Super/Man: A História de Christopher Reeve

Crítica – Super/Man: A História de Christopher Reeve

Sinopse (imdb): Documenta a ascensão de Christopher Reeve ao estrelato como Super-Homem, bem como sua luta para encontrar uma cura para lesões na medula espinhal depois que ele ficou tetraplégico após um acidente de cavalo.

Não sou muito fã de documentários, mas alguns amigos recomendaram este, então fui ver.

Sou um “nerd velho”, claro que fui impactado pelo Superman de 1978, e claro que me lembro do acidente que deixou o ator tetraplégico nos anos 90. Mas, vamos a uma contextualização, de repente tem alguém novo aqui que não viveu esses acontecimentos.

No fim dos anos 70, não existia o gênero “filme de super herói”. Ninguém fazia filmes assim. Digo mais: os efeitos especiais da época não permitiam mostrar de maneira convincente uma pessoa voando. Aí em 1978 estreou o filme Superman, dirigido por Richard Donner (A Profecia, Os Goonies, Máquina Mortífera, O Feitiço de Áquila), que acertou tão em cheio que até hoje está presente em listas de melhores filmes de super heróis da história.

O Superman era interpretado por um até então desconhecido, um tal de Christopher Reeve, que ficou muito marcado pelo papel – ele voltou a interpretar o Superman em três continuações, em 1980 (bom filme), 83 (filme mais ou menos) e 87 (filme péssimo!). E se por um lado o ator não teve nenhum outro filme marcante no seu currículo (talvez só Em Algum Lugar do Passado, de 1980), por outro lado nunca houve um Superman tão marcante quanto Christopher Reeve.

E, ironias do destino, ele sofreu um acidente em 1995, caindo de um cavalo, e ficou tetraplégico. Para o mundo do entretenimento, foi um choque, porque “o Superman” estava de cadeira de rodas!

Dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, Super/Man: A História de Christopher Reeve (Super/Man: The Christopher Reeve Story, no original) conta essa história. E conta de maneira emocionante, vai ser difícil o nerd velho segurar o choro durante a sessão! Heu me lembrava de algumas coisas, e mesmo assim, foi emocionante rever, tipo a cerimônia do Oscar onde ele aparece, pouco depois do acidente, e é aplaudido de pé por gente como Tom Hanks, Meryl Streep, Tom Cruise, Brad Pitt, Quentin Tarantino, Will Smith, Nicole Kidman, Jim Carrey, Nicolas Cage, Winona Ryder, etc. E tem coisas que heu não sabia, como por exemplo o quanto Christopher Reeve era próximo de Robin Williams (eles eram amigos desde antes da fama) – a ponto de ter um depoimento da Susan Sarandon dizendo que se Reeve não tivesse morrido, era capaz de Williams não cometer suicídio. (O filme conta com depoimentos de gente como Sarandon, Glenn Close, Jeff Daniels e Whoopi Goldberg, além de membros da família).

Mas preciso dizer que achei que Super/Man tem um problema. A segunda metade é menos interessante. Na primeira metade, vemos a ascensão da carreira de Reeve e depois detalhes sobre o acidente e sua recuperação. Depois o filme foca mais na procura de soluções para os problemas ligados a tetraplégicos e no instituto criado pelo ator. Ok, é uma coisa importante, mas, convenhamos, a história do ator que virou “o Superman mais icônico do cinema” é muito mais interessante do que as conquistas de um instituto.

O filme também entra em problemas ligados à família de Reeve. Mais uma vez, são problemas reais, é válido abordar isso no filme, mas não tem o mesmo impacto da primeira metade. O ritmo do filme cai. Talvez se a gente estivesse vendo na TV num formato de minissérie, funcionasse melhor.

Mesmo assim, vale ser visto Super/Man é um produto originalmente feito para a TV, mas estará em cartaz nos cinemas. Obrigatório para os “nerds velhos”!

Steve Jobs

steve jobsCrítica – Steve Jobs

Um retrato do inventor e empresário co-fundador da Apple. A história se desenrola nos bastidores de três lançamentos de produtos icônicos.

Com roteiro de Aaron Sorkin (A Rede Social), a narrativa de Steve Jobs (idem, no original) é interessante. Em vez de uma cinebiografia clássica, onde acompanhamos a vida do biografado, o filme se divide em três momentos: os bastidores dos momentos antes dos lançamentos do Macintosh, em 84, do NeXT, em 88 e do iMac, em 98.

