That ’90s Show

Crítica – That ’90s Show

Sinopse (imdb): Agora é 1995 e Leia Forman está visitando seus avós durante o verão, onde irá conhecer a nova geração de Point Place, Winsconsin. As crianças estarão sob o olhar atento de Kitty e severo de Red.

Sou muito fã da série That ’70s Show. Talvez seja a minha sitcom favorita. Claro que vou ficar empolgado com um revival!

That ’90s Show cai naquela classificação de “requel” que a gente viu no último Pânico: é um reboot, porque temos novos personagens em uma nova história, mas ao mesmo tempo é um “sequel”, porque temos personagens do anterior reprisando os seus papeis. A série traz a filha adolescente de Eric e Donna indo passar as férias de verão na casa dos avós. E assim abrem-se os portões pra inúmeras referências à série antiga!

E o resultado? Bem, algumas coisas funcionam, outras não. Heu admito que a nostalgia me pegou em cheio e reconheço que adorei, mas consigo ver algumas falhas. Vamos a elas.

Tenho minhas dúvidas se o “formato sitcom” funciona hoje. Depois da piada, o ator precisa dar um tempo para a claque reagir. Não me lembro quando foi a última vez que tinha visto um programa assim, com claque. Achei muito estranho revisitar o formato.

Mas acho que o principal problema é a falta de desenvolvimento dos personagens. That ’70s Show tinha seis personagens principais e a gente conhecia a personalidade e as características de cada um deles. Já em That ’90s Show, temos dois personagens “iguais” – o Jay e o Nate estão fazendo o papel do “novo Kelso” (isso porque não estou falando sobre as meninas Gwen e Nikki, que também são bem parecidas). Some-se a isso a falta de carisma. Me parece que queriam criar um “novo Fez” com o Ozzie, mas o Fez original do Wilmer Valderrama era muito melhor.

Além disso, tem outro problema: vemos poucas coisas com a cara dos anos 90. Não sei se por culpa do roteiro preguiçoso, ou se porque os anos 90 são menos caricatos que os anos 70. O fato é: a outra série tinha cara de algo passado nos anos 70, essa não tem cara de algo passado nos anos 90.

Dito tudo isso, adorei voltar a Point Place e ao porão dos Forman. Adorei cada referência, como o Vista Cruiser ou um Kelso gritando “BURN!”. Adorei rever as geniais cenas de “roda de maconha”; adorei ver piadas repetidas, como o nome do país do Fez. Reconheço todas as falhas, mas adorei toda a temporada. E, poxa, é curtinha, são dez episódios, o primeiro tem meia hora, os outros têm vinte minutos cada.

Sobre a volta dos atores da outra série: Kurtwood Smith (Red) e Debra Jo Rupp (Kitty) são personagens centrais, estão em todos os episódios. De participações especiais, temos cinco dos seis principais: Topher Grace (Eric), Ashton Kutcher (Kelso), Mila Kunis (Jackie), Laura Preppon (Donna) e Wilmer Valderrama (Fez). Também temos participações de Tommy Chong (Leo) e Don Stark (Bob) (Tanya Roberts, que fazia a mãe da Donna, deu declarações de que queria participar, mas infelizmente faleceu oito meses antes de anunciarem o revival). Tem mais uma participação especial ligada a Barrados no Baile, mas essa não vou dizer aqui.

Por fim, vou esclarecer duas dúvidas que tive durante a temporada, relativas a participações. Temos um personagem, Fenton, que seria um rival do Fez, mas não me lembro dele. Fui catar no imdb, nem o personagem existiu na série anterior, nem o ator participou. Não entendi a reação da claque quando aparece o personagem. A outra dúvida é: cadê o Hyde? Fiquei esperando até o último episódio pra ver se ele aparecia, e nada. Aí fui ver o imdb, o ator Danny Masterson está sendo julgado por casos de estupro! Por isso ele não foi convidado…

Adorei revisitar, mas não sei se a série tem fôlego para mais uma temporada. Aguardemos.

Infiltrado na Klan

Crítica – Infiltrado na Klan

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): A história real de um herói americano. Nos anos 70, Ron Stallworth é o primeiro detetive afro-americano a servir no Departamento de Polícia de Colorado Springs. Determinado a se destacar, ele parte em uma missão perigosa: se infiltrar e expor a Ku Klux Klan. O jovem detetive logo recruta um colega mais experiente, Flip Zimmerman. Juntos, eles pretendem derrubar a organização que espalha o discurso de ódio pelo país.

