Jurado Nº2

Crítica – Jurado Nº 2

Sinopse (imdb): Enquanto atua como jurado em um julgamento por assassinato, um homem se vê em um dilema moral, podendo influenciar o veredito do júri.

Uma coisa que acho muito legal é quando vejo pessoas idosas trabalhando no que gostam, por prazer. Sim, sei que tem muita gente com condições financeiras precárias, que precisa continuar trabalhando, mas alguns trabalham porque gostam do que fazem. Lembro do show do Deep Purple, ano passado, no Rock in Rio. Quatro membros da banda com mais de 75 anos!

Aí a gente vê que chegou no streaming o novo filme dirigido por Clint Eastwood – que está com 94 anos! Quando crescer, quero ser que nem esses caras!

(Antes de entrar no filme, uma coisa que descobri pesquisando sobre o que ia falar aqui: Clint Eastwood tem fama de ser um diretor muito responsável com prazos e orçamentos. Seus filmes sempre custam menos do que o estimado e sempre são entregues antes do prazo. Legal!)

E vamos ao filme. Vi Jurado Nº 2 (Juror # 2, no original) no finzinho do ano passado, lembro que alguns amigos colocaram o filme em suas listas de melhores do ano, queria ver logo pra ver se ia mudar o meu top 10. Reconheço todos os méritos de Jurado Nº 2, é um filmão, mas não mudou minha lista.

A ideia é muito boa. Um cara é convocado pra fazer parte de um júri. Durante o julgamento, ele descobre que pode ter um envolvimento pessoal com o caso. Aí entra o dilema moral: será que ele deve assumir a sua responsabilidade, ou é melhor deixa outra pessoa pagar por um erro seu?

(Nunca entendi esse sistema que acontece nos EUA onde pessoas são convocadas pra participarem de um júri. O que acontece se a pessoa não pode? Se tem um trabalho que não a deixa sair? Se tem algum problema de saúde? Acho que isso não funcionaria no Brasil…)

Um dos destaques de Jurado Nº 2 é o roteiro, que consegue explorar bem vários tons de cinza no meio do julgamento, e consegue equilibrar um elenco com vários bons personagens. Ok, não tem como aprofundar todos os personagens em um filme de uma hora e cinquenta e quatro minutos, são uns vinte personagens participando da trama. Mas conseguimos ver nuances de vários deles.

Outro destaque é o elenco. Nicholas Hoult (segundo filme que comento este ano, segundo filme com o Nicholas Hoult) está excelente com seus dilemas – ele tem uma esposa em gravidez de risco, ele tem um histórico de alcoolismo, e está vendo um homem que pode ser inocente ser condenado. E Toni Collette, como a promotora, também tem seus dilemas, porque está vendo que talvez precise prejudicar terceiros por motivos pessoais. Duas grandes atuações! E ainda tem outros dois grandes atores em papéis bem menores, J.K. Simmons e Kiefer Sutherland. Papéis importantes, mas com pouco tempo de tela. Também no elenco, Zoey Deutch, Chris Messina e Leslie Bibb. Ah, a vítima do assassinato é Francesca Eastwood, filha do Clint.

Jurado Nº 2 foi muito mal lançado. Um filme desses merecia ir pros cinemas. Mas foi direto pro streaming, e sem nenhuma divulgação. Nosso diretor nonagenário merecia um tratamento melhor!

Sully: O Herói do Rio Hudson

SullyCrítica – Sully: O Herói do Rio Hudson

A história real do piloto Chesley Sullenberger, que virou um herói quando conseguiu pousar um avião nas águas do rio Hudson, salvando as vidas de todos os passageiros e tripulação.

Com Clint Eastwood na direção e Tom Hanks no papel principal, nenhum filme passa desapercebido, não é mesmo? Sendo assim, vamos a Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully, no original), dirigido pelo primeiro e estrelado pelo segundo.

Sully é daqueles filmes que não têm muito o que inventar. A história é simples (o piloto perdeu os motores e executou um arriscado pouso no rio) – e todo mundo já sabe o final. O que este filme traz de interessante é que, antes de ser chamado de herói, o piloto Sully estava sendo julgado, porque a companhia aérea, baseada em simulações de computador, achou que dava pra ele chegar até o aeroporto – e neste caso, ele teria colocado em risco as vidas dos passageiros. (E além disso, existe a pressão das seguradoras com o prejuízo financeiro).

No elenco, Aaron Eckhart manda bem como o coadjuvante de um Tom Hanks inspirado (como sempre, aliás). Laura Linney, o terceiro nome do elenco, me pareceu desperdiçada.

(Por uma triste coincidência, Sully estava previsto para estrear na mesma época do acidente que matou o time da Chapecoense. Por isso, o lançamento foi adiado por algumas semanas…)

Mas é só isso, Sully é apenas um filme correto. Tecnicamente bem feito, além de ser uma história real interessante. Mas é um filme morno.