zach Cregger, um nome pouco conhecido, que já tinha alguma experiência como ator e diretor em programas de tv – de comédia. Aparentemente é um nome novo no terror. Um nome a ser anotado!

O roteiro de Noites Brutais / Barbarian passeia por caminhos bem diferentes – por isso é bom não saber muita informação antes. O filme toma rumos que me surpreenderam. E gosto quando um filme me surpreende.

Uma coisa que podemos falar sem risco de spoiler é que Cregger sabe muito bem como posicionar e movimentar sua câmera pela casa. O uso da iluminação também é bem feito. O filme constrói muito bem a tensão. Durante uma hora e quarenta minutos o espectador fica na beirada da poltrona.

Ouvi uma crítica sobre a segunda parte, porque traz outro clima. Ok, entendo a crítica, mas discordo, porque pra mim foi legal a mudança. Um filme todo no mesmo clima ia ser legal? Ia. Mas, como falei, gosto de surpresas. E, tecnicamente falando, o filme é bem eficiente nessas mudanças. Muda até o aspect ratio da tela.

De quebra Noites Brutais / Barbarian ainda traz espaço para discussões sociais, tanto pelo lado financeiro (a parte da cidade onde o filme se passa foi arruinada pela crise financeira) tanto pela parte da posição da mulher – ela deve aceitar entrar numa casa onde já tem um homem desconhecido?

Sobre o elenco, não quero entrar em detalhes por causa de spoilers. Os principais papéis são de Georgina Campbell, Bill Skarsgård, Justin Long e Richard Brake. Todos estão bem.

A boa notícia é que Noites Brutais / Barbarian entrou no catálogo do Star+, então ficou fácil para assistir. Não leia nada e vá ver o filme!

It: Capítulo Dois

Crítica – It: Capítulo Dois

Sinopse (imdb): Vinte e sete anos após seu primeiro encontro com o terrível Pennywise, o Clube dos Perdedores* cresceu e se afastou, até que um telefonema devastador os traz de volta.

Em 2017 tivemos uma nova adaptação de um dos mais celebrados livros de Stephen King: It – que já tivera uma versão em minissérie de TV nos anos 90. Como o livro é enooorme, o filme de 2017 focou só na parte das crianças. Agora é hora de terminar a história.

Mais uma vez dirigido por Andy Muschietti, It: Capítulo Dois (It Chapter Two, no original) traz todo o elenco do filme anterior, e ainda algumas aquisições de peso, como Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader. A trama agora acompanha os personagens adultos, entremeada de flashbacks com a garotada.

O problema aqui é que ficou longo demais. Se temos uma primeira parte com duas horas e quinze minutos, agora são duas horas e quarenta e nove! Mais de 5 horas, se a gente contar os dois filmes juntos. Entendo o cuidado da produção em desenvolver cada personagem – certo momento do filme eles se separam, e vemos os medos e alucinações de cada um. Ok, ficou legal. Mas cansou. Muitos flashbacks, muitas histórias paralelas, e várias delas repetindo o mesmo formato – tornando os sustos previsíveis (pecado grave quando falamos de filme de terror).

(No último fim de semana consegui algo que nem sempre consigo: revi o primeiro filme. Quando a trama foca só na garotada, flui melhor. Apesar de também ser longo, o primeiro filme é bem melhor.)

Pelo menos a construção de toda a trama é muito bem feita. Não li o livro, então não posso comparar. Mas, só pelo filme, podemos dizer que o resultado foi positivo.

Um dos pontos chave de It (e aqui falo dos dois filmes) é Bill Skarsgård, que mais uma vez está ótimo como o palhaço Pennywise. Já falei que gosto do Pennywise galhofeiro do Tim Curry (da versão dos anos 90), mas Skarsgård é muito mais assustador.

No elenco, além dos já citados Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader, temos Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean como o resto do “Clube dos Perdedores” – o trabalho dos atores ficou bem legal, dá pra ver tranquilamente quem é quem (o mesmo com o “vilão” Nicholas Hamilton / Teach Grant). Nos flashbacks, temos os sete adolescentes de volta (Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer e Wyatt Oleff). Temos uma rápida e divertida participação do próprio Stephen King, e o veterano diretor Peter Bogdanovich faz uma ponta. E, para os leitores do heuvi, Javier Botet – mais uma vez – interpreta criaturas.

No fim, temos uma bela e asssustadora história de terror, pode entrar na curta lista de boas adaptações de Stephen King. Mas poderia ser mais curto, ah, poderia. Alguns filmes, depois de um tempo, aparece uma versão estendida. Este It poderia ter uma “versão encurtada”…

* As legendas traduziram “Losers Club” como “Clube dos Otários”. Deve ser adaptado da tradução do livro. Mas não gostei. Por que não “Perdedores”? Ficou tosco…