O último filme do Spike Lee que me lembro de entrar no circuito foi a refilmagem de Oldboy, de 2013 (ele fez muita coisa de lá pra cá, mas não me lembro de ter passado aqui). Oldboy tinha uma proposta bem diferente do cinema que ele fazia no início da carreira – o racismo era tema frequente, em títulos como Faça a Coisa Certa (1989), Mais e Melhores Blues (90), Febre da Selva (91) e Malcom X (92). Com este Infiltrado Na Klan, podemos usar aquela frase clichê “Spike Lee está de volta!”.

Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman, no original), é um grande filme. Elenco afiado, personagens bem construídos, bom ritmo, reconstituição de época primorosa e uma forte denúncia racista, aproveitando a época que o filme se passa para incluir a Ku Klux Klan e cutucar os EUA de hoje em dia.

A princípio achei a história meio estranha – por que usar dois policiais, um negro ao telefone e um branco ao vivo? Não seria mais fácil ser um só? Mas aí descobri que o filme é baseado no livro escrito pelo próprio Ron Stallworth, ele realmente existe e realmente viveu essa história maluca.

Teve crítico chamando Infiltrado na Klan de comédia. Olha, o filme não é um drama sério, mas está bem longe da comédia, na minha humilde opinião. Outra coisa: achei o filme muito maniqueísta. Ok, como estamos falando da Ku Klux Klan, não tem nem como defender, mas acho que poderiam ter mais personagens “dentro dos tons de cinza” na trama.

Como falei, o elenco é muito bom. O papel principal é de John David Washington, filho de Denzel Washigton. Adam Driver (o Kylo Ren!) faz seu “par”; Laura Harrier (Homem Aranha de Volta ao Lar) tem o principal papel feminino. Topher Grace, o eterno Forman de That 70s Show, não convence muito como David Duke, um dos líderes da KKK, mas aí quando acaba o filme, vemos o David Duke original e entendemos por que chamaram o ator. Gostei dos coadjuvantes Michael Buscemi, Jasper Pääkkönen e Paul Walter Hauser. Alec Baldwin faz uma ponta na introdução do filme; Harry Belafonte está no centro de um dos momentos mais fortes, quando conta a um grupo sobre um caso bárbaro que ele presenciou no passado.

Do jeito que a última premiação do Oscar teve um forte pé na política, não será surpresa se Infiltrado na Klan aparecer no Oscar no início do ano que vem.

 

p.s.: Com este filme, me despeço do Festival do Rio 2018. Só seis filmes, acho que foi o meu pior ano desde que o Festival começou. Tomara que ano que vem tudo volte ao normal.

Interestelar

0-InterstellarCrítica – Interestelar

Filme novo do Christopher Nolan!

Num futuro próximo, onde recursos naturais estão cada dia mais escassos, um grupo de exploradores usa um recém descoberto “buraco de minhoca” para ultrapassar os limites da exploração espacial.

A expectativa era alta. Depois da elogiada trilogia do Batman e do também elogiado A Origem / Inception, Nolan anunciou uma ficção científica “correta”, dirigida por ele e escrita por ele ao lado do seu irmão Jonathan Nolan. Interestelar (Interstellar, no original) fala da tentativa de conquista espacial através de “buracos de minhoca” (wormholes).

Mas… Parece que faltou humildade a Nolan, que, aparentemente, queria “brincar de Kubrik” e fazer um novo 2001. Interestelar até tem alguns bons momentos de tensão, mas o ritmo é muito irregular, e o resultado ficou longo, pretensioso – e chato. São quase três horas de filme (169 minutos) de muito papo cabeça! Sinceramente, não precisava ser tão longo.

Não entendo de astronomia, então não posso julgar se o filme é cientificamente correto como se propôs. Mas entendo de cinema, e posso afirmar que tecnicamente, o filme é excelente. O visual do filme é muito bem feito, e algumas cenas são impressionantes – a morte de um dos personagens pode figurar fácil em listas de melhores cenas do ano. Interestelar só deu azar de ter vindo um ano depois do impressionante Gravidade – Nolan não usa tantos planos-sequência alucinantes quanto o Alfonso Cuarón…

Interestelar é daquele tipo de filme que foca mais nos efeitos especiais do que nos atores, mas mesmo assim Matthew McConaughey faz um bom trabalho, liderando um bom elenco, que conta com Anne Hathaway, Jessica Chastain, John Lithgow, Michael Caine, Matt Damon, Casey Affleck, Topher Grace, Wes Bentley e Ellen Burstyn

Por fim, preciso falar do robô TARS. Admito que gostei como alívio cômico, mas… não sei de quem foi a ideia de fazer os robôs daquele formato. Vou te falar que o cinema deu gargalhadas quando o robô correu pela água. E acho que essa não era a objetivo dos realizadores…

Predadores

Predadores

Um grupo de soldados de elite, estranhos entre si, vindos de lugares diferentes, se encontra numa floresta desconhecida e precisa lutar contra um misterioso inimigo.

