Crítica – Missão de Sobrevivência
Sinopse (imdb): Um agente secreto da CIA e seu tradutor fogem das forças especiais no Afeganistão após um vazamento expor perigosamente sua missão secreta e revelar sua identidade.
(A sinopse lembra o recente The Covenant, do Guy Ritchie, mas são filmes bem diferentes)
Alguns atores ficam estigmatizados com um tipo de papel. Comentei isso sobre os filmes do Liam Neeson, e podemos ver o mesmo com o Gerard Butler: de um tempo pra cá, ele tem feito vários filmes onde ele é um cara eficiente e o único capaz de resolver um grande problema. Foi assim no recente Alerta Máximo, e é assim neste Missão de Sobrevivência (Kandahar, no original).
Dirigido por Ric Roman Waugh (que já trabalhou com Butler outras duas vezes, em Invasão ao Serviço Secreto e Destruição Final O Último Refúgio), Missão de Sobrevivência não é um grande filme, daqueles que entram em listas de melhores do ano, mas é uma diversão honesta. O filme traz alguns detalhes que somaram alguns pontos no resultado final.
Em primeiro lugar, o filme é bastante eficiente dentro do que ele propõe. O protagonista está numa missão, tudo dá errado e ele precisa fugir. Vários grupos diferentes querem capturá-lo. Essa fuga gera algumas bem filmadas cenas de perseguição. E gostei do conceito de não ter um único antagonista.
Ainda nas cenas de perseguição, tem uma sequência que achei “inventiva”. Eles precisam atravessar o deserto de noite, e se acenderem os faróis do carro, vão ser vistos. Então o protagonista usa um óculos de visão noturna, e toda a sequência é filmada usando este artifício. O visual ficou diferente do óbvio.
Heu queria fazer outro elogio, mas é parcial. Quase perto do fim rola um diálogo onde um personagem critica a postura dos EUA nessa guerra. Uma coisa que sempre me incomodou em filmes hollywoodianos é essa mania de transformar soldados americanos em heróis, e a gente sabe que nem sempre são heróis. Gostei quando o filme tomou esse rumo. Mas… no fim do filme parece que se esqueceram disso e o tema “heroísmo” volta com força, a ponto de ter um personagem que entra pra morrer pouco depois – de forma heroica. É, o elogio durou pouco.
Dito isso, a gente precisa reconhecer que o filme é bem previsível, e usa todos os clichês possíveis. O diretor tem boa mão pras sequências de ação, mas no final tudo fica com cara de genérico.
Tem um outro detalhe que me incomodou um pouco. Dentre os antagonistas, o filme foca mais em um deles. Mas não desenvolve o suficiente. Queria ver mais daquele personagem. Por que o roteiro investe tempo em mostrar um personagem mas não o desenvolve da maneira correta?
Sobre o elenco, este é um “filme do Gerard Butler”. Tem mais gente, mas ninguém se importa. O que interessa é que o Gerard Butler é o cara certo pra esse tipo de filme e esse tipo de papel, e ele entrega tudo que é esperado.
No fim, fica um bom filme. Genérico sim, mas bem filmado e bem conduzido.