O elenco é muito bom – Kate Winslet acabou de ganhar o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante e ser indicada ao Oscar; Michael Fassbender também concorre à estatueta pelo filme. Também no elenco, Seth Rogen, Jeff Daniels, Michael Stuhlbarg e Katherine Waterston.

Steve Jobs tem alguns problemas. Michael Fassbender é um grande ator, é sempre um prazer vê-lo atuando, mas… Quando vi o filme, não vi o personagem Jobs na tela, só vi o ator Fassbender. Ok, o cara é bom, mas talvez fosse melhor ter um ator menos famoso, pra gente entrar mais facilmente no personagem.

Outro problema é que, como a narrativa só mostra três momentos distintos da carreira de Jobs, algumas coisas ficam sem explicação para quem nunca acompanhou o desenvolvimento da Apple – saí do cinema e fui catar no google mais informações sobre Apple II e NeXT…

Além disso, são muitos diálogos. Cansa ficar duas horas vendo um cara arrogante brigar com um monte de gente. Pelo menos o estilo pop de Danny Boyle ajuda no ritmo, com cortes rápidos, música alta e até projeções nas paredes do cenário.

Mas, no geral, acho que Boyle ainda nos deve algo mais semelhante ao seu início de carreira…

Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!

 

Looper – Assassinos do Futuro

Crítica – Looper – Assassinos do Futuro

Em 2074, quando a máfia deseja se livrar de alguém, eles enviam a pessoa de volta 30 anos no tempo, no momento exato em que haverá um assassino armado esperando para executá-la. Esses assassinos são chamados “Loopers”.

Gosto de filmes com viagem no tempo, tanto que já fiz um Top 10 sobre o assunto. Não sei se Looper – Assassinos do Futuro teria vaga no Top 10, mas posso dizer que é um bom filme. Escrito e dirigido pelo semi desconhecido Rian Johnson, o filme traz uma equilibrada mistura entre ação, ficção científica e drama, com uma pitada de elementos fantásticos.

Tenho coisas boas e ruins pra falar do roteiro de Johnson. O lado bom é que é um roteiro bem escrito que usa de maneira inteligente os paradoxos da viagem temporal – tem uma cena chave que acontece duas vezes, com uma pequena variação, e tudo faz sentido (tive que rever esta parte pra sacar os detalhes).

Mas… Por outro lado, o roteiro tem umas falhas bizarras. Vou falar depois dos avisos de spoiler.

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Não vou falar que este sistema inventado pra mandar alguém pro passado pra então ser assassinado não tem lógica, porque seria muito mais fácil matar no futuro e mandar só o corpo, ou mandar o cara com um peso nos pés no meio do oceano. Também não vou falar que ninguém explicou como os loopers saberiam o local e a hora que receberiam a “encomenda”. Tampouco vou falar que seria mais fácil mandar outra pessoa pra matar o looper velho, pra não ter problemas de consciência.

Só vou falar uma coisa: se no futuro é tão complicado matar alguém que tiveram que inventar um sistema envolvendo viagens no tempo, como é que uma das coisas que movimenta a trama é justamente o assassinato da mulher do Bruce Willis???

FIM DOS SPOILERS!!!

Uma outra coisa me incomodou no conceito de Looper – Assassinos do Futuro: a escolha do elenco principal. Sinceramente, não acho Bruce Willis parecido com Joseph Gordon-Levitt. Ok, a maquiagem ficou bem feita. Mas Gordon-Levitt já é um rosto conhecido, ele ficou com cara de “Joseph Gordon-Levitt maquiado”, e não com cara de Bruce Willis!

Apesar desses detalhes, gostei do filme, que tem um bom ritmo e traz uma visão interessante de um sombrio futuro próximo.  Looper – Assassinos do Futuro também traz personagens bem construídos e um bom elenco – além de Willis e Gordon-Levitt, o filme conta com Emily Blunt, Piper Perabo, Paul Dano, Jeff Daniels, Noah Segan, Tracie Thoms, Garret Dillahunt e o garoto Pierce Gagnon.

O que é uma pena é ver que uma história bem bolada com viagens no tempo ter um roteiro com tantos furos. Looper – Assassinos do Futuro é legal, mas poderia ser bem melhor.