Todos aqui conhecem a franquia Predador, certo? Tivemos Predador em 1987 e sua continuação em 90; recentemente, dois Alien Vs Predador (2004 e 07). Pra quem não sabe do que se trata: o predador é um caçador, vindo de outro planeta. Usa uma avançada tática de camuflagem e poderosas armas. E caça por esporte.

Aí vem a pergunta: precisa de mais um, já que os dois AVP foram fraquinhos? O que mais me chamou a atenção nesta nova produção com cara de caça níqueis vagabundo foi o nome Robert Rodriguez na produção. Sou fã do cara, se ele assina, merece um crédito… Porque admito que nunca tinha ouvido falar do diretor Nimrod Antal.

O roteiro traz uma surpresa logo de cara, que diz respeito a onde eles estão. E, lá pro meio, traz outra surpresa legal. Mais não digo por causa dos spoilers. Mas posso dizer que tudo está coerente com o conceito da franquia.

Quando li quem liderava o elenco, me questionei o que diabos Adrien Brody estava fazendo aqui. Caramba! O cara ganhou o Oscar de melhor ator há sete anos, e agora faz uma continuação de um filme de ação descerebrado? Mas, reconheço que ele até que funciona… Brody está fortão, com cara de mau e voz gutural de Batman. Coerente com o papel.

O elenco é acima da média, em se considerando que o segundo filme, de 1990, tinha Danny Glover como nome mais famoso. Além de Brody, temos Topher Grace (o eterno Forman de That 70’s Show), Danny Trejo (esse cara deve ser amigo do Robert Rodriguez…), Laurence Fishburne, Walton Goggins, Oleg Taktarov e Alice Braga.

(Aliás, Alice Braga está mandando bem em sua carreira internacional de filmes de ação / ficção científica. Depois de Eu Sou a Lenda e Repo Men, aqui ela é, mais uma vez, o principal papel feminino!)

O ponto fraco do elenco foi Laurence Fishburne. Gosto dele, é um bom ator, mas achei seu personagem completamente inconsistente – além de estar acima do peso exigido pelo papel!

O roteiro ainda tem alguns furos (como é que o médico saiu no meio da explosão, se ele estava bem distante dos outros?). Mas, para o que o filme se propõe, funciona. E os efeitos especiais e cenários são muito legais.

Boa diversão descerebrada!

Idas e Vindas do Amor

Idas e Vindas do Amor

Alguns filmes deveriam vir com recomendações médicas. Este Idas e Vindas do Amor não é recomendado para diabéticos, devido ao alto teor de açúcar apresentado na tela!

A trama de Idas e Vindas do Amor limita-se a mostrar várias historinhas de casais no dia dos namorados gringo (14 de fevereiro). Para isso, temos um grande elenco estelar, cada um com apenas alguns momentos na tela. Momentos românticos e bobinhos. E previsíveis, muito previsíveis.

Idas e Vindas do Amor é previsível ao extremo. Conseguimos adivinhar quase todas as situações do filme. Pra ser sincero, acho que o único desfecho que heu não esperava era o da Julia Roberts.

Falei lá em cima em elenco estelar, não? Além da Julia Roberts, temos Anne Hathaway, Jessica Biel, Jessica Alba, Jennifer Garner, Kathy Bates, Jamie Foxx, Patrick Dempsey, Shirley McLane, Hector Elizondo, George Lopez, Topher Grace, Ashton Kutcher, Taylor Swift, Taylor Lautner, Queen Latifah, Eric Dane, Bradley Cooper, Emma Roberts, e ainda rola espaço para uma cameo não creditada de Jon Mantegna!

(Como fã da falecida série That 70’s Show, fiquei com pena do roteiro não mostrar Topher Grace e Ashton Kutcher juntos em nenhum momento!)

O americano Idas e Vindas do Amor lembra muito o inglês Simplesmente Amor, que tem mais ou menos a mesma estrutura e também conta com um elenco estelar. Na minha humilde opinião, o britânico é melhor…

Mas não adianta reclamar, afinal, quem vai ver um filme desses, deve saber o que está procurando. E, dentro do que ele propõe, o filme é até eficiente. Eficiente, bobinho e “fofo”. Sim, pode levar a namorada / esposa, que ela vai achar o filme fofo! 😉

Só achei esquisito não esperarem para lançar o filme em junho, perto do nosso dia dos namorados. Não acho que este estilo ia perder tanto com a pirataria se atrasasse apenas quatro meses…